DESIGUALDADE
Estudo de Campo Ouro Preto 2019 Feito por: Ana Clara Rodrigues, Eduarda Macedo, Hermes Baldussi, João Luís Fantacini e Rafael Makoto Áreas: Ciências, Geografia, História, História da Arte, Matemática e Português Escola Miró – Ribeirão Preto/SP
Em nossa ida a Ouro Preto, localizada em Minas Gerais, tivemos como objetivos observar e analisar a desigualdade na época colonial e atual. Então, visitamos lugares históricos, para entender um pouco mais sobre Ouro Preto em todas as suas épocas. Em nossas visitas a museus e igrejas, vimos por toda a cidade casas da época colonial. Isso porque toda a região do centro tem importância histórica e artística, por isso é tombada como patrimônio mundial pela UNESCO. A desigualdade aparecia muito conforme íamos afastando do centro histórico, tendo casas mais humildes e não tão preservadas. As eiras e beiras eram detalhes colocados no telhado das casas, no lado de fora, para mostrar a riqueza e o poder dos proprietários e famílias que moravam no local: casas com esses detalhes significavam que o proprietário era da elite. Tanto que, quando saíamos do centro da cidade, as eiras e beiras ficavam menos frequentes, mostrando que o centro concentrava a parte mais rica da cidade.
Eiras e Beiras
Algumas Igrejas, como a Igreja São Francisco de Assis e a Basílica Nossa Senhora do Pilar, apresentavam um grande brasão da família real, construídas com muito ouro. Esse brasão representava o poder da coroa portuguesa presente na igreja, com a intenção de mostrar o controle sobre a população. A São Francisco de Assis era uma igreja de classe alta, projetada pelo Aleijadinho, o principal artista Barroco da época que, além de ser muito bom e famoso, era muito admirado, pois apresentava problemas para se movimentar. Essa igreja é rica de detalhes e ouro dentro enquanto por fora era esculpida sem muitos exageros, mas ainda assim muito linda.
Igreja SĂŁo Francisco de Assis
Já a Basílica Nossa Senhora do Pilar era muito mais enriquecida por dentro e muito maior. Ao entrar na igreja, o que a gente via era de tirar o fôlego porque era muito cheia de detalhes em ouro. Pensar em como alguém havia esculpido tudo aquilo com as próprias mãos, tornava-a ainda mais bonita. As pessoas que podiam frequentá-la na época colonial eram apenas os brancos, por serem os “superiores”. Os negros que podiam entrar deveriam ser livres e ocupavam os lugares mais distantes do altar e mesmo assim sofriam com olhares de desprezo por parte da elite.
BasĂlica Nossa Senhora Do Pilar
Também visitamos a Igreja Santa Efigênia, que foi construída pela irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Negros. Essa igreja foi construída especialmente por e para os negros livres e escravizados. É uma igreja mais empobrecida, com menos detalhes em ouro e com paredes visíveis (coisa não comum nas mais ricas). Mas o simples fato de terem uma igreja só deles, mesmo que longe do centro, era uma forma de rebelião.
Igreja Santa EfigĂŞnia
Apesar do poder imposto por Portugal pelas igrejas, o controle do ouro era outro método muito utilizado pela coroa para impor esse poder. O trabalho dentro das mineradoras era basicamente feito por escravizados, mesmo que com um dono rico. Os escravizados sofriam para conseguir um pouco de ouro trabalhando mais de 12 horas por dia em um ambiente pequeno e sem proteção nenhuma. Os capatazes apenas vigiavam as minas, mas não entravam, então muitos caminhos secretos apareciam, inclusive um que eles usavam para roubar ouro e usar para construir a igreja deles. Apesar de todo o trabalho dos escravizados que trabalhavam nas minas, o ouro tinha que ser levado para as casas de fundição onde era transformado em barra de ouro, mas com 20% de ouro a menos: isso era chamado de quinto, o imposto cobrado pela coroa.
Trabalho escravo nas minas
O sentimento de angústia de quando entramos em uma senzala era muito forte, algumas pessoas chegaram até a sentir culpa. Isso porque a desigualdade lá é muito forte. Com todos os instrumentos de punição expostos, a gente conseguiu ver tudo o que os escravizados sofriam, por exemplo, chicotadas e tortura. Conseguimos imaginar mais de 30 pessoas em péssimas condições dormindo, comendo, vivendo lá. Foi uma experiência necessária para a compreensão do estudo, apesar de nada agradável.
Senzala Casa dos Contos
As outras religiões expressadas, principalmente por escravizados, eram proibidas, sendo assim, a única permitida era o catolicismo. Com isso coisas como santos negros e anjos com caras de sofrimento e tudo era menos rico do que nas igrejas de classe mais alta. Pela primeira vez, vimos uma forma de resistência tão forte nas igrejas de Ouro Preto. Além disso, todo o ouro que foi usado na igreja vinha de túneis subterrâneos que levavam os escravos das minas onde eles trabalhavam até o altar ou alguma outra parte mais escondida da igreja, assim aos poucos a igreja era construída com recursos trazidos por eles.
Imagem de santo negro
Outra coisa que vimos era que tinham alguns objetos que poderiam mostrar mais poder ou riqueza. Por exemplo, azulejos, como eles tinham que vir de Portugal e depois ser levado nas costas de um burro até Ouro Preto muitos quebravam assim o preço ficava absurdo. Além dos azulejos também tinham os oratórios, que quanto mais decorados e com ouro mais eles eram caros e valiosos. Mostrando assim um sinal de riqueza e até poder.
Azulejos / Oratรณrio
Igreja Santa EfigĂŞnia
Arquitetura Colonial