Eurobike magazine #10

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razão

# 10 12 2009

emoção prazer

devaneio



CAROL DA RIVA



Feliz 2010! CAROL DA RIVA


expediente Eurobike magazine é uma publicação do Grupo Eurobike de concessionárias Audi, BMW, Land Rover, MINI, Porsche, Toyota e Volvo. Av. Wladimir Meirelles Ferreira, 1600, CEP 14021-630 - Ribeirão Preto - SP Tel.: (16) 3965-7000 www.eurobike.com.br www.eurobikemagazine.com.br contato@eurobikemagazine.com.br Ombudsman Patricia Braga www.eurobike.com.br/ouvidoria (11) 3627-3020

Editorial: Heloisa C. M. Vasconcellos, Eduardo R. da C. Rocha Direção de arte: Eduardo R. da C. Rocha Coordenação e produção gráfica: Heloisa C. M. Vasconcellos Administração: Patricia Miller Comercial: Solange Salva Preparação e revisão: Rosemary Lima, Paulo César Oliveira Produção: blue media

Foto da capa: Ike Levy

colaboradores

Carol Da Riva, Daniel Piza, Edu Petta, Ike Levy, Kriz Knack, Lalo de Almeida, Percy Faro e Raffa Lemgruber

Tiragem desta edição: 10.000 exemplares Impressão: Pancrom Distribuição: Eurobike Proibida a reprodução, total ou parcial, de textos e fotografias sem autorização da Eurobike. As matérias assinadas não expressam, necessariamente, a opinião da revista. 4 . Eurobike magazine

www.bluemediagroup.com.br


carta do editor

Caro leitor, É uma satisfação observar que, a cada edição da Eurobike magazine, temos mais uma novidade do Grupo para compartilhar com você. Desta vez temos duas. A Eurobike agora também é MINI. Já estão disponíveis na concessionária Eurobike MINI de Porto Alegre as novas sensações do momento, os MINI Cooper, em várias versões, todas muito charmosas. Venha conhecer! Também estamos de logomarca nova. Mais moderna, mais arejada, traduzindo melhor nosso estado de espírito. A cor laranja – energética e vigorosa – continua firme. Neste número apresentamos o trabalho do arquiteto Marcelo Ferraz, reconhecido internacionalmente por suas criações absolutamente integradoras de funcionalidade, beleza e, principalmente, respeito ao espaço em que estão inseridas. Para o prazer dos olhos e da alma, a fotógrafa Raffa Lemgruber traz suas imagens da costa australiana, que abriga a Grande Barreira de Corais. Uma combinação de suavidade e beleza que precisa ser preservada a qualquer custo. Emoção extra: o recém-chegado Porsche Panamera pelas lentes de Ike Levy. Melhor nem dizer nada. Apenas admire... A viagem-devaneio desta edição, a bordo da Toyota Hilux SW4, é pela belíssima região de Capitólio, onde Minas Gerais mostra sua vocação náutica – quem diria! Desejamos a todos um excelente 2010, e continue com a gente! Um grande abraço, Henry Visconde Diretor Presidente magazine@eurobike.com.br

Eurobike magazine . 5


# 10 12 2009

24. emoção 26. Panamera 4S

10. razão por Ike Levy 12. Em busca da gentile- 36. Um passo à frente, za perdida

20. III Torneio Aberto

Damha Golf Club

6 . Eurobike magazine

sempre

38. Estado da arte em quatro portas


42. prazer 44. Whitsundays Islands

56. devaneio 58. Mar de mineiros

82. Acess贸rios indispens谩veis

Eurobike magazine . 7


O melhor de RibeirĂŁo estĂĄ reservado para poucos.


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LALO DE ALMEIDA

10 . Eurobike magazine


razĂŁo

Dialogar com o espaço – fazer parte do todo em harmonia

Eurobike magazine . 11


raz達o

12 . Eurobike magazine


Em busca da gentileza perdida “Arquitetura não pode ser moda, pois as obras ficam para as futuras gerações.” Marcelo Ferraz

POR DANIEL PIZA | FOTOS LALO DE ALMEIDA

Eurobike magazine . 13


raz達o

14 . Eurobike magazine


“Começamos pelo espaço e o que ele pode

para projetos que se destacam por copiar

do entendimento da cultura local, da riqueza

trazer para a vida das pessoas”, diz Marcelo

os estrangeiros e valorizar o show, com as

e mistura de sua história; no caso do museu

Ferraz, enquanto mostra as imagens do

costas voltadas para o tecido urbano. “A

de Ilópolis, das origens italianas, levadas e

Museu Rodin de Salvador, inaugurado no

cidade é voraz. É pujante, mas realmente não

transformadas pelos colonos do sul do Brasil.

final de outubro. Ele e Francisco Fanucci são

pensa na história e no contexto. Falta a escala

“Arquitetura se relaciona com tudo – com o

os sócios do escritório Brasil Arquitetura,

humana, aquilo que os americanos chamam

momento, com a cidade, com a tradição,

discretamente acomodado na Vila Madalena,

de gentle building, de uma arquitetura que

com a técnica”, diz Ferraz. “E os museus

em São Paulo, ao pé do conhecido Beco

não seja tão agressiva e excessiva.”

hoje não são mais depósitos de obras; são

do Batman, uma ruela cercada de grafites

museus que procuram contar histórias,

como se fosse um corredor de cores. Seu

Um

trabalho se caracteriza justamente por esse

recentemente, é a Fundação Iberê Camargo,

diálogo humanista com o espaço, seja ele

em Porto Alegre, projeto do português Álvaro

urbano, seja rural, e pelo entendimento do

Siza. O museu com obras do grande pintor

Foi com essa noção que o escritório fundado

papel social da arquitetura, sem a menor

brasileiro se situa junto a uma encosta de

há exatos 30 anos (então ainda com Marcelo

perda no cuidado formal. “Cada projeto tem

frente para o rio Guaíba. Ferraz destaca

Suzuki, José Sales Costa Filho e Tâmara

de contagiar o tecido ao redor”, acrescenta

essa adequação à geografia e ao modo

Roman) fez não apenas o Museu do Pão,

o arquiteto de 54 anos.

como Siza faz o visitante descobrir o

mas uma série de outros trabalhos já prontos

bom

exemplo,

que

ele

visitou

que procuram conexões entre presente e passado.”

espaço, levando-o a entrar e sair do prédio

ou em andamento. No Museu Rodin, por

Ferraz e Fanucci se conheceram na Faculdade

por meio de rampas externas fechadas

exemplo, o que estava em questão era

de Arquitetura e Urbanismo da Universidade

com janelas para o rio, além do bem-estar

a ocupação de um casarão antigo, de

de São Paulo, nos anos 1970, e Ferraz teve

proporcionado pelo revestimento de gesso

estilo eclético, e sua expansão para novos

o privilégio de logo estagiar com Lina Bo

recebido pelo concreto. Forma, escala,

espaços e funções, em especial a de expor

Bardi, a arquiteta de origem italiana que criou

material e experiência se unem para dar

65 esculturas do gênio francês. A proposta

o Museu de Arte de São Paulo. Com Lina,

humanidade ao trabalho. E foi de Siza que,

inicial era acrescentar apenas uma edícula,

trabalhando em outra obra importante para a

em certa ocasião, Ferraz ouviu um elogio tão

mas Ferraz e Fanucci sugeriram um segundo

cidade, o Sesc Pompeia, Ferraz aprendeu as

simples quanto fundamental: ao ver o Museu

prédio, ligado ao antigo por volumes de vidro

lições que hoje resume. “O Sesc Pompeia é o

do Pão, obra realizada pelo Brasil Arquitetura

e pisos de madeira. Varandas e paredes

espaço mais democrático de São Paulo. Ele

em Ilópolis, no Rio Grande do Sul, o mestre

foram quebradas, mas a estrutura original

é acessível e atraente. Todos os visitantes,

português exclamou: “É uma celebração da

permaneceu,

não importa de onde venham, se sentem um

madeira”. Não por acaso, é da dupla paulista

decorativas nos tetos. A exemplo do que

pouco ‘donos’ daquele espaço.” Ele lembra

o mobiliário da Fundação Iberê Camargo.

fez Paulo Mendes da Rocha na Pinacoteca

que “acessibilidade” não é apenas fazer

assim

como

as

pinturas

do Estado, em São Paulo, as intervenções

rampas para pessoas com deficiências; é

Também não é por acaso que, no mesmo

do Brasil Arquitetura em prédios históricos

criar canais com os mais diversos tipos

endereço do escritório, existe uma marcenaria,

combinam respeito e inovação. “O arquiteto

e classes.

cujos móveis e peças são exibidos numa

precisa saber desaparecer também”, lembra

loja a poucos metros na mesma calçada da

Ferraz. Mas ele se queixa da intransigência de

Ferraz

rua Harmonia. O gosto pela madeira se vê

alguns tombamentos, que se esquecem das

também a destoar um pouco do discurso

no Museu do Pão nos capitéis de ipê, com

necessidades contemporâneas. “Acho que

dominante na faculdade daquele período,

quatro vigas inclinadas, nas cercas em treliça

Lina não conseguiria fazer o Sesc Pompeia

em que a exaltação do rigor por si só levou

ao estilo italiano, nas tábuas de araucária

hoje”, diz, pensando no modo como ela

ao “discurso exagerado da estrutura”, de

que são imitadas pela textura do concreto.

renovou a antiga fábrica.

conceitos como o de “fazer o ponto de apoio

O trabalho de Ferraz e Fanucci sempre parte

O

convívio

com

Lina

ensinou

cantar” – resultando na maioria das vezes em obras que repelem conforto e esbanjam concreto. Ferraz acha, ainda assim, que São Paulo hoje perdeu a “cultura arquitetônica

“Cada projeto tem de contagiar o tecido ao redor”

lato sensu”, ou melhor, “o pouco que já teve”, e, com poucas exceções, deu força demais

Eurobike magazine . 15


razão Muitos trabalhos nessa linha estão em execução pela equipe instalada no primeiro andar do escritório, entre computadores e maquetes. Ferraz mostra projetos em andamento, como o Museu do Pampa, previsto para 2011, num prédio de 1855 em Jaguarão, na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, onde funcionou uma enfermaria durante a Guerra do Paraguai (1865-1870).

O

projeto

mantém

até

mesmo as ruínas de pedra, prolongando o prédio principal com uma linguagem que é moderna e ao mesmo tempo se harmoniza com a antiga; há até um túnel por dentro da pedra que conduz ao auditório. Estratégia semelhante se dará em outro museu previsto para o mesmo ano, o Museu Xique-Xique, em Igatu, na Chapada Diamantina (BA). Aqui a saga a ser narrada é a do garimpo, num espaço que lembra uma casamata ajardinada em meio à planície agreste. Já em Piracicaba, no interior de São Paulo, Ferraz – que um dia já foi chamado de “neocaipira”, por fazer trabalhos fotográficos e

arquitetônicos

no

Vale

do

Paraíba,

ganhando cumprimento até do crítico e sociólogo Antonio Candido – conta que pretendem transformar um antigo engenho em teatro, reformando também a praça (para a qual o palco se abriria) e a casa da cachaça, mas ainda dependem da licitação.

com bom humor, chamou sua casa em São

lenha, as paredes caiadas, o piso de pedra

Nem todos os projetos em curso, porém,

Paulo, a qual considera um de seus melhores

Goiás, a cerca de bambu... tudo sob a

são recuperações de velhos endereços. Em

trabalhos. A ideia para o terreno linear de

intenção declarada de evocar a infância nas

São Paulo, por exemplo, já foram iniciadas

42 metros de comprimento foi criar uma

fazendas de Minas. Ferraz resume: “É uma

as obras da Fundação Shalom, um prédio

sucessão de “ambientes que podem ser

planta muito racional, com soluções de roça,

de linhas modernistas que, mais uma vez,

descobertos passo a passo”, de espaços

mas urbana”.

lembram a influência de Mies Van Der Rohe,

que geram sensações, comportamentos e

com volumes cúbicos e vazados que se

confortos, não algo fechado ou de leitura

Mas é num trabalho de cunho histórico

completam em painéis de concreto azulado

imediata. Ângulos, luzes e materiais vão

em São Paulo que um dos projetos mais

na fachada.

se revelando à medida que o visitante

importantes do escritório começa a ocorrer:

experimenta a casa: a escada de aço

a criação da Praça das Artes. Junto ao vale

Por falar em interior e Van Der Rohe, foi de

dobrado como origami, a lareira “alentejana”

do Anhangabaú, ao lado da avenida São

“Bauhaus caipira” que um amigo de Ferraz,

com base preta, a varanda com fogão a

João, atrás do célebre Conservatório um dia

16 . Eurobike magazine


dirigido pelo escritor Mário de Andrade, Ferraz e Fanucci planejam um amplo boulevard que terá numa das extremidades uma torre

A casa em estilo “Bauhaus caipira” de Marcelo Ferraz: ambientes que podem ser descobertos passo a passo

para a sinfônica, os corais e o corpo de baile, com salas de ensaio, e as escolas de música e dança municipais, além de museu e restaurante, tudo em concreto pigmentado. A praça terá árvores e quiosques, num total de cerca de 30 mil metros quadrados. Prevista para o final de 2011, a obra tem a vocação de um marco na recuperação do centro histórico da cidade, até por não ser a mera criação de um equipamento cultural – e

Eurobike magazine . 17


razão

sim um espaço entrelaçado no tecido social.

muito sol e umidade em diversas regiões,

fechados, como uma estufa de vidro. Não

“Arquitetura não pode ser moda, pois as

uma coisa nunca se separou da outra.”

se abrem ao espírito público.” Em tudo que

obras ficam para as futuras gerações.”

Ferraz cita nomes como Lúcio Costa e Lelé

fazem e farão – o que deve incluir ainda

(João Filgueiras Lima, arquiteto de hospitais

um museu de antropologia brasileira e uma

Na visão de Ferraz, à atividade da arquitetura

da rede Sarah) como exemplos por sua

fundação para a obra de Luiz Gonzaga, rei

é inerente a preocupação tanto com o

preocupação com a circulação de ar – o que

do baião – Ferraz e Fanucci se pautam por

ambiental quanto com o cultural. “A boa

inspirou o Brasil Arquitetura em soluções

essa herança deixada por Lina. É seu maior

arquitetura sempre foi sustentável”, afirma,

como a do Museu do Pão, em que aberturas

patrimônio.

sem negar que novos procedimentos – como

quadriculadas permitem que o vento entre no

os necessários para obter o certificado LEED,

prédio por baixo e saia por cima, permitindo

uma espécie de “selo verde” para construções

a troca de ar.

que economizam energia, reutilizam água e adotam outras medidas que zelam por

Sobre

recursos naturais – têm grande importância.

arquitetura,

“Se você pensar no brise-soleil, que reduz

interessante com base no trabalho de sua

a incidência direta do sol, terá um exemplo.

mentora. “O belvedere que Lina fez no Masp,

A boa arquitetura sempre procurou evitar

para que as pessoas tivessem uma vista

excessos, sempre procurou trabalhar com

para a cidade abaixo, nunca foi seguido.

métodos duráveis e de fácil manutenção.

Não há na avenida Paulista inteira nenhum

No Brasil, então, o clima agressivo, com

outro prédio que seja suspenso. São todos

18 . Eurobike magazine

esse

compromisso ele

faz

outra

amplo

da

observação


40

oyster perpetual cosmograph daytona in 18 ct everose gold MM


razão

III Torneio Aberto Damha Golf Club – Taça São Carlos de Golfe No aniversário da cidade de São Carlos, SP, que faz 152 anos, a Eurobike marca presença no Damha Golf Club, que sedia o torneio e inaugura novo campo de golfe FOTOS KRIZ KNACK

20 . Eurobike magazine


Durante os últimos dias do mês de outubro,

Junqueira, do Ipê Golf Club, de Ribeirão Preto,

dando início às comemorações de aniversário

SP, com 150 (75/75). O terceiro colocado foi

da cidade, São Carlos esteve animada,

Everton Silva, com 151 (73/78). Empatados

recebendo golfistas e convidados de oito

em quarto lugar, dois representantes do

estados para o III Torneio Aberto Damha Golf

Damha, os irmãos Gustavo e Fabio Salinas,

Club – Taça São Carlos de Golfe, válido para

ambos com 155 (77/78).

o ranking paulista de golfe. Na categoria damas scratch, a também Na categoria scratch masculina, com 144

paulista Lucia Guilger ficou em primeiro, com

tacadas (73/71), o paulista Guilherme Oda,

155 tacadas (75/80), liderando a prova desde

de 23 anos, com 144 tacadas (73/71), foi o

o primeiro dia.

campeão. A segunda colocada foi Nice Terni, sócia O segundo lugar ficou com Giordano

do Damha, com 166 tacadas (81/85). Em Eurobike magazine . 21


razão terceiro lugar ficou a juvenil Bianca Vidal, também do Damha, com 170 tacadas (83/87), seguida por Sofia Mourani, que somou 171 tacadas (87/84). Os três dias de intensa programação mostraram uma organização impecável, com vários shows, almoços e até apresentação da escola de samba Gaviões da Fiel. Também foi inaugurado o Damha Executive Course, campo de 9 buracos par 3, que sediou um torneio paralelo para jogadores e convidados. O torneio já faz parte do calendário oficial de São Carlos. A Eurobike, parceira do evento, levou seus modelos BMW X6, Volvo C30, Audi A4, Porsche Panamera 4S, Porsche Carrera 4S e Land Rover Freelander II. Os golfistas e convidados puderam conhecer de perto, admirar, se encantar.

22 . Eurobike magazine


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Nosso compromisso: criar automóveis que não se pareçam com nenhum outro. Novo Porsche Panamera. Um Porsche de quatro portas e quatro lugares no segmento Premium: um Gran Turismo com tecnologia esportiva. A suspensão a ar ajustável (PASM) aumenta a dinâmica de condução e conforto, a função Auto Start/Stop otimiza o consumo de combustível e o rendimento do motor e, para completar, o sistema de injeção direta (DFI) que melhora o desempenho e diminui as emissões de CO2. O design: um exterior incontestavelmente Porsche, com excelente aerodinâmica, e um interior espaçoso, oferecendo o equilíbrio pleno entre o conforto e a esportividade.

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IKE LEVY

24 . Eurobike magazine


emoção

Surpreender-se mais uma vez!

Eurobike magazine . 25


emoção

26 . Eurobike magazine


Panamera 4 S: o primeiro Porsche GT de 4 portas e 4 lugares por Ike Levy

Eurobike magazine . 27


emoção

28 . Eurobike magazine


4 inovações reunidas: transmissão com dupla embreagem, sistema Start-Stop combinado com transmissão automática, suspensão a ar com pressão ajustável em cada mola, controle dinâmico do aerofólio traseiro

Eurobike magazine . 29


emoção

30 . Eurobike magazine


282 Km/h – quem se habilita?

Eurobike magazine . 31


emoção

32 . Eurobike magazine


Câmbio PDK de sete velocidades – mas pode ser usado no dia a dia!

Eurobike magazine . 33


emoção

Resista, se puder

34 . Eurobike magazine


Eurobike magazine . 35


emoção

Um passo à frente, sempre motor desliga automaticamente; quando é retirado o pé do freio, o carro liga novamente. Uma tecnologia a favor da economia de

POR PERCY FARO

com embreagem dupla (PDK Porsche-

combustível e da diminuição de emissão

Doppelkupplungsgetriebe) e a combinar

de poluentes, que acontece em questão de

A filosofia cultuada ao longo de mais de 60

sistema

transmissão

segundos e não é percebida pelo motorista.

anos de vida da Porsche – Estar, sempre,

automática. Também oferece suspensão

Outra tecnologia é o ajuste dos bancos

um passo à frente no mundo dos automóveis

a ar com pressão ajustável em cada mola.

traseiros, com regulagens de conforto como

esportivos

nos bancos dianteiros”.

Start-Stop

com

e

Outro pioneirismo está nas características

inquestionável a cada lançamento da marca

aerodinâmicas ativas, proporcionadas pelo

alemã. Com a linha Panamera não foi

movimento

do

O Panamera chega ao Brasil em três versões

diferente. Os novos modelos, disponibilizados

aerofólio traseiro, de ângulo ajustável. São

– S, 4S e Turbo –, motorização V8 de 4,8 litros

para comercialização no Brasil a partir da

avançadas tecnologias que conferem ao

e 400 cv de potência (versão Turbo com 500

virada do ano, entre dezembro e janeiro,

motor, suspensão e transmissão caráter

cv) e tração traseira. Pode ser equipado com

superaram as expectativas até dos fãs

ainda mais esportivo, como, por exemplo,

o câmbio PDK de sete marchas (opcional) ou

mais apaixonados pelos carros imaginados,

o Launch Control combinado com o PDK

com caixa de câmbio manual de 6 marchas.

projetados e criados por Ferdinand e Ferry

para otimizar a aceleração sempre que

O PTM (Porsche Traction Management,

Porsche.

necessário.

controle de tração Porsche) é equipamento

O pioneirismo e a exclusividade caminham

Esportividade e tecnologia, diga-se de

100 km/h em apenas 5 segundos, atingindo

juntos no Panamera. É o primeiro GT

passagem, são fatores determinantes na

uma velocidade máxima de 282 km/h.

de 4 portas e 4 lugares fabricado em

avaliação daqueles – potenciais compradores

série pela marca, inserindo-a em um

ou não – que passam a conhecer o Panamera

O fato de mudar radicalmente o conceito

segmento mercadológico do qual nunca

mais de perto. Guilherme Passalacqua,

Porsche até então conhecido mundialmente,

havia participado, que oferece todo o

Gerente-Comercial da Eurobike Porsche

sobretudo em relação ao design característico

desempenho, segurança, esportividade e

de Ribeirão Preto, SP, explica a reação dos

de GT de 4 portas e 4 lugares, agradou

conforto de um Porsche. O automóvel chega

consumidores: “O carro tem nitidamente

em cheio. “O público tem se apaixonado

ainda acompanhado de outras inovações

o DNA Porsche. Além de todas as novas

pelo veículo. A unidade em demonstração

reunidas pela primeira vez em um modelo do

tecnologias embarcadas como, por exemplo,

no showroom da Eurobike Porsche atrai a

segmento de luxo de alta performance.

o sistema de Start-Stop, que funciona quando

atenção de muitas pessoas e de clientes

o veículo para no semáforo ou no trânsito

que desejam ver de perto essa obra de

congestionado: com o freio pressionado o

arte”, conta Guilherme. A seletividade do

é

presença

marcante

ascendente

automático

de série. A versão 4S acelera de 0 a

É o primeiro equipado com transmissão

DUZZEK ALVES

mais novo integrante da família Porsche, porém, vai além da própria produção do carro. O diferencial é fundamental também na entrega técnica do veículo. Para isso, todos os executivos de venda passam por diversos

treinamentos

específicos

para

manusear corretamente todas as funções disponibilizadas no automóvel.

36 . Eurobike magazine


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Eurobike magazine . 41


emoção

Estado da arte em quatro portas POR EDUARDO ROCHA | FOTOS DUZZEK ALVES

A Eurobike Porsche de Ribeirão Preto recebeu muitos convidados, no último dia 8 de outubro, para a apresentação da grande novidade da marca, o Porsche Panamera. No centro de todas as atenções e para encantamento total dos presentes, um reluzente 4S na cor Carbon Grey Metallic – um show. O Panamera mescla características de sedan de luxo com comportamento de superesportivo, preservando a inconfundível genética da marca. As quatro portas revelam um interior amplo, luxuoso e envolvente, para quatro pessoas 38 . Eurobike magazine


emp贸rio/salles chemistri

emp贸rio


emoção

Com este quatro portas a Porsche cria um clássico esportivo extremamente seguro, capaz de identificar as características de cada estrada e se adaptar a elas. E, muito importante nos dias de hoje, dotado de sistema que reduz as emissões e o consumo de combustível. Entre os convidados, um consenso: a Porsche entra neste novo segmento para, como de costume, balançar o mercado. Os pedidos já começaram a chegar à Eurobike; os apaixonados por Porsche já estão inquietos…

Acima, à direita: os advogados Jorge Marcussi e Alexandre Andrade e Juliana Martins Luiz, da Eurobike Porsche Ao lado, Guilherme Passalacqua, da Eurobike Porsche

40 . Eurobike magazine



RAFFA LEMGRUBER

42 . Eurobike magazine


prazer

Deixar que a natureza nos abrace

Eurobike magazine . 43


prazer

Whitsundays Islands Seis dias de viagem pela costa nordeste da AustrĂĄlia, um conjunto de 74 ilhas que abrigam parques nacionais, recifes de corais, hotĂŠis de luxo, praias consideradas as mais bonitas do mundo... POR RAFFA LEMGRUBER

44 . Eurobike magazine


Eurobike magazine . 45


prazer

DIA 1

restaurantes e inúmeras agências de turismo, que vendem os mais variados

Cheguei no fim da tarde, direto para o

passeios para as ilhas. E essa era

hotel. Decidi ficar em Airlie Beach, praia

minha missão: decidir o passeio do

situada no continente de onde saem

dia seguinte… Mas antes um delicioso

diariamente os passeios de barco.

jantar de frutos do mar, à beira-mar.

Isolar-se em um resort de luxo em uma

O hotel Coral Sea Resort é aconchegante

ilha particular não seria má ideia, mas

e longe do barulho daqueles que vieram

talvez não funcionasse para a finalidade

para curtir a badalação. Quero curtir os

de minha viagem: explorar os quatro

dias, lindos dias.

cantos e matar a sede de fotografar. Airlie Beach é bastante conhecida pelos mochileiros do mundo inteiro, e a vida noturna é intensa. Quantos europeus! Além dos pubs e boates, alguns bons

46. Eurobike magazine


Eurobike magazine . 47


prazer DIA 2 Fui atendida em meus pedidos e o céu amanheceu esplendorosamente azul! O garçom que servia o café da manhã disse que dei muita sorte: um ciclone acabara de se afastar da costa, e a previsão era boa para os próximos dias. Sorte?! Embarquei em um veleiro de 80 pés construído em 1979 e com muita história para contar. O capitão faz questão de detalhar as conquistas do veleiro em regatas mundiais: Nova York, Sardinia, Flórida etc. A equipe se esmera na interação com os passageiros, escolhendo alguns ajudantes para a tarefa de subir a vela – haja braço! E lá vamos nós em direção a Blue Pearl Bay, ou baía Pérola Azul. O vento não estava muito forte e, para contrariedade geral, tivemos de viajar com o motor ligado. Mas a previsão de vento para a volta era muito boa. Chegamos ao destino final do dia. A baía é linda e cercada por corais. De tirar o fôlego! Esses corais já fazem parte da Grande Barreira de Corais, mas por estarem perto da costa são chamados de inner reef, ou corais internos. Optei por não mergulhar com garrafa de oxigênio, e o snorkel não deixou a desejar. A água é muito clara, com visibilidade entre 15 e 20 metros, assim pude ver uma grande variedade de peixes e cores. Era como se estivesse mergulhando em um aquário salgado, onde os peixes não se importavam com minha presença. Ao nadar, atrapalhados, esbarravam em mim. Quando você está mergulhando, nem sente o tempo passar... A volta foi como previsto, com vento suficiente para dar emoção à viagem.

48 . Eurobike magazine


DIA 3

jellyfish, espécie de água-viva cujo veneno é

alguns cliques dos noivos.

fatal. Se alguém for queimado por uma delas, Fiquei curiosa para conhecer um desses

deve ir imediatamente, de helicóptero, se

lindos resorts em ilhas particulares, então

possível, para um hospital. A Austrália possui

decidi passar o dia no hotel Daydream Island

os animais mais venenosos do mundo.

– Ilha da Fantasia. A ilha é bem pequena, com 1 quilômetro de extensão e 400 metros

A solução é sempre mergulhar com macacões

em seu ponto mais largo.

de lycra. No começo você se acha um pouco ridículo, mas como todo mundo usa, acaba

Nada como um dia para não fazer nada,

se acostumando.

com direito a spa e piña colada na beira da piscina. Isso mesmo: piscina. Em plena ilha,

A ilha é linda e ideal para quem procura um

um mar lindo, e não tinha ninguém na praia.

refúgio para descansar e entrar em contato

O motivo é muito simples: de outubro a abril

com a natureza. No final do dia presenciei um

chegam à costa nordeste da Austrália as box

casamento na beira da praia e ainda roubei

Eurobike magazine . 49


prazer

vidro. Na plataforma é servido um almoço, e você ainda pode passar a noite por lá.

DIA 4 A parada é bem organizada e com uma Hoje é dia de, finalmente, conhecer a

infraestrutura que eu não esperava encontrar

Grande Barreira de Corais! Um ecossistema

em alto-mar. Por outro lado, por atrair muitos

de aproximadamente 2.300 quilômetros

turistas diariamente, achei que os corais ao

de extensão que só pode ser visto por

redor estavam um pouco degradados. Minha

completo do espaço. A Grande Barreira de

dica é escolher uma empresa menor, assim

Corais da Austrália é o maior recife de corais

como grupos menores e sempre sabendo

do mundo e é formado por uma infinidade

que quanto mais em direção a alto-mar você

de anéis, que, na verdade, são formações de

for, mais formações majestosas encontrará.

corais com estruturas diferentes, que podem estar a dezenas de quilômetros de distância

Fiz um inesquecível mergulho com garrafa.

umas das outras.

Uma variedade incrível de peixes coloridos e

corais,

algas

marinhas,

crustáceos,

A viagem é longa – duas horas navegando

tartarugas centenárias... Só não dei sorte

velozmente em mar aberto até avistar os

de encontrar um tubarão. Sorte? Aqui você

primeiros corais.

é considerado um sortudo se deparar com um tubarão, pois eles não gostam da água

A Grande Barreira fica inteiramente situada

quente do nordeste.

no estado de Queensland e adquire vários nomes, de acordo com a seção. Essa é a

Passei todas as horas do passeio na água e

seção Whitsundays, que fica em frente às

tive de ser puxada pela orelha para voltar. Já a

ilhas Whitsundays.

bordo do barco, pude ver que a maré estava baixando, e o topo dos corais expostos me

Uma das formas de explorar (talvez a mais

fizeram enxergar a imensidão daquele único

turística) a Grande Barreira é chegar de

atol.

barco até uma imensa plataforma fixada ao coral, que serve de base para o passeio. De

Voltei feliz e com mais um sonho realizado e

lá, pode-se optar por mergulho com garrafa

riscado do meu ”caderninho”.

(scuba diving), snorkel, passeio de helicóptero e um passeio de submarino com fundo de

50 . Eurobike magazine


Eurobike magazine . 51


prazer

DIA 5

bancos de areia, ouço um barulho, e é nessa hora que vejo que não estou sozinha. Quando

O último dia estava reservado para visitar

olho para o lado, percebo que o barulho vem

a Whiteheaven Beach, praia famosa por

de milhões de caranguejos marchando como

ser considerada uma das mais bonitas do

soldados desgovernados, soldier crabs. Eles

mundo. A areia é branquíssima, de pura

se movimentavam em massa, fugindo a todo

sílica, que é o principal componente da areia

custo das minhas pegadas. Não sei quem

e a principal matéria-prima para a confecção

ficou mais assustado – não que eu tenha

do vidro. Conforme indicação, poli minhas

medo de caranguejo, mas confesso que não

joias com a areia. E não é que funciona? Isso

me atrai a ideia de pisar neles.

devido às minúsculas partículas de quartzo. Subindo por uma trilha durante 15 minutos, São 7 quilômetros de parque nacional, e o

cheguei ao topo da colina. O mirante é digno

canto norte da praia é chamado Hill Inlet,

de alguns minutos de silêncio. Ninguém

uma enseada na qual, durante a troca das

falava nada, e os olhos corriam por toda a

marés, formam-se bancos de areia e uma

extensão da praia, subindo pela enseada,

belíssima fusão de cores.

pelos bancos de areia rio adentro e pela floresta. A água é cristalina, confirmando

A praia está completamente deserta, e saio

que o cenário deve realmente fazer parte de

do barco correndo, deixando as primeiras

uma lista especial de lugares que não podem

pegadas... Durante a caminhada entre os

deixar de ser visitados.

52 . Eurobike magazine


*

Você merece. A Toyota também.


prazer

DIA 6

gargalhar (de medo e de emoção) ao nadar

A área também é preservada pela presença

com enormes raias do tipo mantas!

de cubozoários, um grupo de cnidários

É dia de ir embora, mas confesso que ainda

conhecidos pela emissão de toxinas

estou com vontade de ver com meus próprios

Nesses dias vivenciei a mais pura integração

olhos aquelas imagens aéreas maravilhosas

com a natureza. Saio daqui de alma lavada.

da Barreira de Corais... Imagens que estão em todo os cartões-postais da região. Cheguei

perigosas para o ser humano. Coral Sea Resort:

Saiba mais:

www.coralsearesort.com.

não teria tempo de fazer o passeio. Mas

A Grande Barreira de Corais é composta

Passeio de veleiro:

postais não preenchem a curiosidade e o

por cerca de:

www.maxiaction.com.au.

prazer de registrar e contemplar tamanha

2.900 recifes,

Speed boat: www.oceanrafting.com.

beleza natural.

600 ilhas continentais e

Passeios a partir da plataforma na Barreira

300 atóis de coral.

de Corais:

até a comprar alguns postais, achando que

Organizei rapidamente um passeio em um

www.fantasea.com.au

hidroavião, com direito a aterrissagem em

Nesse ecossistema complexo vivem em

www.cruisewhitsundays.com

plena Barreira de Corais e um mergulho mais

torno de:

Passeio de hidroavião:

que exclusivo junto com três passageiros que

1.500 espécies de peixes,

www.airwhitsunday.com.au

voavam comigo. O piloto pousou no meio da

360 espécies de corais,

Informações sobre turismo e acomodações:

Barreira, num cenário inesquecível. De cima,

5.000 a 8.000 espécies de moluscos,

www.tourismwhitsundays.com.au

pude entender a formação dos corais e ver

400 a 500 espécies de algas marinhas,

www.whitsundays.com.au

o tão famoso heart reef (coral em forma de

1.330 espécies de crustáceos

coração) que os fotógrafos não se cansam

e mais de 800 espécies de equinodermes.

de clicar. De dentro d’água tive o prazer de

54 . Eurobike magazine



CAROL DA RIVA 56 . Eurobike magazine


devaneio

As pessoas partem, e quanto mais partem, mais elas buscam portos de onde partir – e menos vêm e menos são. Mas como partir sem fugir – e por que partir

Eurobike magazine . 57


devaneio

58 . Eurobike magazine


Mar de mineiros “O sertão vai virar mar. O mar vai virar sertão.” (Antonio Conselheiro)

POR EDUARDO PETTA | FOTOS CAROL DA RIVA

Mar de dentro. Águas lúdicas e transparen-

Denílton acelera o motor de sua lancha pela

tes. Gente na água, povo contente.

superfície esmeralda. A embarcação levanta o bico e quase descola da água. Bate um

Gérson submerge na imensidão azul. Ap-

rádio para o seu colega. “Estou no ‘grande

neia. Dez metros de profundidade, cinco

lago’.” O ecobatímetro registra 52 metros

de visibilidade. O dourado passa como um

de profundidade (chega a 105 m). Denílton

vulto, jogando a cauda laranja na máscara

abre a carta náutica. “Daqui da marina do

de Gérson. Ele aponta o arpão e dispara.

condomínio Escarpas do Lago, em Capitólio,

Acerta o alvo, mas não é um tiro de apaga.

até chegar aos cânions, levamos 50 minu-

Em vinte anos de mergulho nunca fisgara um

tos, à velocidade média de 30 milhas por

tão grande. O dourado, o rei dos rios, luta e

hora.” Voamos baixo. “Entre os pontos mais

se entoca. O fôlego do homem está no fim.

distantes são 6 horas, 320 quilômetros”, ele

“Não posso perder este peixe.” Três minu-

explica. E singramos os caminhos líquidos.

tos depois ele emerge à tona com o ‘troféu’.

Nas margens, vacas pastam em campos

“Um metro e meio, 19 quilos.” A foto, de um

verdinhos recém-molhados pela chuva. No

tempo em que não existia o photoshop, não

rastro da lancha, espumas flutuantes brilham

mente. “Quase morri.”

sob o sol.

Eurobike magazine . 59


devaneio

Do alto da Serra da Tormenta, a quase mil

mestre, o sertanista Orlando Villas Bôas, a

se agarravam aos terços, à espera do “dia

metros de altitude, o fotógrafo Renato Soares

conviver com os indígenas, aprendeu: “Nin-

do dilúvio” (como na Bíblia) chegar. Hoje, o

avista sua cidade natal, Carmo do Rio Claro,

guém é dono da história”.

outrora grande salto do rio Grande dá lugar

ilhada pelas águas do grande lago. Vê boa

à hidrelétrica de Furnas. Cidades e fazendas

parte do recorte do “Mar de Minas”, mesmo

1963. A mente mirabolante do presidente

jazem no fundo das águas. Outras possuem

título do belíssimo livro que acaba de lançar.

Juscelino Kubitschek cria mais uma. Manda

praia no quintal. Calção, corpo aberto no es-

Venta forte. E Renato nos conta de seu veleiro

represar as águas selvagens e azuis do rio

paço, sem dragão tatuado no braço, meni-

de 18 pés. “Passava dias a bordejar, velas

Grande e inaugura o Lago de Furnas. Ener-

nos mineiros têm 34 municípios, 21 bilhões

abertas no meio de Minas, a clicar imagens

gia elétrica para milhares de pessoas. Os

de metros cúbicos de água e 1.450 km2 de

dos marujos do sertão, a gente mineira, a hu-

funcionários da estatal dirigem-se às casas

lago para navegar. Não é um oceano contínuo

manidade do patrimônio.” Sem ligar para a

que irão ficar embaixo da água. Por vezes

e uniforme. Visto por olhos de satélite é feito

concorrência, ele nos ensina onde captar os

são recebidos com café. Por outras com

colcha de retalhos, bordada de ‘represas-

lugares e os personagens da região. Com-

tiros de pistola da gente cabocla. “Daqui

-fuxicos’, que trançam o mundo das águas e

partilha. Depois de 20 anos na cola de seu

eu não saio”, diziam velhas senhoras, que

um mar de histórias para contar.

60 . Eurobike magazine


2009. Fim de tarde, luz bonita. Tenho em

nas. Águas turquesas acolá, esmeraldas

minhas mãos o volante da nova Toyota Hi-

aqui. O horizonte, a cidade e, além, outra ci-

lux SW4. A cada curva da estrada o Lago de

dade, montanhas e campos divididos à beira

Furnas revela-se um pouquinho. O horizonte

do lago, infinitamente...

Do alto da Serra da Tormenta, ou do Morro do Chapéu, avista-se ao longe os recortes do litoral mineiro

estira linha a linha, traço a traço e amansa logo o olhar daqui além. Toda a linha fugi-

“Por que está tão devagar?”, pergunta Carol.

tiva ao mesmo tempo volta a todo o eixo que

“Não estou devagar. Estou a cem.” Mostro

se toma. Ao mesmo tempo, foge todo lugar

o charmoso velocímetro de aro cromado.

de que se foge, a nos seguir de mansinho.

É o silêncio do motor 3.0 D4D, 3.400 rpm,

Aerodinâmica, a picape estica a marcha si-

35 mkgf de torque. Mesmo quando arranco

lenciosa de seus 163 cavalos de potência,

em segurança para ultrapassar os grandes

como quem desdobra uma toalha sobre o

caminhões de cana. Incrível retomada: 0 a

negro asfalto. E conosco as cores vão-se

100 km/h em 12,9 segundos. Mas não há

rumo ao horizonte do grande Lago de Fur-

pressa. Navegando.

Eurobike magazine . 61


devaneio

Mar de fora. Campos férteis e montanhas cafeeiras. Mulheres fortes e homens bordadeiros. Furnas nem existia, e Tereza, mal saída das fraldas de pano, acompanhava a sua avó Honorata Gabriela de Carvalho, uma negra esperta, doceira de mão cheia, a fazer a festa das pessoas em Carmo do Rio Claro. De pés descalços, passava sempre na frente de um velho casarão amarelo de frente à pracinha do centro histórico, que destoava pela beleza, e afirmava para si mesma: “Um dia vou morar aqui”. E punha-se a fazer doce no tacho. De pêssego, goiaba, laranja, cidra, abacaxi. Aos 83 anos de idade, encontramos Tereza sentada em uma cadeira a descascar pêssegos, um a um. Quatro panelas de cobre repletas deles já estão prontas. Chega a vez das abóboras. Ela abre o canivete e começa a bordar flores na fruta. “Faço com carinho pros outros comerem.” Trabalha todos os dias, menos aos domingos. Vaidosa, arruma-se para as fotos. Penteia o cabelo, pinta os olhos, passa batom. Mostra a casa, o computador plugado na net, os santos preferidos no altar. Abre o armário das delícias, onde moram os doces afamados que alegram casamentos. “Quando fiz 80 anos, me dei um Toyota Corolla de presente. Igual ao do Brad Pitt.” É fácil ver Tereza: dar sua risada, Tereza rir. Só fica triste quando mostra a mesa de carteado. “Gosto tanto, mas meus parceiros, quase todos, já se foram.” Chega uma cliente. – Tereza, a Rosalina precisa de caixas de doce de mamão e de abóbora. – Quantas caixas? – Uai, ela disse que era pra 40 pessoas, um almoço. – Ocê tá boa, filha? – Tô sim.

62 . Eurobike magazine


– Pois pergunte a Rosalina quantas caixas, viu filha. Tereza nos oferece compota de pêssegos. Eles derretem na boca. Tereza despede-se da gente com beijinhos, balançando as chaves e fechando atrás de si as portas do casarão amarelo dos sonhos de sua infância. Mar de Minas não tem praias de areias brancas nem sombras de amendoeiras, mas tem cerrado retorcido, café com queijo, dois dedos de prosa e igrejas barrocas. Tem alambiques, milharal, cafezal, plantações de tabaco, gado leiteiro. Não tem coqueiros nem frutos do mar, mas tem rapadura e a simpatia dos marujos mineiros. Marujo mineiro não dá rasteira no vento, não pisa no escuro, não anda no molhado. Só acredita em fumaça quando vê o fogo. Não troca um pássaro na mão por dois voando.

Foi um gol de anjo, um verdadeiro gol de placa. E a magnética agradecida assim cantava: “Tereza Maravilha, nós gostamos de você”

Eurobike magazine . 63


devaneio

Dona Toninha nasceu em Carmo do Rio Claro em 1945. Casou-se com Joaquim e teve cinco filhos. Era oficial de justiça do município, mas hoje está aposentada. Semana passada um cachorro a derrubou e ela quebrou os dois braços. Mas nada para esta mulher. Com braços de gesso ou de ferro ela empunha a batuta da fazenda de 1820, que foi dos “tatara-tataravós de seu marido”, a Águas Claras. Preserva quase tudo ao original: o piso, as paredes caiadas, as vigas de embaúba, as janelas patinadas, as mobílias, o porão dos morcegos, os muros de adobe 64 . Eurobike magazine


e pedra. “Até os fantasmas, né, vó?”, brin-

bra o Pantanal. “Vem até tuiuiú”, diz Toninha.

cam seus netos Bruno e Tavinho, numa

Ela mostra um retrato de 1912 da família

alusão ao tanto de gente que já morreu no

na fachada do casarão. “O bebê de colo é

velho casarão. “Morreu, casou, nasceu, riu,

a mãe do meu marido” – o senhor Joaquim

chorou. Preservar isto é memória, é história”,

Vilela Soares, de 70 anos.

Triângulo do amor. Toninha, Joaquim e a centenária fazenda Águas Claras

diz a fazendeira do mar, enquanto passa o café no mancebo, enxota as galinhas e conta

Bordas. Cerrado que dá na água. Das ca-

causos. “Experimenta as rosquinhas. O leite

choeiras que deságuam nas Gerais. A cada

é da vaca, viu. Se não estiver acostumado,

gole de cachaça, o lago é mais mar. En-

cuidado.” Seus dois filhos homens cuidam

tão me embriago em sua beleza. E, meta-

do gado leiteiro. As terras são banhadas

morfose, viro náufrago proposital, boian-

pela faixa de segurança do lago, uma água

do à deriva – pra nunca mais ir embora.

marrom-chocolate, rasa. A vegetação lemEurobike magazine . 65


devaneio

O advogado Denílton é louco pelo “Mar de

dia, “terra à vista”, a lancha estaciona em

Minas”. Com 28 dias de vida sua filha caçula

frente a sua casa no idílico condomínio Es-

estava embarcada. As meninas descem e

carpas do Lago, a maior armada de barcos

içam a âncora, amarram e desamarram os

de passeio do interior do Brasil. O lugar per-

nós com a desenvoltura de marinheiro, ou de

feito para ver os filhos brincar e ser criança –

bailarinas. Denílton mora em Ribeirão Preto, a

eles e nós. Denílton nem desembarca. O ad-

duas horas de Furnas. Nos finais de semana,

vogado vira capitão. Ignora a cama de casa.

junto com sua esposa Elza, as três filhas e

Dorme no barco, ao balanço sereno do lago.

alguns bons amigos, o lago é invariavelmente

Lobo do mar a escutar estrelas.

o seu destino. O lema é sempre o mesmo: Carpe Diem. Já o rumo pode variar: almoçar

Mar de mineiros. Não tem ondas, nem águas

tilápia na telha no restaurante do Turvo, sa-

salinas, nem maresia. Tem carro de boi, boia-

borear torta de banana na Lagoa Azul ou

deiros, cavalo e cavaleiros. Mar de Minas é

comer patinhas de caranguejos em Guapé,

inho, é ão, é trem para navegar no céu.

ao som da viola mineira. Tudo entremeado por banhos de cachoeira. E depois de cada 66 . Eurobike magazine


O capitĂŁo DenĂ­lton navega pelo intrincado labirinto do lago de Furnas. O destino pode variar, mas o lema ĂŠ sempre o mesmo: Carpe Diem

Eurobike magazine . 67


devaneio

68 . Eurobike magazine


Água quente a jorrar pelos paredões dos cânions. Água esmeralda, leve, linda, solta. Água para nunca mais ser triste Eurobike magazine . 69


devaneio

São Francisco esculpido em pedra olha as margens da nova cidade de Guapé. Sob seus pés, a poucas léguas submarinas, jaz a torre da antiga matriz da velha Guapé, a Atlântida Mineira. Pedaço de chão que naufragou para dar lugar aos marujos de cavalo e chapéu de palha, da gente bordadeira que habita entre o cerrado e o “Mar de Minas” 70. Eurobike magazine


O fotógrafo Renato Soares mostra as páginas e paisagens do seu livro. A chuva que cai de uma nuvem preta dentro da placenta do planeta azulzinho. Os cânions de 40 metros de altura, onde serpenteia a água esmeralda. A cidade submersa de Guapé. A balsa centenária de São João Batista do Glória. O Morro do Chapéu. Os mares de milharal, oceanos de cafezal. “Mas o que eu mais gosto é do povo.” As doceiras e tecelãs de Carmo. Os peões do fumo de corda de Machado. Os condutores de carros de boi de Formiga. Caras e corações destes felizes trópicos. Mar de mineiro é o mar da gente de chapéu de palha. Do ser mineiro que não diz o que faz, nem o que vai fazer. A fingir que não sabe aquilo que sabe. A falar pouco e escutar muito. A passar por bobo e ser inteligente. A vender queijo e possuir barcos. “Tilápia, traíra, mandi, piau, lambari, tucunaré, dourado, pacu.” O mergulhado Gérson enumera os peixes que pesca no Lago de Furnas. Aos sete anos de idade vendia pipoca com o pai em Ribeirão Preto e so-nhava com o mar. Estudou, virou professor de educação física e mergulhador profissional. Há 20 anos, acampando com os amigos no Lago de Furnas, descobriu um lugarzinho, onde a Serra da Canastra se encontrava com a Serra do Turvo. E começou a juntar dinheiro. Gérson só serve o pão de queijo pelando, acompanhado do queijo minas fresquinho, dos sucos e das frutas docinhas, quando todos os hóspedes dos seis chalés da pousada “Fecho da Serra” estão à mesa para o café da manhã: às nove em ponto. Todo mundo vai chegando de mansinho, como gado que encosta no curral, Eurobike magazine . 71


devaneio

72 . Eurobike magazine


Mar de Minas numa tarde silenciosa. Para sentar-se no precipĂ­cio e deixar a mente voar pelo abismo

Eurobike magazine . 73


devaneio

inebriados com a lufada dos pãezinhos assando, dourando, invadindo a alma. “Coloca o requeijão em cima do pão de queijo e come. À moda mineira vai. Isso. Agora joga o doce de leite no talho do queijo. Boa.” Depois do café, convida a todos para passear de bote, ou a pé, pelos encontros das serras onde antes acampava. Explica tudo como se fosse a primeira, ou a última vez. Fala da lobeira, a planta que pode curar o câncer, do cerrado, do artesanato nativo, fala de amor. Cada gesto seu é um sorriso, um carinho. Sempre acompanhado pela fiel Foquinha, a cadela salsicha, que achou sarnenta, à beira da morte, numa curva de rodovia, hoje de pelo brilhante, como tudo que Gérson toca com seu simples encanto. “Me dizem pra fazer mais chalés, ficar rico. Mas eu prefiro fazer amigos sinceros.”

74 . Eurobike magazine


Descemos do barco. Saímos do Mar de Mi-

previra Antônio Conselheiro. “Ainda”, diria Al

nas. Mar pacato. Não dança ao gosto das

Gore. Mas a vida de muita gente já vive inun-

marés, nem ao sabor das fases da lua, mas

dada de alegria. E eu me recordo do mineiro

sobe e desce sob o canto das chuvas. Back

Guimarães Rosa a soprar. “Perto de muita

to reality. A Toyota Hilux SW4 descreve as

água, tudo é feliz.”

Gérson, a fiel cadela Foquinha e a pousada construída nos sonhos da juventude. Porto seguro para se esquecer da vida

últimas curvas e volta a reinar: negra altiva na paisagem. Até breve, Gérson, Denílton, Renato, Tereza, Toninha. Até breve, marujos. Na mente agora é mar de dentro, mas os olhos ainda marejam do azul do lago. Tantas partidas, tantas ilusões de despedidas e resta somente um novelo de nuvens – sobre a cabeça. O sertão não virou mar como Eurobike magazine . 75


devaneio

76 . Eurobike magazine


Fim de tarde no Mar de Minas. O cĂŠu refletido nas ĂĄguas. A brisa a soprar macia. VĂŁo-se nuvens e pensamentos

Eurobike magazine . 77


devaneio Serviço Como Chegar Saindo de Ribeirão Preto ou de São Paulo, o destino é São Sebastião do Paraíso e a MG-050. De lá a Passos e de Passos a Furnas. São 210 km de Ribeirão Preto; 455 km de São Paulo. A estrada está excelente. Onde Ficar Capitólio Pousada Fecho da Serra: www.pousadafechodaserra.com.br. Deliciosa e aconchegante pousada com apenas seis chalés

Onde Comer Restaurante do Turvo – MG-050, km 306, Capitólio, (35) 9981-0760. Horário: todos os dias, das 11h às 17h. O ambiente é simples, mas o serviço é excelente e a comida é boa demais. Tilápias e traíras sem espinho servidas das mais diversas maneiras. Lagoa Azul – MG 050, km 311, Capitólio, (35) 9983-7022. Comida mineira com bela vista do lago e ambiente descolado – famoso pela sobremesa de torta de banana. Possui barzinho flutuante e cachoeira. Ponto de encontro para passeios. Reservar. privativos com vista para um dos lugares mais espetaculares do Lago de Furnas. Excelente café da manhã. Reservar. Obbá Coema Village Hotel – MG-050, km 302, Brisas do Lago, (35) 3527-1001 / Reservas (35) 35219115 - www.obbacoema.com.br. Possui uma grande piscina com área de lazer. Indicado para famílias que vão com crianças pequenas.

78 . Eurobike magazine



devaneio Onde Comprar Tecelagem e cerâmica: Aline e Júnio. Rua Gabriel Santana, 370, Carmo do Rio Claro, (35) 3561-2161. Jair Soares Junior é artista plástico; Aline, do mundo da moda fashion. Junte os dois aos teares centenários e à cultura tecelã da cidade e você poderá imaginar a beleza das mantas, almofadas e outras peças que já desfilaram até na Fashion Week paulistana. Doces de compotas e cristalizados. Tereza de Carvalho. Rua Wenceslau Brás, 23, Centro, (35) 3561-1702, Carmo do Rio Claro. Tereza tem mais de 70 anos com a mão na massa. E herdou o dom e a técnica de sua avó. Precisa dizer mais? Mar de Minas. Livro de Renato Soares sobre paisagens e personagens da região. (35) 9902-4479. À venda nas principais livrarias de São Paulo ou na Tecelagem Aline e Júnio em Carmo do Rio Claro. Passeio de barco – Capitólio O tradicional passeio de 3 horas passa pela Gruta do Tucano, um braço da represa afunilado, cercado por cânions; cascata, uma cachoeira com queda de cerca de 20 m; cânions da Diquada e da Diquadinha, com até 40 m, de onde cachoeiras despencam de uma altura de cerca de 30 m diretamente na represa, e a cachoeira do Lago Azul, receptivo flutuante para turistas. Reservar. (35) 9983-7022 Trinta e quatro municípios são banhados pelo Lago de Furnas; juntos formaram a Associação dos Municípios do Lago de Furnas (ALAGO), da qual fazem parte: Aguanil, Alfenas, Alpinópolis, Alterosa, Areado, Boa Esperança, Cabo Verde, Camacho, Campo Belo, Campo do Meio, Campos Gerais, Cana Verde, Candeias, Capitólio, Carmo do Rio Claro, Coqueiral, Cristais, Divisa, Nova Elói Mendes, Fama, Formiga, Guapé, Ilicínea, Itapecerica, Lavras, Nepomuceno, Paraguaçu, Perdões, Pimenta, Ribeirão Vermelho, São João Batista do Glória, São José da Barra, Três Pontas e Varginha. Muito a conhecer. 80 . Eurobike magazine


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