Jornal do rio vermelho 05 edicao

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J o r n a l d o R i o V e r m e l h o – u m a p u b l i c a ç ã o d a A M A R V – S a l v a d o r , B a h i a – S e t e m b r o d e 2 0 13 – a n o I I n ú m e r o 5 Ilustração: Nei Costa

Caldeirão de todas as tribos C

inco séculos depois, não poderíamos imaginar que a primeira tribo do Rio Vermelho, a dos Tupinambás, daria espaço, sem flechas e bordunas, a diversas outras tribos, que apesar de distintas, se reconhecem e convivem neste espaço. O ambiente que caracteriza o Rio Vermelho com sua história, forte cultura e religiosidade, bairro boêmio e de lazer com

uma bem estruturada rede de serviços, na diversidade e convivência de seus moradores, dos artistas e intelectuais ao cidadão anônimo, tudo contribui para atrair todos os públicos. O Rio Vermelho está sempre de braços abertos para receber todas essas tribos, sem distinção, numa receptividade fora do comum.

Págs. 8 a 9

Foto: André Avelino

Foto: André Avelino

O famoso escultor foi o primeiro artista a fixar residência no Rio Vermelho

Local das Quadras da Paciência vai se tornar a nova Praça Mestre Didi

Morena que canta e encanta Carla Visi é a nossa entrevistada na Galeria do Artista

Pasquale De Chirico – Pág. 15

Praça Mestre Didi – Pág. 7

Carla Visi – Pág. 16


Notas da AMARV

EDITORIAL

E

ssa é uma Edição Especial com 16 páginas e tiragem de 8.000 exemplares. Nela comemoramos um ano de retomada deste jornal pela gestão atual da AMARV, na qual aproveitamos para agradecer a aceitação e elogios por parte dos moradores e amigos do bairro, como também o apoio dos comerciantes e empresários que acreditam na proposta dessa publicação. Continuamos na luta pela recuperação do Rio Vermelho em todos os seus aspectos macroeconômicos, mostrando nas matérias o andamento das ações solicitadas e o retorno dos órgãos públicos para essa revitalização. Uma homenagem ao pioneiro dos artistas do Rio Vermelho, Pasquale De Chirico, o “Construtor de Estátuas”, sua história e suas obras que tanto embelezam Salvador. Outro artista, esse bem vivo, Ygas Eloy, promoveu uma grande exposição de pinturas sobre figuras do bairro. O nosso Personagem do Rio Vermelho é Alcyr Ferraro, esta figura maravilhosa, o mestre, o professor, o amigo pelo muito que fez pela Educação Física da Bahia. E ao mestre, todo o carinho do bairro! Na Galeria do Artista, um bate-papo com a cantora e moradora do bairro Carla Visi que, em matéria de canto, passeia por todos os gêneros da música brasileira com sua voz belíssima. Nesta edição, as ações do Bairro-Escola Rio Vermelho, que pretende transformar esse nosso espaço em uma sala de aula a céu aberto. Houve ainda a retomada das ações no Território Criativo do Rio Vermelho. Destacamos também a volta do “Demolidor de Campeões”, o Galícia Esporte Clube à elite do futebol baiano. Saudamos ainda a presença de novos colaboradores, os jornalistas Levi Vasconcelos e Biaggio Talento, com seus artigos assinados. E, como tema central, o Rio Vermelho de todos os públicos, o espaço mais democrático de Salvador para onde convergem todas as tribos urbanas e, com certeza, você, leitor, é capaz de se identificar com uma delas. Para comemorar que o Rio Vermelho segue em primeiro lugar no ranking de bares e restaurantes da revista Veja, a receita de costela suína assada com molho de laranja do Red River Café. Bom apetite e boa leitura! Lauro Alves da Matta Júnior Presidente da AMARV

Expediente CONSELHO EDITORIAL – José Sinval Soares – André Avelino de Souza Ferreira – José Mário de Magalhães Oliveira – Wanderley Souza Fernandes – Carmela Talento – Marcos Antonio Pinto Falcão Jornalista Responsável – José Sinval Soares – MTE 1369 Revisão – Carlos Amorim – DRT/BA 1616 Projeto Gráfico e Editoração – Dendê Comunicação Tiragem – 8.000 exemplares Impressão – Gráfica Press Color Contato – falecomamarv@gmail.com Distribuição gratuita Esta é uma publicação da Associação dos Moradores e Amigos do Rio Vermelho – AMARV. Fotos e artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

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(71) 9158-8000 / 9667-9666 / 8164-7144 / 8849-2674

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Festival da Primavera será no Rio Vermelho Em reunião na sede da Cipó Comunicação Interativa, no Morro da Paciência, no dia 20 de agosto último, com empresários, moradores, associações representativas e integrantes do movimento Bairro-Escola Rio Vermelho, o secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani, anunciou o Rio Vermelho como o bairro escolhido para a realização do Festival da Primavera de Salvador, que irá integrar o calendário de eventos da cidade. O evento cultural irá mobilizar o bairro das 17h do dia 21/09 até às 18h do dia 22/09, no trecho entre a Rua da Paciência e a Praça Colombo, com vasta programação. Nomes como Luiz Caldas, Márcio Melo, Cortejo Afro, Palhaços do Rio Vermelho, Paroano Sai Milhó, Baiana System e Muzenza estão entre as atrações. Além da música, exposição de carros antigos, feira gastronômica promovida pelos chefs dos restaurantes, atividades desportivas e oficinas culturais. Para crianças e jovens, shows de palhaços, diversas oficinas, desfile e integração das sete escolas públicas do bairro. Segundo o secretário Bellintani, “o festival terá ambientação colorida, que remete à primavera e será voltado para ocupação dos espaços públicos”.

Carnaval no Rio Vermelho A Câmara Municipal do Salvador, através da Comissão Especial de Carnaval, realizou, no dia 13 de maio último, o Primeiro Panorama Carnaval – Propostas e Soluções, um evento público para discutir e propor soluções referentes às principais questões do carnaval de Salvador. Foram abordados temas como Organizando os Desfiles; A Copa e o Carnaval; Governança: um Desafio Público e Privado; Carnaval para Baianos e Turistas; Salvador, Recife e Rio: Carnavais em Transformações;

Carnaval, Cultura e Entretenimento; Espaço Público: Novas Opções para o Carnaval de Rua; Carnaval em Movimento do Afródomo às Fanfarras; Novos Rumos para o Carnaval de Salvador; e Carnaval da Bahia que Loucura Essa Mistura. O Rio Vermelho mais uma vez foi lembrado como nova opção de espaço público para o carnaval de rua, como forma de reduzir a sobrecarga de foliões nos circuitos tradicionais e como bairro onde já existe, naturalmente, uma efervescência cultural. Vale lembrar que, em audiência pública na gestão municipal passada, a comunidade do Rio Vermelho rejeitou, com votação expressiva, a criação de um novo circuito do carnaval no bairro (já tinha até nome “Circuito Caramuru”). Diante dessa nova investida contra o bairro, torna-se necessário uma nova mobilização da comunidade para se discutir o assunto. No Rio Vermelho já existem manifestações carnavalescas próprias, como o Bloco Lero-Lero, Palhaços do Rio Vermelho, Grito de Carnaval do Alto de São Gonçalo e o Paroano Sai Milhó, com a abertura carnavalesca no Largo de Santana.

Novo projeto de tráfego do Ipase e Loteamento Caramuru Conforme acordo firmado no Ministério Público Estadual (MPE) com a AMARV e a Ampla Engenharia, com base no impacto que o edifício construído na Rua Nelson Galo causaria ao entorno, ficou estabelecido que a construtora arcaria com todas as despesas referente às placas de sinalização e à instalação de rotatória. Finalmente, os técnicos da Transalvador efetuaram o estudo e apresentaram o novo projeto de trafego para o local. O novo sentido de trafego das ruas vai disciplinar o trânsito, melhorando a segurança e garantindo melhor fluxo dos carros.

Como sempre, foi muito bem recebida pela comunidade a edição nº 4 do Jornal do Rio Vermelho

Retomada do Projeto Territórios Criativos O Projeto Territórios Criativos, uma iniciativa do SEBRAE, retomou suas atividades no Rio Vermelho. O projeto se propõe a fomentar os negócios integrantes dos segmentos criativos nos territórios selecionados, promovendo a competitividade dos pequenos negócios de forma intersetorial e participativa. O projeto propõe ações para a melhoria dos negócios criativos e para o aumento da competitividade. No Rio Vermelho, o projeto já cadastrou 25 pontos de visitação para o turismo criativo e atenderá a 30 empresas dos diversos segmentos da economia criativa, visando a melhoria de sua gestão e da comercialização dos seus produtos e serviços. Exemplos de empresas que serão atendidas pelo projeto são ateliê de artistas, artesãos e designers, galerias de arte, antiquários, academias de capoeira, sedes das manifestações culturais e religiosas, gastronomia, pontos de cultura, rádios comunitárias, estúdios de gravação, escolas comunitárias, associações de bairro, cooperativas de moda e outras. Algumas ações previstas são: consultorias e assessorias técnicas com foco em melhoria da gestão; consultorias e assessorias técnicas com foco em comercialização; diversos cursos e qualificação para empresários da economia criativa; plano de comunicação e marketing; e elaboração do catálogo de serviços criativos.


GUILHERME BELLINTANI: “O grande desafio do Rio Vermelho não é abrir mais ruas para carros, é ter mais espaço para os pedestres”

Prefeitura abre diálogo com entidades do Rio Vermelho

Foto: Carmela Talento

Ex-morador do Rio Vermelho, o secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura de Salvador, Guilherme Bellintani, revelou que nutre uma simpatia especial pelo nosso bairro. E essa foi, provavelmente, uma das razões para aceitar do prefeito ACM Neto, a incumbência de ser o interlocutor da administração municipal junto ao bairro. Depois de diversas reuniões com entidades do bairro, o secretário recebeu o Jornal do Rio Vermelho para uma entrevista exclusiva, onde aborda questões relevantes, como o novo projeto de revitalização da orla entre a Paciência e a Mariquita, o problema do acúmulo de lixo, e a derrubada do “esqueleto” do edifício na Rua Feira de Santana. PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DA ORLA DO RIO VERMELHO “Estamos preferindo fazer uma coisa mais transformadora do que a ideia inicial, que era apenas um projeto de R$ 2 milhões que contemplava apenas um trecho entre a Praia da Paciência e a igreja nova do Rio Vermelho, que fica ao lado da Casa de Yemanjá. Nós conseguimos mais R$ 3 milhões, e com isso já acumulamos R$ 5 milhões e estamos tentando conseguir mais outros R$ 5 milhões, o que daria, de certa forma, um volume de obras mais significativo. O projeto executivo está orçado num total de R$ 35 milhões. A prefeitura municipal hoje não tem recursos para realizar todo esse projeto de uma vez, então o que vamos determinar é fatiar esse projeto, que deverá ser feito em quatro ou cinco etapas, e fazer com que ele seja concluído nos próximos quatro anos. Esse é um projeto ousado. O que há de boa notícia é que se antes o Rio Vermelho sequer tinha um projeto de intervenção urbana, agora ele já passa a ter, e a outra boa notícia é que a primeira fase já vai acontecer porque dispomos de recursos para isso.” COMO SOLUCIONAR O PROBLEMA DO LIXO NO RIO VERMELHO “Temos discutido em reunião com as entidades do bairro a coleta de lixo. Já tivemos duas reuniões com a Associação de Bares e Restaurantes do Rio Vermelho,

onde também foi abordado esse assunto. Eu fiz uma proposta de uma via em mão dupla e agora estou aguardando o projeto da associação. O que é a proposta de mão dupla? Eles cobram da Prefeitura determinadas ações de infraestrutura e de serviços, e a gente cobra deles determinadas ações de responsabilidade social de convivência com a comunidade. E na reunião, junto com a comunidade, vamos levar uma representante da Limpurb que possa ouvir parte representativa das críticas a respeito da coleta de lixo. Já está programado com a presidente da Limburb, Kátia Alves, que já se dispôs a participar dessa reunião. Mas ainda estou aguardando o projeto da Associação de Bares e Restaurantes onde vamos contemplar determinadas demandas, mas também cobrar, em contrapartida, determinadas atitudes que vão facilitar muito a vida do bairro.” ABANDONO DOS PONTOS TURÍSTICOS LARGO DE SANTANA, CASA DE YEMANJÁ E MERCADO DO PEIXE “Não acho que sejam os mais abandonados. Eles são os mais visíveis, são pontos turísticos. Eu acho que o Rio Vermelho como um todo precisa de melhorias, de uma atenção maior dos poderes públicos. Especificamente em relação a esses três locais, eles estão sendo contemplados no projeto de reforma que estaremos apresentando às entidades e à

comunidade do Rio Vermelho. O prefeito ACM Neto está realizando as últimas mudanças na segunda fase do projeto que contempla o Mercado do Peixe, o Largo de Santana e uma nova formulação para a Casa de Yemanjá, inclusive temos conversado a respeito com a Colônia de Pesca.” SOBRE O NÃO ATENDIMENTO ÀS REIVINDICAÇÕES PARA O BAIRRO APRESENTADAS PELA AMARV “Com relação à pintura das faixas de pedestres, ainda não aconteceu porque não foram pintadas nem no Rio Vermelho nem em lugar nenhum da cidade. Estamos esperando a conclusão do trabalho de tapa-buracos e recapeamento que está sendo realizado. Agora, quem for ao Largo da Mariquita, por exemplo, vai constatar que fizemos a substituição de pedras portuguesas que estavam esburacadas. Já iniciamos também o projeto de iluminação. Retiramos o gradil na pracinha ao lado da igreja que estava deteriorado. Já estamos com um orçamento pronto da Sucom para demolir a ruína da Rua Feira de Santana, mas temos que aguardar uma avaliação da Secretaria da Fazenda para saber exatamente de quem é aquele “esqueleto”. Não podemos cometer uma ação que seja classificada como irregular por conta de ser uma propriedade privada. Então temos que aguardar essa análise jurídica que vai ser fornecida pela Secretaria da Fazenda.”

O secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura da Prefeitura Municipal do Salvador, Guilherme Bellintani, reuniu-se, pela primeira vez no mês de abril, com moradores e associações do Rio Vermelho, no Salão Paroquial da Igreja de Sant’Ana, para tratar das demandas do bairro, algumas das quais já haviam sido encaminhadas à gestão passada sem solução. Na abertura, Lauro Matta, presidente da AMARV, que promoveu o encontro, apresentou as 20 reivindicações do bairro consideradas mais urgentes, definidas em reuniões anteriores. Entretanto, no decorrer da reunião, ficou evidente a falta de consenso sobre muitas delas, inclusive a transferência das quadras da Rua da Paciência para a Mariquita e a cobertura do Rio Lucaia no trecho da Rua do Canal, questão bastante polêmica. O próprio secretário, embora assinalando que não se furtará em discutir a questão em outra oportunidade, considerou improvável a execução dessa obra. A vereadora Aladilce ressaltou os esforços empreendidos durante a gestão passada para encaminhamento das reivindicações do bairro, sem obter êxito, e a expectativa de que as coisas realmente aconteçam nessa gestão à medida que há uma certa frustração na comunidade com o descaso que se observa com o bairro, apesar de toda mobilização. O secretário Bellintani adiantou ainda que a estratégia é colocar em prática um plano de ação desenvolvido em três momentos. No

primeiro, atendimentos às reivindicações mais imediatas; o segundo, execução do projeto que vai revitalizar a Rua da Paciência até a Casa de Yemanjá. Ele disse que o passeio em balanço proposto no anteprojeto original não foi autorizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), razão pela qual será necessário um novo estudo para dar outra solução, mas adiantou que essa intervenção deve ocorrer ainda esse ano, e, finalmente, uma terceira etapa que será a execução do macroprojeto que será executado ao longo dos quatro anos, semelhante ao que já está sendo feito na Barra, e engloba o bairro do Rio Vermelho, principalmente os largos de Santana e da Mariquita. Em relação aos buracos que se espalham em várias ruas, o secretário disse que já estava sendo realizada a Operação Tapa Buracos em toda a cidade. Com relação ao banho de luz, ele antecipou que a situação é semelhante, e que a atual gestão encontrou 30 mil lâmpadas para serem trocadas, portanto a reivindicação não poderá ser atendida prontamente. No item limpeza pública, o secretário Bellintani disse que já houve uma melhora, mas revelou que a prefeitura encontrou apenas dois fiscais para tomar conta de toda a cidade, o que prejudica a fiscalização, acentuando que é preciso que a comunidade também colabore. Para disciplinar e fiscalizar o trânsito também tem dificuldades porque são apenas 600 agentes, número considerado reduzido para atender a toda demanda da cidade. Foto: André Avelino

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Rio Vermelho: bairro que ensina

Comunidade se reúne para fazer do bairro uma escola Foto: Divulgação

letivamente. Mais de 60 participantes se engajaram nesse momento e, em dezembro, realizaram uma grande ação pública de apresentação da ideia para toda a cidade.

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Bairro-Escola Rio Vermelho traz para a prática um ditado antigo: “é preciso toda uma aldeia para educar uma criança”. Um grupo de artistas, coletivos, escolas públicas, empresários e outras instituições do Rio Vermelho decidiu encarar esse propósito e tomar para si o desafio. Nesse pouco tempo, é possível apontar conquistas como o Arranjo Cultural Merenda com o Chef, que tem a proposta de diversificar o cardápio da merenda escolar e já está sendo construído coletivamente entre restaurantes e colégios do bairro. Os chefs de cozinha de restaurantes do bairro estão trazendo novas receitas e modos de fazer aos profissionais das cantinas das escolas, assim como implantando outras ações que interferem no cotidiano das escolas, como implantação de hortas e intercâmbio com culturas de outros países.

Ações como essa criam situações de aprendizagem a partir do cotidiano do bairro e interferem positivamente nas rotinas escolares. Além, é claro, de melhorar a qualidade e diversidade da alimentação escolar. Para ampliar a capacidade das escolas de incorporar, cada vez mais, práticas dessa natureza às suas rotinas, um programa de formação continuada de professores, com foco em educação integral, teve início em abril e segue até o fim do ano com uma carga horária de mais de 100 horas para professores, gestores da rede pública de ensino do bairro e outros interessados no tema. A fim de fazer ecoar toda essa movimentação, foi implantada a Agência de Comunicação do Bairro-Escola, que em breve contará com polos nas escolas públicas. Professores e alunos produzirão, juntos, conteúdos comunicativos construídos so-

bre assuntos que interessam ao universo escolar e do bairro. Afinal, as diversas iniciativas disponibilizadas pela comunidade compõem um interessante cardápio de oportunidades educativas nas quais os saberes que estão dentro e fora das salas de aula aparecem somados. Fazer do bairro uma escola é compreender que o cotidiano das ruas é recheado de oportunidades de aprendizagem. Isso desafia o Rio Vermelho a construir percursos mais amigáveis para que as crianças e jovens transitem com tranquilidade pelas ruas identificando, por si mesmos ou com os seus professores, conexões entre o que veem na sala de aula e o que está fora dela. A articulação Bairro-Escola Rio Vermelho ganhou corpo com a realização de um seminário em outubro de 2012, quando a proposta foi construída co-

Outras informações, assim como a agenda de encontros podem ser encontradas no site www.bairroescolarv.org.br.

BAIRRO-ESCOLA RIO VERMELHO VAI À PRAÇA Foto: Divulgação

Diversas ações foram programadas pelo movimento Bairro-Escolar no Rio Vermelho

Essa ação deixou como resultado permanente o Arranjo Cultural Praça Pôr do Sol, que consiste em um conjunto de ações de recuperação da praça próxima à Paróquia de Sant’Ana, que vão desde o plantio de mudas e a limpeza dos canteiros até a construção de uma cultura de ocupações, por meio da implementação de uma programação cultural, educativa e de lazer. Através dessas intervenções, a praça será gerida por um coletivo de pessoas engajadas nessa causa.

O Bairro-Escola Rio Vermelho é apoiado por um grupo técnico formado por quatro instituições: a Associação Cidade Escola Aprendiz, a CIPÓ – Comunicação Interativa, o Instituto Inspirare e o Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep). O Bairro-Escola Rio Vermelho é um iniciativa comunitária e suas ações são fruto do trabalho de muitas outras mãos, como professores, estudantes, artistas, comerciantes, movimentos sociais, iniciativas cidadãs, associações de moradores do bairro, organizações da sociedade civil, sistemas de garantias de direitos das crianças e adolescentes e outros órgãos do poder público.

Foi realizada no dia 17 de agosto, a Feira de Atividades Culturais para crianças, jovens e adultos em busca da revitalização da Praça Padre Vieira (já chamada de Praça Por do Sol), com a ideia de ocupação dos espaços públicos pela comunidade com efeito educativo.

nicos e Troca de Objetos. Em paralelo ocorreram oficinas de pintura, xadrez, personalização de copos de iogurte, percussão, bordado, bonecas e criação de brinquedos. Contou também com apresentações musicais e um momento de meditação.

A programação foi construída a partir de ofertas de pessoas que moram, trabalham, estudam ou tem ligação com o Rio Vermelho. Das 9h às 17h, o evento contou com Feiras de Artesanato, de Produtos Orgâ-

O evento foi promovido pelo movimento Bairro-Escola Rio Vermelho, iniciativa de articulação comunitária que busca melhorar a qualidade de vida no bairro por meio da promoção da educação integral.

Av. Cardeal da Silva, 66, Rio Vermelho

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Um memorial para Garcia Levi Vasconcelos

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nstigado pelo advogado Ademir Ismerim, um apaixonado estudioso dos primórdios de Salvador, ACM Neto instalou uma comissão para captar dinheiro e instalar o Memorial de Tomé de Sousa, o fundador da capital baiana, para erguer um novo ponto de atração turística e histórica.

Inicialmente pensou-se na Barra, e o arquiteto Fernando Frank, que integra a comissão (além dele e Ismerin, estão o também advogado João Daniel, o historiador Francisco Sena, a museóloga Rosângela Esteves, e o engenheiro da Fundação Gregório de Mattos, Marco Antonio Rocha), chegou a esboçar um projeto nas proximidades do Iate Clube, com acesso sobre as pedras do mar. Após a Comissão instalada, ACM Neto botou um corpo estranho na jogada. Propôs a inclusão de Itapagipe no mix de estudos. Indaguei intrigado: – Itapagipe? É brincadeira. A vivência soteropolitana de Tomé de Sousa foi entre o Terreiro, a Conceição da Praia e a Barra. Se pisou em Itapagipe, e é provável que tenha feito, foi algo tão insignificante que a história não registrou com relevância, por mínima que fosse. – Ah, Neto quer fazer algo para revitalizar a Península Itapagipana, alguma coisa que ative o turismo na área. Já que assim o é, o Rio Vermelho, fora do eixo Barra-Centro, teria muito mais a ver.

Sangue no rio Claro que entrou em campo a turma do contra. Alguns historiadores acham que Tomé não tem a ver em lugar algum. Passou quase quatro anos aqui, mas não via a hora de voltar para Portugal. E por isso acham melhor deixar os restos mortais dele descansando em Vila Franca de Xira, mesmo que numa igreja abandonada situada numa propriedade particular, ao invés de trazê-los para cá, como defende Ismerim e Cia. Talvez a oposição seja bobagem dos historiadores. Quando aqui chegou, Salvador era mato puro. E se em Portugal ele não tinha tanta importância, aqui teve. Construiu a cidade. Tem os seus méritos cá, onde seria bem melhor ele ficar, do que jogado lá num canto qualquer.

Quando Tomé aqui chegou seu anfitrião foi Diogo Álvares Correia, o Caramuru, marido da índia Catarina Paraguaçu. Conta a história que lá um dia, após as acomodações, num passeio a cavalo pelo que seria a orla oceânica de Salvador, Caramuru narrou o começo da história dele no Brasil para o governador-geral. Endividado em Portugal, mais precisamente em Póvoa de Varzim, Diogo pôs-se a organizar uma empreitada particular a fim de vir ao Brasil arranjar uma carga de pau-brasil. Seria a salvação das finanças dele. Veio para cá e já avistando terra, foi tragado por um temporal, o caravelão arrebentou-se nos arrecifes. Correu para apanhar a arquinha onde guardava seus pertences, a marinhagem arriou o batel, se mandou para a praia deixando-o lá. Foi a salvação. Agarrou-se ao mastro, a maré o carregou. Na praia, os marinheiros tombados, todos flechados, alguns com os miolos estourados, um mar de sangue banhando o mar. ‘Parecia um bando de São Sebastiões’, contou. Fala Caramuru, segundo Aydano Roriz, em O Fundador. – Não era coisa boa de se ver. Era tanto sangue que o rio estava vermelhinho, meu senhor. Desabalei na carreira. Caiu no sono numa cova ao pé do morro (do Conselho). Acordou cedo. O polvorinho (guardador de pólvora), amarrado na cintura, sequinho. Armou o arcabuz, os índios voltaram, disparou. Os nativos fugiram, passaram a temê-lo. Era 20 de janeiro de 1510, dia de São Gonçalo, mais de 40 anos já haviam se passado. Tomé sugeriu que ele botasse no nome do lugar Rio de São Gonçalo: – Eu chamo mesmo é de Rio Vermelho, por causa do sangue daquela marinhagem. Mas vosmecê é que pode dar nome às coisas, não eu. – De modo nenhum. Se batizaste de Rio Vermelho, no que depender de mim, Rio Vermelho ficará sendo. E ficou sendo.

Casamento no Conselho Tomé de Sousa voltaria ao Rio Vermelho pouco antes de retornar a Portugal. Garcia D’Ávila, jovem que veio com ele como serviçal de confiança que virou empregado da alfândega, deixou tudo para tocar a vida. Morava entre a Barra e a Castro Alves com Jurucê, filha de Caramuru. Mudou-se para o Rio Vermelho, onde ganhou uma fatia de terra, a pedido. Jurucê não quis acompanhá-lo, ele montou casa no Morro do Conselho e casou com Uyara, também filha de Caramuru, casório celebrado pelo padre Manoel da Nóbrega, na presença do governador-geral. Quando Tomé partiu Garcia D’Ávila já tinha 40 cabeças de gado. Acabaria dono de terras daqui até o Maranhão, o maior latifundiário do Brasil-Colônia. A fortuna dele assegurou a vida tranquila da família por 200 anos. Dele, resta hoje o castelo em Praia do Forte. É nome de rua em Ipanema, no Rio. Em Salvador, só uma pequena artéria em Itapuã. Agora veja. Tomé veio a mando do Rei, Garcia veio porque queria ganhar dinheiro e Caramuru aqui ficou por obra do acaso, nem por isso deixam de ser personagens importantes da nossa história. E já que Tomé de Sousa pode ir morar em Itapagipe, e por que não o Memorial de Garcia? Vá lá, é apenas uma sugestão fadada ao limbo. Em matéria de Rio Vermelho, até o que é sério não é encarado como tal. Vide o exemplo da Casa de Jorge Amado. SebraeBahia

Ano passado, centenário do escritor, estavam lá todas as autoridades, Jaques Wagner, o secretário da Cultura, Albino Rubim, ACM Neto, ainda candidato (como os demais). Todos prometeram fazer o Memorial Jorge Amado, como quer a família. Até hoje, nada. Se Jorge Amado, personagem dos nossos dias mundialmente respeitado, anda assim, imagine Garcia. E Tomé, nem se fala.

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O novo plano de divisão de bairros de Salvador

e o projeto das prefeituras de bairro Foto: Manu Dias/SECOM-BA

fazer recadastramento do Bolsa Família, serviços de mão de obra do SIMM, e outros serviços externos à prefeitura, como o Balcão da Justiça, o Crea e espaço para a Farmácia Popular.

Da freguesia aos bairros Salvador era uma só “freguesia”, nome utilizado pelos portugueses à Freguesia da Sé em 1552. Depois foi criada a Freguesia de Nª Sª da Vitória, em 1561.

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rojeto de lei baseado no estudo “Caminhos das Águas de Salvador, Estudo e Definição dos Limites dos Bairros e Bacias Hidrográficas de Salvador”, realizado por técnicos e pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBa), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a Campanha de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) será apresentado à Câmara de Vereadores. O novo Plano de Divisão de Bairros de Salvador, juntamente com o Projeto de Criação de Prefeituras-bairros,

Os 32 bairros de hoje • Amaralina • Pituba • Rio Vermelho • Acupe • Cosme de Farias • Engenho Velho • Matatu • Calçada • Uruguai • Saúde • Bonfim • Itapagipe • Jardim Cruzeiro • Massaranduba • Monte Serrat • Tororó • Barbalho • Cruz do Cosme • Liberdade • Pau Miúdo • Quintas • Fazenda Grande • Lobato • São Caetano • Tanque da Conceição • Barris • Barra • Canela • Fazenda Garcia • Federação • Graça • Ondina O novo Plano de Divisão de Bairros de Salvador Prefeitura Bairro I – Centro / Brotas 1 – Comércio 2 – Santo Antônio 3 – Barbalho 4 – Macaúbas 5 – Saúde 6 – Centro Histórico 7 – Nazaré 8 – Centro

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visa facilitar a implantação de políticas públicas para a cidade. A nova delimitação já deveria ter acontecido, mas ficou engavetada mais de dois anos no Palácio Thomé de Sousa. Salvador conta, atualmente, com 32 bairros definidos por uma lei de 1960. É impensável que a cidade não tenha uma base de bairros atualizada com uma população de quase três milhões de habitantes. O Novo Plano de Divisão de Bairros de Salvador terá 160 bairros, três ilhas e dez Regiões Administrativas.

9 – Barris 10 – Garcia 11 – Tororó 12 – Boa Vista de Brotas 13 – Engenho Velho de Brotas 14 – Acupe 15 – Brotas 16 – Candeal 17 – Cosme de Farias 18 – Matatu 19 – Santo Agostinho 20 – Vila Laura 21– Luís Anselmo Prefeitura Bairro II – Subúrbio / Ilhas 22 – São Tomé 23 – Paripe 24 – Fazenda Coutos 25 – Coutos 26 – Nova Constituinte 27 – Peri Peri 28 – Praia Grande 29 – Alto daTerezinha 30 – Rio Sena 31 – Itacaranha 32 – Plataforma 33 – São João do Cabrito 34 – Ilha dos Frades 35 – Ilha de Bom Jesus dos Passos 36 – Ilha de Maré Prefeitura Bairro III – Cajazeiras 37 – Cajazeiras XI 38 – Cajazeiras II 39 – Cajazeiras VII 40 – Águas Claras 41 – D. Avelar 42 – Cajazeiras VI 43 – Cajazeiras IV 44 – Cajazeiras V 45 – Cajazeiras X 46 – Fazenda Grande I 47 – Fazenda Grande II 48 – FazendaGrande III 49 – Boca da Mata

50 – Castelo Branco 51 – Cajazeiras VII 52 – Jaguaripe I 53 – Fazenda Grande IV Prefeitura Bairro IV / Itapuã / Ipitanga 54 – Nova Esperança 55 – Areia Branca 56 – Cassange 57 – Itinga 58 – Jardim das Margaridas 59 – Aeroporto 60 – São Cristovão 61 – Mussurunga 62 – Bairro daPaz 63 – Alto do Coqueirinho 64 – Piatã 65 – Itapuã 66 – Stella Maris 67 – Patamares 68 – Pituaçu 69 – Imbuí 70 – Boca do Rio Prefeitura Bairro V – Cidade Baixa 71 – Ribeira 72 – Mangueira 73 – Bonfim 74 – Monte Serrat 75 – Boa Viagem 76 – Massaranduba 77 – Vila Ruy Barbosa / Jardim Cruzeiro 78 – Roma 79 – Caminho de Areia 80 – Uruguai 81 – Mares 82 – Santa Luzia 83 – Calçada 84 – Lobato Prefeitura Bairro VI – Barra / Pituba 85 – Vitória 86 – Canela 87 – Graça

Quanto ao projeto de criação de Prefeituras-bairros, tem como objetivo principal melhorar e serviços prestados pela administração municipal. Salvador passa a ter dez regiões administrativas que terão uma estrutura mais avançada, oferecendo ao cidadão serviços com qualidade e eficiência, sem necessidade de deslocamento da região onde mora. Segundo o diretor geral das Prefeituras-bairros, Reinaldo Braga Filho, o cidadão poderá pagar o IPTU, alvará da Sucom,

88 – Barra 89 – Ondina 90 – Calabar 91 – Alto das Pombas 92 – Federação 93 – E ngelho Velho da Federação 94 – Rio Vermelho 95 – C hapada do Rio Vermelho 96 – Vale das Pedrinhas 97 – Santa Cruz 98 – Nordeste de Amaralina 99 – Amaralina 100 – Pituba 101 – Itaigara 102 – Caminho das Árvores 103 – Stiep 104 – Costa Azul 105 – Jardim Armação Prefeitura Bairro VII – Liberdade / São Caetano 106 – Alto do Cabrito 107 – Marechal Rondon 108 – Campinas de Pirajá 109 – B oa Vista de São Caetano 110 – Capelinha 111 – São Caetano 112 – F azenda Grande do Retiro 113 – Bom Juá 114 – Liberdade 115 – Curuzu 116 – Santa Mônica 117 – Lapinha 118 – Pero Vaz 119 – Caixa D’Água 120 – Baixa de Quintas 121 – IAPI 122 – Retiro 123 – Pau Miúdo 124 – Cidade Nova Prefeitura Bairro VIII – Cabula / Tancredo Neves 125 – G ranja Rurais Presi-

dente Vargas 126 – Calabetão 127 – J ardim Santo Ínácio 128 – Mata Escura 129 – Sussuarana 130 – Nova Sussuarana 131 – Arraial do Retiro 132 – Barreiras 133 – B eiru/Tancredo Neves 134 – Arenoso 135 – Novo Horizonte 136 – CAB 137 – São Gonçalo 138 – Engomadeira 139 – Cabula 140 – Resgate 141 – Pernambués 142 – Saramandaia 143 – Cabula VI 144 – Doron 145 – Saboeiro 146 – Narandiba Prefeitura Bairro IX – Pau da Lima 147 – Porto Seco Pirajá 148 – Jardim Cajazeiras 149 – Vila Canária 150 – Pau da Lima 151 – Sete de Abril 152 – São Marcos 153 – Jardim Nova Esperança 154 – Novo Marotinho 155 – Canabrava 156 – São Rafael 157 – Vale dos Lagos 158 – Nova Brasília 159 – Trobogy Prefeitura Bairro X – Valéria 160 – Pirajá 161 – Valéria 162 – Palestina 163 – Morada da Lagoa

Com o crescimento populacional, impulsionou a criação das chamadas “divisões” sempre associadas à religiosidade: Nª Sª da Conceição da Praia (1623), Santo Antônio Além do Carmo (1646), São Pedro Velho (1679), e continuando pelo século XVIII. Em 1911 começa a

concepção de bairros ligados à divisão de 11 distritos. Em 1938, os distritos passam a ser chamados de zonas e em 1960 a atualização de 32 bairros válidos até hoje. Em 1987, inicia-se a descentralização dos bairros em Regiões Administrativas (RA), depois Administrações Regionais (AR) e na última gestão municipal em número de 18 regiões, o Sistema Integrado de Gestão Administrativa (SIGA). Todas funcionaram precariamente, não cumprindo os objetivos de sua criação. A nova gestão vem com a concepção mais ampla de Prefeituras-bairros em número de dez Regiões Administrativas com a intenção de descentralizar os serviços municipais numa espécie de SAC. Vamos esperar.

Justiça mantém suspensão da LOUOS e PDDU

C

om o impasse na Justiça que mantém a suspensão da Lei de Orçamento e Uso do Solo (LOUOS) e o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PPDU), aprovados na Câmara Municipal de Salvador, na gestão do prefeito João Henrique, cuja constitucionalidade é questionada, volta a valer para Salvador o PDDU de 2008 (Lei nº 7.400) e a LOUOS de 1984 (Lei nº 3.377). Em sessão tumultuada, o Pleno do Tribunal de Justiça da Bahia decidiu, por maioria, apreciar o documento de modulação das novas leis. Somente no julgamento do mérito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra a alteração do PDDU e LOUOS, e sem marcação de data para esse julgamento. A proposta de modulação das novas leis foi elaborada e apresentada à justiça pela Prefeitura e o Ministério Público contendo sete pontos essenciais temporários enquanto o mérito da Adin não é julgado pelo Pleno do Tribunal. Os sete pontos são: – Linha Viva: Construção da Via Expressa de 17km ao norte da Avenida Paralela entre o Acesso Norte e a CIA/Aeroporto. – Hotéis na orla: Permite o aumento de gabarito dos hotéis que serão construídos na orla em seis trechos em até 50%. – Fonte Nova: Aumenta o potencial construtivo no entorno da Fonte Nova e a construção de um hotel interligado ao estádio.

– Outorga onerosa: Uso de mecanismo imobiliário fica permitido em toda a cidade. Construções maiores obriga a construtora a pagar mais ao município. – Impacto de vizinhança: Mantém os critérios dos estudos de impacto de vizinhança. Obriga os donos de grandes empreendimentos a realizar obras viárias nas redondezas. – Centro Administrativo Municipal: Autoriza a criação do Centro Administrativo Municipal nos Barris em área de propriedade da prefeitura, para redução com custos de aluguéis e agregar em um só lugar os principais órgãos da prefeitura. – Potencial construtivo: Modifica o zoneamento e aumenta o potencial construtivo em seis vias da cidade. Viabilizam a realização de alterações urbanísticas necessárias à preparação da Copa de 2014. A decisão gerou preocupação entre políticos e empresários. Segundo cálculos da Secretária Municipal de Urbanismo e Transporte (SEMUT), entre hotéis, shoppings, prédios residenciais e estabelecimentos comerciais, que deixaram de se instalar em Salvador nos últimos sete meses, a capital baiana perdeu, aproximadamente, R$ 7 bilhões em investimentos, e com isto cerca de 30 mil empregos diretos deixaram de ser gerados. Segundo o prefeito ACM Neto, a decisão do Tribunal atrasa não só as obras da Copa, mas também outras obras importantíssimas, estruturantes que vão mudar o perfil da cidade.


Local das Quadras da Paciência será Praça Mestre Didi Por sugestão da própria Prefeitura Municipal de Salvador, o local das quadras de esporte da Paciência será chamado de Praça Mestre Didi. A AMARV realizou uma enquete informal no bairro sobre o nome sugerido, e o resultado foi a aprovação do nome pela grande maioria de moradores e frequentadores. Deoscóredes Maximiliano dos Santos, mas conhecido como Mestre Didi, nasceu em Salvador no dia 2 de dezembro de 1917. É escritor, artista plástico e sacerdote afrobrasileiro. Publicou diversas obras, como ensaios e contos, e realizou várias exposições de suas esculturas no Brasil, Europa, África e Américas.

No local das quadras da Paciência, Mestre Didi tem uma escultura “Cetro da Ancestralidade” (2001), confeccionada em bronze fundido com sete metros de altura, que estabelece uma relação entre a arte e a religiosidade. Sua localização em frente ao oceano com direção para a África, remete à importância do legado dos negros no processo de construção da identidade brasileira.

Filho de Mãe Senhora, do Axé Opô Afonjá, foi muito cedo iniciado na religião de seus ancestrais e no culto dos Orixás, detendo diversos títulos da tradição afrobrasileira, como o de Alapini, sacerdote supremo do

O Rio Vermelho se sente honrado com a escolha do nome de Mestre Didi para essa nova praça, e parabeniza quem teve essa grande ideia de homenagear um dos mais importantes mestres da Bahia.

Foto: Carmela Talento

Foto: André Avelino

culto aos ancestrais, e o de Balé Xangô, sacerdote de Xangô, confirmado em Oyó, na África. Recebeu expressivas homenagens, destacando-se o título de Doutor Honoris Causa pela UFBa e a Comenda do Mérito Cultural Brasileiro.

Escultura Cetro da Ancestralidade no local da futura Praça Mestre Didi

Yemanjá não é uma sereia Biaggio Talento

cie e nem aparece na água salgada. Nada melhor, então, que conferir o texto de Edison Carneiro que reproduzimos a seguir:

Yemanjá e a Mãe-D’Água

M

uita gente cultua Yemanjá na tradicional festa do 2 de Fevereiro, no bairro do Rio Vermelho, pensando tratar-se de uma entidade exclusivamente africana. O antropólogo Edison Carneiro, num texto de 1950, incluído no livro “Ladinos e Crioulos”, mostra que isso não é verdade. Sua análise, esclarecedora, indica que desde o final do século XIX, o que se cultua na Bahia é uma entidade brasileira, sincrética, que reúne elementos, sim, da cultura africana, mas também ameríndia e europeia. A confusão mais flagrante é a incorporação da sereia, elemento sobrenatural da Europa com o orixá nagô de Yemanjá. São duas entidades completamente contraditórias que convivem numa mesma figura. Ele lembra que sereia “é a mulher fatal, que com o seu amor traz a morte”. Vide as agruras que Ulisses e seus marujos passaram ao retornar de Troia, quando o barco dos argonautas passou perto da ilha das sereias, cujo canto levava os homens a se jogarem no mar em busca da própria destruição. Ao contrário das feiticeiras marítimas, Yemanjá é a representação da fecundidade, a reprodução da espé-

Escritores, pintores, músicos e elementos populares em geral tem contribuído poderosamente, por um lado, para dar o nome Yemanjá à mãe-d’água brasileira e, por outro lado, para tornar as festas em seu louvor uma simples reprodução das festas da sereia européia. Bem entendido, Yemanjá é uma deusa nagô e de modo algum uma concepção de todas as tribos negras chegadas ao Brasil. Sabemos que ao povo nagô se pode atribuir grande parte da nossa mística popular, nos mais variados graus de fidelidade com o original. Parece extraordinário porém, que as diferenças fundamentais que facilmente podemos encontrar entre Yemanjá e a sereia fossem postas de lado tão sumariamente, até cair no dualismo apontado – nome africano, festas europeias. Como já o indicou Joaquim Ribeiro, há nesse caso “uma interseção de vários cultos” das águas, como o da Iara dos índios. Não devemos esquecer que os nagôs não rendem culto público, fora de portas, a Yemanjá e, certamente, não deixaram essa tradição. Pelo contrário, nos candomblés baianos, que são como tentei provar, resultado das concepções religiosas dos nagôs, até mesmo o “assento” de Yemanjá se encontra, obrigatoriamente, no interior da casa. Parece que, como em tantos outros casos, a mítica nagô, passando a outros grupos de cultura, brancos e negros, se deturpou consideravelmente, de maneira a ficar apenas o nome Yemanjá cobrindo concepções, festas e costumes que são caracteristicamente estranhos à África – e em especial ao povo nagô.

Talvez seja antiga essa confusão Nina Rodrigues, em 1897, notava que “em geral a concepção de Yemanjá confunde-se com o mito da sereia de que se torna uma simples variante” e mais tarde, em “Os Africanos no Brasil, afirmava que “o mito de Yemanjá se confunde com o da mãe-d’água e o da sereia sob cuja forma e efígie a representam”. Isto acontece hoje em todos os candomblés, em que a figura de Yemanjá muitas vezes é a dá mulher branca, a pentear seus longos cabelos, mas já acontecia também em 1899, por sinal que no famoso candomblé do Gantois da Bahia, onde Nina Rodrigues pôde encontrar “duas sereias de gesso barato, mandadas vir do Rio de Janeiro”, representando Yemanjá e outra divindade das águas, Oxún (sic). Por sua vez, Manuel Querino lembra a festa que, na terceira dominga de dezembro, a gente dos candomblés realizava diante do Forte de São Bartolomeu, na cidade do Salvador, sob a direção do Tio Ataré, enchendo-se uma grande talha de barro, que se atirava ao mar, com “pentes, frascos de pomada, frascos de cheiro, côvados de fazenda” presenteados por centenas de africanos. Isso não impede que em outros candomblés, mais respeitadores da tradição nagô, como as do Engenho Velho da Federação e Flaviana, Yemanjá se represente corretamente por pedras (itás) ou por esculturas de pessoas possuídas pela orixá (êxés). Parece que a notícia mais antiga de presente de Yemanjá é a que nos deixou Manuel Querino: “Um pequeno saveiro de papelão, armado de velas e outros utensílios de náutica, era lançado ao mar, conduzindo como dádiva à mãe-d’água figuras de bonecas de pano, mi-

lho cozido, inhame com azeite-de-dendê, uma caneta e pena, e pequenos frascos de perfumaria”. Todos os que já acompanharam um presente para a mãe-d’água notarão a diferença este tipo de oferenda e o modelo atual. Yemanjá, no país dos nagôs, é a deusa do Rio Ogún e, por extensão, dos rios, fontes e lagos nacionais. O seu domínio não chega até o mar, onde manda Ôlôkún. Nina Rodrigues recolheu na Bahia uma peça esculpida, um cofre de Yemanjá, que representa uma cena de pesca do crocodilo, que é animal de rio, e o coronel Ellis, na lenda do nascimento dos orixás, conta que, após o incesto, dos seios desmesuradamente intrumescidos de Yemanjá brotaram dois rios que adiante se reuniram e formaram uma lagoa. Entre os lugares especiais em que, na Bahia, se cultua Yemanjá, estão três lagoas – o Dique e as Lagoas de Vovó e do Abaeté. Ruth Landes escreveu que Yemanjá é “uma nova edição da mammy americana”. Com efeito, entre os nagôs, a deusa é sempre esposa e mãe. A lenda do coronel Ellis – que Nina Rodrigues considerava “relativamente recente”, por não ser corrente entre os negros da Bahia nem de outros pontos do Brasil – a apresenta como mulher de Aganju, seu irmão, e mãe de Ôrungá, que a violenta, nascendo daí muitos dos orixás, como Xangô, Oxún, Oxóce, Ogún etc., presentes nas religiões do negro brasileiro. Ellis decompõe o nome da deusa em yeye, mãe, e ejá, peixe, ou seja: “mãe de peixe”. Ruth Landes lhe dá a posição da “esposa mais jovem e mais amada” de Oxalá – mais jovem em comparação com Nana, já senil. E Nina Rodrigues, estudando uma peça de escultura africana da Bahia – um trono ou banco para o sacerdote possuído por Yemanjá – observou:

“No largo movimento das mãos abertas a fim de conter e levantar os volumosos e túrgidos seios da orixá que, para oferecê-los, está de joelhos, o artista expressou com felicidade a concepção da uberdade, de fundo chtoniano ou material, que se atribui a Yemanjá...” Em que se parece essa Yemanjá com a figura fascinante, voluptosa, encantadora, que ligamos à sereia do folclore europeu? Se a sereia mora no fundo do mar, Yemanjá habita rios, fontes e lagos. Esta é mãe e esposa, e na lenda do coronel Ellis dá nascimento a muitos filhos, que são os orixás mais conhecidos, em contraposição com a eterna juventude e disponibilidade da sereia, mais fácil de imaginar como uma estranha amante submarina do que como esposa. Maternal, Yemanjá simboliza a fecundidade, a reprodução da espécie, a natureza em todo o seu esplendor, enquanto a sereia é a mulher fatal, que com o seu amor traz a morte. E, para completar o quadro das diferenças, Yemanjá vem ao encontro dos homens, nos candomblés, ao passo que a sereia tem de ser requisitada, e solicitada com presentes, nos seus vastos domínios marítimos. O rabo de peixe, os olhos verdes, os cabelos compridos, as canções irresistíveis de amor, toda a concepção européia da sereia, estão em desacordo com Yemanjá. Sob este nome, nas festas públicas, não se cultua uma deusa africana, da nação nagô. Cultua-se uma divindade brasileira das águas, fruto do sincretismo das concepções nagô, ameríndia e europeia dos deuses aquáticos. E, na verdade, a influência maior é a da Loreley dos brancos, que nada mais perdeu do que o nome (1950).

JRV – 7


Rio Vermelho, caldeirão de todas as tribos A

s tribos urbanas que convivem no bairro não se incomodam entre si. Os seus esteriótipos, comportamentos e estilos não se agridem, e o respeito e a tranquilidade são mútuos. Rivalidades entre tribos urbanas existem e têm sido registradas cientificamente desde a década de 1960, mas no Rio Vermelho é diferente, quem sabe talvez por ser regido por duas figuras femininas, Senhora Sant’Ana e Yemanjá. A expressão “Tribos Urbanas” foi criada pelo sociólogo Michel Maffesoli, diretor do Centro de Estudos sobre o Atual e o Cotidiano da Universidade de Sorbonne (Paris-França), que começou a usá-la nos seus artigos a partir de 1985 e ganha força três anos depois, com a publicação do seu livro “O Tempo das Tribos: o declínio do individualismo nas sociedades de massa”. Para Maffesoli “não vivemos mais na sociedade de consumo, mas numa sociedade de desperdício absoluto. Existe a massa e dentro da massa as pequenas tribos que consomem conforme a moda, num processo acelerado de obsolescência planejada dos objetos”. Ele aponta a megalópole moderna como habitat desse novo tribalismo. As tribos de Salvador vêm se organizando e saindo da clandestinidade. Os seus membros andam em grupos e procuram seus iguais, com hábitos, valores culturais, estilos musicais e/ ou ideologias políticas semelhantes (a tribo urbana não é determinada prioritariamente por ideologia política). Algumas tribos são alternativas à ordem social baseada na organização familiar. Outras são apenas nomes genéricos dados a determinado grupo de pessoas.

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Todos os movimentos de contracultura são tribos urbanas, porém nem todas tribos urbanas fazem parte do movimento de contracultura. A cultura das tribos urbanas é informal, bem diferente das organizações ligadas ao burguesismo permeadas pelo nosso taylorismo ocidental, que rejeita a emoção e os sentimentos coletivos. A maioria das tribos é composta por jovens em busca de uma identidade, sem medo de experimentar o novo, através do comportamento, da maneira de vestir, de pensar, do manifesto e, principalmente, da música. No Rio Vermelho, as tribos essencialmente musicais ocupam bares e casas de eventos e conciliam vários estilos, os chamados crossover. O Largo de Santana é um caldeirão de roqueiros, regueiros, forrozeiros, pagodeiros e sertanejos universitários, que sempre acabam na alvorada do Mercado do Peixe. Outras tribos sem princípio na música também curtem o bairro. Os surfistas, skatistas, tranceurs e, em especial, a tribo dos Harleyros/BA, uma galera de motociclistas acima dos 50 anos, que se concentram todas as quintas-feiras no Largo da Mariquita e curtem o “Sem Destino”. No cenário multicultural de Salvador, o Rio Vermelho tem a tradição de ser o principal lugar para onde convergem todas as tribos pacificamente. Um bairro assim, plural e ousado, ensinando ao mundo como se pratica a democracia. Veja com qual tribo você se identifica:

Hipppies Adotam um modo de vida comunitário, tendendo a uma espécie de socialismo libertário, a um estilo de vida nômade e à comunhão com a natureza. Características: cabelos longos, roupas velhas de cores berrantes para fazer apologia à psicodélia. Curtem: Janis Joplin, Jimi Hendrix, Led Zeppelin, The Doors, Pink Floyd, Bob Dylan, Raul Seixas etc.

derivada do gênero pós-punk, marcada por suas referências artísticas e literárias. Características: roupas baseadas no preto (luto pela sociedade) com adição de lilás, roxo e carmesim. Utilizam maquiagem temática, focada na dramaticidade do teatro e cinema. Curtem: Xmal Deutschland, The Cure, Siouxsie and the Banshees, Sisters of Mercy, Spicemen etc.

Punks

Glam Rockers

Adotam o princípio da autonomia do faça-você-mesmo. Aparência mais agressiva, o sarcasmo e a subversão à cultura. Características: corte de cabelo estilo moicano, muito gel e muito colorido. Curtem: Sex Pistols, The Clash, UK Subs, Ramones, Aborto Elétrico etc.

É uma subcultura laica, isto é, neutra a qualquer religião. Características: diferentes combinações entre si, do blush e

Headbangers (Metaleiros) Uma das tribos mais populares do Brasil. Em sua base de influência curtem o heavy metal. Características: cabelos longos, camisas pretas, jaquetas jeans de couro, braceletes, calças jeans surradas ou rasgadas, tênis all star ou coturnos, e acessórios como piercing e tatuagens. Curtem: Iron Maiden, Black Sabbat, Depp Purple, Judas Priest etc.

Góticos (Darks)

Uma das tribos mais respeitadas,

delineador, passando pelos brincos, muito brilho, calças justas e roupas extravagantes. Cabelos longos e, em alguns casos, franjas. Curtem: Poison, Sweet, Slade, T. Rex, Secos e Molhados, Rita Lee e Tutti Frutti.

Clubbers (Raves) Adeptos de música eletrônica, inovadores por definição se reúnem em casas noturnas e raves


temáticas. Características: se vestem de forma extravagante com muito brilho, roupa de personagem de desenho animado, acessórios que brilham no escuro, piercings e cabelos coloridos. Curtem: House, Tri-Hop, Trace, Techno e Drum and Bass etc.

Skinheads (Carecas) Utilizam o modismo extravagante como modo de afirmação, são conservadores, adotam atitudes violentas, de ódio, preconceito, raiva, agressividade e racismo. Postura ideológica que mistura idealismo homofóbico, anticomunismo, anticomunismo, antianarquismo e antidrogas (apesar do consumo exagerado de álcool). Características: cabeça raspada (não necessariamente), utilizam tatuagens e roupas pesadas com coturnos e suspensórios. Curtem: Sex Pistols, The Offspring, The Business, The Opressed, Neuróticos, Garotos Podres, Vitus Z7, Histeria, Ramones etc.

White Powers É uma das ramificações dos Skinheads, cujos membros pregam o antissemitismo e a supremacia branca. São radicais de extrema direita. Características: cabeças raspadas, usam roupas camufladas de guerra e coturnos, tatuagens nazistas como a suástica e a cruz de malta. Curtem: Skrewdriver, British Front etc.

Grungers Seguem o movimento musical

Grunge (sujeira). Sons de guitarras altamente distorcidas e vocais enérgicos com letras caracterizadas por apatia e desencanto. Se rebelam contra a sociedade de consumo que é guiada pela TV. Apoiam o feio, o pobre e o sujo em oposição ao glamour. Características: cabelos longos, bermudas ou calças folgadas, jeans sujos, tênis sujos e bonés. Curtem: Pearl Jam, Mudhoney, The Melvins, Alice in Chairs, Nirvana etc.

Rivethead Conhecidos no Brasil como “Tronco”. Fãs da música industrial, caracterizados por ideação futurista, afeto distópico e elitismo. Características: a maioria são homens que calçam botas, vestem casacos negros de couro, calças militares e pintam o cabelo de preto bem forte. Curtem: Kraftwerk e Neul Kluster (pioneiros), Pere Ubu, Suicide, Killing Joke, Clock DVA etc.

Rasta Seguidores do Reggae e de seus idealizadores, tribo urbana que segue os ideais de Jah e a cultura Rastafari, são basicamente vegetarianos e usam a maconha de forma ritual. Características: Cabelos em dreadlocks, roupas leves de tecidos naturais, simples, coloridos de herança africana, calças largas, túnicas, sandálias de couro. Curtem: Bob Marley, Peter Tosh, The Wailers, Alpha Blondy, Edson Gomes, Adão Negro etc.

Rappers

Emos

Skatistas

Rap significa rhytm and poetry (ritmo e poesia). A maioria dos rappers são negros de origem dos bairros pobres e da periferia. A música é o forte da tribo, são ritmos e letras que expressam o momento ou algum acontecimento em sua vida ou na sociedade. Características: roupas folgadas, muitas correntes, pingentes e pulseiras grandes e grossas confeccionadas em ouro ou prata. Na cabeça bonés de marca e nos pés tênis de marca. Curtem: Jay Z, Diddy, Akon, Dr. Dre, Snopp Doggy, Sean Puffy, Timberland etc.

São muito emotivos, choram muito e gostam de estar nos cantos dos lugares. Curtem o som de bandas que compõem num lirismo mais emotivo que o habitual. Características: cabelos lisos e franjas coladas ao rosto. Roupas pretas com desenhos de caveiras, maquiagem preta, pulseiras, colares e anéis pretos com picos e tachas. Curtem: My Chemical Romance, Panic at the Disc, May Day Parade etc.

A ideologia da tribo é curtir a vida, os momentos do esporte e viver para andar, mas fora isso não apresentam nenhuma visão política original ou concepção de mundo de certo modo alternativo. A liberdade de expressão é obtida através do esporte. Características: usam roupas largas de cores neutras, com visível símbolo do skate, bonés, pulseiras com tachas e picos, tênis largos. Usam mochilas para poderem andar sempre com tudo que precisam. São divididos em três subtribos: a do hip hop, a dos grafiters e dos básicos. Curtem: de rock a hip hop, adoram Charlie Brown Júnior, CPM 22, Rappa, Sabotage, Racionais MC’s etc.

Traceurs São praticantes de parkour, costumam se reunir em locais com grande números de obstáculos para executar os experimentos e exercícios, tudo com base no pensamento “ser forte para ser útil”. Calças e camisas leves e tênis esportivos. Curtem: músicas variadas, mas o fundamental mesmo são os obstáculos.

Nerds: Geeks, Trekkes, Otakus, Gamers e Netts Apesar de serem uma tribo urbana, não tem estilo facilmente reconhecível à primeira vista. Tampouco gostam da mesma música e nem todos frequentam o mesmo lugar. Se definem como técnicos, autodidatas, apaixonados pelo que fazem e entendem. Características: pouco extrovertidos, jovens excessivamente magros ou gordos com roupas fora de moda, camisas fechadas e calças mais curtas que deveriam. É típico o uso de óculos. Traços associados ao estereótipo Nerd, especialmente a incomum tendência em acumular altos conhecimentos especializados, paralelo à inabilidade social. Curtem: Ookla the Mok , Jonathan Coulton, Optimus Rhyme, 8 Bit Instrumental, The Arrogant Worms. GEEK – voltado especialmente para a tecnologia e informática. TREKKES – fãs do Star Trek. OTAKUS – gostam de anime, mangás e cultura japonesa. GAMERS – viciados em jogos eletrônicos. NETTS – são fãs de mitologia.

Mods Originários do pop art, pelo símbolo MOD baseado no símbolo dos aviões da RAF da 2ª Guerra Mundial. Estilo musical no início do jazz moderno, mais tarde o soul , ska jamaicano e o blue beat. Características: evolução do t-shirt com alvo estampado e utilizam scooter (lambreta) como meio de transporte. Curtem: Small Faces, The Who, The Yard Birds etc.

Preppies (mauricinhos e patricinhas) Modo de vida não necessariamente requintado. Ter etiqueta é um dever. É de extrema importância ser agradável com colegas, mostrar respeito com os outros. Características: roupas e acessórios clássicos e conservadores, utilizam no vestuário somente roupas de marca. Curtem: Lady Gaga, Britney Spears, FloRida, The Kills, Soho Dolls etc.

Yuppies (executivos) Movimento com embasamento histórico movido por conceitos não só de moda mas também político, social, burguês, ideológico e capitalista. São jovens urbanos entre 20 e 40 anos pertencentes à classe média ou alta, conservadores e tendem a valorizar bens materiais. Investem em Bolsa de Valores, carros importados e aparatos tecnológicos. Características: adeptos dos ternos e gravatas, blazer, suéter cardigan, camisa de botão, casaco, valorizando sempre grifes famosas e caras. Curtem: a música não é o forte mas gostam do estilo pop, da moda. The Yuppies, Metrô, The Smiths etc.

Surfistas Adoram o lema paz e amor, levam uma vida bastante saudável e buscam no esporte a realização pessoal. O verão é deles e o inverno também. Características: cabelos longos, alguns parafinados, roupas coloridas de marcas surfer, camisas com estampas de ondas e muito pôr do sol e sandálias havaianas. Curtem: Sublime, Donavon, Forfun, Jason Mraz, The Beautiful Girls, Surfaris, Cor do Som, Bem Harper, Felipe Dylon etc.

Psychobillies Autênticos, eles cultuam o punk e o rockabilly. O gênero também é caracterizado pelas referências à filmes de terror e assuntos como violência, sexualidade lúgubre e outros tópicos considerados tabus, embora apresentados de forma cômica e corajosa. Repudiam os pensamentos de extrema direita. Características: penteado chamado “quiff” um tipo de moicano rockabilly, enquanto as roupas combinam o estilo punk (cabelo tingido, trajes surrados, rasgados e jaquetas de couro) com a moda inicial o rockabilly (estampas com figuras de animais). Curtem: Meteors, Sharks, Batmobile, Nekromantix, Mad Sin Klingonz, Tiger Army, Los Gatos Locos etc.

Drag Queens Tribo em que os homens se vestem com roupas femininas exageradas, e DRAG KINGS mulheres que se vestem de homem. Embora a maioria seja homossexual esta orientação sexual nem sempre é norma. Ser Drag significa dar vida a um personagem. Características: muito brilho, exageros no vestir, nos modos e na maquiagem carregada e o estilo cômico de se apresentar. Curtem: som de discoteca e seu hino “I Will Survive” de Gloria Gaynor.

Harleyros Incentivo ao culto do estilo de vida: liberdade + irmandade + atitude. Amantes das motos clássicas, em especial as lendárias Harley Davidson. Iniciaram as jornadas na adolescência com os primeiros sonhos de liberdade. Características: cabelos longos, barba e cavanhaque, óculos rayban e indumentárias pretas (blusão e calça de couro ou jeans) muitas tachas e capacete retrô. Curtem: o astro James Dean e músicas variadas que vai dos Beatles, Rolling Stones, The Police, Genesis à Credence.

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Foto: André Avelino

Personagem do Rio Vermelho

Alcyr Naidiro Fraga Ferraro

Aniversário da Biblioteca Juracy Magalhães Jr. Comemorando 45 anos de inauguração (23/09), a Biblioteca Juracy Magalhães Jr. apresenta uma vasta programação para este mês de setembro, e convida toda comunidade do bairro e adjacências para participar desse evento: RIO VERMELHO Dias 01/09 a 30/09 das 8h às 17h (2ª a 6ª) e sábado das 8h às 13h. Exposição de fotos e acervo de publicações sobre o bairro ressaltando aspectos históricos, culturais e religiosos. ARTES VISUAIS Dias 01/09 a 30/09. Exposição “Retratos” do artista plástico Raul José Rodrigues. HORA DE OUVIR HISTÓRIA Dia 12/09 às 14h. Narrativas de histórias infantis com os temas “Preservação do Meio Ambiente e Respeito às Diferenças”. • Terra Quente, Sol Doente • O Patinho Feio Facilitadora: Maiane de Almeida A FESTA NO CÉU Dia 17/09 às 14h. Apresentação da peça “A Festa no Céu” com o grupo Cabriola sob a direção de Heraldo Souza. OFICINA LITERÁRIA – LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS NO

GÊNERO CONTOS Dia 18/09 às 14h. Em comemoração ao Dia do Escritor (25/07). Oficina mostrando as práticas de escrever bem. Facilitador: Carlos Souza de Jesus OFICINA DE ARTE – RETRATOS EM PASTEL SECO Dia 19/09 às 9h. Explanação e demonstração da técnica utilizada pelo artista plástico Raul José Rodrigues Munhoz. FEIRA LITERÁRIA – PRIMAVERA DAS LETRAS Dia 20/09 -10h às 16h e 21/09 -9h às 14h. Feira de livros com a participação de escritores moradores e ex-moradores do Rio Vermelho PALESTRA – LEITURA E LITERATURA: A FORÇA DA PALAVRA Dia 23/09 às 9h. Comemorando os 45 anos da BJMJr (23/09), palestra com o Professor Adriano Eysen (UNEB) sobre a importância do ensino e da aprendizagem da Língua e Literatura no desenvolvimento do ser humano. OFICINA DE CRIATIVIDADE Dia 25/09 às 9h. A jornalista, escritora e atriz Fabiana Barros fará um concurso com o título ”Realize o sonho de ser escritor”.

Mês de julho dedicado à Nossa Senhora Sant’Ana O Rio Vermelho esteve em festa no mês de julho com vasta programação em louvor à Nª Sª Santana, padroeira do bairro. Este ano, em virtude da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a festa foi antecipada. A celebração da novena da festa aconteceu de 12 a 20 de julho, e no sexto dia foi celebrada uma missa comemorativa ao terceiro aniversário de dedicação à igreja. No último dia da novena, a missa foi dedicada aos doentes e idosos.

E no dia 21 culminou com a festa de Nª Sª Santana. A programação do dia festivo teve início às 5h30 da manhã, com alvorada de fogos, seguida da procissão pelas ruas do bairro com as imagens de Nª Sª Santana e São Joaquim. Às 8h30 foi celebrada a missa solene presidida pelo arcebispo primaz, D. Murilo Krieger, e às 11h30 houve a procissão marítima com os pescadores, finalizando assim as festividades do bairro.

Professor Alcyr nasceu em Mata de São João-BA, em 13 de setembro de 1927. Casado com a Professora Anna Diamantina Nolasco Ferraro, que lecionou por muitos anos no Colégio Manoel Devoto, e forma uma bela família com os filhos Carlos Roberto – que deixou saudades em todo o bairro –, Eneida e seus netos Rafael e Rodrigo. Veio para o Rio Vermelho no final da década de 1950, para sorte nossa. Destacou-se como um dos maiores nomes da Educação Física na Bahia. Nunca perdeu o entusiasmo por seus objetivos educacionais. Incansável batalhador pela divulgação e democratização da prática desportiva em todos os níveis. Foi idealizador, organizador e colaborador de diversos eventos esportivos de alcance nacional como as “Olimpíadas Baiana da Primavera”, “Travessia Baía de Todos os Santos”, “Jogos Universitários Brasileiros”, além de inúmeras competições de atletismo da Federação Universitária Baiana de Esportes. Foi mentor e implantador dos cursos de Licenciatura em Educação Física da Universidade Católica de Salvador (1973) e da Universidade Federal da Bahia (1986). No seu vasto currículo pessoal podemos relacionar: Licenciatura pela Escola Nacional de Educação Física e Desportos da Universidade do Brasil (1949); Curso de Extensão – Contribuição da Lógica para o Método de Educação Física – Universidade do Brasil (1950); Professor da rede estadual de ensino, aprovado em concurso (1951); técnico em Ginástica Corretiva e Massagem do Serviço de Fisioterapia do Hospital Edgard Santos; professor titular da Universidade Católica (UCSAL); chefe do Departamento de Educação Física da UFBa; e presidente da Associação de Professores de Educação Física da Bahia (1958/1960, 1967/1969 e 1971/1973); Curso de Metodologia do Ensino Superior – UCSAL (1975); e professor adjunto e coordenador do Colegiado do Curso de Licenciatura em Educação Física da UFBa. Professor Alcyr ensinou em vários colégios públicos e privados, e pertenceu aos quadros da Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Bahia. O Jornal do Rio Vermelho presta esta justa homenagem ao Mestre, esse ser humano de rara beleza, que ajudou a educar uma legião de alunos e amigos, proporcionando à educação baiana uma valiosa contribuição para a história da Educação Física em nosso estado.

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Foto: André Avelino

com formação acadêmica, o que era uma exigência do Ministério da Educação. Na Católica foi diferente, havia um mestre com formação, por isso o curso já nasceu com capoeira. A gente tinha que catar profissional porque naquela época era muito difícil. JRV – A Educação Física na Bahia começou a ter destaque com alguns professores e a partir do surgimento das academias de ginástica. O senhor foi professor de academia ou apoiava a iniciativa? AF – Nunca fui. Minha dedicação foi tão grande que nunca pude me envolver com isso. Eu não era empresário, não tinha dinheiro e estava ocupado demais com meus cursos.

JRV – Como começou a sua formação em Educação Física? Prof. Alcyr Ferraro – Eu era professor leigo, não tinha título. Tive a oportunidade de ser professor leigo em 1946. Era um atleta Amador mas me senti na obrigação de ser especializado, não havia curso de Educação Física na Bahia. Eu pensei, tenho que me preparar. Fui para o Rio de Janeiro para a Escola Nacional de Educação Física e Desporto da Universidade do Brasil. Fiquei lá três anos e saí licenciado em Educação Física. JRV – Como se deu a criação e implantação do curso de Lienciatura em Educação Física feita pelo senhor na UCSAL? Contou com o apoio de outros professores? AF – A dificuldade de encontrar professores especializados era muito grande. Incentivado pelas autoridades, havia os cursos de emergência que duravam 15 dias. Era um absurdo! Fomos pela associação de professores ao encontro do reitor Lafayete Pondé, da UFBa, que não foi sensível ao nosso pleito. Quem foi sensível foi o reitor da UCSAL, monsenhor Eugêncio Veiga. Assim nasceu o primeiro curso superior de Educação Física na Bahia. O grande precursor da Educação Física aqui foi Isaías Alves de Almeida. JRV – A Educação Física passou a ser disciplina obrigatória nas escolas públicas, a partir do Decreto Lei n0 69.450 de 01-11-1971. Passou a ser obrgiatório também em cursos superiores e o senhor implantou diversas atividades na UFBa. Conte um pouco sobre isso. AF – Quando eu entrei, havia a obrigatoriedade. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) acabou com essa obrigatoriedade. Na Universidade Federal fui eu quem implantou o curso de Educação Física, fiquei em cima do reitor Germano Tabacoff até que o curso saiu. A pedagoga Leda Jesus foi quem me deu a dica: não pense numa escola de educação física. Pense num Curso de Licenciatura em Educação Física, vinculado à Faculdade de Educação. Por exemplo, me cobraram que colocasse capoeira no currículo, mas não havia mestres de capoeira

JRV – Como o senhor vê as novas tecnologias de aparelhagem e o acompanhamento médico especializado, ficou mais fácil praticar exercícios físicos? AF – Com certeza, a Educação Física é preventiva para a boa saúde. Gosto de chamar de atividade física: é fundamental para a qualidade de vida. Hoje, todo mundo corre, pratica exercícios, frequenta academia. Por outro lado, perdemos em competitividade. O mundo hoje é feito de superatletas. Veja bem, a Bahia tem muita atividade: muita festa, praia, a turma bebe muito… E é o único estado brasileiro que não tem uma pista sintética. Não temos um parque aquático! Isso é reflexo de muitas administrações que não ligaram para o esporte. Hoje, só existe competição nos colégios particulares. Antigamente, havia as Olimpíadas Baianas da Primavera, uma iniciativa de Antonio Sampaio, dos Diários Associados, e eu participei ativamente como presidente da Associação de Professores de Educação Física da Bahia. Havia lugares como Itapagipe, onde passei minha infância, onde o esporte era bem forte. Itapagipe foi um celeiro de atletas. JRV – Fale sobre seu livro. Um conselho para quem quer conhecer sobre a prática de exercícios físicos. AF – Hoje já não tenho mais aquele pique, já cumpri a minha parte. É que eu fui um dos mais antigos da Bahia nessa área. Quando estava para me aposentar da UFBa, olhei para trás e não havia um registro sobre a educação física no estado. Então resolvi fazer um livro “Educação Física na Bahia – Memórias de um Professor” (1991), a UFBa não tinha recursos, mas tive a sorte e o apoio de patrocinadores. Antes desse livro não havia memória, tudo acabou com a chuva que atingiu os arquivos guardados na Fonte Nova. Eu tinha meus recortes, então fui para o Arquivo Público pesquisar, aí fiz esse livro para preservar a memória da Educação Física na Bahia. JRV – O senhor conviveu por décadas no bairro do Rio Vermelho, ainda curte o bairro? AF – Fui morador do Rio Vermelho onde tive a felicidade de morar com Ana e os meus filhos. Foi uma época muito boa. Apesar de morar na Pituba, sempre passo por lá e curto alguma coisa.


Deu no Blog

blogdoriovermelho.blogspot.com.br

Foto: Sarnelli

Estacionamento Irregular Esse é o cotidiano no Rio Vermelho. Carros estacionados sobre os passeios e em locais proibidos. No Parque Cruz Aguiar, a situação é complicadíssima com

o grande número de empreendimentos comerciais liberados para a área, até a ilha que deveria ficar livre, virou estacionamento rotativo 24 horas. Enquanto as pessoas não tomarem consciência de que as leis foram feitas para serem cumprida, o caos continuará imperando

na cidade, até porque não tem administração boa que consiga colocar um fiscal em cada esquina. Os prepostos aparecem uma vez ou outra, multam, e no dia seguinte tudo volta a ser como antes. É muito difícil mesmo lidar com essa falta de educação.

está se transformando em atividade de alto risco no Rio Vermelho, e os relatos de quedas são constantes.

Passeio esburacado provoca grave acidente

O programa “Hora da Criança”, primeiro programa radiofônico voltado ao público infantil e feito por crianças, idealizado pelo professor Adroaldo Ribeiro Costa, completou 70 anos de existência. Esse programa teve uma importância fundamental durante três décadas na formação de crianças e adolescentes, revelando talentos e abrindo caminhos para muitas carreiras de sucesso. Desde quando saiu do ar, em 1973, um ano antes da morte do seu fundador, o programa vem se mantendo como uma instituição, mas com o mesmo propósito que inspirou a sua

A falta de conservação dos passeios vitimou mais uma moradora do bairro. A esposa de Sarnelli, colaborador do Blog, tropeçou em um buraco próximo ao ponto de ônibus, na Rua João Gomes e foi parar no hospital com dois cortes, um de cada lado do antebraço, levou 16 pontos, ficou hospitalizada por dois dias e saiu com o braço na tipoia e uma placa parafusada para juntar os ossos. Uma simples caminhada

Hora da criança completa 70 anos

fundação, buscado continuamente renovar o seu trabalho educativo. O programa atende, principalmente, aos bairros do entorno da zona onde está localizada sua sede, na Avenida Lucaia, no bairro do Rio Vermelho e recebe uma média de 400 crianças.

Decreto Municipal cria Conselhos Comunitários O prefeito ACM Neto assinou decreto de criação dos Conselhos Comunitários. A iniciativa, desenvolvida pela Prefeitura-Bairro, tem como intuito atender a uma antiga reivindicação das lideranças comunitárias em ter um representante escolhido pela própria comunidade para viabilizar e fiscalizar situações junto ao poder público, com reconhecimento municipal.

A história de um boteco no Rio Vermelho A história de Zé Raimundo seguiu o mesmo caminho que a de outros tantos Zés que saíram do interior para tentar a sorte na capital. José Raimundo Santos Almeida deixou Santo Antonio de Jesus com 19 anos para vir trabalhar e ajudar os pais. Chegou em Salvador e foi morar no Pelourinho e, como sempre a sorte não sorri tão fácil, foram seis longos meses desempregado antes de conseguir seu primeiro emprego no Bar de Barão, no Mercado de São Miguel, na Baixa dos Sapateiros. Passados alguns meses, já responsável pelas principais atividades no local, Zé sentiu que não havia muita chance de crescer e comentou com o amigo Carlos, barman do Yacht Club da Bahia, que precisava de outro emprego. Surgiu uma vaga de ajudante de serviços gerais no Yacht, que sempre foi uma referência na qualificação de mão de obra no setor de alimentos e bebidas. Quando Zé Raimundo chegou lá havia outra vaga, de assistente de barman, só que esse cargo tinha um porém: num local tão chique praticamente todas as bebidas tinham nome estrangeiro. Aí a coisa pegou.

Com o tempo, Zé driblou a dificuldade das bebidas de nome difícil e, um dia, o Comodoro o chamou e comunicou que seria o novo 30 barman. Como o aumento de salário foi quase nenhum e os seus chefes diretos não pretendiam perder seus postos, não havia saída, se não podia subir, Zé resolveu descer: foi ser garçom. E o primeiro passo para ser garçom era ser cumin (aprendiz de garçom). E foi nesse período de treinamento que, certo dia, um maitre pediu que pegasse o molho madeira na cozinha e Zé Raimundo chegou na cozinha pedindo ao chef o molho de pau! Em outra ocasião fez o favor de derrubar uma bandeja cheia de pratos sujos no piso do tradicional restaurante do Yacht e, por um bom tempo, o Comodoro fez marcação ao derrubador de bandejas, nunca se esquecia de perguntar ao maitre: “E aquele rapaz, ainda está derrubando muita bandeja?” Percalços à parte, Zé Raimundo seguiu sua trajetória de ajudante de bar, barman, cumin, garçom e maitre. Esse último cargo foi o primeiro que recusou, achava que ainda não estava preparado e havia muitos profissionais mais

Foto: André Avelino

velhos e experientes. Só que alguns meses depois, surgiu outra vaga de maitre e dessa vez aceitou o cargo – já tinha a manha. E assim se passaram oito anos, sem tirar férias, só juntando dinheiro para ajudar a família. Com a questão financeira sempre batendo na porta, resolveu sair do Yacht. Encontrou um amigo Edvaldo, o “Diva”, que lhe falou de uma vaga no Extudo, restaurante que estava bombando no Rio Vermelho. Não teve muito o que pensar, o salário era o triplo do emprego anterior. Era 1990, o início de um novo tempo. Tudo era muito diferente e depois de um período de adaptação, França, que era o maitre da casa saiu e Zé foi convidado para ocupar o lugar. O Extudo era o bar mais famoso da Bahia. Ótima cozinha, ótima frequencia. E foi aí que se passaram 13 anos. Ainda no Extudo, Zé Raimundo enfiou na cabeça que valia a pena abrir um boteco. Para essa empreitada, primeiro chamou os garçons Almir e João, depois o cozinheiro Antonio, mas nenhum deles aceitou. Convidou então o França, que já havia

aberto e fechado um bar na Barra Avenida, e se mostrou receoso mas acabou topando a parada. O incentivo do amigo, o historiador e antropólogo Antônio Risério, praticamente o padrinho da ideia, selou o negócio. A ideia era fazer um boteco estilo francês. Alguns colegas que estavam desempregados foram convidados para trabalhar. Foi assim que nasceu o Boteco do França.

Marco na memória etílica e gastronômica do Rio Vermelho, o Boteco do França foi eleito durante os últimos dez anos o Melhor Boteco da Bahia pela revista Veja. Num segmento repleto de sucessos fugazes, a receita de longevidade e sucesso do Boteco do França, Zé Raimundo atribui à dedicação da equipe, à capacidade de renovação e, é claro, à fidelidade dos seus clientes.

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Primeira ação de Autocuidado da 12ª CIPM e eleição da nova diretoria do Conselho de Segurança Foto: Carmela Talento

Posse da nova diretoria do Conselho de Segurança

C

om o objetivo de promover o cuidado da saúde e da mente foi realizada, no dia 22 de agosto, a primeira edição da Ação de Autocuidado da 12ª CIPM, que aconteceu no Salão Paroquial da Igreja de Sant’Ana, numa iniciativa da Polícia Militar, por meio do Serviço de Valorização Profissional – SEVAP. Voltada para os policiais militares da 12ª CIPM, se estendeu aos colégios públicos do bairro participantes do Programa Educacional de Resistência às Drogas – PROERD.

Foram realizadas palestras sobre Saúde do Homem e Saúde Mental, oferecidos serviços de avaliação biométrica, de diabetes, hipertensão arterial, DST/AIDS, fonoaudiologia, psicologia, serviço social e jurídico. A ação contou com a participação do Centro Maria Felipa, Instituto Embelezze e Clínica Magrass. No mesmo evento, foi eleita por aclamação em Assembleia Geral, a nova diretoria do Conselho Comunitário Social e de Segurança do Rio

Um Conselho Comunitário de Segurança não é um conselho formado por pessoas que cuidarão da segurança pública como se fossem policiais. Também não se trata de um conselho no qual as pessoas irão se reunir para identificar traficantes e outros criminosos e dedurá-los para a polícia. O principal objetivo dos Conseg é a prevenção, e para prevenir é preciso identificar problemas e controlar fatores de risco de múltiplas origens. Para isso é necessário integrar e organizar as populações das comunidades, desenvolver ações de fortalecimento comunitário e iniciativas de cultura e formação para a prevenção, de maneira a que, através da união e interação

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entre seus membros e comunidade, se atinja os objetivos. O Conselho Comunitário Social e de Segurança do Rio Vermelho e Ondina (Conssrvo) vem atuando há 15 anos, a princípio só no bairro do Rio Vermelho e, posteriormente, também em Ondina. Trata-se de uma entidade de caráter privado e sem fins lucrativos, que visa agir como um eficiente instrumento de ação nas relações entre as polícias, comunidades, entidades públicas, privadas e demais segmentos da sociedade civil organizada. Os membros do conselho obedecem a princípios democráticos do voluntariado, cientes de que não haverá qualquer remuneração financeira. Relação de cursos administrados pelo Conselho que facilitaram a abertura de portas ao mercado de trabalho: Capoeira Arte e Cultura, Fanfarra (Fancrive), confecção de berimbaus, garçom e garçonete, recepcionista, iniciação em cuidados materno-infantis (curso de babás), animador de festas, aprendendo através da arte, relações humanas, trabalho à luz da análise transacional, alfabetização para idosos,

Foto: Divulgação

Vermelho e Ondina, que reelegeu ao cargo a presidente Eloysa Cabral Novaes. Confira a composição do Conselho: Presidente: Eloysa Cabral Novaes Vice-presidente: Lauro Alves da Matta Secretária Geral: Maria Angela Alcântara Segundo Secretário Geral: Luiz Fernando Sena Diretor Financeiro e de Patrimônio: Antonio Gonzaga Diretora de Comunicação: Sonia Maria Ligier Diretor Social e Cultural: Silvio Batalha Diretor Jurídico: Daniel Sena Coord. Setorial de Segurança da PM: Major André Ricardo da Silva Coord. Setorial de Segurança Pública Civil: Dra. Jussara Mara de Souza Conselho Fiscal: Maria Cecília de Almeida, Acely Mattedi Dias, Cleodo Márcio de Jesus Suplentes do Conselho Fiscal: Vera Lúcia Costa Coelho, Laudelice Santos Souza, Almir Duarte Weber Júnior

O que é o Conselho Comunitário Social e de Segurança do Rio Vermelho e Ondina Os Conselhos Comunitários de Segurança (Conseg) são instituições jurídicas de direito privado sem fins lucrativos com o objetivo principal de organizar as comunidades e fazê-las interagir com as polícias estaduais (Polícia Civil, Militar e Científica) e se vinculam por adesão às diretrizes emanadas da Secretária da Segurança Pública por intermédio do coordenador estadual e pelo Conselho Permanente para Assuntos dos Conselhos Comunitários de Segurança.

AÇÕES SOCIAIS DESENVOLVIDAS PELA POLÍCIA MILITAR NO RIO VERMELHO E ONDINA

Yemanjá agradece (limpeza e preservação das praias e noções de salvamento), iniciação à informática, espanhol, reciclagem de materiais descartáveis. O Conselho recebeu visitas de integração, do Conselho de Sergipe e da comissão de delegados da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1999. Foram realizadas palestras para os policias militares – aspirantes a soldados e Academia da Policia Militar, palestra de primeiros socorros, palestra sobre sexo, drogas e união familiar voltada para jovens, palestra com um membro do INSS sobre Direitos dos Cidadões ligados ao INSS para o público da Baixa da Égua e Vila Matos, participação no Fórum Nacional de Polícia Comunitária realizado em Cuiabá de 13 a 18 de agosto de 2004 (único conselho participante do Estado da Bahia). A luta do Conselho de Segurança, de, aproximadamente, cinco anos, para que fossem instaladas câmeras no Rio Vermelho e Ondina, está chegando ao fim, pois já estão sendo feitos os preparativos para a implantação desse sistema.

Aula do PROERD na 12ª CIPM

Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência Proerd Foram iniciadas no mês de abril passado, as aulas do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) da 12ª CIPM, cujo objetivo é educar crianças e adolescentes através de um modelo sólido de tomada de decisão, para que elas não ingressem no mundo das drogas, com a aplicação de currículos para os 5º e 7º anos do ensino fundamental, agora também contemplando a educação infantil e as famílias dessas crianças. A 12ª CIPM atua, diariamente, nas escolas municipais do bairro, com seis turmas do 5º ano do ensino fundamental, totalizando 134 crianças, através das instrutoras soldado PM Mônica Prado e soldado PM Ana Patrícia.

Projeto Pão e Leite A 12ª CIPM/Rio Vermelho-Ondina, juntamente com o Conselho de Segurança, participa de mais uma importante ação social para as comunidades menos favorecidas do bairro, em parceria com a Fundação José Silveira, através do Projeto Pão e Leite, desenvolvido por essa instituição beneficente. A ação consiste na distribuição semanal de leite de soja e pão para famílias carentes, com o foco nas crianças de 2 a 14 anos, a fim de prevenir a desnutrição infantil. A distribuição é feita na sede da 12ª CIPM às famílias cadastra-

das no programa, com o acompanhamento semanal feito por assistentes sociais e nutricionistas da Fundação José Silveira, as quais farão a pesagem e a medição das crianças atendidas pelo programa para aferir os resultados alcançados. As famílias atendidas são residentes nas comunidades do Alto de Ondina, Alto da Sereia, Vila Matos, Rua Manoel Rangel, Alto da Alegria e adjacências.

Implantação de videomonitoramento Encontra-se em estágio avançado de implantação o Sistema de Videomonitoramento Urbano de Segurança Pública do Estado da Bahia, tendo os bairros do Rio Vermelho e Ondina sido contemplados, nessa primeira fase, com a instalação de 15 câmeras, distribuídas nos principais logradouros, tais como: Largo da Mariquita, Largo de Santana, Rua do Canal, Lucaia, Morro das Vivendas, Praça Brigadeiro Faria Rocha, Rua Marquês de Monte Santo, Rua da Paciência e Rua Maragogipe, entre outras. Capitaneado pela Secretaria de Segurança Pública, o sistema tem previsão de iniciar seu funcionamento no segundo semestre de 2013. Na 12ª CIPM já estão instalados todos os equipamentos necessários para a operação das câmeras, que propiciarão uma vigilância permanente nas principais vias dos bairros do Rio Vermelho e Ondina, sendo monitoradas diuturnamente por policiais militares especialmente treinados para o serviço.


Semop inicia a retirada de mesas e cadeiras em áreas públicas

E

xiste a Lei Municipal nº 12.105 de 8 de setembro de 1998, que dispõe sobre o ordenamento e liberação para autorização de colocação de mesas e cadeiras em logradouros públicos, determina limites levando em conta a área pública disponível e estabelece o respeito ao pedestre com o espaço mínimo de 1,5m de calçada para circulação.

Para o cumprimento dessa lei, a Secretaria Municipal de Ordem Pública – Semop tem feito fiscalizações para verificar irregularidades nos bares e restaurantes de Salvador, principalmente com relação a mesas e cadeiras ocupando ruas e calçadas. O Rio Vermelho foi um dos primeiros bairros a passar pela inspeção

da Semop, que apreendeu mesas, cadeiras e mercadorias de ambulantes colocadas nas calçadas. A ação teve a participação de 18 agentes da Semop, seis da Sucom e dez guardas municipais. Segundo a secretária Rosemma Maluf, da Semop “houve uma ação de apreensão, mas essa ação é rotineira, essa medida tem caráter disciplinador. A punição é apenas quando já acabou todo tipo de diálogo. Alguns comerciantes ocupavam o espaço público como queriam, sem qualquer tipo de diálogo.” A secretária reforça que o tipo de tolerância deve ser estudado em conjunto com os proprietários e garante que está disposta ao diálogo, “que nos finais de semana, quando o movimento é maior, é possível haver mais flexibilidade, mas dentro da lei,

m Edição Especial, a Revista Veja Salvador – Comes e Bebes 2013/2014, publicou seu ranking dos melhores bares, restaurantes e comidas de Salvador, produzindo um roteiro com o que há de melhor na cidade. Uma equipe de profissionais convidados de diversos setores e áreas, garantiu a avaliação transOS VENCEDORES (Melhores de Salvador em 2013) • Boteco do França – Melhor Boteco (Rua Borges dos Reis, 24A) • São Jorge Botequim – Melhor Feijoada (Rua Borges dos Reis, 16) • Fogo de Chão – Melhor Carne (Praça Colombo, 4) • Casa de Tereza – Melhor Cozinha Baiana (Rua Odilon Santos, 45) • Commons Studio Bar – Melhor Música ao Vivo (Rua Odilon Santos, 224) • Padaria Bar – Melhor para Paquerar (Rua João Gomes, 43) • Acarajé da Cira – Melhor Acarajé/Cocada (Largo da Mariquita)

parente e criteriosa dessa seleção. O Rio Vermelho, mais uma vez, é o bairro mais premiado do ano, o que lhe confere o título de maior centro de gastronomia de qualidade de Salvador. Delicioso motivo de orgulho para o bairro boêmio da cidade. A seguir, os points do bairro que estão de parabéns: VOTADOS PELO JÚRI NA SELEÇÃO FINAL Item Comidinhas • Acarajé da Dinha – Acarajé • Acarajé da Regina – Acarajé/Abará • Pãozinho do Céu – Salgados/Pães Item Bares • Café e Cognac – Boteco • Santa Maria Pinta e Nina – Happy hour • Espaço Cultural Casa de Mãe – Música ao Vivo • Visca Sabor e Arte – Música ao Vivo • Bar do Nando – Para ir a dois

A Semop também tem verificado o uso de toldos fixos e chumbados nas calçadas e o uso de correntes nos passeios, limitando as mesas e cadeiras dos bares. Esses equipamentos estão

sendo retirados, seguido de notificações. As baianas de acarajé também serão fiscalizadas, isso porque as estruturas fixas não devem ser mais permitidas. As medidas dividiram opiniões, mas a intervenção da SEMOP no local fazia-se necessária e cada área deve ter seu próprio estudo e disciplina. Nos finais de semana deverá haver uma maior flexibilidade.

Prato Quente O prato quente dessa edição é uma criação do Chef Rodrigo Castro e compõe o Menu Executivo do Red River Café.

Costela suína com molho de laranja

O Rio Vermelho é o melhor no ranking E

levando em conta o espaço e a disciplina”. O Largo de Santana, o Largo da Mariquita e a Rua da Paciência são os locais com maior número de reclamações por parte de pedestres, principalmente idosos e cadeirantes.

Ingredientes

Modo de preparo

Costela suína •• 2 kg de costela suína •• 2 l de suco de laranja •• 2 cebolas brancas •• 1 cenoura •• 6 dentes de alho •• Sal a gosto

Costela suína - Limpe a costela e tempere com um pouco de sal, corte os legumes em pedaços aleatórios. Coloque a costela em uma assadeira, juntamente com os legumes cortados e o suco de laranja. Deixe descansar por 24h. - Na mesma assadeira da marinada, retire um pouco do líquido e cubra a assadeira com papel filme e alumínio. Aqueça o forno a 150ºC e leve ao forno, a costela, por 2h. Reserve.

Molho de laranja •• 2l de suco de laranja •• 200 ml de mel Quibebe de abóbora •• 1 abóbora verde (cabotian) •• Sal a gosto

• Mme. Champanharia – Para ir à dois • Moema – Para paquerar • San Sebastian Salvador – Para paquerar Item Restaurantes • Dona Mariquita – Cozinha Baiana • La Taperia – Cozinha Espanhola • Le Pompom Rouge – Cozinha Francesa • Taboada Bistrot – Cozinha Francesa • Pasta em Casa – Cozinha Italiana • Sushi Deli – Cozinha Japonesa • Ciranda Café Cultura e Arte – Variados

Quibebe de abóbora - Coloque a abóbora para assar a 200º por 40 min no forno. Retire-a do forno. Após esfriar abra e retire a polpa. Em uma panela coloque a polpa e um pouco de manteiga de garrafa, tempere e reserve.

Fotos: divulgação

Foto: Rita Barreto/Bahiatursa

Onde?

Montagem do prato - Leve a costela ao fogo com um pouco de mel jogado por cima, a 200ºC por 10min, ou até dourar. - Em uma panela, esquente o quibebe de abóbora, em outra frite couve em tiras. Esquente o molho de laranja também. Sirva com arroz branco. Coloque o quibebe no canto do prato e a costela entre o quibebe e o arroz, regue com o molho e coloque o couve por cima da costela. Sirva.

Red River Café - Largo da Mariquita – Rio Vermelho. Tel.: (71) 3023-4655 / 9610-6700 (reservas)

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Fotos: Divulgação

Foto: André Avelino

Por um Mercado do Peixe melhor

Ygas retrata o casal Jorge Amado e Zélia Gattai

Valeu a exposição de Ygas Eloy O Palacete das Artes Rodin Bahia (Rua da Graça, 289) abriu as portas para a bonita exposição do artista plástico baiano Ygas Eloy (07/05 a 30/06), cujo tema foi “ Rio Vermelho dos Artistas e das Artes”. Entre as obras apresentadas, estavam Jorge Amado e Zélia, Dorival Caymmi, Caetano Veloso, Dinha do Acarajé, a Índia Paraguassu e o painel “A Boemia”. A mostra teve como proposta valorizar a história e o patrimônio cultural do Rio Vermelho em pinturas em acrílico, esculturas, instalações, fotografias e textos

elaborados pelo artista que retrata o cotidiano do bairro.

Nascido e criado no Rio Vermelho, Ygas circula há anos entre as diversas manifestações das artes visuais da Bahia. A sua estética se traduz na dinâmica criativa que o movimenta no universo da arte. Seu trabalho traz leituras do cubismo-figurativo, no abstrato e sua técnica mais usual é o acrílico sobre tela. Além de pintor, é restaurador e cenógrafo, acumulando uma vasta expe riência em atividades ar tísticas.

Maloca

Participou da XVIII Bienal de São Paulo (1992), ECO 92 no Rio de Janeiro, coordenou a montagem da “Exposição Auguste Rodin – Homem Gênio” em Salvador, e diversas montagens de outros artistas na Sala Contemporânea do Palacete das Artes. Ygas já trabalhou na decoração de vários carnavais de Salvador. Foi um dos idealizadores da temática “País do Carnaval” uma homenagem à Jorge Amado, ao lado de Tati Moreno e Juarez Paraíso. Valeu a pena conferir a exposição, e Ygas Eloy está de parabéns pelo seu trabalho!

Nova Ceasa do Rio Vermelho Causando grande transtorno aos usuários e a quem trabalha no local, mas por uma causa justa, a Ceasa do Rio Vermelho, um dos centros de abastecimento mais importantes de Salvador, localizado na Avenida Juracy Magalhães Jr., deverá ficar pronta ainda este ano, com previsão para entrega no mês de novembro. Informações da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia – CONDER, afirmam que as obras continuam em ritmo intenso, com 60% já concluídas. As intervenções previstas no projeto garantem condições significativas de melhoria tan-

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to para os clientes quanto para os comerciantes. Para não prejudicar o abastecimento do Rio Vermelho e adjacências os

Foto: André Avelino

comerciantes foram realocados para o galpão da antiga Cesta do Povo, ao lado da obra que está sendo realizada.

Reinaugurado no dia 10 de setembro de 2010, na gestão municipal passada, através de uma Parceria Público Privada (PPP) entre a Prefeitura Municipal do Salvador e a Cervejaria Schincariol, sob a responsabilidade da Fundação Mário Leal Ferreira, o Mercado do Peixe, em tão pouco tempo, já apresenta uma série de problemas tanto de ordem estrutural como na sua área externa e entorno. A edificação perpendicular ao mar vem logo de cara com um poente que leva a luz do sol e calor até às 18 horas. Esqueceram de colocar ralos no piso para o escoamento da água. Os boxes que passaram em números de 33 para 36, com área de 9 metros quadrados cada, um espaço insuficiente e sem exaustão. Os sanitários, apesar de uma pequena melhora, ficam muito a desejar. A área dos jardins, frente e fundo, só tem dois acessos, e os garçons precisam passar por cima da grama para fazer o atendimento. A iluminação para um lugar público é muito precária. Além disso, o alto preço dos aluguéis é sempre reclamado pelos permissionários e o resultado é que quatro boxes já fecharam. A parte externa e entorno, cuja urbanização é feia e mal feita, sofre um abandono total, continuando mais degradada do que a feiura de antes. Barracas para vendas de peixe em condições inadequadas, barracas servindo de moradia, embarcações velhas e abandonadas, muita sujeira e acúmulo de lixo, grande número de moradores de rua, viciados em drogas, e uma quantidade enorme de cachorros perturbando o ambiente. Felizmente, a obra inacabada, onde deveria funcionar um Centro de Artesanato mas só servia de apoio aos usuários e traficantes de drogas, foi demolida. Estacionamen-

tos de caminhões e veículos de carreto, alguns de grandes empresas de transporte, utilizam o espaço público e causam grandes transtornos no local. A iluminação também é precária com várias lâmpadas queimadas. O Mercado do Peixe não pode ser esquecido pelo poder público. Para discutir e propor a melhoria desse equipamento e sua urbanização, se reuniram no início de julho, o presidente da Associação dos Permissionários do Mercado do Rio Vermelho, Mércio Silva; a vereadora Aladilce Souza (PC do B); e o presidente da AMARV, Lauro Matta, com seus diretores, permissionários do mercado e entidades representativas do bairro, onde foram abordadas soluções de melhorias para a estrutura física do imóvel e o potencial turístico do local. O resultado da proposta foi encaminhado ao secretário municipal Guilherme Bellintani, que aprovou a ideia de trazer soluções o mais breve possível. Numa área supervalorizada, o Mercado do Peixe, cujo funcionamento é 24 horas, sempre foi uma ótima opção de lazer e bate-papo entre amigos. Durante a madrugada vira point de todas as tribos. Com uma gastronomia variada de excelente qualidade da cozinha regional, o mercado oferece um cardápio de moqueca, rabada, maniçoba, mocotó, sarapatel, entre outros, e bebidas e drinks variados. A nova direção da Associação dos Permissionários do Mercado vem se preocupando com os fatos citados, enquanto permanece atenta para a qualidade do cardápio, o bom atendimento, a segurança do local e o bem-estar dos frequentadores. Tornar esse ambiente mais agradável é uma luta de todo o bairro. Sua revitalização e um cenário melhor é o que desejam os moradores e frequentadores do bairro.


Galícia Esporte Clube volta à elite

O Mestre das Esculturas

Pasquale De Chirico C

onsiderado o bairro dos artistas, o Rio Vermelho possui uma vasta lista de artistas de renome que residem ou já passaram por aqui, mas, sem dúvida, o primeiro que fixou residência aqui no bairro foi Pasquale De Chirico. Pasquale nasceu, em 24 de maio de 1873, em uma pequena cidade chamada Venosa, próximo à Nápoles, no sul da Itália. Descendente de uma família de artistas, desde pequeno o dom e o interesse pela arte era visível. Ainda bem jovem, foi estudar escultura em Nápoles e depois em Roma. Aos 20 anos, transferiu-se para São Paulo, onde abriu uma pequena fundição, talvez a primeira do Brasil, e por lá residiu durante dez anos. Casou-se e teve duas filhas, Emília e Cecília. Na capital paulista, conheceu o engenheiro baiano Teodoro Sampaio, e a convite Foto: Sarnelli

“O Remorso “ escultura na Escola de Belas Artes deste transferiu-se para Salvador, onde permaneceu até sua morte em 31 de março de 1943. Após se estabelecer em Salvador, lecionou na Escola de Belas Artes da Bahia, no início como contratado até sua efetivação em 1932. Também foi professor titular até 1942. Os primeiros trabalhos de Pasquale foram realizados na antiga Escola de Medicina da Bahia, no Terreiro de Jesus, que havia sofrido grande incêndio na época. Pasquale também montou um ateliê na Baixa dos Sapateiros, na Rua do Tijolo, onde produziu inúmeras obras, tornando-se um dos maiores escultores que a Bahia já teve, desde a metade do século XX até os nossos dias. Além de escultor, foi pintor, desenhista, retratista, executando trabalhos em diversas técnicas, principalmente o bronze, crayon e nanquim. Depois de morar em vários locais de Salvador, Pas-

N Fac-símile do passaporte do artista

quale escolheu o Rio Vermelho para fixar residência. Comprou um terreno e construiu uma casa no sopé do Morro da Paciência onde hoje é o restaurante Sukiyaky, tornando-se o primeiro artista do bairro. Foto: Sarnelli

Monumento a Castro Álves Pasquale viveu 40 anos em Salvador e, durante esse tempo, produziu grandes monumentos que embelezaram a cidade, e contam um pouco da história do Brasil. Eis algumas obras de destaque de Pasquale De Chirico: - Estátua do Barão do Rio Branco (1919) - na Praça de São Pedro - Estátua de Jesus Salvador (1920) – no Morro do Cristo, na Barra - Busto do General Labatut (1923) – na Lapinha - Estátua de Castro Alves (1924) – na Praça Castro Alves - Monumento a Almeida Couto (1924) - Monumento em homenagem ao Barão de Macaúbas (1924) - Busto do Dr. Júlio David (1926) - Monumento ao Conde dos Arcos (1932) - Monumento em homenagem ao Visconde de Cayru (1934) - Busto de Ruy Barbosa (1935) – na cidade de Alagoinhas - Busto do Irmão Joaquim do

Livramento (1936) – na Igreja dos Órfãos de São Joaquim - Busto do Pe. Manoel da Nóbrega (1936) – na Igreja D’Ajuda - Estátua de Goés Calmon (1938) - Quatro trabalhos no Palácio Rio Branco (sem data); - “O Remorso”, obra famosa com duas cópias originais. Uma fica em frente à Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a outra no Museu de Arte da Bahia - Outros trabalhos do acervo público em Salvador, como a estátua de D. Pedro II no Largo de Nazaré; estátua de Thomé de Sousa, na Praça Municipal; busto de D. Pero Fernandes Sardinha, na Praça da Sé; e a coluna do Relógio de São Pedro. Existe uma dificuldade para realização de um levantamento mais preciso pela falta de registro, uma preocupação que não existia na época. No Rio Vermelho, a única obra de Pasquale foi o Medalhão de Euricles de Matos (1937), incrustado num bloco de granito localizado no Capim das Freiras, na rua que tinha seu nome e, hoje, é a Rua da Paciência, foi roubada por vândalos em 1965, e não se teve mais notícias do seu paradeiro.

o Estádio de Pituaçu, dia 13 de julho, o Galícia conquistou o título de Campeão da Segunda Divisão do Campeonato Baiano de 2013, vencendo na final o time da Catuense por 2x0 com gols de Diego Higino e Alemão, e, tendo se sagrado campeão, conquistou uma vaga na Primeira Divisão do Campeonato de Futebol de 2014. No jogo de ida, em Alagoinhas, a turma de Salvador havia batido o adversário por 2x1. Rebaixado em 1999, e após tentar, sem sucesso, retornar à Primeira Divisão nas duas temporadas seguintes, o clube licenciou-se de competições profissionais em 2002. Em 2006 voltou a participar da Segunda Divisão, após quatro temporadas licenciado. No retorno, de 2006 a 2012, conseguiu apenas o vice-campeonato de 2007 perdendo a final para o time do Feirense. Em 2013, o clube finalmente conseguiu o tão sonhado retorno à elite do futebol baiano, depois de 14 anos, ao sagrar-se campeão. O Galícia foi fundado em 01 de janeiro de 1933 por imigrantes espanhóis provenientes da Galícia. O seu primeiro presidente e fundador foi Eduardo Castro de La Iglésia, alfaiate vindo dessa região. O clube foi o primeiro tricampeão do Campeonato Baiano de Futebol e, praticamente dominou o panorama futebolístico da Bahia durante seus dez primeiros anos de fundação, tendo sido campeão nos anos de 1937, 1941, 1942 e 1943, e vice-campeão em 1935, 1936, 1938, 1939 e 1940. Após esse período, voltou a ser campeão baiano em 1968, obtendo ainda os vice-campeonatos de 1967, 1980, 1982 e 1995. No desempenho regional um vice-campeonato do Torneio Norte-Nordeste de 1969. O Galícia, também conhecido como Azulino, Granadeiro e Demolidor de Campeões, revelou vários jogadores de projeção, tais como Dante (Bayern de Munique), Toninho (lateral da seleção brasileira) e

os atacantes Washington, Oséas e Servílio. Outros jogadores que foram ídolos do clube: Nelson Leal, Nelinho, Evilásio, Esquerdinha, Marinho Perez, Lenilson e Lula Mamão. No Rio Vermelho, onde a colônia espanhola é forte, tínhamos vários granadeiros residentes. Membros de famílias tradicionais como Espinheira, Boulhosa, Carrera, Taboada Vidal e Sobrinho Gonzales, eram torcedores. Nomes como Gradin e Joselito (Armazém da Paciência), Armindo (Mercearia da Paciência), Elias (Padaria do Largo de Santana), Regino (Padaria do Largo de Santana), Manuel Macias “Manu” (Bar de Manu na Mariquita), Sandoval Guimarães (médico), Hebert Castro Fernandez (Clube Espanhol), um árabe Elias Sobrinho (radialista/Cocorocó), sempre foram azulinos. Torcedores famosos como Tom Zé (compositor e cantor), Rodrigo Bueno (jornalista da Folha de São Paulo), Manuel Guerra e Guerra (ex-jogador), Oséas (ex-jogador), Washington (ex-jogador), Lula Mamão (ex-jogador), Renato Santarém (conselheiro), Roberto Serret (ex-presidente), Jaime Albani (diretor), Fernando Barreto (músico), Fernando Sá (engenheiro) estão de parabéns pela conquista. Entrevistamos Lula Mamão, frequentador do Rio Vermelho sobre o feito do Galícia: “Foi de grande importância a subida do Galícia para a Primeira Divisão. Além de ser um time de tradição, com forte história no futebol baiano, o Galícia volta para renovar as esperanças de uma terceira força no estado e, com isso, a melhora do futebol baiano que perdeu muito nos últimos anos”. Fotos: Divulgação

Homenagem a Euricles de Matos, única obra de Paquale no Rio Vermelho, peça furtada na década de 1960 O Jornal do Rio Vermelho agradece ao seu neto Sarnelli, morador do bairro, que nos recebeu em sua residência e nos proporcionou um final de tarde agradabilíssimo, dando uma aula com vasto material sobre seu avô.

Equipe campeã da Segunda Divisão do Campeonato Baiano JRV – 15


Galeria do Artista Foto: Divulgação

homenagem a Clara Nunes. De onde partiu a ideia e o que você destaca nesse trabalho? CV – “Pura Claridade” surgiu da ideia de um grande amigo meu, mineiro, coordenador de rádio em BH, Ricardo Pinheiro. Foi ele quem levou o Axé para Minas. É um mineiro muito importante para a nossa música. Ele me escolheu porque queria uma interpretação nova, não necessariamente ligada ao samba. Tivemos a participação de Paula Fernandes, Tiaguinho, Péricles, Daniela Mercury, Xande do Grupo Revelação, e foi gravado basicamente em São Paulo. É um disco para colecionadores. “Pura Claridade” é a discografia de Clara Nunes, tem uma música de cada disco da cantora, exceto a primeira música “Mineira”, homenagem de João Nogueira gravada em 1975 e a última faixa “Um ser de luz” que é uma homenagem póstuma gravada por Alcione em 1983. Agora estamos em fase de elaboração do show que terá o lançamento nacional no dia 27/09 no Teatro Castro Alves. JRV – Além da voz, de onde vem tanta energia. Existe um preparo, uma meditação, antes dos shows? CV – Sou natureba há muito tempo. Desde muito nova sempre busquei ter qualidade de vida através de uma boa alimentação e uma rotina de exercícios. Pratico yoga há 15 anos. Não consumo drogas lícitas e ilícitas, e tento me preservar quando vou cantar. Essa é a minha receita, o meu ritual. Além de uma fé em Deus muito grande. Eu acredito na energia do amor que nutre e transforma. JRV – Um pouco do seu ritual de beleza, tem alguma rotina que você mantém?

M

orena do Rio Vermelho que canta e encanta, Carla Virgínia Soares Fernandes, soteropolitana, nasceu em 31 de agosto de 1970, passou a infância no bairro até os 11 anos na Ladeira de São João, a adolescência na Cardeal da Silva, retornando ao bairro em 2006, onde teve sua filha Sarah, e reside até hoje. Estudou química na Escola Técnica Federal da Bahia, e formou-se em jornalismo na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBa). A música e o canto estavam dentro de sua casa. Sua bisavó, avó e mãe eram cantoras, e a convivência desde pequena pesou na decisão da sua carreira. Carla começou a cantar nos bares de Salvador a partir de uma “canja” em 1987 e não parou mais. Na vitrine do carnaval de Salvador foi backing vocal do Trio de Armandinho, Dodô e Osmar, revelando seu canto para a cidade. Assumiu o vocal das bandas Companhia Clic (1990-1995) e, depois, Cheiro de Amor (1996-2000), no qual fez muitas apresentações e gravações, ganhando projeção nacional e internacional e emplacando diversos sucessos, ultrapassando a vendagem de mais de três milhões de discos. Em 2000, partiu para a carreira solo a convite da gravadora Universal Music. Em 2001, lança o álbum “Carla Visita Gilberto Gil”, uma homenagem ao mestre que, por sinal, em depoimento considera sua voz uma das mais belas da Bahia. Em 2004, lança o disco “Por Todo Canto”, que lhe rendeu dois meses de turnê pela Ásia e Europa. Em 2006, seu maior projeto foi cantigas de ninar para sua filha

16 – JRV

CV – Uma maquiagem boa é bom, mas a beleza vem mesmo é de dentro. É o que você sente. Bons sentimentos e bons pensamentos são como imã, atraem coisa boa e gente do bem. Sarah. Em 2008, gravou o disco “Carla Visi e Eu” e participa do projeto EME XXI de 2007 a 2009, ao lado de Márcia Short e Cátia Guima. Em 2009, se apresenta no 1º Brazilian Day London; Lavage de La Madeleine em Paris; na 24ª Art Expo do October Gallery na Filadélfia, Estados Unidos; e no Festival Latino-americano de Milão, na Itália. Em 2011/2012, lança o projeto musical Encanto Mestiço com apresentações no Brasil, Portugal, Inglaterra e Irlanda. Participa do Brazilian Day Portugal. Em 2013, vem com o disco Pura Claridade, um tributo à Clara Nunes com grandes sucessos que a cantora imortalizou. E participa da Lavagem de Nova York e o Brazilian Day NY (31/08 a 01/09), onde cantou o Hino Nacional. Ela tem uma “química” especial com seu público, utilizando uma “comunicação” através da poesia e canto, “jornalismo” e questões ambientais. A seguir, alguns trechos do bom bate-papo com Carla Visi no Botequim São Jorge.

JRV – O início de tudo. Como se deu o gosto pela música e, consequentemente, o canto? CARLA VISI – Eu sou a quarta geração de cantoras na minha família. Minha bisa foi cantora de igreja. Minha avó foi cantora do rádio. Minha mãe, Inaiá, foi caloura de Chacrinha e chegou a ganhar a seleção para representar a Bahia, mas meu avô não deixou ela disputar. Minha mãe sonhava que a filha fosse musicista. Eu cantava o tempo inteiro. Cantava e inventava (risos). Mas achei que a música seria uma atividade instável por isso decidi fazer jornalismo. O destino me provou na prática que estava errada pois tudo que tenho devo à música.

JRV – Quais artistas serviram de referência em sua carreira?

JRV – Outra arte: a gastronomia. Sabe pilotar um fogão?

CV – Primeiro a minha mãe. Aprendi muito com ela. Desde que comecei a cantar na adolescência, ela dizia “minha filha, feche os olhos, sinta a música e solte a voz”. Eu ouvia muito Elis Regina, Clara Nunes, Zizi Possi, Maria Bethania, Gal Costa, Simone. Entre os homens, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano, Gonzaguinha. Meu avô e minha vó também eram carnavalescos. Fundaram na laderia de São João o bloco “Os Contábeis”. Foi a primeira vez que subi no trio. Minha mãe e minha tia quando adolescentes eram destaques conhecidas no Tororó como as “Irmãs Samba”. Minha mãe também foi a primeira cantora do Bloco Apaxes e minha tia, Ray do Pandeiro, grande percussionista, fez 50 anos dedicados ao samba. Até prestei uma homenagem a ela no Botequim São Jorge, aqui no Rio Vermelho.

CV – Não. Não piloto fogão. Uma boa alternativa é ter uma secretária maravilhosa, e eu tenho Nice. Ou namorar um chef de cozinha (risos).

JRV – Quais projetos e músicas marcaram a sua carreira. CV – Comecei a cantar nos bares em 1987. Meu primeiro grupo foi a Cia. Clic, onde substitui Daniela Mercury. Essa experiência ampliou meus horizontes, passei a ter convivência com músicos de influências diversas. Depois da Cia. Clic fui para a Cheiro de Amor. No Cheiro conheci o sucesso com grande exposição na mídia, carnavais por todo Brasil e shows para grande públicos. Isso marcou a minha vida e me projetou nacionalmente. Nessa época a música baiana estava no auge. Em 2001 veio a carreira solo. O meu primeiro disco foi “Carla Visita Gilberto Gil – Só Chamei porque te amo”, uma homenagem ao “professor”, com produção de Mazola e a participação de grandes músicos do Brasil e principalmente da Bahia.. JRV – Esse ano você vem com o álbum “Pura Claridade”, uma

JRV – Qual é o refúgio de Carla Visi? CV – Meu refúgio está bem dentro de mim. Pratico yoga todos os dias, também gosto muito de ler. Fora isso, gosto do contato com a natureza e temos lugares lindos como a Chapada Diamantina e algumas praias na Estrada do Coco/Linha Verde. JRV – O que você curte no Rio Vermelho? CV – Eu gosto de tudo no Rio Vermelho, mas gosto principalmente das pessoas. Gosto de fazer as coisas andando. Faço ginástica na Villa Forma, vou ao Barbeiro do Meu Pai, depois passo na padaria, estudei alguns semestres na Caballeros, e no final de semana levo minha filha para ver o teatro de Gil Santana. Tudo andando. E aqui temos ótimas opções de restaurantes: cozinha mediterrânea, baiana, japonesa, brasileira, pizzaria... E o mar. O mar do Rio Vermelho é lindo! Já fiz vários shows pelo bairro: no Botequim São Jorge, San Sebastian, no teatro do SESI, no Portela Café e também fui Rainha dos Palhaços do Rio Vermelho! JRV – Como você vê hoje o Rio Vermelho e o que pode melhorar? CV – O Rio Vermelho está sofrendo como toda Salvador, a falta de atenção da gestão pública. Até acredito que não está pior devido ao empenho daqueles que moram aqui e daqueles que usufruem do nosso bairro. Mas de todos os problemas, os piores são o trânsito e a sujeira.

Discografia 1992 – Companhia Clic III (Overseas Records) com a Companhia Clic 1993 – Companhia Clic (Polygram) com a Companhia Clic 1996 – É Demais Meu Rei (Universal Music) com Cheiro de Amor 1997 – Cheiro de Amor ao vivo (Globo/Polydor) com Cheiro de Amor 1998 – Me Chama (Polygram) com Cheiro de Amor 1999 – Cheiro de festa (Universal Music) com Cheiro de Amor 2001 – Carla Visita Gilberto Gil (MZA Music) 2004 – Carla Visi por todo canto (Independente) 2008 – Carla Visi e Eu (Independente) 2013 – Pura Claridade (Sony/ BMG Brasil)

Conferências encerram o Centenário de Jorge Amado A primeira conferência do Curso Jorge Amado 2013 – 3º Colóquio Internacional de Literatura Brasileira, ocorrido de 12 a 16 de agosto, encerrou o calendário oficial das atividades relativas ao centenário de nascimento do escritor. A realização do evento foi da Academia de Letras da Bahia e Fundação Casa de Jorge Amado com o apoio do Sebrae. Com o tema “Cacau – A Volta ao Mundo em 80 Anos”, o Colóquio reuniu pesquisadores, escritores e especialistas na obra do escritor baiano. No Pelourinho, a Fundação Casa de Jorge Amado promoveu uma edição extra do Projeto Merendas de Dona Flor, as comidas que fizeram parte do universo dos seus personagens. O Jornal do Rio Vermelho, na sua 2ª edição, divulgou a programação completa do Centenário de Jorge Amado no Brasil e no exterior. Diversas conferências, palestras, simpósios e homenagens foram prestados, com destaque para a exposição “Jorge Amado é Universal” no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e no Museu de Arte Moderna em Salvador. No Rio Vermelho houve a inauguração da Estátua de Jorge Amado e Zélia Gattai, uma iniciativa da AMARV. No exterior, homenagens nas universidades de Salamanca, na Espanha, e de Rennes, na França, além de diversos eventos na Inglaterra, Portugal, Itália e Macau, entre outros.


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