Relatos de Viagem - controle e subversão 2018

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PRODUTO FINAL DO ESTUDO DE CAMPO de Ouro Preto 2018 Controle e Subversão Diário Antigo

Obra ficcional que contempla conteúdos das áreas de Ciências, Geografia, História e História da Arte

Grupo: Ana Beatriz Paiva, Diego Munhoz, Guilherme Jorge Rosa, Guilherme Garcia, Guilherme Stoll, Luísa Castanho, Manoela Ferreira, Vitor Borelli, Yasmin Capocci – 8°A Escola Miró – Ribeirão Preto/SP



Janeiro de 1764. Hoje foi um dia não tão bom para nós. Foi implantado um novo sistema pela Coroa Portuguesa, que quer tirar de nós tudo que possuímos. Um sistema ridículo imposto para nos falir, declarado por aquele maldito rei. Antigamente, já era obrigatório pagarmos para a Coroa aquele Quinto dos Infernos! Vinte por cento dos nossos bens já era tirado de nós, apesar de todo o suor gasto por meus escravos, e no final era tudo em vão. Agora, nem oitenta por cento era dirigido a nós, afinal todos os impostos pendentes teriam que ser pagos imediatamente. Como eu, Miguel Seixas, irei sustentar minha vida? Minha família? E meus escravos?! Seria possível viver sem meu precioso ouro? Essa derrama de ouro exigida por eles deixará todos nós do Brasil falidos. A recepção ao novo sistema claramente não foi muito boa, mas certamente quem se opuser à Coroa Portuguesa será executado. Então, no momento, não podemos fazer nada, só sofrer em silêncio.



Março de 1765. Após um ano de trabalho, foi decidida pela Coroa a quantidade exigida: cento e cinquenta quilos de ouro. Toda essa derrama foi mandada a Portugal e eles ainda procuram por mais. Teremos que duplicar nosso esforço para conseguirmos pagar mais uma leva de impostos para o próximo ano. Não sei quanto mais meus escravos irão suportar, talvez nem eu consiga aguentar. Não consigo imaginar como irei ficar depois de todo esse processo, a Coroa está nos desgastando, não consigo ver mais minha própria família! Estamos sendo usados há tempo demais...



Novembro 1766. Conseguimos mais uma leva de ouro, porém foi por pouco. Dessa vez quase não conseguimos chegar à exigência de 150 quilos. O ouro está rareando, não que já não estivesse, mas nessa última época de mineração quase não conseguimos encontrar o suficiente. Estou com medo, todos aqui estão, não sei o que acontecerá comigo quando não encontrar a quantidade de ouro necessária, quando na minha mina só restará meras rochas... A época da entrega está se aproximando, porém, a cada dia, o ouro também está acabando. Estou ficando sem opções, sei que no próximo ano não conseguiremos entregar a quantidade desejada. Estou com medo, não sei o que irá acontecer com minha vida quando eles chegarem para fazer a coleta e exigirem a próxima leva. Não sei se devo esperar para esse dia chegar. Ouvimos histórias de que outras minas tentaram enganar a Coroa entregando “ouro de tolo”, porém os portugueses descobriram e todos daquele local foram executados, o que nos mostra que todas as minas estão passando por desespero, que todo o Brasil está na mesma situação.



Fevereiro 1788. Havia me esquecido deste diário guardado em minha gaveta por duas décadas, já empoeirado e sujo. Nele pude me lembrar de toda aquela horrível situação que, no passado, presenciei. Bom, tenho que contar minha nova vida por aqui. Lá pelo terceiro imposto pago à Coroa, todos da mina sabiam que estávamos falidos e que não iríamos aguentar mais um ano. Foi então que fugi. Fugi o mais rápido que pude para o mais longe que consegui chegar. Me refugiei em uma antiga casa, de um único andar e bem desgastada, onde consegui me sustentar por um curto tempo. Fui perseguido por anos e anos pelos portugueses, após ter fugido e abandonado toda minha produção. A saída daquela casa era uma nova aventura e, por mais aterrorizante que fosse, gostava de enganar e sacanear aqueles idiotas. A minha nova residência se encontrava perto de um riacho, onde pude aprender a pescar e, dessa maneira, pude me alimentar por todo esse tempo. Tive também que ir à cidade grande diversas vezes para praticar o escambo e vender minhas mercadorias, os peixes.


Claro, tive que comercializar escondido, não poderiam ver um antigo minerador naquela situação, principalmente a Coroa. Em uma dessas idas à cidade, encontrei um homem cuja situação era semelhante a minha. Não descobri seu nome, porém ele também se sentia usado e estava cansado disso. Conversamos por alguns minutos até ser chamado para seu serviço. Nunca me esqueci de nossa conversa, finalmente pude encontrar alguém nessa cidade com os mesmos pensamentos e ideias minhas.



Junho 1788. Reencontrei meu antigo amigo hoje, já fazia um tempo que não nos víamos. Ainda não perguntei seu nome, porém descobri que trabalhava para o exército como alferes, além de ser dentista. Achei bom ser companheiro de alguém do exército, assim posso ter uma chance de não ser pego. Ter essas conversas está fazendo bem para mim e sair da minha rotina de pescador para ir à cidade, com certeza, me anima. Dezembro 1788. Pela quinta vez, tive uma conversa com meu amigo, seu nome, Joaquim José da Silva Xavier. E essa foi a melhor que já tivemos, pois chegamos a uma conclusão. Nós dois nos cansamos do regime português na nossa cidade e no nosso Brasil. Eles não podem continuar nos usando, nos explorando cada vez mais, eles não são nossos donos. O único problema é que esse conceito de rebelião ainda está na sua fase inicial, não temos o povo do nosso lado, por enquanto. Somos só nós dois, para convencermos a população inteira a lutar conosco.


Março 1789. Após um ano de planos, conseguimos convencer um pequeno grupo espalhando nossas ideias através de manifestações. Então, começamos a nos reunir nas casas. Inventamos um pequeno código, através de uma vela na janela que, se estivesse acesa, significava que a reunião poderia acontecer, caso apagada significava que não haveria reunião. Como na França, planejamos uma revolução contra a Coroa Portuguesa. Porém, o que mais aparentava motivado era meu amigo Joaquim José da Silva Xavier, que falava abertamente tanto em lugares públicos quanto em nossas reuniões. Esse foi o real motivo de termos conseguido tantos apoiadores. Atualmente, somos em 57, todos muito ricos, exceto obviamente, o Xavier, por ser um simples alferes e dentista. Mas toda semana chegam novos voluntários.



Abril 1789. Os portugueses já atacaram muito aqui na região e roubaram joias e vestimentas de fios de ouro; óbvio que dos ricos. Nós já estamos fartos de dar o que é nosso aos malditos portugueses, não há mais nada nessa terra para eles! Se quiserem, vão até a Angola ou Moçambique. Já não temos opções e já reunimos o bastante de seguidores. Vamos atacar! Primeiro, praticamente pretendemos libertar Minas Gerais, depois, quem sabe todo o Brasil. Nossa terra é enorme, eles não merecem ser donos de ninguém, nós mesmos podemos ser uma única nação. Algumas semanas depois de colocarmos em prática nossa rebelião, não pagando mais nada aos portugueses, estes acabaram sabendo de nossos planos. O rei de Portugal, Dom João VI, pediu nossa presença aos seus pés, e que confessássemos a “desonra” que tivemos. Todos nós, até o Xavier, negamos até a morte nossas ações. Foi difícil fazê-lo acreditar, mas quando ele perguntou pessoalmente ao Joaquim Silvério dos Reis, o filho de rameira desgraçado, traidor dos infernos, ele disse que sim! Confessou tudo que fizemos, entregou todos nós! O safado foi perdoado e inocentado, porém nós, jogados na prisão, a conjuração está toda desmantelada!



Fevereiro 1794. Após três anos nessa prisão, finalmente posso escrever no meu diário novamente. Receberemos o julgamento formal hoje, todos os 29 que ainda estão vivos. Temos a ajuda do advogado José de Oliveira Fagundes. Na manhã do dia seguinte, após 18 horas dentro do tribunal, fomos liberados, alguns com a punição de sequestro de bens, mas o pior foi o pobre do Xavier, condenado à forca. Não podemos fazer mais nada por ele, seremos desterrados. Abril 1794. Agora já não tem mais jeito, recebemos notícias de que Xavier foi enforcado e esquartejado e, como nosso último ato, queremos roubar a cabeça exposta na praça central, não daremos esse troféu a eles. Vamos entrar, pegar quando ninguém estiver olhando e correr para longe, queremos levá-la junto para os Estados Unidos, onde vamos nos refugiar. Acho que esta será minha última anotação, estão me perseguindo, nem chegamos a cruzar a fronteira, estão atirand...





CONTROLE E SUBVERSÃO 8°A -Diário Novo-



PRODUTO FINAL DO ESTUDO DE CAMPO de Ouro Preto 2018 Controle e Subversão Diário Novo

Obra ficcional que contempla conteúdos das áreas de Ciências, Geografia, História e História da Arte

Grupo: Ana Beatriz Paiva, Diego Munhoz, Guilherme Jorge Rosa, Guilherme Garcia, Guilherme Stoll, Luísa Castanho, Manoela Ferreira, Vitor Borelli, Yasmin Capocci – 8°A Escola Miró – Ribeirão Preto/SP



17 de outubro de 2015. Hoje foi um grande dia aqui na delegacia central de Ouro Preto. Eu, o grande policial Ângelo Braga, peguei sozinho os ladrões que fugiram da cadeia de Congonhas e ainda deu tempo de celebrar o aniversário da minha filha. Antes de voltar para casa, meu chefe veio me parabenizar pelo dia de trabalho e pela administração da equipe no confronto com os ladrões. Ele sempre me elogia pela minha bravura e seriedade nos casos, e sempre eu digo “obrigado”, sabendo que na verdade não foi nem metade do que eu poderia fazer. Faz 7 anos que trabalho aqui e há um ano meu chefe só vem me elogiando. Acho que minha promoção está vindo. Depois disso, quando eu estava saindo da delegacia, meu colega veio me parabenizar pelo dia e pelo aniversário da minha filha. Ele me deu um livro meio empoeirado e com as folhas saindo, que falava sobre a Inconfidência Mineira, e disse para eu entregar para ela, como presente de aniversário. Eu perguntei para que isso, e ele me disse que era importante que os jovens de hoje aprendessem sobre a história da nossa cidade. Aceitei o presente com a menor vontade do mundo, ridículo aprender sobre isso, afinal que criança de 12 anos gosta disso? E, no final, eles já estão mortos, não é mesmo? Seria muito melhor se a Coroa Portuguesa ainda estivesse no comando . O país está horrível com tudo isso e, se nada disso de Inconfidência estivesse acontecido, estaríamos bem melhor.



Chegando em casa, nem entreguei esse livrinho para minha filha. Larguei logo no meu escritório e já desci para parabenizá-la. Depois da festa, subi para meu escritório e fui só dar uma olhada naquele “presente”. Hummmm, ridículo esse livro da Inconfidência Mineira. Fiquei até arrependido de dar uma olhada nisso e guardei na gaveta para nunca mais ter de vê-lo novamente.


7 de novembro de 2015. Há 2 dias soubemos de um acidente em uma barragem na cidade vizinha, Mariana. Até agora não fomos chamados para resgate nenhum, mas acredito que mais cedo ou mais tarde entraremos em ação para ajudar no desastre. Como esperado, meu chefe me chamou naquela tarde e disse para ajudar em Mariana, para revisar e supervisionar a segurança do local, enquanto os outros policiais estão ocupados em ajudar as pessoas. Minha esposa e filha já estão cientes de que vou voltar só daqui alguns dias e, dependendo do estrago, terei de ficar pelo menos uma semana. No final da tarde, fui direcionado para Mariana, sem saber o que encontrar. Espero ser eficiente nessa viagem.



9 de novembro, de 2015. Estou há 2 dias aqui e sinto que estou desperdiçando meu tempo. Não há nada de mais para fazer, além de ajudar as pessoas resgatadas. Afinal, sou um policial, não um atendente da Santa Casa e sinto que estão gastando meu talento à toa. 10 de novembro, de 2015. Finalmente! Algo útil aqui nessa cidade medíocre para fazer. Hoje, prendi um contrabandista que tentava vender artefatos antigos roubados. Levei-o para a delegacia e, na hora em que ele foi colocar seus pertences na caixinha de objetos pessoais, vi algo estranho, um livro velho e empoeirado e fiquei meio desconfiado. Depois que todos saíram da sala, peguei o livro para dar uma olhada. O livro estava manchado de barro, com uma caligrafia estranha. Acho que esse sujeito devia ter Parkinson para ter uma letra tão feia assim, e foi um desafio tentar ler aquilo, mas pelo menos consegui ler seu nome: “Este diário pertence a Miguel Seixas”.



20 de novembro de 2015. Estou de volta a Ouro Preto e decidi trazer aquele diário velho comigo. Tenho que descobrir o que há nele, afinal, se o contrabandista queria vendê-lo deve ter algum valor. Mas não irei mostrar nem falar disso a ninguém. Se for mesmo o que estou pensando, vou prender todos esses ladrões sozinho para ganhar mais créditos e finalmente ser promovido. Coloquei meus óculos para tentar entender essa coisa melhor! Sério, que letra feia, mas consegui ler um pouquinho. Descobri que esse tal de “Miguel Seixas” era um cara antigo do século XVIII que, pelo visto, havia participado da Inconfidência Mineira, cuja história já sabia de cor pois, aqui em Ouro Preto, essa história é bem famosa. Normalmente, teria parado de ler logo na primeira página, porque essa história é um saco, mas algo neste diário está me fazendo repensar sobre alguns fatos omitidos, aprender mais sobre essa história, e nem está tão chato quanto aparentava ser.



23 de novembro de 2015. Passei o final de semana inteiro tentando ler o diário, a letra foi ficando mais difícil e, no final, nem vi o tempo passar e já era hora do trabalho. Não podia deixar o diário em casa, e nem queria! Então, levei-o para o trabalho comigo e fiquei esperando a hora do almoço para poder lê-lo novamente. Na hora do almoço, não me sentei com meus colegas, como sempre faço, pois queria continuar com o mistério do diário. Então, me sentei em uma mesa no canto da sala sozinho e percebi que meus colegas me olhavam de um jeito estranho. Devem estar com inveja, já que sabem que logo vou ganhar minha promoção. 26 de novembro de 2015. Hoje meu chefe veio falar comigo, e não era sobre a promoção... Uma pena! Mas ele veio me falar que me viu olhando um livro, que se parecia com um dos que os contrabandistas, que prendi, tinham roubado. Falei que não era nada e que ele não precisava se preocupar. Ele, então, me lançou um olhar desconfiado, mas me mantive neutro e no controle, sabendo que estava infringindo a lei e que se alguém soubesse poderia perder meu emprego.


31 de novembro de 2015. Continuei a ler, e o diário, a história de Miguel Seixas, me interessava cada vez mais. Estava até começando a entender a importância de estudar história e, talvez, eu até entregue aquele livro da Inconfidência para minha filha. Mas é claro que não vou admitir isso para ninguém... No trabalho, as pessoas ficavam me provocando quando me viam com o livro. “Ângelo Braga está lendo um livro...Tem certeza de que está bem?”, ou “parece que desistiu da promoção, hein?”. Isso me enchia o saco. Teve uma vez que quase perdi o controle por causa dessa brincadeirinha besta e foi por pouco que não dei um murro naquele inquilino da cantina.


10 de dezembro de 2015. Hoje era o dia do truco. É uma tradição que eu e meus colegas de equipe temos todo fim de ano. Nos juntamos na casa de alguém, ficamos bebendo e jogando. Já que nesse ano tinha muita gente, nos dividimos em duplas para o jogo. Quando eu estava esperando a minha partida começar, vi uma dupla conversando no canto da sala com umas cartas na mão e me olhando com uma cara de desprezo. Começaram a cochichar, como se estivessem tramando algo e fiquei de olho neles durante a partida, mas nada aconteceu. Acho que estava enganado. Eles não iriam roubar no jogo, são policiais honestos, nenhum policial rouba.



12 de dezembro de 2015. Arrumei tanto problema naquela noite que nem deu tempo de contar o que aconteceu. Basicamente, no final do jogo, os caras que me olhavam estranho começaram a rodear a mesa, e, de repente, puxaram o diário das minhas mãos! Aqueles dois desgraçados estavam tramando isso desde que comecei a ler o livro. Não aguentei, tive que dar uma lição naqueles caras, o que acho que gerou mais problemas, mas eles fugiram com o livro. No final, não recuperei o diário e ainda fiquei com a mão doendo. Estou com muito medo do que pode acontecer e, agora, o que me resta é apenas esperar...


13 de dezembro de 2015. Hoje, quando cheguei na delegacia, vi aqueles malditos levarem o diário para meu chefe. Ele não disse nada, só pegou o diário e virou de costas. Não sei o que vai acontecer a partir de agora, vou voltar à rotina comum e torcer pelo melhor. 15 de dezembro de 2015. Até hoje nada aconteceu, estava tudo normal. Só tirando, vi uma reportagem dizendo que o museu recebeu um novo artefato histórico importante. Tinha certeza de que era o diário.


20 de dezembro de 2015. Hoje foi um dia bem tenso para mim. Meu chefe finalmente me chamou e eu já sabia que o pior estava por vir. Ele me levou para a sua sala e lá disse que já sabia de tudo. Comentou que havia conversado com o superior de Mariana, que lhe contou sobre o diário perdido. Disse também que me viu com um livro extremamente parecido com o diário perdido de Mariana. Nessa hora, ‘’meu amigo’’, eu gelei, senti que meu rosto estava branco e minhas mãos suadas. Acho que ele percebeu isso e me perguntou se algo estava errado, e eu calmamente disse que não e que estava tudo certo. Ele fez um gesto de não com cabeça e disse que depois da cantina tinha ido olhar as câmeras da delegacia de Mariana (lugar de onde eu “peguei” o diário) e me viu olhando as caixas de furtos dos contrabandistas, onde havia o diário e outras coisas, incluindo uma obra roubada do famoso pintor Mestre Ataíde. Não sei como aquela obra foi parar nas mãos daqueles bandidos, pois Mestre Ataíde morreu há muito tempo (especificamente há 188 anos), e também que suas obras são muito bem guardadas e conservadas.


Mas, enfim, o mais importante é que meu chefe me viu levando o diário. E agora tudo se foi, esse foi o meu fim. Tinha sido pego, já era, ‘’bye bye’’, adeus para a minha promoção e para meu cargo na polícia, meu tempo de policial havia chegado ao fim. Ele me recomendou que era melhor eu ficar afastado por um tempo, e pediu para eu me retirar. Estava saindo da sala e dei uma olhada para trás, vi meu chefe com uma cara de decepcionado, mas acho que quem estava mais decepcionado era eu.


3 de janeiro de 2016. Faz um bom tempo que não escrevo. Estava tão abatido com minha suposta demissão que não tinha mais ânimo de escrever nada. Então vou contar tudo o que aconteceu nesse tempo. Bom, basicamente, depois daquela noite do dia 20, fui para casa e fiquei largado no sofá por dois dias. Minha esposa e filha estavam preocupadas comigo e, então, inventaram uma desculpa sobre uma carta que havia chegado do meu trabalho e estava no meu escritório. Eu subi correndo para lá, mas quando cheguei não havia nada na mesa, só havia uma gaveta aberta. Era a gaveta que eu tinha guardado o livro de presente da minha filha. Então, peguei o livro e chamei minha filha, ela viu o livrinho e me perguntou o que era aquilo e eu disse eu era uma coisa muito importante, era a história do nosso país. Então, passei a tarde inteira conversando com ela sobre isso e, depois, passei o resto do mês contando para outras crianças e jovens a mesma história da nossa cidade e país.


5 de janeiro de 2016. Você deve estar se perguntando se eu não sinto saudade de ser policial novamente, não é? Então te digo que a resposta é “SIM”, é uma das coisas que mais me dá saudade no mundo. Mas contar histórias também é uma das coisas mais legais que já aconteceu comigo também. 7 de janeiro de 2016. Esse vai ser o último dia que escrevo aqui, já é a última página... Mas queria comenta é que EU VOLTEI A TRABALHAR NA CENTRAL! Uhuuuuuu!! Mas, infelizmente, minha promoção ainda não vai chegar tão cedo... Eu continuo a contar a história da Inconfidência para os jovens, mas não tanto como no mês passado. Ok, eu acho que a minha história acaba aqui, afinal acabaram as páginas, não é?



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