Relatos de viagem 2017 - controle e subversão

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Relatos de Viagem: Produto final do estudo de campo de Ouro Preto (2017) Danyella, Túlio, João Marcelo e Francisco U. - 8º ano Ciências, geografia, história e história da arte Escola MiróRibeirão Preto/SP



Desde muito cedo fui arrancado pelos portugueses de minha família e da tribo aonde nasci, fui levado em um navio até o Brasil e obrigado a trabalhar contra a minha vontade. Não me lembro meu nome verdadeiro, mas me chamaram de Moisés. Em 1782, há uns dois anos, comprei minha carta de alforria para ser libertado de uma caverna escura, abafada, onde eu passava muita fome.



Eu sempre trabalhei muito duro para conseguir isso. Depois de anos de escravidĂŁo, arrumei uma maneira de me safar desse inferno. Mas ĂŠ preciso voltar um pouco no tempo para contar minha histĂłria. Comecei a trabalhar com apenas 6 anos na mina do Chico Rei, e agora nem sei minha idade mais.


Todos os dias da minha vida sempre achei muito ouro em Vila Rica e sempre escondia um pouco desse ouro em partes do meu corpo para que um dia conseguisse dinheiro para comprar minha liberdade.


Não pense que foi fácil conseguir minha liberdade, sempre tive que ser muito criativo e esperto. O controle era muito rígido com horários, regras, má alimentação e revistas constantes. Logo depois de conseguir minha carta de alforria fui trabalhar em um jornal e lá um homem muito bom, que me acolheu, quis me ajudar me ensinando a ler e escrever. Foi muito difícil ser o único negro do meu trabalho e lidar com a solidão e o preconceito que sofria.


Depois de uns anos chegaram mais negros e comecei a me sentir em casa e ser feliz perto da vida que tinha. Minha função no jornal era ajudar a escrever os artigos, limpava o escritório, saia vendendo o jornal e ensinava a ler e a escrever aos negros nas horas vagas.


No começo, achei estranho dormir em uma cama e ter meu próprio canto. Hoje moro no fundo do jornal num quartinho pequeno, mas já é um bom começo para quem dormia num chão gelado, no meio de vários homens.

Fim





Relatos de Viagem: Produto final do estudo de campo de Ouro Preto (2017) Danyella, Túlio, João Marcelo e Francisco U. - 8º ano Ciências, geografia, história e história da arte Escola Miró- Ribeirão Preto/SP



Decidi fazer esse diário relatando a história da minha vida, pois sou adotado e as únicas coisas que eu sei sobre o meu passado é o meu nome e que meu tataravô nasceu em Vila Rica, a atual Ouro Preto/ MG.


02/04/2017 - 5:30h - Cheguei ao amanhecer em Ouro Preto. Desci a rua para minha pousada, estava muito cansado da longa e cansativa viagem, enquanto olhava para o lindo nascer do sol. Parei numa igreja a caminho da pousada e decidi entrar. Estava acontecendo uma missa, tinha uma meia dĂşzia de idosos, o altar era grande e cheio de ouro, tinham muitos desenhos de anjos no teto e um pequeno museu ao lado com relatos de escravos que morreram


construindo aquela igreja. Depois continuei minha jornada curta e cansativa para chegar na pousada. Quando cheguei, peguei a chave do quarto, que era bem caseiro e aconchegante, bem do jeitinho que eu gostava. Do lado da cama tinha um folheto falando a histรณria da pousada, comecei a ler e nele estava escrito que antes de ser uma pousada, ali foi um jornal. Dormi logo, pois estava muito cansado.



Quando acordei já era meio dia e pouco, estava morto de fome, então resolvi sair para comer alguma coisa. Depois do almoço, dei uma boa andada pela cidade, para conhecer melhor cada canto e saber me localizar. Enquanto estava andando me perguntei por que as igrejas tinham grades nas janelas. Fiquei me perguntando isso, até que cheguei na pousada, abri meu notebook e pesquisei no google.


Achei a seguinte resposta: tinham grades nas janelas para tentar impedir o roubo de arte sacra, e li tambĂŠm que ĂŠ muito comum esse tipo de crime hoje em dia.


04/04/2017 - 08:43h - Acordei logo cedo, porque no dia anterior descobri que ao lado da pousada tinha um pequeno museu sobre ela e estava curioso sobre a história deste lugar. No museu, fui até a sala onde guardavam os arquivos e acabei achando os do antigo jornal. Vi a lista de quem trabalhou lá e por incrível que pareça, achei o nome do meu tataravô!


Andei mais um pouco pelos corredores e vi uma prateleira com objetos da época do jornal. E acabei encontrando o diário do meu tataravô, e até hoje estou estudando ele.


05/04/2017 - 12:37h - Depois de comer no restaurante da mina do Chico Rei, visitei a mina. Entrei em uma galeria que me levou até uma sala. Sentei-me no chão e fechei os olhos por uns minutos... Fiquei pensando como era naquela época e vieram histórias monstruosas e assustadoras na minha cabeça. As paredes eram úmidas e escorregadias, a iluminação era uma


lâmpada pregada na parede. Imagino que naquela época e onde meu tataravô viveu não existia esse tipo de iluminação, mas sim lâmpadas a óleo e tochas.



05/04/2017 - 10:05h - Agora acabei de receber uma ligação do gerente, pedindo para que eu volte para resolver uns problemas da empresa. Então essa viagem acaba por aqui. Uma pema.




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