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Introdução Ao longo da história recente da humanidade, homossexuais, bissexuais, trans e queers foram constantemente invisibilizados e desvalidados como cidadãos, tratados como doentes ou anormais e sendo até mesmo condenados por sua orientação sexual. Isso se reflete não só nos direitos humanos e política, como na arte, na pintura, literatura e, claro, cinema, onde há casos que demonstram que, a partir do momento em que se aprofunda na questão de sexualidade e gênero, surge uma grande aversão e opressão vinda de boa parte da população, incluindo organizações e governos no poder. Na segunda metade do século XX, essas questões passaram a ser mais estudadas e pesquisadas na filosofia, sociologia e psicologia. Nomes como Simone de Beauvoir e Judith Butler trouxeram pensamentos sobre a visão do feminino na sociedade, estimulando movimentos que fomentavam a maior discussão sobre gênero e orientação sexual, e questionavam o patriarcal e o heteronormativo, fazendo com que essa visão mudasse, lentamente, ao longo dos anos. Todo comportamento e mudanças políticas e civis de cada época refletem-se no cinema e, com a temática LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Queers), não seria diferente. New Queer Cinema foi um termo cunhado em 1992 pela crítica B. Ruby Rich para se referir à onda de filmes com temática LGBTQ que estavam surgindo cada vez mais. A palavra queer, inicialmente, significava estranho e excêntrico e, no decorrer do tempo, foi usada como termo pejorativo e ofensa aos LGTBQs. O termo começou a sofrer uma reapropriação por essa comunidade no século XX até ter seu significado, novamente, modificado. Queer pode ser traduzido por estranho, talvez ridículo, excêntrico, raro, extraordinário. Mas a expressão também se constitui na forma pejorativa
com
que
são
designados
homens
e
mulheres
homossexuais. Um insulto que tem, para usar o argumento de Judith Butler, a força de uma invocação sempre repetida, um insulto que ecoa e reitera os gritos de muitos grupos homófobos, ao longo do tempo, e que, por isso, adquire força, conferindo um lugar discriminado e abjeto àqueles a quem é dirigido. Este termo, com toda sua carga de estranheza e de deboche, é assumido por uma vertente dos movimentos homossexuais precisamente para caracterizar sua