BioAtivo - 4ª Edição

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ioAtivo Nº 4 | Agosto de 2011

Farma Júnior

Nanotecnologia é chave para tratamentos do futuro

Medicamentos desevolvidos pela FCF-USP usam a nanotecnolocia para tratar doenças como a Leishmaniose p.5

Feira da Farmácia pode virar evento anual p.3

Conheça a trajetória de Nádia Bou Chacra, professora da Farmácia p.7

Parkinson ainda é desafio para a ciência p.5


Editorial

Olá, caro leitor!

Expediente Farma Jr Consultoria Gestão 2011

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Com a volta às aulas, também volta o BioAtivo, revista eletrônica da Farma Júnior Consultoria. Desde a última edição, a Gestão 2011 tem trabalhado muito. Em Junho, toda a diretoria e alguns de nossos trainees, consultores e conselheiros viajamos para São Carlos, no interior do estado, para participarmos do Encontro Paulista de Empresários Juniores (EPEJ 2011). Foram 4 dias de atividade, focando na troca de experiências e boas práticas – o famoso “benchmarking” - entre as mais prezadas empresas juniores de São Paulo e algumas de outros estados. E posso dizer que a Farma Júnior marcou sua participação no evento. Fomos os vencedores da Competição de Benchmarking do evento, como a EJ com mais experiências trocadas, ganhando reconhecimento da nossa federação, a Fejesp. Mais do que a empresa, o curso de Farmácia marcou presença no EPEJ, pois, junto conosco, a All Pharma Júnior, EJ da farmácia da UNESP, foi a empresa mais procurada para trocar suas práticas. Sendo assim, nós, futuros farmacêuticos, temos mostrado a força de nossas faculdades no MEJ. Findado o evento, chegaram as férias, mas nosso ritmo não diminuiu. Logo no início de Julho o planejamento estratégico da empresa foi revisto, sendo aberto a

todos os membros da empresa. O foco na estratégia e na busca de resultados guiará a empresa neste segundo semestre; e posso adiantar que muito será desenvolvido na Farma Júnior nos próximos meses. Ainda nas férias, tivemos plantão de atividades, contando com alocação temporária dos membros da empresa em outras diretorias. Achamos importante este intercâmbio para que o aprendizado do aluno que participe da Farma Júnior seja maximizado. Em breve, ainda em Agosto, teremos representantes da empresa no Encontro Nacional de Empresários Juniores (ENEJ 2011), a ser realizado em Foz do Iguaçu, PR. E nossa expectativa pelo ENEJ é muito alta. Desejamos boa volta às aulas e esperamos que o semestre passe sem maiores complicações.

Paulo Vitor dos Santos Souza Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento Gestão 2011 - Farma Júnior Consultoria

Diretoria: Beatriz Claudino, Carolina Paz, Gabriela Braz, Paulo Vitor dos Santos, Tamyres Martines, Vivian Borali Responsável pelo BioAtivo: Tamyres Martines Presidente: Beatriz Claudino Endereço: Av. Prof. Lineu Prestes, 580 - Centro de Vivência, sala 14, Cidade Universitária Contato: (11) 7175-4879 farmajr@usp.br Produzido por:

Jornalismo Júnior ECA-USP

Edição: Carolina Vellei Equipe: Carolina Vellei, Marina Vieira, Sofia Soares, Pricilla Honorato, Marina Salles Projeto Gráfico: equipe de Comunicação Visual da Jornalismo Júnior


Institucional

Feira de Farmácia pode virar anual Por conta do sucesso do evento realizado em maio, empresa pretende fixar a iniciativa no calendário anual dos estudantes de Farmácia. Carolina Vellei Marina Vieira O que se passa pela cabeça de quem faz o curso de Farmácia? As dúvidas sobre a área de atuação e o mercado de trabalho são recorrentes. Pensando nisso, a Farma Júnior organizou um ciclo de

É uma oportunidade para ajudar a pensar em qual área o estudante se encaixa e ajudá-lo a direcionar seus estudos desde já.” Gabriela Braz, Diretora de Eventos da Farma Júnior

palestras com diversos profissionais para explicar melhor sobre a rotina de quem já se formou. Gabriela Braz, Diretora de Eventos, diz que, graças ao sucesso da primeira edição, é possível que o evento entre para a agenda anual da empresa júnior. Realizado no mês de maio, a Feira da Farmácia buscou oferecer ao estudante uma visão geral do mercado de Farmácia. Com o total de cinco palestras, o evento teve até oficinas nas quais os participantes puderam visualizar como é feita a seleção de RH nas empresas. A Vereda RH, respon-

sável pelo processo seletivo da Boehringer-Ingelheim e de outras grandes companhias do ramo, passou dicas e fez simulações de dinâmica. Para quem deseja seguir a carreira acadêmica, a palestra sobre o assunto convidou profissionais que se dedicam a pesquisas. Foi possível tirar dúvidas sobre como começar a carreira e saber um pouco mais sobre como é o dia-a-dia de quem se dedica às descobertas no ramo farmacêutico. E o que o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo tem a dizer sobre a atuação dos profissionais por aqui? Membro do órgão desde 1992, a Dra. Maria Elizabeth Tassinari explicou como é o perfil do Farmacêutico Generalista e a importância de ser flexível em sua atuação. Um bom exemplo de profissional flexível foi o convidado para a palestra sobre empreendedorismo, Fernando de Rezende Francisco, sócio fundador e atual Diretor de Desenvolvimento de Negócios da ProspeQta. Sua trajetória nos negócios começou na Farma Júnior, da qual fez parte. Na palestra, mostrou como é possível ter espírito empreendedor e como se destacar no setor. Para completar o ciclo, também foi realizada uma palestra sobre

Evento foi um sucesso Atenção Farmacêutica, uma das matérias e área de estágio exigido pela FCF-USP. A convidada Graziela Gomes Bauptista Moreno, responsável pela Central de Farmácia Clínica do Hospital Sírio-Libanês, comentou sobre os métodos de trabalho adotados pelo hospital, que é tido como grande centro de referência atualmente. Em 2012 a Farma Júnior pretende ampliar a feira e montar stands para mostrar mais da profissão para os alunos. Gabriela Braz comenta que a empresa toda trabalhou para realizar o evento, inclusive os trainees. “É uma oportunidade para ajudar a pensar em qual área o estudante se encaixa e ajudá-lo a direcionar seus estudos desde já”, completa a diretora sobre o objetivo da Feira de Farmácia.

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Notícias

Mal de Parkinson ainda é desafio Doença ainda sem cura atinge cerca de 160 em cada 100 mil pessoas no mundo. Sofia Soares A doença de Parkinson (ou mal de Parkinson) caracteriza-se por um progressivo descontrole da movimentação, devido à degeneração e morte celular dos neurônios que produzem a substância dopamina. Dentre as doenças neurológicas, o mal de Parkinson é uma das mais frequentes, visto que acomete, aproximadamente, 1% dos indivíduos acima dos 65 anos. Um recente estudo em Oxford tem transformado células epiteliais em células nervosas. O objetivo é encontrar uma possível cura para o Parkinson.

O reconhecimento precoce de sintomas e tratamento são cruciais.

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Segundo o especialista George Hamilton Gusmão, se essa pesquisa, baseada na técnica de células-troncos pluripotentes induzidas,

vir a ter resultados positivos, o estudo representa uma nova esperança para, senão a cura, a melhoria da qualidade de vida destes pacientes e de suas famílias.

curável. O que se pode fazer é um tratamento que controle os sintomas. Uma das formas mais eficazes é a utilização de drogas que, uma vez ingeridas, se transformam em dopamina no cérebro. Dentre os

Como vivem os portadores Os sinais da doença de Parkinson são divididos nas categorias “motores” e “não-motores”. Dentre os sintomas motores, há de se citar a presença de tremores, principalmente quando o paciente encontra-se em repouso. Apesar de começar em uma das mãos, os tremores se generalizam e alcançam outros membros do corpo. Outro sintoma é a bradicinesia, ou seja, a lentificação dos movimentos. O paciente sente a sensação de incoordenação motora, fraqueza muscular e cansaço, além de certa dificuldade para dar início à movimentos voluntários. Os demais sinais motores podem ser rigidez dos membros, instalibidade de postura, alterações no discurso, micrografia (letras escritas tornam-se pequenas) e perda de expressão facial. Os outros sinais têm procedência neurológica, como depressão, ansiedade, alucinações, alterações no sono, perda do olfato, apatia, demência ou até psicose.

Esperanças para o tratamento Apesar das pesquisas recentes, o Parkinson ainda é uma doença in-

Apesar de comum em idosos, a doença pode aparecer também em jovens. O britânico John Crossley-Stanbury, 23, já foi diagnosticado. remédios mais usados, temos o Sinemet (um conjunto de levedopa e carbidopa). É importante lembrar que não basta o uso de drogas medicinais. A prática regular de exercícios também é importante para retardar os sintomas motores da doença. Várias cidades possuem serviços de saúde que incluem serviços de apoio psicológico ao portador de Parkinson, como a Associação Brasil Parkinson.


Pesquisa

Admirável mundo Nano novo O avanço tecnológico em dimensões nanométricas: como a nanotecnologia tem potencializado as ações dos fármacos. Pricilla Honorato Robôs exterminadores, computares autônomos, viagens no tempo, teletransporte. Uma profusão de máquinas sofisticadas e realidades virtuais saltam à mente quando o assunto é tecnologia avançada, graças às produções cinematográficas e literárias que perpetraram estereótipos tecnológicos através da chamada ficção-cientifica. Escritores como Asimov e Huxley descreviam em suas obras um

futuro no qual as organizações sociais humanas e suas produções industriais estariam intrinsecamente ligadas às máquinas e à inteligência artificial. Ficção? Nem tanto. Uma revolução tecnológica já está em andamento através da nanotecnologia. Além da aplicação na área eletrônica, nos últimos anos, através de diversos centros de pesquisas, um grande avanço tem ocorrido no desenvolvimento da nanotecnologia aplicada às áreas farmacêutica e cosmética.

A nanotecnologia consiste na manipulação da matéria em pequeníssimas dimensões. A professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Nádia Bou Chacra, explica que “Se a Terra fosse um metro, uma bolinha de gude representaria um nanômetro” e acrescenta que a matéria em escala nanométrica é capaz de mudar suas características físico-químicas, o que lhes confere um comportamento surpreendente como, por exemplo, a transformação de matéria insolúvel em

A nanotecnologia já pode ser encontrada em produtos do dia-a-dia com hidratantes e filtros solares

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Pesquisa

entre outros que se utilizam da nanotecnologia visando aperfeiçoar seus resultados, aumentando sua permeabilidade e precisão de ação.

tos, aumentando sua precisão de atuação e diminuindo os efeitos colaterais, como nos casos dos coquetéis que atuam contra o retrovírus da AIDS e medicamentos que combatem os diversos tipos de câncer, nos quais o paciente sofre com graves efeitos adversos. Neste ponto ela é enfática: “Deveriam ser proibidos medicamentos de combate ao câncer que não fossem inteligentes e nanoestruturados, porque hoje já temos recurso para fazer isso em escala industrial”. Segundo Bou Chacra, o Brasil é um país que possui um grande arsenal terapêutico e o que lhe falta é investir em tecnologia para torná-lo inteligente e prevê que em breve será imperativo que as empresas farmacêuticas e cosméticas aplique nanotecnologia na estrutura de seus produtos. “Nós temos a oportunidade única de desenvolver medicamentos inteligentes, isso é realmente o futuro”, explica.

Rico em biodiversidade, pobre em investimento nanotécnológico

Nanotecnologia aprimora tratamento para Leishmaniose

A Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP desenvolve uma série de pesquisas nas áreas cosmética, farmacêutica e nanofitoterápica utilizando a nanotecnologia Na área farmacêutica a professora Nádia Bou Chacra afirma que a nanotecnologia é capaz de aprimorar a eficácia dos medicamen-

Atualmente a professora Nádia Bou Chacra lidera a pesquisa que estrutura nanopartículas poliméricas em associação com o hidroximetilnitrofural, medicamento desenvolvido recentemente para combater o parasita causador da Leishmaniose. Em comparação aos fármacos já disponíveis, o

solúvel. É possível tanto criar novas matérias como aprimorar as já existentes na natureza. A nanotecnologia já é utilizada de maneira considerável pela indústria cosmética. São protetores solares, hidratantes de longa duração, produtos antienvelhecimento (contendo antioxidantes)

A nanotecnologia é capaz de aprimorar a eficácia dos medicamentos, aumentando sua precisão de atuação e diminuindo os efeitos colaterais, Nádia Bou Chacra, professora da FCF-USP

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hidroximetilnitrofural apresenta maior atividade e menor toxicidade ao organismo. O aprimoramento dos medicamentos contra a leishmaniose é um serviço de acentuado interesse público, uma vez que é uma doença endêmica e que afeta, principalmente, as camadas da população de menor poder aquisitivo, geralmente negligenciadas pela indústria farmacêutica privada. O parasita responsável pela doença é um microrganismo intracelular obrigatório, fator que dificulta ainda mais o acesso do fármaco ao local de ação, exigindo administração de altas e repetidas doses. No entanto, com a formulação de uma nanoestrutura polimérica que funcione como meio de transporte inteligente do fármaco, é possível aumentar a penetração do medicamento no espaço intracelular e proporcionar a atuação específica na célula doente e não no organismo como um todo. A pesquisa busca preparar e analisar a nanopartícula polimérica associada ao medicamento de combate. Ainda estão sendo feitos testes para aperfeiçoar a pesquisa.


Raio X

O próprio incentivo à pesquisa Como professora e pesquisadora, Nádia não dispensa inovações em sua carreira Marina Salles Nádia Bou Chacra é, atualmente, professora doutora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo, mas começou sua carreira bem longe das salas de aula. Motivada já durante a graduação a se dedicar à área de pesquisa, foi em seu primeiro trabalho,

O professor é um aluno, já que está sempre aprendendo” Nádia Bou Chacra, professora da FCF-USP

na ALCON Laboratórios do Brasil, que ela percebeu a real carência de inovações nesse setor. Na ALCON, Nádia foi testemunha de oito casos de contaminação por um colírio que continha conservantes e dois antibióticos em sua composição, o que lhe causou estranhamento e aguçou sua curiosidade na busca por mais informações acerca dos microorganismos que provocaram esses resultados. Em uma indústria em que a valorização das características de esterilidade dos produtos é altamente importante para que sejam tomadas medidas de ação preventiva, um episódio como esse precisava ser investigado. Em meados da década de 80, o setor de P&D no Brasil, segundo a

professora, era quase inexistente. A matriz das principais pesquisas estava no exterior e tudo vinha basicamente pronto para o país, sem que houvesse um trabalho no desenvolvimento de nossa própria tecnologia farmacêutica. E depois dessa primeira experiência, Nádia continuou se dedicando à pesquisa. Após concluir seu doutorado, ela retornou à FCF com o projeto de detectar e quantificar microorganismos por método elétrico. Nesse campo, ela afirma: “a falta de pesquisas resulta, inclusive, na maciça utilização de técnicas desenvolvidas ainda no tempo de Pasteur”. Professora recém-efetivada na unidade, Nádia foi praticamente designada para implementar estudos acerca da novidade que era a nanotecnologia. Isso porque, difícil seria que os professores com mais anos de casa e com suas pesquisas já consolidadas se dispusessem a iniciar algo tão novo, nesse patamar avançado de suas carreiras. No Rio Grande do Sul, trabalhando com a também professora doutora Silvia Guterres, Nádia conquistou a primeira patente de nanotecnologia polimérica para a FCF. A nanotecnologia aplicada ao setor farmacêutico, cujas pesquisas são desenvolvidas no RS, tem o objetivo de criar medicamentos com ação precisamente localizada, mantendo intactas as partes saudáveis do cor-

po. Além da aplicação relacionada ao tratamento de doenças, os nanofármacos podem agir no controle de distúrbios causados pela constante mudança de fuso horário. Mas foi apenas no Canadá, durante seu pós-doutorado, que Nádia Chacra acredita ter encontrado um tema, dentro da nanotecnologia, que realmente a agrada. Orientada por Rainer Muller, ela diz que “o professor é um aluno, já que está sempre aprendendo”. E revela ter grande apreço por aquele que a ensinou muito sobre a nanotecnologia de lipídios e cristais, a que hoje ela se dedica. “Eu quero ser como o professor Rainer Muller”, diz a professora, que apesar da vasta experiência, se considera também uma aprendiz.

Professora Nádia Bou Chacra

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Eventos

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