Nelma - Memórias... a confiança na providência de Deus

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Um pouco de história da família Eller

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família Eller é descendente de alemães. Manoel Jorge Eller, meu avô paterno, era bisneto de Heinrich Eller e Anna Maria Margareth Philippi. Antes de vir para o Brasil como imigrante, esse patriarca, agricultor e membro da Igreja Luterana vivia nos arredores de Ober-Hörgern, na região de Hessen, Alemanha. Ao deixar seu país, tinha 46 anos de idade, e a esposa, 41. O casal tinha cinco filhos, que vieram com eles. Numa pesquisa recente na Internet (com a ajuda de meus filhos) e no livro História da Igreja do Alto Jequitibá, encontrei alguns dados sobre a família Eller e aspectos relacionados com o contexto da imigração. Por exemplo, outras famílias alemãs viajaram com os Eller no navio Argus e desembarcaram no porto do Rio de Janeiro no mês de janeiro de 1824, entre elas os Emmerich (ou Emerick), Gripp, Heringer, Klein, Loubach, Sathler e Breder. Eles constituíram a primeira colônia de alemães no Brasil. Eram quase todos agricultores, mas havia também alfaiates, sapateiros, relojoeiros e carpinteiros. Vieram por contra própria e trouxeram consigo suas ferramentas de trabalho.1 Instalaram-se inicialmente na região de Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro. Passado um tempo, metade deles foi à procura de terras mais férteis nos municípios vizinhos. Algumas famílias tomaram o rumo de Manhuaçu, Minas Gerais, e outras migraram para o Sul do país, espe1 Registros históricos informam que, logo após a Independência do Brasil, o Imperador D. Pedro I ofereceu oportunidades a imigrantes europeus para a colonização em terras brasileiras. Essa notícia despertou interesse, pois a Europa atravessava um momento de conflitos políticos e crise econômica. Foi assim que muitos alemães deixaram a terra natal e vieram em busca de oportunidade e vida pacífica no Brasil.

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cialmente para a nova colônia de alemães que se formou em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. A maioria dos imigrantes alemães era de cristãos luteranos, e foi-lhes permitido exercer sua fé e realizar suas cerimônias religiosas. O catolicismo romano, entretanto, era a religião oficial do Brasil. O filho mais velho de Heinrich Eller, Guilherme, adquiriu propriedade na região conhecida como Alto Jequitibá, em Minas Gerais, abriu picadas na mata virgem e preparou determinadas áreas para o plantio de café. Era casado com Charllote Klein e pais de catorze filhos. Seus herdeiros alemães são descendentes dos Gripp, Verly (ou Verli), Emerick e Loubach, que estimularam a vinda de outros colonos para a região — alemães e suíços, como os Heringer, Sathler, César, Klein, Breder, Loubach e Caterink (ou Catrinck). A região, situada no leste de Minas Gerais, ao pé da serra do Caparaó, cujo ponto mais alto é o pico da Bandeira, despontava para o cultivo do café e atraía novos trabalhadores rurais. Grande parte daquela população de origem evangélica estava se esquecendo de cultivar a fé e de transmitir aos filhos os ensinos bíblicos aprendidos com os pais, e assim o catolicismo romano passou a exercer influência sobre a nova geração. Dos Eller, a primeira família evangélica a residir em Alto Jequitibá, alguns perseveravam na fé, com destaque para Henrique Eller, casado com Juliana Loubach, que se tornou uma voz a clamar pela fidelidade aos princípios bíblicos. Ele visitava os crentes e os incentivava a ler e praticar a Bíblia e costumava citar Isaías 59.1-2: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo seu o ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus”. Nasceu então o desejo de trazer um pastor para aquela localidade. Algum tempo depois, o filho de Henrique, Francisco de Paula Eller, jovem agricultor recém-casado com Guilhermina Sathler, viajou com a mulher para visitar alguns parentes. Durante a viagem, conheceram o missionário e médico norte-americano John Merrill Kyle em São José do Ribeirão, numa congregação presbiteriana.2 A mensagem bíblica procla2 A Igreja Presbiteriana do Brasil foi fundada em 1859, data em que chegou ao nosso país o missionário Ashbel Green Simonton.

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mada tocou-lhes o coração, e eles contaram ao missionário a situação dos colonos sem assistência pastoral, alguns havia mais de vinte anos. O missionário aceitou o convite para visitá-los. Na data combinada, 1º de julho de 1897, após uma viagem de trem até a estação Santa Luzia de Carangola e uma jornada de 48 quilômetros a cavalo, o pastor chegou à casa de Henrique Eller, onde se hospedou. Durante um mês, pregou o evangelho, aconselhou, tratou da enfermidade de alguns, visitou as famílias mais antigas e numerosas e realizou culto nas casas, sempre viajando a cavalo pelas trilhas que conduziam a sítios e fazendas. Houve renovação da fé e muitas conversões. Sob a liderança de Henrique Eller, os descendentes de alemães construíram em poucos meses um local para se congregar. O templo humilde tinha paredes de pau a pique embarreadas e esteios de madeira. Era coberto com tabuinhas de cedro, sem forro, e o assoalho era de tábuas de jequitibá. O povo, num gesto de carinho, costumava chamar aquela casa de oração “igreja de Henrique Eller”. E não foi sem razão, como se pode constatar no livro de atas do conselho da Igreja de Alto Jequitibá: Não devemos deixar de assinalar os esforços de Henrique Eller neste sentido: durante o tempo em que se erguia o templo, ele não arredou o pé de junto à construção; não houve baldrame nem esteios nem linhas nem caibros nem telhas nem tábuas que não passassem por suas mãos. Em 15 de outubro de 1897, o carpinteiro entregava o templo erigido como um monumento da Verdade nesta terra. Não havia ali um pastor luterano para dar assistência ao povo, mas o Dr. Kyle voltou a visitá-los e comprometeu-se em conseguir um ministro para a congregação. Isso ocorreu com a chegada do pastor presbiteriano Matatias Gomes Santos, e em 1902, com 105 membros adultos e cerca de 200 crianças, foi organizada a igreja, a primeira igreja presbiteriana de todo o leste de Minas Gerais, motivo de festa e de gratidão a Deus. Depois dela, dezenas de igrejas foram iniciadas no Estado.3 3 Algumas destas informações podem ser lidas no livro Fé e Café, do escritor Carlos R. Caldas Filho (Didaquê Publicações) — um estudo do crescimento do Presbiterianismo no leste de Minas Gerais.

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A ata da comissão organizadora registra entre os membros fundadores Manoel Jorge Eller e Maria Petronila César Eller, meus avós paternos. O reverendo Álvaro Reis, pastor da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, dirigiu a cerimônia, pregou e procedeu à eleição dos presbíteros e diáconos que seriam os oficiais da nova igreja, ocasião em que meu avô Manoel Jorge Eller foi eleito diácono. A ação presbiteriana de Alto Jequitibá estendeu-se a moradores de outras localidades. Em 1909, sob a liderança do reverendo Aníbal Nora, deuse a organização da Igreja Presbiteriana de Inhapim, na região de Caratinga, marco inicial do presbiterianismo no vale do Rio Doce. Ela se chama hoje Igreja Presbiteriana Betel, cujo templo novo está localizado no bairro São Paulo, no atual município de Dom Cavati. Em 1912, membros das famílias Eller e Emerick transferiram-se de Alto Jequitibá para Inhapim. Entre eles, vieram os agricultores Francisco de Paula Eller, Eduardo José Eller e Manoel Jorge Eller, meu avô, com suas respectivas famílias. Francisco era presbítero, e Manoel, como já foi dito, era diácono. Eles se tornaram membros da Igreja Presbiteriana de Inhapim e se dedicavam ao cultivo de café e a outras produções rurais. A propriedade rural adquirida por Francisco de Paula Eller ficava no distrito de Tarumirim, às margens do rio Caratinga, na localidade denominada Areia Preta, a 6 quilômetros da igreja. Por causa da distância, ele passou a realizar cultos em sua casa e obteve boa frequência. Por isso, logo se formou ali uma congregação presbiteriana, que teve sua organização oficial em 1924, no mesmo dia em que meu conhecido primo Calvino Eller fez sua profissão pública de fé. Quase duzentas pessoas frequentavam cultos ali, muitas das quais pertenciam às famílias Eller, Boy e Emerick. Meus avós e pais eram membros atuantes, e a ata de organização da igreja registra os primeiros presbíteros: Francisco de Paula Eller e Eduardo José Eller (irmãos de meu avô paterno), Guilherme Frederico Boy (meu avô materno), Aníbal Emerick e Hipólito Eller, que foi o primeiro superintendente da escola dominical. Meu pai, Othoniel Eller, e meu tio Afonso Eller vieram a ser presbíteros.4 4 Ver o artigo “Família Eller”, escrito pelo historiador Dr. Alderi Souza de Matos. Disponível em: <http://vethia.com.br/uploads/527becb952b6d.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2015.

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Sevilha Boy Eller Nelma Doracy Eller Othoniel Eller

Minha árvore genealógica.

Maria Alves Boy Guilherme Frederico Boy Maria Petronília César Eller Manoel Jorge Eller

George Heringer Friedrick Boy

Juliana Loubach Henrique Eller

Maria Catarina Heringer Johames Friedrick Boy Charlotte Guilhermina Klein Wilhelm Eller

Anna Maria Margareth Philippi Heinrinch Eller

Em 1930, a igreja recebeu, por jurisdição, o casal Manoel Simões Caldeira e Cecília Sather Caldeira e família — Cecília foi grande amiga de minha mãe, até o final da vida. Em 1937, os membros da igreja mantinham sete pontos de pregação, todos na zona rural. Sem dúvida, o fervor evangelístico persistia entre eles. O aquecimento da atividade cafeeira, com maior número de moradores nos sítios e fazendas ao redor, e a abertura da estrada Rio-Bahia (que hoje corta o município) levaram à formação do povoado de Soca Pó, que em 1948 passou à condição de distrito do município de Inhapim. Muitas famílias na época frequentavam a igreja presbiteriana de Areia Preta, então sugeriram que fosse construída uma casa de oração no povoado. Não demorou, a igreja passou a se reunir ali definitivamente, pastoreada pelo reverendo Natanael Almeida Leitão. O antigo templo rural foi desativado. O primeiro endereço da igreja no povoado foi a sede da fazenda de Salustriano de Freitas, local em que mais tarde passou a funcionar o Colégio Estadual. Em 1953, em terreno doado por Valdo Torres, um majestoso templo foi erguido na rua Novo Horizonte, onde a igreja se reúne até hoje. Chama-se agora Igreja Presbiteriana Ipaúna, em Dom Cavati. Logo que os presbiterianos passaram a ter seu templo no povoado, Aníbal e Luís Emerick, Porcidônio Bittencourt e Sevilha Boy Eller, en-

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tre outras famílias, decidiram formar uma nova congregação, mais perto de onde residiam, na localidade de Volta Grande. Luiz Protácio Emerick doou o terreno, onde foi construído um lindo templo na zona rural, que veio a ser a igreja de minha adolescência e mocidade, na companhia de meus familiares. Portanto, membros da família Eller têm essa trajetória ligada à organização de igrejas em Minas Gerais, no início do século XX: aprouve ao Senhor conduzir esses descendentes de imigrantes europeus para difundir a fé evangélica no interior do Estado, onde o catolicismo predominava.

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Campanhas de oração em família

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e uma feita, estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um dos seus discípulos lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos. Então, ele os ensinou: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; o pão nosso cotidiano dá-nos de dia em dia; perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve; e não nos deixes cair em tentação” (Lucas 11.1-4). Essa é a oração-modelo que Jesus ensinou aos seus discípulos, a pedido de um deles. Jesus é o maior exemplo de oração que temos registrado em sua Palavra. Como Filho de Deus mantinha comunhão íntima com o Pai, por meio do diálogo com ele. Passou a noite orando antes de chamar os discípulos (Lucas 6.12); orou no túmulo de Lázaro (João 11.41-42); orou no monte da Transfiguração (Lucas 9.28-36); pronunciou a grande Oração Sacerdotal (João 17); orou no Getsêmani (Marcos 14.36); orou na ocasião de sua morte (Lucas 23.46). Jesus ensinou sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer (Lucas 18.1-8). Os ensinos de Jesus continuam vivos em sua Palavra: “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (João 15.7); “Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (João 14.14). Também o apóstolo Paulo deixou estes imperativos: “Perseverai na oração, vigiando com ações de graças” (Colossenses 4.2); “Orai sem cessar” (1Tessalonicenses 5.17). A oração está presente em toda a Bíblia e é uma grande bênção concedida aos que creem. Deus se agrada de que nos acheguemos a ele por meio da oração, e seus ouvidos estão abertos às nossas súplicas (1Pedro 3.12). Assim, essa prática não pode ocupar os últimos lugares de nossa lista de afazeres diários, mas deve estar no topo das prioridades.

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O que é a oração? Aprendi a definição encontrada em O breve catecismo: “Oração é um oferecimento dos nossos desejos a Deus, por coisas conformes com a sua vontade, em nome de Cristo, com a confissão dos nossos pecados, e um agradecido reconhecimento das suas misericórdias”.1 Com minhas palavras, posso dizer que oração é mais que uma súplica dirigida ao Senhor. É uma conversa com Deus — envolve diálogo e intimidade. É uma comunicação entre o crente e o Senhor. Orar é assumir uma dependência de Deus; é expor-lhe nossa necessidade; é pedir-lhe coisas que estejam em conformidade com sua vontade. É um sincero derramar da alma para Deus, por meio de Cristo, no poder e na assistência do Espírito Santo — ele impulsiona o crente a orar, trazendo à nossa mente as palavras e promessas de Jesus. Não oramos para informar ou convencer a Deus de alguma coisa, mas para expressar nossa confiança nele e confessar-lhe nosso sentimento de necessidade. A oração é um dos meios de o crente cultivar um vivificante relacionamento com o Deus vivo. Gosto muito de ler sobre oração. Nessas leituras, destaquei algumas definições e afirmações em que sempre reflito: Orar é sintonizar nossos sentidos com a direção de Deus (Patrick Johnstone). A oração é um instrumento poderoso não para fazer com que a vontade do homem seja feita no céu, mas para fazer com que a vontade de Deus seja feita na terra (Robert Law). Orem como se tudo dependesse de Deus e trabalhem como se tudo dependesse de vocês. A oração é a mais poderosa de todas as armas que as criaturas humanas podem empunhar (Martinho Lutero). O principal objetivo da oração é que Deus seja glorificado nas respostas (R. A. Torrey). Não há nada que nos faça amar tanto uma pessoa quanto orar por ela (Willian Law).

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Esse catecismo reflete a confissão de fé adotada pela Igreja Presbiteriana do Brasil.

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Existem orações que Deus, em seu eterno plano, não responde do modo que almejamos, mas sempre responde trazendo graça e conforto ao coração dos que o buscam. A resposta de Deus às nossas orações está voltada a nos fortalecer espiritualmente para o cumprimento de seu propósito — a Bíblia afirma que a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita (Romanos 12.2). Nossos anseios, portanto, devem se harmonizar com a vontade de Deus. Louvo o Senhor por essas verdades sobre oração e intercessão e pelo exemplo de meus antepassados quanto à prática da oração. Eu e Dálio, quando constituímos o nosso lar, aprouve ao Senhor nos dar filhos. Então, desde os primeiros passos dos pequeninos, nós os ensinamos a orar. Inicialmente, repetíamos com eles, para que memorizassem, a oração que Jesus ensinou aos discípulos. À medida que cresciam fisicamente, foram crescendo também na fé e no amor à Palavra de Deus. Já confiavam no poder da oração, quando ouviam com reverência as orações que fazíamos por eles. Sem dúvida, os pais têm variados motivos para orar pelos filhos. Pedidos específicos devem direcionar as nossas orações. Li certa vez o livro Quando as mães oram, de Chery Fuller, que traz a seguinte sugestão: Orar pela salvação dos filhos. Orar por proteção. Orar pelo filho na escola. Orar para que os filhos sirvam a Deus em sua profissão. Orar para que os filhos tenham amigos tementes a Deus. Orar para que os seus pecados sejam trazidos à luz. Orar pela disciplina dos filhos. Orar pela escolha do cônjuge. Orar pelos filhos pródigos. Essa lista retrata bem o que ocorreu comigo quando diariamente entregava os meus filhos aos cuidados do Pai celeste. Juntos continuamos nesse propósito. Oramos uns pelos outros, pois acreditamos que a família que ora unida permanece unida. Podemos estar certos disto: à medida que a família se aproxima mais de Deus em oração, os seus membros se aproximam

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mais uns dos outros. Isso é mais do que uma frase bonita a ser repetida: é a pura verdade! Debaixo dessa cobertura de oração, nossa família cresceu contando muitas bênçãos: transpôs obstáculos, recuperou-se de enfermidades, obteve proteção em viagens curtas ou longas e foi guardada do mal. Realizados profissionalmente na carreira que abraçaram, os filhos exercem as suas funções contando com a bênção do Senhor, que enriquece e não traz desgosto (Provérbios 10.22). Constituíram famílias. A chegada de cada cônjuge e o nascimento de cada neto são evidências, no lar de Dálio e Nelma, do cumprimento de Salmos 128.6. Que alegria acompanhar o crescimento de meus queridos netos nessa prática de oração com os pais, sendo alvos da intercessão de toda a família ainda no ventre materno! Ao longo de minha vida, percebi algumas mães que foram zelosas na educação dos filhos, mas hoje se entristecem e se culpam ao vê-los trilhar caminhos não orientados. Todavia, desde que não tenham negligenciado o bom exemplo nem o ensino bíblico, elas não deveriam carregar nenhum sentimento de culpa ou tristeza. Uma mãe, por mais dedicada que seja, não tem poder para mudar o comportamento de seus filhos. Isso é possível somente pelo poder transformador do evangelho. Que você, mãe, continue orando por seus filhos! O salmista incentiva a persistência na oração: “Suba à tua presença a minha oração, como incenso, e seja o erguer de minhas mãos como oferenda vespertina” (Salmos 141.2). As orações são eternas (Apocalipse 8.3-4). Sem dúvida, um dia os filhos serão lembrados dos ensinamentos da mãe e do aconchego da casa do pai, como fez o filho pródigo. Desde 1989, passamos a elaborar um plano formal que chamamos Campanha de Oração da Família. De início, era posto em prática duas vezes ao ano. Esse plano contém um calendário com o nome de uma família que será o alvo da intercessão dos demais membros durante uma semana. A escala de oração é enviada com uma carta minha que expressa gratidão a Deus pela vida, família e trabalho de cada um e que, ao mesmo tempo, conclama todos para essa importante jornada de fé. Durante o período da campanha, eles são incentivados a interagir a fim de compartilhar motivos

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específicos de oração; são incentivados a ser confidentes, demonstrando amor cristão e fraterno. Alguns versículos mais usados em nossas campanhas de oração são estes: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6.33). “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. Então, me invocarei, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei” (Jeremias 29.11-13). “Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis: a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5.16, Edição revista e corrigida). “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2Crônicas 7.14). “As pessoas podem fazer seus planos, porém é o Senhor Deus quem dá a última palavra” (Provérbios 16.1, Nova tradução na linguagem de hoje). Nosso incentivo de oração está naquele “que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” (Efésios 3.20). Portanto, oramos com fé, pois sem fé é impossível agradar a Deus. Incentivo você a exercitar com a sua família esta tão importante recomendação bíblica: a oração.

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Sevilha Boy e Othoniel Eller, meus pais.

Nelma aos seis anos, com os irmãos Saulo e João.

Acervo de Nicomedes Boy

Os avós Guilherme e Maria e a casa da família Boy, onde morei sete anos.


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