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2.4.4 – Preto Velho

história, com a consagração da escola. Relevante considerarmos o contexto da escrita desse samba-enredo da Salgueiro, 1960, o Quilombo de Palmares – o mesmo de 1957 Navio Negreiro, da mesma escola; de Tupy de Brás de Pina, Inconfidência Mineira e da Portela Vultos e efemérides do Brasil, ambos em 1958 – o período JK que durou de 1956 a 1961.

O governo democrático de Juscelino Kubitschek de Oliveira, certamente, colaborou para que se impulsionassem variadas discussões sobre o nosso processo histórico, semelhantes àqueles quatro sambas-enredos relacionados à Independência e à Escravidão. Em Brasil, uma biografia, Lilia Schwarcz e Heloisa Starling analisam que JK, com seu Plano de Metas, “dava voz a uma nova e entusiástica condição de ser brasileiro que poderia contribuir para reparar as injustiças de uma herança histórica de miséria e desigualdades profundas, e serviria para abrir as portas da modernidade”. (SCHWARCZ e STARLING, 2015, p. 417)

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2.4.4 – PRETO VELHO

Em 1964, poucos dias antes do 31 de março, data em que os militares tomaram o poder, a Estação Primeira de Mangueira evocou o tema da religiosidade afro-brasileira, reverenciando uma das entidades da Umbanda, um espírito de um escravizado que se comunica com os vivos. O samba é escrito em consonância com as estruturas tradicionais

das histórias infantis, que comumente se iniciam com um “Era uma vez...”. Então, “Era uma vez um preto velho/ que foi escravo” , mas que desejou retornar à senzala “para historiar seu passado”. (Anexo 9) Assim, a partir da recuperação da memória da escravidão, o compositor traz ao enredo a Bahia, a “velha Bahia”, enquanto lugar de chegada daquela entidade. Diante de dois elementos superiores da natureza, céu e lua, Preto Velho entoou uma canção. A música, cantada pela entidade na tessitura de outra música, daquele samba-enredo, foi recurso de evasão dos momentos de seu martírio. Verifiquemos que o sofrimento projetado dentro de uma canção, elaborada para ser alegre, não escapa do ritual carnavalesco, de instituir novo significado de Preto Velho no período da escravidão e, simultaneamente, reconfortar aqueles corações que poderiam se sentir oprimidos, por diversos fatores, no contexto de produção e difusão dos anos 60. Afinal, a escrita do autor

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