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INOVAÇÃO AUTOMÓVEL PORTUGUESA

Nova era dos descobrimentos

Há cada vez mais planos para trazer para Portugal novas tecnologias de mobilidade automóvel e da neutralidade carbónica. Mas como é que o país contribui para essa revolução sem ser apenas um recetor e comprador? É aqui que entram em cena projetos do Instituto Superior Técnico e da Salvador Caetano...

Éraro pensar em Portugal como um centro de inovação de tecnologias automóvel. Muitas vezes limitamo-nos a adotar apenas aquilo que já foi implementado noutros países, e até nos esquecemos de prestar atenção ao que é feito pelas nossas empresas e pelas nossas instituições. Mas existem vários projetos que não só têm mão portuguesa, como até não seria possível trazê-los para a realidade sem a ingenuidade que existe no nosso país. O potencial uso de novas tecnologias pela indústria automóvel não passa só pelas baterias em estado sólido criadas pela equipa liderada por Maria Helena Braga, mas também por instituições de ensino como o Instituto Superior Técnico ou pela subsidiária CaetanoBus do Grupo Salvador Caetano.

Deste último tratamos em separado, e nas próximas linhas vamos falar do projeto Fórmula Student, algo em que a equipa da engenheiros da universidade lisboeta já tem experiência há vários anos. O Fórmula Student parece ser algo a meio caminho entre um kart e um peque-

no carro de competição, mas não se destina a participar em corridas tradicionais mas sim demonstrar como criar novas soluções tecnológicas dentro de um conjunto de limitações e pensando em funções concretas, incluindo provas de aceleração, eficiência e resistência. A equipa do Técnico, apoiada pela divisão Celfocus da Novabase, tem no FST11 o seu oitavo projeto do género, equipado com motores elétricos e, pela segunda vez, com capacidades de condução autónoma. A grande evolução do FST11 em relação ao seu antecessor é que conseguiu encontrar o ponto de equilíbrio ideal entre condução autónoma e não-autónoma. Este ano, a equipa do Técnico e da Celfocus vai revelar o potencial da sua criação em três eventos, demonstrando como manter performance máxima enquanto alterna entre os dois modos de condução. Além disso, está equipado com quatro motores elétricos, alimentados por uma bateria de lítio-cobalto de 7,6 kWh, que lhe permite atingir os 130 km/h.

Além da Celfocus, várias empresas portuguesas, como a Tecdigital, Fernando Ferro, TJ Moldes e Edaetech, contribuem com peças para o Fórmula Student, O Técnico não é a única universidade a preparar projetos de Fórmula Student, pois também tem a companhia e a concorrência do ISEL e da Universidade de Aveiro (Engenius). l

CaetanoBus traz hidrogénio para a cidade

Parte do Grupo Salvador Caetano, a CaetanoBus é um dos principais construtores de autocarros da Europa, e está na frente de batalha para divulgar o hidrogénio como uma alternativa real aos motores de combustão e aos motores elétricos, na busca pela mobilidade com emissões zero.

A empresa de Ovar assinou um compromisso com a Toyota e com a AirLiquide para facilitar o acesso do hidrogénio como fonte de energia para a locomoção automóvel, com destaque para a criação de infraestrutura urbana que possa ser usada não só por veículos pesados de transportes coletivos e de mercadorias, mas também por ligeiros de passageiros. Como produtora de autocarros e como parte integrante da Salvador Caetano, a CaetanoBus também pode criar serviços integrados e soluções de comércio e de comunicação para quem quiser usar automóveis a hidrogénio.

Atualmente, a CaetanoBus produz o H2.City Gold, movido a pilha de combustível fornecida pela Toyota, e que também ostenta o logótipo da marca japonesa. Nestas condições, é capaz de percorrer até 400 km com um único depósito. A pilha de combustível gera 60 kW de energia, fornecida a um motor elétrico de 180 kW, e está montada no tejadilho, para maior segurança em caso de embate, e para não roubar espaço aos passageiros. Estes autocarros já circulam em cidades como Barcelona ou Biefeld na Alemanha, mas nas ruas das cidades portuguesas estão ainda em fase experimental.