Educação para a Paz biblioteca
“(…) A educação para a paz pode consistir, ainda, no processo pelo qual se contribui em dar uma resposta duradoira à crise do mundo actual, fundamentada na agressão do homem para consigo, para com os outros e para com a natureza. A resposta da educação para a paz fundamentar-se-ia em procurar uma consciencialização da pessoa e da sociedade, considerada a harmonia do ser humano para consigo mesmo, com os seus semelhantes e com a natureza como substrato dessa sociedade. Este triplo acordo desejável com a ajuda da educação para a paz pressupõe o enlace de três dimensões educativas: a pessoal ou individual, que centra o seu trabalho na modificação do comportamento a nível das relações interpessoais e na aquisição de atitudes contemplativas, autónomas, não violentas e de alegria pelos prazeres da vida; a sociopolítica, na medida em que regula as relações de justiça e de convivência na sociedade, e a ambiental ou ecológica, que persegue a mudança da nossa acção para com a natureza afectada pelas agressões bélicas, claramente destrutivas do ecossistema. (…) A Pedagogia aceitará a incumbência de desenvolver os seus sectores científicos a fim de socorrer esta chamada de atenção. Deste modo, o aspecto da educação pessoal será o meio para chegar a uma maturação cognitiva e afectiva. A esfera da educação social responderá à reconstrução da harmonia do indivíduo como membro de uma comunidade política. E a educação ambiental terá o dever de reconstruir a paz ecológica. O efeito deste conjunto de saberes educativos é conseguir uma personalidade capaz de conviver com todos e com tudo. Trata-se da edificação de uma sociedade, onde o conflito é regulado não pelo uso da guerra ou da violência físico-estrutural como instrumento expedito de repressão aparentemente salvífica, mas pela não violência como estratégia universal que contribua para a resolução de conflitos.” Almeida, Maria Emanuel Melo de (2003). A educação para a paz. Prior Velho: Paulinas editora, pp.112-113
Mostra bibliográfica / 03.2017