“A intuição sempre esteve presente nos sistemas filosóficos desde a Antiguidade grega até a filosofia contemporânea, tendo sido apresentada com diversos sentidos. O que todos têm em comum é a compreensão da intuição como visão imediata (sem mediação) de algo na sua totalidade. (…) No artigo de King & Appleton (1997), as autoras atestam que o reconhecimento do uso da intuição na prática clínica da enfermagem tem crescido proeminentemente nos últimos vinte anos. Entretanto, esse reconhecimento ainda não é consensual, pois de acordo com Benner & Tanner (1987), apesar de considerarem a intuição um aspecto legítimo e essencial do julgamento clínico, alertam para o fato de que ela tem sido vista como baseada em atos irracionais, advinda de um conhecimento infundado ou mesmo de inspiração sobrenatural, e admitem existir uma certa relutância para conceder legitimidade à abordagem intuitiva no ato de fazer um julgamento clínico, sugerindo que esta intolerância está subjacente à cultura ocidental que demanda uma explicação racional do mundo. Contudo, as autoras chamam atenção para a importância da experiência no bom desempenho da prática clínica, pois, por meio da qual os profissionais aprendem a utilizar suas percepções de modo que podem levar a confirmar evidências. Afirmam, ainda, que a intuição, definida como 'entendimento sem o racional', poderia ser caracterizada como uma arte mais do que como uma ciência e, assim sendo, é única, criativa e não pode ser mensurada nem submetida a uma verificação objetiva nos mesmos moldes aplicados à ciência. Sem dúvida, podemos constatar que uma certa aura de mistério ronda a questão da intuição, por ela fazer parte de algo que foge à nossa compreensão racional, entretanto, não queremos associá-la a esferas sobrenaturais, pois é no seio da própria imanência ou da dimensão espiritual do ser que ela se realiza. É interessante ressaltar que, apesar de os sentidos atribuídos à intuição variarem de um autor para outro, todos concordam que é uma forma de apreensão do conhecimento que se dá de uma maneira sintética, imediata e inexplicável, ancorada na experiência, indicando algo da esfera do sensível, peculiar apenas para aquele que sente, e que resulta na criação de algo novo.” Maria Beatriz Lisboa, G. (2005). Intuição, pensamento e ação na clínica / Intuition, thought and action in the clinic / Intuición, pensamiento y acción en la clínica. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, (17), 317.
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Mostra bibliográfica 08.2017
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Intuição e
dedução
Seleção
de
bibliografia
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Intuição e dedução
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