Amnésia 4 - A Paisagem

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AMNÉSIA 4 – A PAISAGEM www.bethbarone.com.br “Em Amnésia 4 – A Paisagem, foi feita uma montagem colocando lado a lado duas fotografias tiradas em épocas diferentes, ambas desvanecidas (…). Na foto da esquerda uma senhora idosa olha em direção a uma paisagem tão esbranquiçada, que dela nada se vê. Na foto da direita vêse uma paisagem cujo desbotamento se assemelha a uma névoa. A fotomontagem se aproveita do olhar para a direita, indicando que é para essa segunda foto que seu olhar se lança: uma outra paisagem que nada tem a ver com o que, supostamente, a senhora estaria, de fato, olhando. Esse procedimento simula o afastamento que existe entre aquilo que se vê e aquilo que se fotografa. Vimos que a fotografia, assim como o olho, se utiliza da refletividade da luz da cena para fazer seu registro natural, porém, sofre deformações por conta da escolha do filme, da revelação, da bidimensionalidade, afastando-se ainda mais daquilo que foi visto e vivido pela pessoa, transformando-se numa outra paisagem. O próprio ato de enxergar, conforme vimos em Pinker (2001), depende não só do acontecimento fisiológico, como também da interpretação conceitual que cada um faz do seu mundo. E Dubois (1994), ao analisar as teorias freudianas, também acrescentou a ideia de que sempre haverá uma espécie de latência no positivo mais afirmado, dizendo que uma foto é sempre assombrada, de que há sempre algo que foi perdido ou transformado no seu percurso, afirmando que uma foto, sempre será, em boa parte, uma imagem mental. Para a apresentação, a fotomontagem foi impressa em backlight, ou seja, ela foi acondicionada numa caixa de madeira preta com um pedaço de acrílico na frente (…). Com lâmpadas internas a fotomontagem é vista na contraluz. A contraluz é, na foto da idosa, a orientação da luz utilizada na tomada fotográfica, que faz dela quase uma silhueta preta indistinta. O backlight reproduz esse direcionamento de luz. Ao olhar o objeto, o espectador recebe essa luminosidade de frente, colocando-se na condição do próprio filme ou sensor, que são os receptores dessa iluminação. Além disso, o backlight nos traz a ideia da imagem fotográfica como transparência, como espectro e enfatiza seu desaparecimento, numa representação do esvaecimento das imagens mentais e do esquecimento.” Beth Barone para a monografia “Fotografia e memória: a presença de uma ausência” (2013).


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