«A Psico-Oncologia foi definida por Holland (1989) como o campo de estudo e intervenção nas perturbações psicossociais associadas ao diagnóstico e ao tratamento do doente com cancro, na sua família e no serviço de saúde, assim como sobre os fatores comportamentais que afetam o risco de desenvolvimento da doença e a sobrevivência à mesma. A evolução mais recente focaliza-se predominantemente na melhoria da qualidade de vida dos doentes com cancro (BuelaCasal & Moreno, 1999). Embora da conceptualização inicial, ligada ao conceito de “perturbação” ou “transtorno”, estivesse contemplada a perspetiva comportamental sobre os fatores de risco, a verdade é que o desenvolvimento ulterior da investigação e das práticas profissionais em Psico-Oncologia centrou-se quase exclusivamente na compreensão da psicologia da doença e da contribuição da psicologia para a melhoria da qualidade de vida do doente oncológico, perdendose de vista a perspetiva psicológica sobre a prevenção do cancro que, a nosso ver, é a prioritária numa perspetiva de psicologia da saúde e, particularmente, no sistema de cuidados de saúde primários. (…) Nestes, a intervenção psicológica relacionada com o cancro centra-se predominantemente na prevenção, e embora possa comtemplar aspetos tradicionais do campo da Psico-Oncologia, mais associados à doença, e inclui as seguintes áreas: participação em ações de educação e promoção da saúde e em projetos de prevenção do cancro, promoção da adesão aos rastreios oncológicos, realização de consulta e aconselhamento, participação em equipas de cuidados continuados, formação de outros técnicos. (…) Nem todos os utentes de serviços de cuidados de saúde primários que tenham o diagnóstico de cancro necessitam de consulta de psicologia, embora se trate de um dos acontecimentos potencialmente mais indutores de stress que podem ocorrer na vida. A consulta de psicologia nos cuidados de saúde primários, enquanto consulta de referência para os médicos de família, destina-se à avaliação e/ou acompanhamento de casos individuais problemáticos, nomeadamente, relacionados com: dificuldades nos processos de confronto e adaptação à doença oncológica; dificuldades na gestão do stress associado a exames médicos de controlo; preparação para a cirurgia e gestão da ansiedade pré-operatória; dificuldades psicológicas especificamente relacionadas com mutilações corporais (mastectomizadas, ostomizados); problemas de adesão a tratamentos, em especial à quimioterapia. Noutros casos, em sujeitos que não estão doentes, a consulta pode ter como objetivos a avaliação e /ou intervenção relacionada com mudanças de comportamentos (tabaco, álcool), problemas de adesão aos rastreios e aconselhamento pré e pós-testes genéticos. (…) A tarefa do psicólogo deverá ser a de reduzir ao máximo os problemas que se colocam ao doente com cancro, numa tentativa de contribuir para a sua qualidade de vida, tendo em conta que se trata de uma doença de evolução prolongada na qual é possível delimitar várias fases sucessivas (diagnóstico e tratamento inicial; recidiva e tratamentos combinados; disseminação e cuidados paliativos), cada uma das quais com riscos diferentes de morbilidade psicológica e com necessidades psicológicas diferentes por parte dos sujeitos doentes e das suas famílias.»
Dias, M. do R., & Durá Ferrandis, E. (2002). Territórios da psicologia oncológica. Climepsi.
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jun’ 2023 Psicologia
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