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linguagens próprias e disponíveis apenas dentro dela mesma. (WELLS, 1998, p. 28-29). Essa visão foi um dos fatores que colocou as práticas experimentais mais próximas (ou quase exclusivamente) das vanguardas da época. Isso localiza efetivamente a animação como uma forma de expressão experimental ou principalmente de vanguarda. Além disso, sugere que a animação funciona melhor como uma forma abstrata, onde demonstra totalmente sua capacidade intrínseca de se mover em linhas e materiais representacionais que fogem aos domínios ortodoxos de construções e agendas "realistas" (WELLS, 1998, p. 29, tradução nossa)
2 PANORAMA DA ANIMAÇÃO, ESTABELECIMENTO DE MERCADO E TV Ao se considerar o Cinema de animação, é possível considerar uma perspectiva sobre a Animação que a considera como arte subordinada ao “Cinema”. Parte dessa visão se baseia no fato que a Animação se desenvolve muito próxima a ele e utiliza muitos elementos de sua linguagem, herdada da fotonovela, do teatro, tirinhas de jornal e do próprio dispositivo fílmico (GRAÇA, Marina E., 2006, p. 13), mas que acaba traçando uma trajetória bastante diferente do Cinema convencional. Não há interesse aqui em fazer associações mais profundas entre estes termos, mas é importante também que não se ignore a natureza deles, pois uma vez que denomina-se como o Cinema “de” alguma coisa, sugere-se que existam vários Cinemas. Então por que não pensar nas várias Animações que existem? Ademais, animações que vão para além do caráter fílmico já existiam há muito, exemplo disso são os flipbooks famosos já no século 16, geralmente de cunho sexual (WELLS, 1998, p.11) e outros mecanismos tais como fenacistoscópio ou kinematoscope e mesmo o Teatro de Sombras, os Jogos e trabalhos de Arte Digital. Então, ao se tratar de Cinema de animação, fala-se de uma animação pensada e produzida para ter como produto final o vídeo ou filme: isso condiciona as relações que esse público estabelece com a obra. Hoje a variedade dessas relações têm se ampliado com a emergência de outros dispositivos e serviços de streaming como a Netflix ou Disney+, que impactam diretamente em como essas obras são recebidas pelo público e que relações se estabelecem. A possibilidade de pausar, avançar,