Navega connosco rumo à (re)descoberta de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões
OS LUSÍADAS, de Luís de Camões A vela, enquanto instrumento essencial à navegação, permitiu o uso do vento a favor da empreitada portuguesa. Encontra-se em suspensão para simbolizar o Céu, a ascensão ao conhecimento que permitiu, por oposição ao (novo) mapa do mundo que se encontra no chão, a descoberta de Terras e Mares. Neste figurará para a Humanidade um dos inesquecíveis feitos históricos dos navegadores portugueses: o trajeto marítimo de Lisboa a Calecute (Índia).
OS LUSÍADAS, de Luís de Camões Na mesa central encontramos um conjunto de artefactos que resgatam as memórias de criação artística do poeta:
a coroa de louros, a gola do seu traje e a pala para o olho; a pena e o tinteiro; o livro aberto, Os Lusíadas
OS LUSÍADAS, de Luís de Camões (Início da narração e Consílio dos Deuses – Canto I) Tudo está subjugado ao poder divino do “assento de estrelas cristalino” (Canto I, est. 22, v. 3) do Pai dos Deuses, representado por um cadeirão revestido com pano vermelho e sobre o qual cintilam pequenas e brilhantes estrelinhas douradas.
OS LUSÍADAS, de Luís de Camões (Início da narração e Consílio dos Deuses – Canto I)
No centro, um livro cortado ao meio representa a simultaneidade de dois acontecimentos: os portugueses já navegam na Costa Africana, a meio das coisas-viagem (in media res), quando os deuses se reúnem em Consílio para decidir o futuro dos marinheiros portugueses.
OS LUSÍADAS, de Luís de Camões (Início da narração e Consílio dos Deuses – Canto I) Enquanto o coração (Vénus) e a espada (Marte), à esquerda, simbolizam os adjuvantes da causa lusitana, as uvas (Baco), à direita, representam o oponente ao domínio português no Oriente. O ceptro de Júpiter revela o seu poder, a sua comunhão com os adjuvantes e a sua deliberação: os portugueses deveriam ser ajudados a descobrir o caminho marítimo para a Índia. As estrelas e as purpurinas, no topo do livro, configuram o azul celeste, luminoso e estrelado da morada dos Deuses (Olimpo).
OS LUSÍADAS, de Luís de Camões (Inês de Castro – Canto III) O livro rasgado ao meio por uma espada que perfura um coração a sangrar representa o fim trágico do amor de D. Pedro I e D. Inês de Castro. Esta acabou executada às mãos dos “horríficos algozes” (Canto III, est. 124, v. 1), a mando do Rei D. Afonso IV. A coroa possui uma dupla significação: realidade e lenda. Por um lado, representa o poder real de D. Afonso IV enquanto mandatário da morte, por outro, a coroação de Inês de Castro depois de morta.
OS LUSÍADAS, de Luís de Camões (Despedidas em Belém – Canto IV) Este quadro é composto por três momentos relevantes que dão forma às tão sentidas Despedidas em Belém: a igreja representa a preparação espiritual e religiosa dos navegadores para o desafio marítimo que anseiam cumprir; os pines coloridos são os familiares no momento da despedida e as gentes curiosas que acorreram ao porto para simplesmente assistirem à partida; (…)
OS LUSÍADAS, de Luís de Camões (Despedidas em Belém – Canto IV) (….) a diversidade de cores materializa as múltiplas reações da assistência, emergindo um cone preto que simboliza as vozes de oposição a tão arriscada empreitada marítima, personificando o Velho do Restelo; a nau atracada em Belém encontra-se sobre um pano azul, pronta a partir pela imensidão do mar desconhecido rumo à Índia.
OS LUSÍADAS, de Luís de Camões (Gigante Adamastor – Canto V) O Gigante Adamastor, temível figura criada por Camões, contrasta com a pequena e frágil nau lusitana. Simboliza as inúmeras tormentas que os marinheiros tiveram que ultrapassar ao longo da(s) sua(s) viagem(ens), em especial na passagem deste cabo, batizado de Cabo das Tormentas devido aos naufrágios ocorridos em consequência do choque das fortes correntes entre os Oceanos Atlântico e Índico.
OS LUSÍADAS, de Luís de Camões (Gigante Adamastor – Canto V) A força e a determinação daquela “gente ousada” (Canto V, est. 41, v. 1) depressa transformarão o Cabo das Tormentas em Cabo da Boa Esperança, numa apologia da vitória do Homem sobre o mar, outrora desconhecido.
OS LUSÍADAS, de Luís de Camões (Tempestade e Chegada à Índia – Canto VI) Após a saída de Melinde, os portugueses retomam a viagem e são surpreendidos por uma enorme tempestade, cujas ondas quase engolem a frágil nau de casca de noz. Com a prece do capitão Vasco da Gama e a interceção de Vénus, os marinheiros vencem esta fúria da natureza. Depois da tempestade vem a bonança e os portugueses chegam a Calecute (Índia). O Padrão simboliza o marco intemporal da chegada dos portugueses à Terra das Especiarias.
OS LUSÍADAS, de Luís de Camões (Viagem de Regresso e Ilha dos Amores – Canto IX) Por todos os perigos ultrapassados com bravura, Vénus agracia os marinheiros portugueses com um momento prazeroso na Ilha dos Amores, representada pelos vários corações vermelhos pendentes, aos quais Cupido atirará a sua seta de modo a criar paixões entre os marinheiros e as Ninfas. Com risinhos, fugas e escondidas, as Ninfas logo se deixarão seduzir pelos nossos navegadores, agora com estatuto de Heróis.
Ficha Técnica Título: Navegando n’Os Lusíadas
Propriedade: Bibliotecas Escolares Marquês de Marialva Conceção e produção artística: Delfina Baptista, José Plácido, Sandra Pinheiro e Rui Abreu
Texto: Rui Abreu Montagem: Delfina Baptista, Graça Silva, Florinda Carvalho e Rui Abreu Cantanhede 2018