12 III. OS SONHOS DO NOSSO TEMPO
Figura01
Ao assistirmos A Origem, podemos perceber que ele se passa como se fosse um sonho, um sonho acordado dirigido. Em toda obra de cinema, literatura e outros tipos de arte, durante o mergulho no universo da obra estamos como que sonhando que vivemos aquelas histórias e “somos” os personagens que habitam nelas. Em A Origem, estamos vivenciando o sonho do personagem principal, Cobb. Há uma sensação de que todo o filme se passa dentro de Cobb e assim dentro de nós mesmos. Essa sensação se dá, pois todo o drama do filme gira em torno desse personagem, e nós como espectadores vivemos esse mesmo drama quando o filme nos toca naquilo que temos em comum com o personagem. O que digo agora será melhor compreendido mais à frente na análise do filme, pois acredito que o conflito principal é uma luta entre duas potências dentro do mesmo personagem: um lado acredita na realidade e luta por ela, o outro lado criou uma falsa realidade e tenta dominar todo o personagem. No início do filme, vemos Cobb sentado a uma mesa de frente para um velho. Descobrimos na cena seguinte que esse mesmo velho, agora jovem, é Saito. Ele planejou uma espécie de teste para Cobb e sua equipe com o intuito de saber se este teria condições de realizar um serviço. Dentro do sonho, onde acontece o teste, surge Mal, a mulher de Cobb. Ela aparece no sonho como uma projeção do inconsciente de Cobb e acaba atrapalhando tanto o próprio Cobb quanto o teste de Saito. No decorrer do filme descobrimos que Cobb está lutando para voltar para sua família, mas ele não pode voltar para seu país, onde seus filhos estão, pois acreditam que ele seja culpado da