Intervir em casos de tensão cultural Pedro Teixeira Tendo em conta, os três filmes que viu, mostre de que forma cada um deles. Lida com a tensão cultural. Nota preambular: Os três filmes visualizados apresentam-nos uma série de dramas, que poderão ser interpretados logo no seu início. Na maioria dos casos, a situação social em que eles se inserem é precária se comparada com a realidade Portuguesa em que eu me insiro. Apenas no primeiro filme, “Ensaio sobre a cegueira”, o contexto social é mais dinamizado, mostrando-nos logo em seu começo um drama quase imposto pelo autor da obra, de forma a testar as capacidades humanas para a socialização e empatia.
Ensaio sobre a cegueira Neste filme somos presenteados com uma situação bizarra. De repente, um condutor sofre cegueira (e que a mesma nos será mostrada mais tarde, que não reporta qualquer contexto patológico clínico conhecido) e que é induzido em erro pela forma enganosa como um dos indivíduos que circundou a viatura em que conduzia (pois estava a interromper uma grande via de transito) se ofereceu para prestar auxílio e conduzir o carro por ele, neste caso até casa do sujeito que sofreu de cegueira. Logo, neste pequeno começo, podemos testemunhar como o ser humano pode ser baixo, sendo o autor da peripécia um indivíduo esteticamente aceitável e com habilidade de persuasão elevada, roubando o carro do sujeito que se defronta com uma anormalidade e um certo pânico por estar cego e se sentir (como vimos mais tarde) inútil nesta nova condição. Mais tarde entendemos que o autor do roubo também virá a sofrer de cegueira, mas nem por isso se redime aos seus actos, apenas talvez no final, o que demonstra que, pela falta de princípios morais demonstrados se perdeu na razão e o seu sacrifício foi a razão lógica para o inverter dos seus erros. Deparamo-nos no desenrolar do filme, de acções de uns para outros que desrespeitam as liberdades individuais devido a comportamentos desviantes (por exemplo assédio na farmácia), e que mais tarde se encontrarão encarcerados no mesmo bloco, defrontando-se uns aos outros ou calando-se, ressentindo as suas acções, sendo que o comportamento mais habitual e face à falta de apoios e compreensão, dos governantes e da grande maioria da população, é a culpabilização da ultima pessoa, que sofreu da mesma cegueira, que estiveram em contacto directo. O problema é um factor inexplicável pela ciência, ou pela medicina, que pode ter vários factores para o explicar, sendo que, à falta destes e sem os procurar, o estado decreta quarentena para todos os casos insurgentes desta nova condição sob o lema de evitar o contágio, ao invés da preocupação para entender e chegar a uma resolução racional sobre o mesmo, seja por que via for. Além dessa nova condição de recluso, numa espécie de hospício, no qual faltam condições para albergar higienicamente, qualitativa e quantitativamente tanta gente, os doentes que com a cegueira enfrentam, além duma nova condição de invisuais e confusão mental e emocional gerada por todas as consequências da mesma e pela sujeição às leis do estado para a sua erradicação, estados miseráveis causados pela ameaça de fogo por parte dos militares armados e polícias que guardam o local, e, além da sobrelotação do espaço e falta de camas e colchões para todos (além das condições dos lavados e de tudo em geral), deparam-se com a privação do acesso à comida e a violação “voluntária” das mulheres, como condição para o acesso que nem chega a ser o
mínimo de alimentação, por uma parte dos “inquilinos” que pretendeu dominar outra (por motivos aparentemente infantis). Apesar da auto-proclamação de uma parte como sendo superior, o ditado “em terra de cego quem tem um olho é rei” não foge à regra, neste caso, dois. E foi graças ao amor pelo seu marido e ao grande sentimento de compaixão que advirá da experiência no novo lar temporário que, a única pessoa que não sofreu de cegueira que se vê fechada naquele hospício (e ao que parece, no prolongar do filme, no mundo), ilumina e ajuda todos os outros a conseguirem sobreviver e se dignarem das suas vidas apesar da aparente condição, e apesar disso e da sua preciosa ajuda, teme a sua segurança e a do seu marido se manifestar que não foi afectada pela cegueira. Este medo é compreensível, dada a variável de vontades, fraquezas e egoísmos no seio da vida humana em comunidade. É de louvar ainda o sistema de marcação / transporte criado através de fios emparelhados pelas salas, a coragem do médico nas suas tentativas de organização – indeferidas pelos restantes que não apresentam nem propostas viáveis nem argumentos válidos – e coragem. De coragem também se pode falar nas mulheres, quando aceitaram ser violadas em troca de comida para sustentar o restar da população de seus blocos, apesar de eu achar que esta medida foi desnecessária, e acreditar que num contexto real, toda gente se uniria numa rebelião contra tal imposição, pois tal acontecimento representa em muitos contextos e pessoas seguras da sua autonomia um risco maior que a própria morte física, mas, por outro lado, todos se mostram abatidos pelas condições a que estão sujeitos no dia-a-dia, pelo abandono, sentimento de inutilidade, o que poderia explicar a apatia, falta de ideias e consumar-se com suas fraquezas. Pode-se ainda falar das manifestações de ignorância por parte dos soldados quando, “respondendo a ordens superiores” ameaçam disparar (e chegam mesmo a matar muitas pessoas) que se aproximem da cerca ou da porta para sair daquele local, ignorando demandas que exigiam cuidados médicos, alimentares entre outros. E ainda quando os militares gozam com estas pessoas que estão em condições diferentes às suas, tratando-os como lixo, atirando os alimentos, as ferramentas pretendidas, jogando com as orientações para as mesmas, não passam de pessoas corrompidas com o seu ego divinizado. Continuando com os descalabrares, toda a ruína e infortuna que as circunstâncias proporcionam, toda a fadiga mental e, consequente privação emocional auto-inflingida, as pessoas enfraquecem o espírito, e, num desses casos, mostram-se algumas situações de discriminação “racial”, e uma situação de infidelidade, dado que o médico que aos poucos vai rejeitando a ajuda da mulher por se sentir um fardo, encontra uma empatia momentânea, que ao mesmo tempo é gerada pela falta de saciação que ambos sentem ao se desprezarem continuamente. É ainda de notar a empatia e a mensagem que uma das pessoas que estava no bloco onde decorre a maioria da acção, um indivíduo, provavelmente afro-americano, que era cego de nascença e no final do filme transmite o seu segredo. Estava feliz por toda gente ter ficado assim, não por desejar mal a toda gente, mas porque conheceu alguém que queria ter a seu lado e porque nunca terá tido tantos companheiros. No final, ninguém escapa ao ciclo.
Hotel Ruanda Este filme, na minha opinião o mais forte de todos, demonstra-nos um país enfrentando o caos e em pobreza generalizada por ser um país africano e ex-colónia Belga.
Baseado em factos reais, prezando o máximo realismo e fidelidade de acontecimentos verídicos, sendo que o próprio realizador se dirigiu a Ruanda acompanhado de personagens retratados no filme para apurar o clima e acontecimentos em detalhe dos factos (apesar da sempre existência de lapsos), Hotel Ruanda conta-nos a história da corrupção e jogo de interesses das grandes potências ocidentais, e de, como a partir destes (factores construtores de super nações) um genocídio se torna possível, pois tanto o financiamento dos Hutus para protagonizarem um banho de sangue como a separação racial ressentida das partes intervenientes no genocídio tiveram sem dúvida responsabilidade total do mundo ocidental, sobretudo da Bélgica. Começando o filme, vemos o protagonista e dono do maior e prestigiado (presumo) estabelecimento hoteleiro ruandês Hôtel dês Mille Collines, exibindo, a caminho do habitual fornecedor de bens e actual líder dos Interahamwe (milícia anti-Tutsi) George Rutaganda, ao seu ajudante de hotel e motorista nessa cena, um charuto cubano em que este lhe diz que cada um daqueles charutos vale 10.000 francos mas que para ele o valor é muito superior pois, explica, «para um homem de negócios 10.000 francos não são nada, ele já é rico, mas se oferecer um charuto de 10.000 francos vindo directamente de Cuba, a história é outra.» Neste pequeno momento expõe-se toda a cultura díspar presente no filme. Paul Rusesabagina (o protagonista) exibe logo a sua influência sobre o líder Interahamwe oferecendo-lhe um dos falados charutos, e em que este o tenta convencer, em vão, para se alistar à frente armada que lidera ao mesmo tempo que mostra o seu ultimo negócio (como por acidente) de catanas que servirão para armar a sua facção dizendo como rindo «comproas a uma pechincha!». Paul rejeita, mostrando um desinteresse geral apesar de alguma preocupação, pois ao que parece, neste momento ainda não estaria convencido da proporção de acontecimentos que advirão lideradas por quem fez tal pergunta. À saída do armazém, pode-se visualizar uma manifestação pelo Poder Hutu, e nesse momento presenciamos o ajudante de Paul, Dube tentando-se esconder e dizendo que teme ser avistado por vizinhos que são anti-Tutsi (ou pró-Hutu), teme que o massacrem, ao que Paul diz que não se passará nada, mas no momento seguinte alguns manifestantes abordam-no pela janela da carrinha denunciando-o como sendo Tutsi e que o reconheciam, mas Paul conseguiu se evadir de possíveis ameaças. Semelhantes manifestações existem pelo mundo todo, nomeadamente manifestações dos KKK nos E.U.A. e dos partidos Ultra-Nacionalistas (nome democrático para os novos Nacional Socialistas) e de Skinheads Neo-Nazis (também conhecidos como BoneHeads ou Hammerskins - Blood and Honour (sendo estas ultimas facções dentro dos BoneHeads/NeoNazis). A maioria das pessoas age com a indiferença de Paul, mostrada nestes momentos, e como tal, apenas a apatia e falta de conhecimento é demonstrada em prol de uma força de intolerância e ignorância tão grande. Quando Paul volta a casa no mesmo dia, vê na rua de sua casa intervenções anti-Tutsi, em que vizinhos são espancados e levados, continua a resistir e conformando-se com os factos dizendo que «não se pode fazer nada». Apenas toma partido e uma posição de revolta activa quando alguns de seus vizinhos e familiares se refugiam em sua casa, e, principalmente, quando tem de procurar seu filho desaparecido, encontrando-o num estado de choque devido às acções das milícias anti-Tutsi de terem levado seu amigo, e a partir desse momento o seu filho nunca mais agiu de maneira normal, pois manteve-se sempre calado pelo choque e pelo medo que fustigaram nele. Só nesse campo, quando a mulher e a sua descendência, a base estrutural da vida de Paul está em risco eminente, mencionado anteriormente que a família é o mais importante quando se contém ao ver as atrocidades contra os vizinhos, ele toma uma decisão de agir, ainda que de forma inexperiente e como se apalpando terreno face às situações que terá de enfrentar.
O filme é feito de situações controversas. Quando um dos jornalistas chega a Ruanda e ao Hotel para filmar o conflito e pergunta o porquê do mesmo estar a acontecer, e alguém lhes explica que é pela diferença discriminatória acentuada pelos Belgas entre Hutus e Tutsis e o jornalista avista 2 jovens raparigas e lhes pergunta o que cada uma delas é (correspondendo à etnias Hutu e Tutsi), cada uma tem uma resposta diferente, e o próprio jornalista realça que «Elas podiam ser gémeas!», convidando de seguida a rapariga que fez a pergunta inicialmente para uma noite “romântica”, aqui se pode ver a diferença entre culturas e acontecimentos, que, apesar do grau desumanização do conflito, no Hotel e entre os seus visitantes até este momento a realidade parece tornar-se subtil. Mais tarde Paul agradece a esse jornalista, depois de ele lhe mostrar filmagens que captou do conflito e da chacina ao ar livre, por elas serem uma esperança pois, segundo o pensamento de Paul, se elas (filmagens) passassem na televisão ocidental, o rumo do conflito mudaria pois as nações se iriam opor ao banho de sangue depois de sua ignorância e filmagens não darem mais margem para abstenção. Ao que o jornalista pergunta, parecendo reflectir um pouco tendo por base a experiência e estando um bocado tocado, se não será bom mostrar as filmagens caso ninguém intervenha, e Paul pergunta novamente «Como poderá ninguém intervir depois de ver tamanhas atrocidades?» - e aqui o jornalista Jack diz que «Eu acho que as pessoas se virem esta filmagem vão dizer “Meu Deus, isto é terrível”, e depois continuarão a comer o seu jantar.» - Uma estranha esmagadora verdade separa o teórico do verídico, mais se pensarmos em todas as constituições e discursos políticos, e principalmente nos papéis de heróis que muitos movimentos, partidos e empresas se dizem estar comprometidos, pela paz e pela segurança, a honestidade, todos fazem papeis de bonzinhos, líderes que se sacrificam em prol da maioria e do progresso das ciências humanas, todos assinaram a Declaração Universal dos Direitos da Humanidade, todos concordam e dizem respeitar, mas eu sempre disse que isso é tudo uma “grande treta” e fachada, não no conteúdo em si dessas declarações teóricas mas sim na substância total que representam, uma ilusão em que Paul se banhava, e que Jack conhecia, não por desacreditar o seu conteúdo, até porque a sua prova de coragem para filmar o genocídio desrespeitando o seu colega da equipa são prova do mesmo, mas por não acreditar nas pessoas que o deveriam ter sob consideração. Mais tarde assistimos, entre muitas tentativas de Paul reconciliar a subsistência dos seus familiares e restantes refugiados, devido a uma empatia crescente, com muita astúcia e sentido de responsabilidade, Paul busca esquemas talvez esquemas geniais para conseguir prolongar o bem -estar das pessoas que buscam auxílio em si. Em outro momento do filme, quando as Nações Unidas implantam alguns soldados para retirarem os turistas e toda gente proveniente de outras nacionalidades naquele país em pleno genocídio, os habitantes festejam de felicidade por acharem que finalmente terão a ajuda externa que tanto anseiam, mas nesse preciso momento, o Coronel Oliver, conhecido de Paul, vai ao bar do Hotel e já com uma postura diferente da de todos pede algo forte para beber, para tentar enfrentar aquela realidade, uma das pessoas que se mostra mais solidária no meio deste conflito, sente-se igualmente responsável por não conseguir fazer mais nada e então, comovido pela ilusão dos outros afirma a Paul que o mundo não irá fazer nada, nem enviar tropas para os defenderem, porque não há nada que o mundo queira de um lugar como esse, e ainda diz mais, numa tentativa de cativar a atenção de Paul para o real “problema” afirma a este que «Tu és preto, nem negro és. Tu és Africano!», demonstrando como o mundo Ocidental olha para Ruanda, e não necessariamente dando a sua opinião sobre Paul. Em uma altura quando Paul volta de abastecer bens volta por uma estrada alternativa, dizendo, o líder Interahamwe e dono do armazém, a Paul que essa estrada não estaria a ser patrulhada e que seria mais segura, o mesmo genocida que aumentara o preço dos bens que vendera a Paul - e talvez só os vendesse a ele porque precisasse de dinheiro ou de alguma influência, o que eu acho menos provável a ultima – liderou-o a uma estrada de passagem inacessível, cheia de cadáveres, ao qual
paul ficou horrorizado e pede ao seu motorista, um traidor simpatizante do Poder Hutu, que não conte a ninguém o que acabavam de visualizar. Sendo confrontado com tanta pressão e envolvência de sentimentos e acontecimentos em que cada uma das suas decisões e atitudes necessariamente espontâneas desenrolará papeis vitais no decorrer da sua vida e das de quem mais de si dependem, Paul, num momento de muita força isolado chora, num acto de exteriorizar tudo o que sente, tentando não ser visto em tal momento, o que seria do líder dos que dele dependem se o vissem abaixo deles? Assistimos à comoção de uma enfermeira ocidental que arrisca a vida ao salvar um conjunto de crianças Tutsi de um orfanato, e ainda a aceitar a missão que Paul lhe pede para verificar se membros da sua família estão vivos, aquando da sua ida ao orfanato poderia ter avistado, mesmo sabendo que a área estava sobre o controlo Hutu. A enfermeira apesar de tudo aceita em arriscar a sua vida de novo. Sem dúvida que Paul mostrou ressentimento ao avistar a carrinha que ela transportava virada do avesso em uma das suas viagens pelas ruas de Ruanda. Felizmente conseguiu concretizar a sua missão e sair ilesa. É de louvar a inteligência de Paul, quando consegue convencer o General Bizimungu a oferecer protecção ao Hotel e à sua família, conseguindo-se colocar acima dele nas relações internacionais e pelo conjunto de argumentos concisos que arrasam a verdade deste general. Simplesmente nestas situações desesperante Paul consegue grandes feitos, feitos esses que lhe salvaram a vida e a de muita gente e uma grande história para contar, e publicar em tela. Penso que na sua posição fez e foi muito além do que poderia ser de esperar de alguém.
Maria cheia de graça Mais um filme referente a situações limite, Maria é uma jovem colombiana que vive em situação de pobreza e precária, além de ser habitante de uma vila, despede-se do seu emprego numa tentativa de fuga à banalidade da sua situação, do seu namorado desinteressado sabendo da sua gravidez, da rotina e pressões familiares além de até então ser a única a sustentar esse seio, a falta de sentido que todas as situações trazem à sua existência que, começa a reflectir cada vez mais por si. Com 17 anos, ela tenta o que muitas pessoas da sua idade ou mais velhas tentam, mudar de situação nem que arrisquem a vida. Mesmo não tendo a certeza do risco que irá cometer, aceita uma proposta de trabalho que a faz ingerir aproximadamente meia centena de rolos contendo droga. Ou seja, trabalho de mensageira. Apesar de saber que o que fará é arriscado, o seu empreendedor dissimula o perigo real do mesmo, muito provavelmente para não perder uma cobaia. Sem saber o que fazer, segue a outra rapariga que viu passar antes de falar com o traficante, de modo a se inteirar do modus operandi pelo qual iria ela também se sujeitar. Para alguma satisfação pessoal, cala a irmã mostrando que já arranjou trabalho, tirando parte do dinheiro, que o traficante lhe deu, “para a casa”, tentando assim o mais possível emancipar-se da família que não está preocupada sequer com os seus problemas, a sua adolescência, e a parece simplesmente ter para trabalhar. Depois de finalmente ter ingerido toda a mercadoria, e de um esforço enorme e sacrifício para o conseguir, ela viaja para os EUA e, na mesma viagem, apercebe-se que há pelo menos mais 3 pessoas que fazem o mesmo que ela, apesar de já ter enfrentado a sua amiga, que trabalhava no mesmo local que ela, tentando a convencer a desistir de tal ideia e que esse trabalho não seria para ela. Neste momento penso que Maria se sente na responsabilidade da sua amiga, pois ela a parece imitar a toda a hora, de forma um bocado inconsciente do mesmo e Maria procura a sua Independência de tudo, como conseguimos ver no final do filme. Contudo, ela fica retida pela inspecção aduaneira, ou aquilo que mais temia, mas, por sorte e por estar grávida, consegue sair ilesa evitando assim que alguma prova a pudesse incriminar, apesar da polícia pouco convencida que a libertou.
As promessas de ficar em um lugar seguro ao chegar aos EUA foram desvanecendo com a saída do aeroporto e consequente estadia com um grupo de jovens traficantes imaturos que as trataram como meras transportadoras-objecto, e mediante a falta de disponibilidade em ajudar a sua recém amiga Lucy, que provavelmente deverá ter um rolo furado dentro de si cheio de heroína a espalharse pelo organismo, Maria revolta-se e, quando ao acordar descobre o banho de sangue e a possibilidade da morte ou homicídio de Lucy, fala com a amiga do qual provavelmente sente responsabilidade para fugir daquele lugar com o argumento de que os traficantes não se irão importar com elas. Desesperada e desamparada, bate à porta da casa da irmã de Lucy – a morada que esta lhe tinha dado para dissimular as suas anteriores idas aos EUA – e, temendo ficar na rua, aguarda dentro do prédio para que alguém chegue e a possa albergar. Indecisa quanto ao futuro e com sua amiga que ainda mais indecisa que ela estava recorrendo de novo a Maria, o que implicou a reformulação das histórias que dissimulou à irmã de Lucy, nomeadamente de não conhecer ninguém em solo Norte-Americano, acaba por se descair quanto à omissão do negócio do tráfico quando a irmã de Lucy, que tenta ajuda-las a conseguir emprego, as leva a um conhecido dela também hispânico, e a amiga de Maria sem rodeios a procurar qualquer coisa na mala deixa os rolos de heroína bem visíveis. Depois da confusão toda que o apuramento dos factos trouxeram à irmã de Lucy trouxeram a Maria, esta já se tinha decidido em emendar a sua má consciência ajudando a pagar o velório e tratar de encaminhar o corpo de Lucy de volta. Faz o mesmo com sua amiga, no fundo, simula que irá voltar mas, no final já à entrada passagem que daria para o avião, decide-se em ficar pois o seu objectivo era atingir condições e qualidade na sua vida. Nota-se que os acontecimentos a fizeram ganhar muita experiência de vida pelo que aprendeu rapidamente com os acontecimentos que viveu, presumo eu pela atitude final e mais ou menos firme que mostrou.