Relatos de viagem: Produto final do estudo de campo de Ouro Preto Livro Antigo – Joriigy Livro Atual – Carlos
Heitor, Vitória, Luiz Felipe, Jonas e Lucas O. – 8°ano - 2017 Ciências, Geografia, História e História da Arte Escola Miró - RP/SP
Joriigy , século 18.
Certo dia, estava trabalhando na mina, como de costume, até que comecei a ouvir gritos que pareciam vir de meu povoado. Fui checar o que estava acontecendo e percebi que estávamos sendo invadidos por inimigos. Na tentativa de salvar minha família, fui capturado e levado para o litoral e agora estou escrevendo este diário para passar o tempo. Dia 20 (primeiro mês): Meu nome é Joriigy e acabei de ser capturado pelos portugueses.
Estamos viajando há mais ou menos 3 semanas, e só agora consegui um papel. As condições aqui são horríveis, temos pouca comida e vários estão doentes. Não conseguimos nos comunicar, pois falamos línguas diferentes. Dia 3 (segundo mês): Só consegui outra folha agora, pois os dias no navio têm piorado cada vez mais. A comida está no final e, por isso, resolveram jogar os mais fracos e doentes ao mar. O homem que geralmente dormia ao meu lado foi jogado ao mar
depois de três dias, chorando e gritando de tanta dor que sentia após ser chicoteado por ter roubado uma maçã do chão. Chegando ao Brasil fizeram uma cerimônia que não sei direito sua importância, pois não domino a língua ainda. Me batizaram com o nome de Jorge e estou trabalhando em uma mina, porém não é nada igual à mina em que eu trabalhava. Tenho que obedecer as ordens de uma pessoa que nem sei quem é, pois se não obedeço, apanho.
Ainda não entendi porque isso acontece. O trabalho exige muito de mim, estou cansado e acho que doente. O pior é a falta da minha família que ficou na África. Espero que estejam bem. Já faz 2 anos que escrevi o último registro. Estou me acostumando com o fato de dormir na fria e escura senzala. Faz algum tempo que estou juntando ouro da mina e escondendo dentro da senzala. Finalmente depois de quase 3 anos preso aqui consegui, comprar minha carta de alforria e pretendo comprar uma mina para me sustentar.
Comprei a mina há mais ou menos 4 meses e, agora, a Coroa portuguesa está querendo cobrar os impostos que eu e os outros donos de minas na região não pagamos. A região inteira está em crise, pois toda a economia gira em torno do ouro. Alguns boatos correm por aí dizendo que em Portugal estão nos chamando de inconfidentes.
Carlos, século 21.
Meu nome é Carlos e moro no Rio de Janeiro. Tenho 23 anos e vivo com meus pais. Trabalho de segunda a sábado como segurança do shopping da Barra. Eu e meus pais nunca conversamos sobre meus antepassados e, por isso, só sei que eles são de Ouro Preto/MG. Curioso, decidi ir até lá para saber um pouco mais sobre o meu passado. Fui para a estrada bem cedo, andei 5 horas e parei em um posto para esticar as pernas, e depois segui viagem.
Chegando em Ouro Preto estava muito cansado, era fim de tarde, e parei em um lugar alto para ver o pôr-do-sol. Depois fui para o hotel e capotei na cama. Acordei umas 9h e saí à procura de registros. Fui em duas igrejas: na igreja do Pilar e não encontrei nada. Depois fui na igreja Santa Efigênia, que foi uma igreja fundada por uma irmandade de escravos. Perguntei para o segurança se tinha algum documento falando sobre quem ajudou a doar ouro para construção da igreja.
Lá encontrei o nome do meu tataravô, Jorge. Fui Para a Casa dos Contos, chegando lá, fui direto para a senzala onde vi o nome dele mais uma vez. Então, deduzi que meus antepassados eram escravos. Então, para ver se a minha teoria estava correta, fui para a Mina do Chico Rei, onde converse sobre a mina até tarde com um senhor de idade chamado Claudio Nascimento. Depois de muito tempo conversando perguntei sobre os antigos trabalhadores da mina.
O senhor me levou para um lugar com vários nomes em uma parede e lá vi Joriigy (Jorge) Taubaté, meu sobrenome.