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possui um forte caráter público” (BERNSTEIN, 2002, p.11).
A ousadia é um ponto
importante para se alcançar a autonomia de criação, superando limites e se permitindo ‘cruzar’ a linguagem com outras formas de expressão, sendo possível assim, superar a linguagem do teatro. A partir da autonomia, o aluno-performer consegue visualizar sua autoralidade e a flexibilidade do processo de sua criação. Pode perceber que, naturalmente, o aluno alcança traços da arte da performance, a partir do seu caráter autoral. Na performatividade da cena teatral, o que se tem é um ‘personagem’ já escrito que é trazido à vida do ator; quando falamos da Performance Arte, podemos compor em cena uma “figura” ou invés de, efetivamente, um personagem, que permita maiores associações e contribuições do público. Essa “figura” em cena se confunde com a vida e com as referências trazidas pelo aluno-performer. Sendo ele, como diz Féral “o autor e o seu próprio script” (FÉRAL, 2006, p.24). A razão dessa dificuldade em distanciar o aluno-performer de sua linguagem e gestos próprios reside precisamente no fato de que na performance as funções do artista e autor se confundem. No “Quadro de Família”, desenvolvido na prática de performance, em sala de aula, onde o aluno-performer foi conduzido a construir um quadro de criação autoral a partir de elementos de sua história, contextualizando e trazendo o elemento da construção de uma dramaturgia. O preenchimento de itens como: “Uma história da sua vida”, “Um lugar que você gostaria de ir”, “Uma gravura/desenho inspirada num sonho - cor”, “Um fato histórico” , “Uma habilidade”, “Um objeto”, “Um não para o mundo”, “Prefiro não pensar”, possibilitaram, além da criação, através de colagens de textos a composição de um hipertexto autoral, com colagens e composições a criação de uma performance autobiográfica. 3. 4 – “Quadro de Família” – Quadro Autoral de Criação Performática
Esse quadro faz parte do processo de pesquisa, ensino e composição performática deste trabalho. A ideia inicial surgiu no workshop do performer Rick Seabra, no I Festival de Performance de Belo Horizonte onde a sugestão inicial era compor uma performance a partir de uma metodologia criada por ele, da construção de um quadro que relatasse e cruzasse informações sobre nós mesmos. Ao fim do festival e inquieto com a possibilidade de pesquisar sobre o quadro proposto, criei um gráfico de informações que resultaram no quadro que apresentei, e experimentei sua relevância, numa prática pedagógica com meus alunos. Os temas das performances dos alunos foram criados e desenvolvidos sobre uma linha de percepção, com base neste quadro no qual os alunos expunham suas ideias e “cruzavam” seus