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esse alvo se torna campo de disputas, lutas e resistências, já que serão esses os sujeitos quem configurará as diretrizes da sociedade. Contudo, o fazer curricular transborda as margens do seu próprio discurso – “diferentes sujeitos também formam diferentes currículos”. Sob essa perspectiva, o território curricular se torna uma rede produzida por diferentes sujeitos, linhas e nós e, quando passados nas águas institucionais vazam diferentes discursos. É a partir da segunda oração que se pode vislumbrar, acreditar e apostar na diferença. Diferença esta que pode romper com a quarta parede20, pode abrir novos caminhos e, consequentemente, ampliar as possibilidades de incertezas, já que, para mim as certezas são momentâneas, as incertezas possibilidades, as verdades contextualizáveis, os significantes provisórios, o completo incompleto, a diferença realidade e o desequilíbrio instigante. Um currículo é o que dizemos e fazemos com ele, por ele, nele. É o nosso passado que veio, o presente que é nosso problema e limite e o futuro que queremos mudado. É a compreensão de nossa temporalidade e espaço. Um “espectro”, que remete a todos os nossos outros, e exprime nossa sujeição ao “Outro” da linguagem. Um currículo é a precariedade dos seres multifacéticos e polimorfos que somos. Nossa própria linguagem contemporânea, que constitui uma pletora de “eus” e de “não-eus”, que falam e são silenciados em um currículo. (CORAZZA, 2001, p. 14)
2. 4 Tipos e conceitos de currículo e a sua representação diagramática
Partindo da leitura de Santos e Paraíso (1996) e ampliando-a, proponho aqui as seguintes definições sobre os tipos-conceitos de currículo e sua representação diagramática (figura 1): a) Currículo oficial é o currículo planejado, explicitado e oficializado pelo Estado; b) Currículo formal é a manifestação do currículo oficial no campo de sua execução formal em cada escola e em cada disciplina; c) Currículo oculto é o currículo nas entrelinhas, nos subtextos, em seus valores e normas cultivadas, intencionalmente ou não, porém não mencionadas;
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Quarta-parede: “Parede imaginária que separa o palco da plateia. No teatro ilusionista (ou naturalista)o espectador assiste a uma ação que supõe rolar independentemente dele, atrás de uma divisória translúcida(...) ao passo que o teatro contemporâneo quebra deliberadamente a ilusão,[rompe com a quarta parede ] (re) teatraliza, ou força a participação do público” (PAVIS, 2008, p. 315-316)