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AIWAYSU5

UMA NOVA EXPERIÊNCIA

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Finalmente está um automóvel chinês à venda em Portugal. Mas a espera foi tanta que não é isso o mais importante. Em vez disso, o que interessa é como é que este Aiways se diferencia dos outros veículos elétricos. E se nalguns aspetos não se distingue muito do que já podíamos comprar, noutras áreas oferece algumas soluções práticas interessantes e fora do vulgar.

Há anos que os automóveis chineses ameaçam entrar em força na Europa, mas até aqui poucas são as marcas que se têm estabelecido, e nenhuma tinha ainda chegado a Portugal. Os automobilistas portuguesas sempre foram um pouco tradicionalistas quando chega a hora de acolher novas marcas, que demoraram sempre alguns anos a conquistar o público. E os construtores chineses rapidamente ganharam uma má reputação pelas suas imitações de design combinadas com tecnologia desatualizada. Mas a Aiways é uma marca que promete contrariar esse lugar-comum, pelo que o importador Astara resolveu apostar no seu lançamento frente ao resistente público português.

Fazendo parte de uma nova geração de marcas que produzem exclusivamente carros elétricos, a Aiways chega a Portugal com o U5, um SUV de dimensões médias e aspeto funcional, sem grandes inovações de design, mas cujo tamanho e formato parecem ser os mais adaptados às necessidades dos automobilistas portuguesas. Este é o primeiro de uma ofensiva inicial da Astara para a marca chinesa, que inclui mais dois modelos a lançar muito breve. Mas a Aiways quer afirmar-se rapidamente em Portugal como embaixadora dos veículos elétricos, e oferece o U5 ao público em geral, na versão única Prime, por um preço de 46.728 euros, com financiamento especial, enquanto as empresas podem adquirir um exemplar por 33.990 euros, com o abatimento do IVA.

Depois deste “convite”, o que é que estamos mesmo a experimentar no Aiways U5?...

Ao deixarmos de pensar no “fator China”, entramos no habitáculo e notamos que é bastante espaçoso quando levamos em conta o seu tamanho visto de fora. O destaque vai, em particular, para os lugares traseiros, com amplo espaço para as pernas. Os bancos dianteiros são um pouco estreitos e uma revisão dos contornos do encosto seria bem-vinda. No entanto, o condutor poderá ter sempre uma viagem descontraída noutros aspetos, já que os comandos no volante permitem acesso rápido e intuitivo aos vários ecrãs do painel de instrumentos. O Aiways U5 não dispõe de sistema de navegação próprio, podendo apenas ser conectado a um iPhone e necessitando de um aplicativo adicional para conectar a um sistema Android.

No que diz respeito ao aproveitamento de espaço, a primeira coisa que notamos é que o Aiways não tem porta-luvas; em vez disso, tem um grande espaço para arrumação de objetos debaixo da consola central, onde também dispõe de um encosto de braço de largura considerável e dois porta-copos. Se pressionar o painel com os comandos do ar condicionado, pode encontrar um espaço para o telemóvel e uma ligação USB, algo que não é aparente a não ser que o potencial comprador seja instruído.

Os lugares traseiros também têm uma entrada USB, e vários outros espaços para arrumação de pequenos objetos. E a bagageira faz um aproveitamento melhor do espaço do que a maioria dos veículos elétricos semelhantes no mercado, pois os cabos de carregamento estão guardados num compartimento próprio, debaixo do capot dianteiro.

TRABALHAR PARA POUPAR

A única motorização disponível no Aiways U5 usa um motor elétrico de 150 kW, equivalente a 204 cv, em linha com a maior parte da concorrência direta. Mas como o SUV chinês tem um peso anunciado mais baixo do que alguns dos concorrentes, consegue ser mais rápido ou mais eficiente nalgumas circunstâncias. Para isso contribuem os três modos de utilização, Eco, Normal e Sport, cujas diferenças são muito menos subtis do que noutros carros elétricos semelhantes. Nem é preciso olhar para o painel de instrumentos para o condutor sentir logo que está, por exemplo, em modo Sport, e que é necessário mudar o Eco para poupar alguma energia.

O modo Eco é o ideal para ser usado na maior parte do tempo, especialmente fora de estrada, pois circulando mais quilómetros fora da cidade há uma tendência maior para os consumos se aproximarem e até ultrapassarem os 17 kWh/100 km. Passando metade do tempo na cidade, é possível manter os consumos nos 16 kWh baixos, tirando até melhor partido do tráfego intenso para recuperar energia com as travagens constantes. Assim, com uma bateria de 63 kWh, é possível percorrer os 400 quilómetros anunciados para autonomia, embora seja preferível apostar numa condução mais comedida, especialmente se tiver que sair da cidade. A bateria é compatível com carregado-

FICHA TÉCNICA

Motor Bateria Potência Binário

elétrico tipo síncrono iões de lítio, 63 kWh 150 kW / 204 cv 310 Nm

Tração

dianteira, caixa de relação única Suspensão McPherson à frente, multibraços atrás Comprimento 4680 mm Largura 1865 mm Altura 1700 mm Bagageira 432-1555 litros Peso 1770 kg Consumo 16,6 kWh/100 km (testado) Autonomia 400 km (anunciada) Acel. 0-100 km/h 7,5 segundos Velocidade máx. 160 km/h Tempo de 0h35 – 90 kW DC (20-80%) carregamento 10h – 6,6 kW AC PREÇO desde 46.728€

Oferta especial

U5 Prime 204 cv

renda 949€ (com IVA)

48 meses / 60.000 km full service - sem entrada inicial

SERVIÇOS INCLUÍDOS NO PREÇO:

n manutenção e reparações n assistência em viagem n seguro n veículo de substituição n imposto único de circulação n pneus n gestão de sinistros n inspeções periódicas obrigatórias n linha de apoio 24h n acompanhamento personalizado

res de alta densidade, até 90 kW (onde só necessita de 35 minutos para atingir 80% de carga), mas numa tomada caseira, a 6,6 kW, necessita de 10 horas para atingir carga total, pelo que é preferível não esperar mais que dois ou três dias para ligar o carro à tomada.

Para garantir que o U5 é um veículo confortável em viagem, de acordo com os padrões europeus, a Aiways dotou o SUV chinês com uma suspensão traseira multibraços, que de facto é bastante eficaz a absorver a regularidade das estradas, mas que podia ser um pouco mais eficiente a manter a estabilidade em curva. O Aiways U5 tem algumas desvantagens na configuração do seu chassis e no posicionamento do motor em relação a alguns concorrentes. Aqui, o motor elétrico encontra-se conectado ao eixo dianteiro em vez do traseiro, o que acaba por causar uma nítida sensação de subviragem, visível em curvas apertadas ou em rotundas. Ao mesmo tempo, e embora só esteja disponível com tração dianteira e não tenha qualquer pretensão de ser um veículo todo-o-terreno, o Aiways tem uma altura ao solo elevada, e bastava reduzir esta distância em um ou dois centímetros que seria o suficiente para ter um comportamento mais interessante.

Apostando primariamente no conforto e no espaço, o Aiways U5 poderá obrigar o condutor a adaptar-se a alguns pormenores a que não está habituado, mas no geral não deverá ter medo do conceito de “carro chinês”, e as facilidades de aquisição deverão convencer o tradicionalmente desconfiado automobilista português a dar-lhe, pelo menos, a hipótese de causar uma boa primeira impressão. l

Paulo Manuel Costa (texto)

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