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Relações Fraternas
“Os estudos que incidem sobre a relação entre irmãos são escassos, dando-se assim pouco relevo a um subsistema importante da família, os irmãos (Fernandes, 2000; Minnett, Vandell, & Santrock, 1983). É consensual que os irmãos são figuras muito importantes na vida de qualquer criança, constituindo-se como fontes de companheirismo e de suporte emocional. Contudo, as investigações sobre a natureza e a influência da relação entre irmãos são ainda relativamente recentes (Brody, 1998; Dunn, 1992; Minnett et al., 1983). Apesar de existir pouca investigação nesta área, o estudo desta relação é de toda a relevância, mais ainda porque a relação entre irmãos é considerada como a mais estável de todas as relações familiares, ao longo do ciclo de vida (Fernandes, 2005; Freijo & Artetxe, 2000; Teti, 1992).(…) Quer na infância, quer na adolescência ou idade adulta a relação estabelecida entre irmãos pode ser marcada não só por rivalidade e conflito, mas também por intimidade e carinho (Brody, 1998; Mussen et al.1984/1988). Consequentemente, e como em todas as relações em que há intimidade e proximidade, o relacionamento entre irmãos reveste-se de características de ambivalência, podendo ser mais harmonioso ou mais conflituoso (Fernandes, 2000). Da relação estabelecida entre irmãos é possível destacar dois aspectos principais: o primeiro refere-se à qualidade emocional da relação, em que sentimentos positivos e negativos são expressos; o segundo diz respeito ao facto da familiaridade e da intimidade, características desta relação, terem um potencial efeito na socialização da criança na transição da infância para a adolescência (Brody, 1998). Nesta linha, os autores que se têm ocupado do estudo do relacionamento entre irmãos deram saliência a quatro dimensões fundamentais desta relação, que surgem de uma forma consistente nas investigações: proximidade, conflito, rivalidade, e poder (Furman & Buhrmester, 1985; Volling & Blandon, 2003). Estas dimensões da relação são encontradas com base na utilização de metodologias autodescritivas, em que o objectivo é analisar a qualidade da relação entre irmãos (Volling & Blandon, 2003). Os estudos mais recentes nesta área indicam que a qualidade desta relação surge fortemente associada ao desenvolvimento social e ao bem-estar psicológico da criança (Noller, 2005).” SANTOS, A. J. S. (2010). O autoconceito em crianças com e sem irmãos [Tese de mestrado, Psicologia (Secção de Psicologia Clínica e da Saúde - Núcleo de Psicologia Clínica Dinâmica)]. Lisboa: Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia
Mostra bibliográfica / 04.2017