Expo Setembro 2020 Cartaz

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Mudança Escolar

«Uma estratégia de mudança não se inicia, sem sequer culmina, com a aprovação de grandes monumentos legislativos. Exige processos mais lentos, menos formalizados e, por vezes, menos visíveis em termos públicos imediatos. O seu ponto de partida é diferente do das grandes reformas, quer estas sejam mais, ou menos, participadas socialmente; ela parte de um exame crítico da situação vigente (em rigor, das diversas situações existentes), da tentativa da sua compreensão e explicação e, principalmente, da capacidade de considerar a racionalidade e os pontos de vista próprios dos atores envolvidos na base do sistema. E isto porque não é a lei que prioritariamente se quer alterar, mas sim os comportamentos dos atores. Ora, os comportamentos, as atitudes e os padrões de atuação não são passíveis de mudança, simplesmente por via legislativa. Exigem geralmente a compreensão de diversificadas circunstâncias institucionais, geográficas, culturais e profissionais, etc., e requerem a participação empenhada de todos os diretamente implicados no processo. Uma estratégia de mudança também não poderá assumir o paradigma normativo-taylorista do tipo “one best way”, uma solução ótima, uniforme, para todos, para todos os lugares e para todas as circunstâncias, por mais diferentes que elas sejam. Antes assume uma perspetiva heurística, mesmo experimental, que poderá, ou não, vir mais tarde a ser generalizada (…). Seria ingenuidade acreditar que uma reforma e/ou uma estratégia de mudança são realizáveis à margem de conflitos e resistências. O problema fundamental não reside, pois, em ser capaz de evitar os conflitos, que mesmo a mera manutenção do status quo não consegue alcançar, mas sim em possuir as capacidades e os meios para os gerir democraticamente, alcançando, sempre que possível, consensos alargados. Todos os profissionais são mais ou menos resistentes à mudança, e os professores e educadores não constituem exceção. O geralmente longo processo de socialização a que são submetidos num determinado modelo, garante da sua adaptação e integração no sistema, virá a tornar mais difícil a sua capacidade de adaptação a novas situações, trará custos de adaptação, dificultará a adoção de novos comportamentos, e gerará receios e oposições (…). Por isso, qualquer processo de inovação demasiado centrado sobre ele próprio, alheio a pontos de vista diversos, e não participado, pode ser mais tarde colhido de surpresa perante resistências que antes nunca se tinha imaginado (…). Quaisquer que venham a ser as soluções concretas adotadas, elas dificilmente poderão ser consagradas de forma rígida, burocrática e centralista. Tanto as soluções a adotar, como o estilo que vier a ser utilizado no processo da sua conceção e posterior execução, não deixarão de afetar as motivações dos atores envolvidos, a sua capacidade de participação ativa e empenhada, a busca de soluções inovadoras e a mudança de comportamentos e atitudes (…).» Lima, L. C. (1988). Inovação e mudança em educação de adultos: aspectos organizacionais e de politica educativa. Braga: Unidade de Educação de Adultos, 1988. - P. 57-73. - Separata de: FORUM, Braga,4, Outubro. FOR/ADU LIM*INO Ex. 1

Mostra bibliográfica 09.2020


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