Ensino Artístico biblioteca
“O Ensino Artístico deve ser a expressão e o resultado da necessidade de comunicação e de perpetuação daqueles que usam para viver os meios e as práticas consideradas artísticas. E esta interpretação, no seu sentido mais directo, elementar e corporativo, marca ainda hoje a atuação pedagógica, técnica e estética das nossas escolas de arte. Um ensino baseado na figura e na subjectividade do professor-artista, que encontra no seu saber todo o sentido daquilo que deve ser ensinado e aprendido. Mas será este o perfil adequado daqueles que sendo “artistas” desempenham funções pedagógicas e didácticas num contexto que se afastou há muito, das formas sociais e culturais corporativas, oligárquicas ou académicas? (…) Em qualquer caso é necessária formação de quadros e estruturação do contexto artístico geral e da detecção das envolventes decisivas. (…) Quais são os âmbitos em que se deve investir para que a melhoria da prestação docente e do processo de aprendizagem discente saia potenciado e a dar resultados efectivos? Pode-se passar a ser curioso, exercitandose? Pode-se ser mais criativo, aprendendo-o? Pode-se ter mais qualidade, auto-exigindo-a? Pode-se ver o seu trabalho mais reconhecido? O Ensino Artístico reflectirá sempre o sistema que governa a vida da actividade artística ou deve ser entendido como algo que está acima das contigências da vida social, dos padrões culturais em voga, dos mecanismos de poder sectorial e da própria actividade artística? (…) O Ensino Artístico só terá futuro se atribuir à profissionalização da vida artística, que encontra nos artistas a sua principal e primordial referência, a prioridade. A profissionalização só poderá ter sentido se a qualidade se impuser no “mercado” da vida social e cultural. As instituições que “criam” os artistas devem ter deste facto a visão mais realista, concreta e responsável que se possa ter. VIEIRA, Joaquim (1992). C.Q.R. In Ensino Artístico, (pp. 52-66). Porto: Asa.
Mostra bibliográfica / 01.2018