Desigualdade Uma Rota de Aventura
Relatos de Viagem Desigualdade Livro antigo
Produto Final do Estudo de Campo em Ouro Preto/MG – 2017
Francisco M., Lucas B., Mariana M., Luca M. e Diego – 8°ano Ciências, História, Geografia e História da Arte Escola Miró – Ribeirão Preto/SP
OlĂĄ, meu nome ĂŠ ManĂŠ Tanza. Fui trazido por portugueses de Angola para o Brasil com a promessa de ter uma vida melhor (trabalho e estudo), mas acabei virando escravo.
Ao chegar em Vila Rica, com 20 anos, fui batizado e mudaram meu nome para Pedro Emmanuel. Logo comecei a trabalhar em uma mina de ouro e a frequentar uma Igreja, exclusiva para negros, tanto alforriados quanto escravos.
Ela era assim: pouco ouro, bem simples e com menos espaรงo. Nela havia uma divisรฃo: quanto mais dinheiro ou poder a pessoa tinha mais perto do altar ela ficava. Jรก nรณs, escravos, ficรกvamos no fundo da igreja. Na mina em que eu trabalhava tinham muitos escravos, homens e meninos, que trabalhavam o dia inteiro sem descanso.
Era um processo duro que fazia doer o corpo todo. Era um lugar escuro, úmido, poeirento e muito perigoso. As mulheres e meninas trabalhavam nas casas, nas atividades domésticas. Minha rotina era: senzala, mina, igreja, senzala, mina, igreja... Enquanto isso os ricos estão só na boa... Eu hein, que vida ruim de escravo e que desigualdade!
Meu sonho era conseguir a carta de alforria. EntĂŁo escondia pepitas de ouro debaixo das unhas, cabelo e dentes para comprĂĄ-la. Depois de 6 anos trabalhando duro, consegui comprar minha alforria. Depois de 2 anos trabalhando legalmente em um engenho, comprei uma mina de ouro.
Ao passar os anos, casei-me com a ex-mulher do senhor de engenho. Ele ficou com ciúmes e queria por fim nisso matando a mim e a minha mulher, mas não conseguiu. Mesmo eu tendo uma mulher branca e sendo dono de uma mina, nós não podíamos frequentar a mesma igreja, pois eu era negro e ela branca, mas na minha igreja eu já podia ficar um pouquinho mais perto do altar.
Tivemos um filho, Pedro Emmanuel, mas foi um momento muito triste, pois 3 meses depois minha mulher morreu. Ficamos sĂł eu e ele. Passaram-se 4 anos e fiquei doente. Talvez eu nĂŁo escreva mais.
Relatos de Viagem Desigualdade Livro atual
Produto Final do Estudo de Campo em Ouro Preto/MG – 2017
Francisco M., Lucas B., Mariana M., Luca M. e Diego – 8°ano Ciências, História, Geografia e História da Arte Escola Miró – Ribeirão Preto/SP
Isabel de Assis Tanza, portuguesa, moro na Ilha da Madeira. Vou contar um pouco sobre minha vida. Nasci em Portugal, fui criada pela minha mĂŁe, pois meu pai morreu quando eu tinha 3 anos. Ao crescer, fomos morar na Ilha da Madeira com meu avĂ´.
Ele e minha mãe eram grandes historiadores, então passei parte da minha vida ouvindo histórias sobre a escravidão, sobre a religião e como era a geografia do Brasil. Ao irmos a uma loja de antiguidades, vimos documentos com o nosso sobrenome. Achei interessante e, então, decidimos comprar e investigar essa “pessoa”.
Vim ao Brasil com 31 anos, por conta de registros que descobri que eram sobre meu tataravô, Mané Tanza. Ao chegar em Ouro Preto/MG, descobri que meu tataravô tinha sido um escravo e decidi, então, estudar sobre ele.
Descobri que ele ficou muito tempo como escravo trabalhando em uma mina que hoje em dia chama Mina do Chico Rei, mas que queria muito sair desse trabalho e deixar de ser escravo.
Depois de contrabandear uma boa quantidade de ouro, ele conseguiu comprar sua carta de alforria. E, com o dinheiro que ganhou trabalhando em um engenho, conseguiu comprar uma mina de ouro que se chama Mina da Passagem. A mina tem 7.200 km² e muito ouro na época, hoje em dia funciona como museu e já tem 300 metros que são iluminados.
Com o passar dos anos, meu tataravô se casou com a ex-mulher do senhor de engenho. O ex-marido ficou com ciúmes e quis acabar com eles dois, mas acabou não conseguindo.
A história do meu tataravô é muito triste. Quando ele foi escravo, sofreu muito. E depois, mesmo se tornando livre, dono de uma mina de ouro e a mulher dele sendo branca, eles não podiam frequentar a mesma igreja. Mas é vida que segue. Eu... Vou tentar ser uma historiadora.