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Sugestão de Leitura de Psicologia Sternberg, Robert J. and Weis, Karin (2006) – The new psychology of love. New Haven & London: Yale University Press.
Sugestão de Leitura Uma iniciativa da Divisão de Documentação Maio de 2011
Concepção gráfica GAIPE Imagem Microsoft
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Na introdução, Weis afirma que no campo da interacção humana e no da compreensão e das relações entre as pessoas, o amor está sempre presente. Desde sempre a humanidade confronta-se com a relação entre pares num sentimento envolvente, designado de amor. O autor apresenta três exemplos de relações de amizade quer entre duas raparigas quer entre rapazes, desde a infância ou em situações escolares. Há ainda a considerar o amor altruísta, dos que se dedicam aos outros sem causa aparente ou interesse. Este sentimento é estudado neste livro, ao longo de quatro facetas da teoria do amor: a teoria biológica, das taxonomias, as teorias implícitas e as teorias culturais do amor. Mas, afinal, o que é o amor? Segundo alguns autores, existem várias formas de amor, desde o maternal ao amor homossexual. Alguns investigadores tentaram determinar se existem sistemas fisiológicos diferentes que subjazem às diferentes facetas do amor. Na base do amor estão várias tendências envolvidas, por exemplo, as relações entre homens e mulheres ou a modulação da mente que funciona em domínios diferentes da vida social. As relações de amor envolvem emoções poderosas e pode dizer-se que os sentimentos manifestam-se como instintos, mas diversos cientistas sociais não atribuem tanto aos instintos que este sentimento é histórica e socialmente uma construção efémera. O modelo dinâmico evolutivo em relação ao amor coloca-o numa série de domínios que abarcam os vários problemas confrontados na vida social humana. Em cada domínio, subjazem regras de comportamentos, tais como a filiação, o estatuto a autoprotecção, a procura de equipa, a retenção da equipa e a protecção parental. As regras de decisão que orientam os comportamentos e cada domínio são fornecidos pelo ambiente social e, por isso, adaptáveis. Por exemplo, o amor romântico pode ser conceptualizado em termos de três sistemas comportamentais segundo Bowlby (cf.206: 35), a ligação, a preocupação com, e o sexo, sistemas inatos motivacionais. Costuma-se dizer que “o amor é cego”, mas o amor é uma invenção recente e limitada às culturas ocidentais. Não é mais do que uma adaptação, ou por outra, adaptações, quer anatómicas, fisiológicas ou psicológicas, destinadas a resolver problemas específicos de sobrevivência e reprodução. Mas é, sobretudo, uma estrutura de compromisso. Os homens apaixonam-se mais facilmente à primeira vista do que as mulheres, e o amor e o sexo estão mais ligados à mente das mulheres do que à dos homens. Uma questão de paixão perigosa é o ciúme, que alguns interpretam como existência de amor e outros, como falta de amor. A emoção do ciúme conduz facilmente à discórdia e ao ódio e, em situações extremas, as paixões perigosas também chagam a matar. Estudos psicológicos indicam que o amor romântico está associado às emoções, motivações e comportamentos. A segunda parte deste livro aprofunda a questão do amor romântico, abordando os seus estilos nas taxonomias de amor. Neste contexto, os componentes dos estilos de amor podem ser construídos como interacionais, para além de poderem envolver-se simultaneamente em dois estilos de amor diferentes com dois parceiros românticos diferentes. Os estilos de amor foram construídos como sistemas de atitudes/crenças que incluem um núcleo emocional variável e, possivelmente alguns traços de personalidade. Estes traços permitem avaliar o estilos de amor em técnicas construídas numa matriz localizada no espaço cognitivo do indivíduo, de modo a poder-se registar num gráfico a “quantidade” do estilo de amor que um indivíduo manifesta. A investigação sobre a experiência emocional intensa do “estar apaixonado” recai sobre os factores intrapessoais e interpessoais e a estrutura social, a personalidade, a sexualidade, as características demográficas, a satisfação, respeito e relações de amor. As pessoas tentam classificar as variedades do amor, construindo esquemas de classificação com as variantes teóricas centradas na ligação, compaixão, companheirismo, aspecto romântico, e nas teorias sobre o triângulo amoroso, com as componentes intimidade, paixão, decisão e compromisso, ódio. O termo amor é usado de muitos modos diferentes. Em todas
Sugestão de Leitura as sociedades as pessoas acham fácil compreender termos emocionais, tais como amor, alegria, raiva, receio, e tristeza. Mas os valores culturais têm um profundo impacto nas significações desses construtos, considerados emoções básicas ou prototípicas. No entanto, podem evoluir para experiências negativas, de tristeza e depressão. Considera-se que o amor apaixonado, na perspectiva antropológica foi inventado pelos trovadores no séc. XII em França e é tão velho como a humanidade. Hoje em dia, é visto como uma questão universal cultural, com os seus valores em cada sociedade. Os chineses, por exemplo, usam o termo amor para descrever uma relação ilícita entre um homem e uma mulher. Existem grandes diferenças entre o mundo ocidentalizado, caracterizado por ser moderno, urbano, de sociedades industriais e o oriente, em vias de desenvolvimento, e de sociedades colectivistas. Nestes países, os ventos de mudança influenciam na adopção dos padrões ocidentais, no que respeita à liberdade de escolha do amor, contrariamente à cultura dos casamentos arranjados. Presentemente, as forças da globalização e do nacionalismo entram em confronto nas almas dos homens e das mulheres. Mas todos discordam dos parceiros sexuais entre parentes próximos. A procriação consanguínea origina malformações congénitas, abortos, mortalidade e morbilidade e, por isso, é contrariada. Em relações de proximidade, a psicologia social tem em conta a perspectiva cultural nos processos intrapessoais e interpessoais sociais. Os constructos de individualismo e colectivismo têm sido o centro da atenção teórica e empírica. Baseado em fontes das ciências sociais, a nível social, o casamento baseado no amor romântico tinha mais probabilidades de ser apoiado em sociedades em que prevalecia o individualismo, contrastando com o colectivismo. Neste caso, o autor refere Levine et al. (1989: 299) que realçam que a importância de estar “apaixonado, é uma precondição para o casamento nos adultos. Se o amor romântico for visto como uma oportunidade de autodescoberta e auto-expressão na análise do individualismo, a relação entre o individualismo e o “estar apaixonado” é condição básica para o casamento. Em contrapartida, em sociedades tradicionalmente colectivistas, os jovens adultos preferem casar com pares com quem não estão apaixonados e, na tradição japonesa, nenhum dos jovens adultos quer casar sem estar apaixonados. A nível pessoal, o individualismo psicológico para a experiência de amor tem contribuído mais na investigação da psicologia do amor do que o colectivismo psicológico. O colectivismo psicológico pode ter implicações não só para a intimidade nas relações familiares mas também para a expressão concreta do amor. Os pontos de vista relacionados com a cultura podem contribuir para entender como o amor é compreendido nas diferentes gerações em famílias imigrantes. As teorias da psicologia do amor são construções culturais, nas quais “o eu” (the self) e outras entidades são distintos, de modo que o desafio para os indivíduos nas relações maritais e familiares é desenvolver e manter a intimidade com amor, necessário para ser afirmado para criar uma ligação entre dois “eus” distintos. Em conclusão, as várias teorias da psicologia do amor apresentadas neste livro tais como as que tratam de biologia, das taxonomias e a abordagem do protótipo usaram métodos diferentes e estudaram diferentes aspectos do fenómeno, cujas teorias, por vezes se sobrepõem. O objectivo das taxonomias e protótipos no campo do amor é catalogar as diferentes formas de amor, de acordo com um sistema predeterminado, que possa permitir, mais tarde, a sua análise e discussão. Conclui-se ainda, que existem diferenças entre as pessoas e as experiências de amor, em relação ao contexto, personalidade e o tempo, isto é, no decurso da vida. Recensão de Edma Satar, Bibliotecária