DESIGUALDADE
PRODUTO FINAL DO ESTUDO DE CAMPO DE OURO PRETO - 2019 TEMA DESIGUALDADE Participantes: Antônio Cardoso, Helena Paro, Leticia Lellis, Rute Bocaiuva e Victor Whittlesea.
Estudantes do 8º B
Áreas envolvidas: ❖ Ciências ❖ Geografia ❖ História ❖ História da arte ❖ Matemática ❖ Português
Escola Miró – Ribeirão Preto
Finalmente chegamos a Vila Rica, agora conhecida
como
Ouro
Preto.
Era
um
lugar
diferente de tudo que tínhamos visto, com muitas montanhas, árvores e um clima bem úmido. Lá moravam
alguns
escravizados,
que
nativos,
os
portugueses
trabalhavam
para
e
coroa
portuguesa. A cidade é muito bonita, pois a arquitetura tem um toque clássico do barroco mineiro e europeu. A maioria das casas são tombadas (não é permitido destruí-las ou modificá-las, pois são um patrimônio
histórico).
Essa
vila
nos
trouxe
lembranças da história brasileira, mesmo que não tenhamos vivido naquela época. Quando chegamos, fomos visitar o centro da cidade. Lá percebemos que: quanto mais perto do centro a pessoa morava, mais poder aquisitivo esse cidadão possuía. Os brancos moravam em casas bonitas e grandes, próximas ao marco zero da vila. Já os escravos nem tinham casa, moravam em senzalas, que eram lugares de baixo de casas,
muito escuros, frios, e sujos, que nos trouxeram sentimentos de pena e tristeza.
Figura 1; casa dos brancos x senzala
AlĂŠm disso, o que definia desigualdade eram as casas que possuĂam a eira e beira (detalhes decorativos para a casa), que somente os ricos tinham em suas moradias. Enquanto isso os negros moravam mais afastados do centro.
Figura 2; eira e beira
A maioria dos escravos trabalhavam nas minas, lugares úmidos, apertados, sujos e com pouca luz. Eles garimpavam minérios e tinham como objetivo preencher os buchos de ouro (eram pequenos buracos que ficavam nas paredes das minas), e como recompensa poderiam comer. Por mais
que
trabalhassem
com
extração
deste
minério valioso e conseguiam extrair grande quantidade do mesmo, a sociedade ainda era muito pobre, pois a maioria do ouro ia para a
Coroa Portuguesa, jĂĄ que haviam impostos e a Vila Rica pertencia aos Portugueses.
Figura 3; escultura de escravo peneirando ouro
Os donos das minas acabavam favorecendo alguns escravos por suas habilidades, e eles ganhavam um valor mais alto no mercado. Alguns exemplos disso sĂŁo: os homens escravizados (de 16 a 23 anos) eram mais caros, pois eram muito fortes e jovens, tinham bastante resistĂŞncia; escravos mais baixos eram muito bons para trabalharem
em minas; mulheres de quadris largos eram valorizadas no mercado, por terem facilidade para reprodução.
Figura 4; casa com senzala
Na sociedade dos escravos, eles planejavam vĂĄrias rebeliĂľes para tentarem se livrar da vida
dura de prisioneiro. A maioria não dava certo, pois os fugitivos eram capturados ou descobertos antes mesmo de seu plano ser efetuado. Os que tinham sucesso em sua fuga iam para quilombos (acampamentos secretos para todos os escravos fugitivos). Um exemplo de rebelião é a Guerra dos Emboabas,
conflito
entre
bandeirantes
e
os
moradores de Minas Gerais (emboabas). Isso aconteceu, pois cada grupo queria o ouro só para si, os bandeirantes gostariam de ficar com o mesmo pois o tinham descoberto, enquanto os emboabas
queriam
todo
minério
que
encontrassem. Quando acabou, os bandeirantes foram expulsos de Vila Rica e todo ouro foi para a Coroa Portuguesa. Quando estávamos conhecendo melhor a vila, fomos a muitos pontos turísticos, por exemplo, a Igreja São Francisco. A mais famosa de Ouro Preto, que contém a obra prima de Aleijadinho (artista considera nosso primeiro “gênio” pelos modernistas do século XX), construída em 1766.
Tivemos um guia para contar um pouco mais sobre o lugar. Disse que a desigualdade é muito grande, pois podemos perceber que sempre tem algo demonstrando o poder da coroa portuguesa. Depois dentro das igrejas, tem uma divisão social. Quando você entra, repara que há 3 divisões: cadeiras que ficam mais longe do altar e sim próximas à porta de entrada (eram para os negros livres); cadeiras bem ao centro da igreja, onde normalmente possuí uma cerca ao seu redor (brancos pobres); cadeiras mais próximas ao altar (ricos e clero). Os não podiam entrar em igrejas na época.
Figura 5; divisão social nas igrejas
Também, tem uma questão muito forte: as pessoas
que
conseguiam
tinham ter
mais
dinheiro
poder
aquisitivo,
suficiente
para
contribuir com a igreja, e, quando morressem, serem enterrados próximos à Deus, ou seja, seus túmulos ficariam próximos ao altar.
Figura 6; quadros dando lição de moral para quem não pagava impostos
Um exemplo de resistência a essa sociedade racista é a lenda do Chico Rei. Ele foi um rei da África que foi sequestrado e levado junto com sua tribo ao Brasil para servirem como escravos. Era um homem muito poderoso (sabia falar várias línguas, tinha muita facilidade). Suas habilidades o ajudaram muito, pois o fizeram ficar amigo de seu dono. Um tempo depois, Chico Rei acabou sendo transferido de mina. Após muito trabalho, conseguiu
comprá-la
e,
com
o
ouro
que
encontrava, libertava os escravos. Essa mina, como
todas
as
outras,
apertada, escura e úmida.
é
muito
deprimente,
Figura 7; Mina do Chico Rei
Outro exemplo foi o Tiradentes, um dos participantes
do
movimento
chamado
InconfidĂŞncia Mineira. Essa foi uma tentativa da elite de Vila Rica de tornar Minas Gerais
independente de Portugal. Um dos motivos para essa
revolução
derrama
(caso
conseguissem Portuguesa
ocorrer os
pagar teria
foi
donos seus
direito
a das
efetivação minas
impostos, de
pegar
a
da não
Coroa
pertences
valiosos dos mesmos). Isso resultou somente na punição de Tiradentes, por ser o inconfidente de menor
valor.
Em
sua
homenagem,
a
praça
principal de Vila Rica recebeu seu nome.
Figura 8; Praça Tiradentes
Atualmente, a desigualdade ainda está muito presente no mundo, pois, a imagem racista deixada pelos europeus daquela época marcou a
sociedade de uma maneira tão forte que demorará muito tempo para desaparecer. Isso acontece já que o único ponto de vista que temos a respeito disso são os depoimentos dos europeus, que fizeram os negros parecerem muito diferentes e inferiores aos brancos.