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Sugestão de Leitura
~ Psicologia
RILEY, Nancy E.; VAN VLEET, Krista E. – Making families through adoption. Los Angeles, London: Sage, XI, 155p. – (Susan J. Ferguson, series editor).
Revisão e Arranjo gráfico Tatiana Sanches, Divisão de Documentação imagem Microsoft
Sugestão de Leitura—Psicologia Uma iniciativa da Divisão de Documentação Novembro de 2013 Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação
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A família é uma das instituições sociais mais privadas e penetrantes da sociedade americana que subsiste a debates públicos e discussões acerca da instituição. Alguns defendem que se assiste ao declínio ou morte da família contemporânea que está em crise ou moralmente deficiente. Outros argumentam que a família tem sido apanhada em guerras de cultura mais amplas. Os debates atuais acerca da legalização do casamento do mesmo sexo são exemplos dos debates públicos sobre a instituição familiar. Numa ou noutra perspetiva, admite-se haver grandes e dramáticas transformações. Os dados demográficos revelam que são poucas as pessoas casadas, existe uma grande taxa de divórcio e quase 50% das pessoas vive no limiar da pobreza. Estão a surgir novos modelos familiares, quer pela coabitação, adoção por pessoas singulares, casais que vivem separados, inseminação por dador e relações poliamorosas. Os dados demográficos e etnográficos chamam a atenção para uma variedade de estruturas, processos, ideologias e normas sociais familiares. Várias questões se colocam acerca da família, tais como qual o futuro do casamento, se o divórcio é tão prejudicial para os indivíduos, instituição ou sociedade, porque são tão altas as suas taxas, como entender a violência familiar se estamos a viver numa cultura de futuro, como a pobreza e as políticas de bem-estar afetam as famílias, como está a mudar a educação de crianças cujos pais trabalham fora de casa, se as crianças passam o maior tempo com as amas do que com os pais e, finalmente, como são socialmente construídas nas várias sociedades e culturas. Questiona-se como uma criança pode nascer numa família e ser criada por outra, famílias que influenciam o mundo público à nossa volta, moldadas por relações culturais e históricas e enquadradas em estruturas estatais. Questiona-se ainda como nos comportamos para com outros nas nossas famílias, quem e como casamos, e quem é incluído numa família. Uma razão para explorar como a adoção é praticada numa variedade de sistemas culturais é reconhecer o grau da variação humana tanto na forma ideal como atual da família. Em muitas sociedades, a família nuclear não é a ideal ou mesmo a configuração típica, na qual as pessoas vivem e interagem e os pais geneticamente relacionados não são os únicos instados a responsabilizarem-se pelos cuidados, alimentação, socialização ou educação das crianças. O conceito de família, o seu significado e papel diferem de situação social. A adoção ajuda a ver claramente uma outra dimensão de famílias, não como simples entidades privadas mas como relações pessoais. A adoção produz novas concetualizações de família e desafia versões normativas de como fazer e refazer famílias, famílias sem laços biológicos parentais, famílias transraciais, famílias de parceiros homossexuais. Apresentam-se exemplos das formas de adoção nos Estados Unidos, com estatísticas de adoção mais formal do que informal, em alguns países africanos tais como o Benin e os Camarões, nos países andinos como a Bolívia, o Equador ou o Peru, ou países nos quais se desencoraja a adoção, como no Médio Oriente, o Egito e o Líbano. Estes exemplos explicam que a reprodução sexual é a base natural para a constituição da família, que os pais genéticos são os únicos responsáveis pelas crianças. Particularmente no Egito, a adoção é feita secretamente devido às crenças no significado dos laços de sangue. Revê-se
Sugestão de Leitura a adoção de crianças na América do ponto de vista histórico e as contradições e controvérsias de quão importante é a biologia na formação e reconfiguração da família. Nos dois séculos anteriores era rara a adoção de crianças de raças ou grupos étnicos diferentes, por exemplo em protestantes e judeus. A religião era vista como uma peça importante de qualquer processo de adoção. Através da janela da adoção podemos ver mudanças sustentadas por fortes normas e valores, embora combinadas com desigualdades estruturadas por raça, nacionalidade, classe socioeconómica e género. Os pais, e o estado em que adotam crianças ou dão as suas a adotar, partilham caraterísticas importantes. A adoção é um processo dispendioso e, por isso, vê-se mais em pais adotivos com o estatuto socioeconómico mais elevado. Comparam-se perspetivas do papel do estado na adoção na China e na Noruega. Nos Estados Unidos são mais as crianças brancas em orfanatos do que as nativas, nos quais estão pouco representadas. A raça constitui uma questão bastante polémica. Nos Estados Unidos, o uso do termo raça e racismo inclui categorias de branco, negro, afro-americano, asiático americano e americano nativo para ilustrar o modo como a adoção e o orfanato estão institucionalizados, para lançar um olhar crítico para a colocação de crianças, para considerar como as necessidades de uma comunidade podem ou não ser pesadas com as das crianças, e para reconhecer a busca penosa para os que procuram ser adotados. Nos Estado Unidos, a raça assume-se como fundamentalmente biológica ou fisiológica, pela cor da pele, tipo de cabelo, caraterísticas faciais, que são os critérios visuais da categorização visual. Muitos antropólogos, biólogos e sociólogos defendem que a raça é social e culturalmente construída. Porque a textura do cabelo e a cor da pele são indicadores físicos determinantes para distinguir grupos distintos? Muitos países antes colonialistas controlaram as suas colónias na base deste tipo de racismo, criticado em filmes por sociólogos que experimentaram o racismo por terem adotado crianças negras. O termo transracial refere-se a um tipo de adoção transnacional e ajuda a entender o papel da raça na adoção. Este atributo é usado para caraterizar a adoção de crianças asiáticas americanas. Prefere-se o termo transracial ou transnacional ao internacional ou “interpaíses” para descrever as adoções que se procedem entre países. A adoção de órfãos transnacionais pode ser vista como gestos humanitários, em países de profunda crise económica e pobreza, tais como a Coreia, a Roménia, Guatemala, e particularmente a China, onde existem muitas crianças abandonadas. A conclusão sobre um caso de adoção de um recém-nascido chinês por uma família com três filhos biológicos que se deslocaram à China gastando tempo, dinheiro e energia, sob sentimentos de ansiedade, lisonja e expetativa, num processo que durou quatro anos, é exemplo disso. Recensão de Edma Satar, Bibliotecária