Tributo a Villa-Lobos Paiva Netto escreve sobre o notável compositor brasileiro
Diversidade cultural do Brasil Pontos de vista, reportagens, registros e histórias de destacados brasileiros da comunicação social, meio ambiente, poder público, política, esporte, educação e cultura.
Sumário
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82
87
15 90
100
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6 Editorial
Tributo a Villa-Lobos
TribuTo a Villa-lobos Paiva Netto escreve sobre o notável compositor brasileiro
Diversidade cultural do Brasil Pontos de vista, reportagens, registros e histórias de destacados brasileiros da comunicação social, meio ambiente, poder público, política, esporte, educação e cultura.
créditos das Fotos de Capa: Oscar Niemeyer: João Lopes; Nadja Haddad/ Dora Silva Cunha Bueno/ Moacir Japiassu/ Airton Grazzioli/ Gilberto Kassab/ Ricardo Viveiros/ Sandra de Sá: Daniel Trevisan; Franklin Martins: Marcello Casal Jr./ABr; Orlando Silva/ José Vicente: J. C. Santos; Renato Casagrande: Belkis Faria; Audálio Dantas/ Zico/ Lya Luft/ Tereza Cruvinel: Divulgação; Angela Maria: Régis Schwert; Alvaro Dias: João Preda; Patrícia Saboya: Nino Santos; Caco Barcellos: Divulgação/Editora Record; Myltainho Severiano: Rafael Rezende; Milton Gonçalves: Cristina Granato/Ag. O Dia; Beto Albuquerque: Daniela Duarte.
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0 Cartas, e-mails, livros e registros 1 17 Opinião Esportiva 18 Perfil 23 Acontece no Ceará 24 Assistência Social 30 Literatura 33 Homenagem 36 Educação 38 Saúde 40 Nações Unidas — Nova York 45 Igualdade Racial Troféu Raça Negra 2007
48 Opinião Política 50 Samba & História 53 Fundações 56 In memoriam 58 Utilidade Pública
Doação de órgãos: 70 mil aguardam por transplante
62 Palácio do Planalto 67 Notícias do Estado do Espírito Santo 68 Entrevista 73 ABI 76 ONU — Brasil 78 TV Pública 81 Cidadania 82 18 anos do TBV As comemorações do monumento mais visitado de Brasília/DF
87 Opinião — Mídia Alternativa A pluralidade na comunicação
90 Cultura
Democratização do conhecimento
8 Mídia 9 100 Especial
O brilho do Esperanto, em encontro mundial
106 Destaque Internacional
Brasilidade nas ruas de Nova York
112 Soldadinhos de Deus 114 Cidades
Ao leitor
Reflexão de BOA VONTADE “O Espírito tem lugar preponderante no nosso labor. Entretanto, na preparação de jovens e adultos para a subsistência neste mundo material de tecnologia jamais vista e, paradoxalmente, na atualidade, tão instável para os que labutam pelo futuro próprio, devemos levar na mais alta consideração que os educandos têm de ser com eficiência qualificados para a exigente demanda do acirrado mercado de trabalho. E mais: de tal maneira que não persigam um caminho em que a profissão para a qual se prepararam não mais exista ao fim do curso. É essencial, pois, receberem formação eficaz para que sejam arrojados, empreendedores, de modo que possam suplantar os fatos supervenientes que, a qualquer instante, desafiam a sociedade, sobressaltando multidões. (...) De nada adiantarão, portanto — digamos para argumentar —, planejamentos audaciosos se não houver quem tenha sido devidamente preparado para desenvolvê-los.” Discurso de Paiva Netto ao corpo docente do Instituto de Educação da LBV, em São Paulo/SP, em 1999, e que foi publicado nas revistas, encaminhadas às Nações Unidas, Sociedade Solidária (disponível em alemão, espanhol, esperanto, francês, inglês e português) e Globalização do Amor Fraterno (inicialmente editada em esperanto, francês, inglês e português).
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BOA VONTADE é uma publicação das IBVs, editada pela Editora Elevação. Registrada sob o no 18166 no livro “B” do 9º Cartório de Registro de Títulos e Documentos de São Paulo. Diretor e Editor-responsável: Francisco de Assis Periotto - MTE/DRTE/RJ
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A revista BOA VONTADE não se responsabiliza por conceitos e opiniões em seus artigos assinados.
A
revista BOA VONTADE reuniu neste número a opinião e os olhares de destacados brasileiros para uma reflexão do ano que se finda. Espera-se que desse balanço surjam novas e melhores ações em 2008. No Editorial, o dirigente da LBV, Paiva Netto, abre este leque com um tributo ao célebre compositor Heitor VillaLobos, cuja música fala tanto de nossas raízes.“O Brasil tem forma geográfica de um coração. Todo brasileiro tem este coração. A música vai de uma alma a outra”, disse o inesquecível Villa há mais de meio século. Dentro desse raciocínio de intensa diversidade cultural, outros ilustres convidados foram ouvidos. Na área da comunicação, amigo leitor, estão: Audálio Dantas, Caco Barcellos, Franklin Martins, Moacir Japiassu, Mylton Severiano da Silva, Nadja Haddad, Ricardo Viveiros e Tereza Cruvinel. Na área da cultura e do esporte, estão as cantoras Ângela Maria e Sandra de Sá, a escritora Lya Luft, o escritor e embaixador José Aparecido de Oliveira (in memoriam), o presidente da Afrobras, José Vicente, o ator Milton Gonçalves e o técnico de futebol Zico. A política e o que pode ser feito em favor do Ser Humano por meio dela são comentados pelo ministro dos Esportes, Orlando Silva Júnior, pelo deputado federal Beto Albuquerque e pelos senadores Patrícia Saboya, Alvaro Dias e Renato Casagrande. Destaque também, representando o Terceiro Setor, para a presidente da Associação Paulista de Fundações, Dora Silva Cunha Bueno, e o curador de Fundações da capital paulista, dr. Airton Grazzioli. Esta edição homenageia o centenário de nascimento do consagrado arquiteto Oscar Niemeyer (dezembro de 2007). Em reportagem especial, estampamos algumas de suas principais obras, fruto de mais de 70 anos de trabalho. Merecem ainda especial destaque duas reportagens: primeiro, a dos festejos do 18º aniversário do Templo da Boa Vontade (TBV), o monumento mais visitado de Brasília/DF, segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SDE). O segundo destaque registra os amigos e apoiadores da Campanha Natal Permanente da LBV — Jesus, o Pão Nosso de cada dia!, que movimenta todo o País para proporcionar um fim de ano mais feliz a milhares de famílias em risco social. Nela e em toda a publicação, a mensagem é constante: que este sentimento solidário seja uma realidade não somente no Natal, mas em todos os dias do ano! Feliz 2008! BOA VONTADE |
Editorial
Tributo a Museu Villa-Lobos
João Preda
Villa-Lobos
José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor. É diretorpresidente da LBV.
E Villa-Lobos durante apresentação, em 1955: ainda em vida, o brasileiro foi aclamado o maior compositor das Américas, autor de cerca de mil obras.
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m 17 de novembro de 1959, o célebre compositor Heitor Villa-Lobos voltou à Pátria Espiritual. Autor de cerca de 1.000 composições, é considerado o maior expoente da reformulação do conceito do nacionalismo musical brasileiro. Ainda menino, fascinou-se pela obra do compositor alemão Johann Sebastian Bach (16851750), influência marcante que, anos mais tarde, resultaria nas
A Legião da Boa Vontade (LBV) sempre prestigiou a cultura. Está nos seus estatutos. Além de ser filantrópica, é igualmente cultural e educacional. Claro está que filantropia, para nós, não é meter o pão pela boca do necessitado para calar temporariamente o grito da fome. Não. É mais que isso. Filantropia significa Amor à Humanidade. Costumo dizer que assistência social é, acima de tudo, Amor. No seu trabalho em prol da cultura, a LBV teria de participar das comemorações dos 100 anos de Villa-Lobos. Algumas das músicas tocadas no Programa Boa Vontade — PBV, no rádio e na televisão, são de sua autoria. Nossa homenagem é constante. Eu mesmo sou um fã do Villa. Recordo-me dele com saudade. Também de Dona Mindinha, sua querida esposa, na Pátria Espiritual desde 1985. Era muito amiga nossa. Conhecia profundamente a LBV. Revelou certa
Reprodução BV
extraordinárias Bachianas Brasileiras. Entre outras importantes peças melódicas de Villa-Lobos temos: O Uirapuru, O Canto do Cisne Negro, A Prole do Bebê e os Choros, para os quais foi buscar inspiração entre os compositores boêmios do Rio de Janeiro. No centenário de seu nascimento, completado em 5 de março de 1987, prestei, em minha antiga coluna na Folha de S.Paulo, um justo tributo a esse ícone da brasilidade musical, demonstrando, do mesmo modo, os fraternos laços que unem Villa-Lobos à LBV, do qual separei estes trechos:
O belo casal Arminda e Heitor Villa-Lobos. No ano seguinte à morte do músico, a querida Mindinha, como também era conhecida, fundou o Museu Villa-Lobos (zona sul da capital fluminense), o qual dirigiu por 25 anos.
vez que, com o saudoso Villa, escutava Jesus Está Chamando!, famoso programa de Alziro Zarur (1914-1979), que tanta polêmica ergueu no Brasil. (...) Zarur foi um pioneiro na luta pela liberdade religiosa em nosso país. O povo que faça a sua escolha devocional. Em entrevista a um periódico do Rio, contou Dona Mindinha:
certamente poderia expressar-se melhor, com prazer maior e mais ênfase. Porque meu marido também se prendeu ao programa de Zarur. (...) Presto, aqui, a minha homenagem sincera ao criador da Legião da Boa Vontade”.
“— (...) Comecei a ouvir Zarur quando ele estava na Rádio Mundial. O próprio Villa, muitas vezes, o ouvia falar. (...) Se fosse vivo,
“Heitor Villa-Lobos nasceu no Rio de Janeiro, a 5 de março de 1887. Compositor, violoncelista, maestro e professor. (...) Em sua
Em 1984, vigésimo quinto aniversário do seu falecimento, a Mocidade Legionária escreveu:
BOA VONTADE |
Museu Villa-Lobos
Editorial
Tendo sido, em 1932, nomeado superintendente de Educação Musical e Artística do então Distrito Federal e, em 1942, diretor do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, do Ministério de Educação e Cultura, Villa-Lobos realizou enormes concentrações orfeônicas, uma das quais com a participação de 42 mil vozes de estudantes. Na imagem acima, vista parcial de um desses espetáculos.
música, que é tão exuberante, pitoresca e confiante, como ele mesmo, tudo se conjuga em novos caminhos para a Humanidade (...). Sua técnica oscila entre as peças de harmonia singela, como sua música para crianças, até as
Reprodução BV
Reprodução da foto dedicada à querida esposa, na época em que ele se encontrava em Nova York.
de complexidade extrema, como o Rudepoema e a maior parte dos Choros, composições de excepcional significado no panorama musical contemporâneo. As nove Bachianas Brasileiras, escritas no período de 1930-45, traduzem sua devoção pela música de Bach. A obra ciclópica desse ilustre compositor nacionalista abrange, além das já citadas, sinfonias, poemas sinfônicos, suítes, quartetos de cordas, oratórios, peças para piano, concertos, óperas, vocais etc. “(...) Villa-Lobos dirigiu orquestras na França, Alemanha, Itália, Estados Unidos... Recebeu inúmeras honrarias. (...) Fundou, em 1945, a Academia Brasileira de Música. (...) O governo brasileiro criou, em 1960, no Ministério da Educação e Cultura, o Museu VillaLobos. (...) Seu vanguardismo pode ser definido por esta sua frase: ‘Escrevo música como se fossem
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cartas para a posteridade, sem esperar resposta’. “A violinista Arminda D’Al meida (Mindinha), sua segunda esposa, a quem dedicou várias melodias, organizou e dirige o Museu Villa-Lobos. “Aos 25 anos de sua morte, o Museu Villa-Lobos prepara uma série de homenagens. E o diretorpresidente da LBV foi presenteado por Dona Mindinha com uma apostila do evento com graciosa dedicatória: ‘Ao ilustre amigo, Dr. José de Paiva Netto, o presidente que vem honrando a Legião da Boa Vontade em substituição ao enorme benfeitor que foi Alziro Zarur. Cordialmente, a sempre Mindinha de Villa-Lobos’.” * * *
Com Amor para a Eternidade
Afinal, o que é feito com Amor tem o selo das coisas perenes. E foi com essa qualidade sublime que Villa-Lobos definiu, em João Pessoa, Paraíba, em 1951*1, como surgiam as suas composições: “A minha música é o reflexo da sinceridade (...), a arte que vem do coração para um coração”. E mais: “O Brasil tem forma geográfica de um coração. Todo brasileiro tem este coração. A música vai de uma alma a outra. Os pássaros conversam pela música. Eles têm coração. Tudo que se sente na vida se sente no coração. O coração é
Reprodução BV
o metrônomo*2 da vida, e há muita gente na humanidade que se esquece disso. Justamente, o que mais precisa a humanidade é de um metrônomo. Se houvesse alguém no mundo que pudesse colocar um metrônomo no cimo da Terra, talvez estivéssemos mais próximos da Paz. Por que se desentendem, vivem descompassados raças e povos? Porque não se lembram do metrônomo que guardam no peito, o coração. “Foi fadado por Deus, justamente o Brasil possuir uma forma geométrica de coração, e haver um ritmo palpitante em toda a sua raça, sobretudo no nordeste, este sentido de ritmo, de coração, essa unidade de movimento, esse metrônomo tão sensível. “Meus amigos, foi com esse pensamento que eu me tornei músico. Foi por isso que eu me tornei um escravo profundo e eterno da vida do Brasil, das coisas do Brasil. E, como não tenho o dom da palavra, nem da pena, mas tive o dom do som e do ritmo, transponho em sons e ritmos essa loucura de amor por uma pátria. Eis a minha apresentação. Eis o que é, em princípio, a justificação do que tenho feito pelo Brasil até a idade que tenho hoje. Peço perdão a todos de ter que falar um pouco da minha vida em relação a esse Brasil, mas é necessário e possa talvez servir de exemplo aos jovens seguir essa mesma trilha, esse mesmo destino que Deus me deu.
Sob a inspiração do genial Villa-Lobos, o oratório O Mistério de Deus Revelado, composto por Paiva Netto em Portugal, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul (1998). Gravado pelo coro Capela Svetoslav Obretenov, da Bulgária, a obra superou 500 mil cópias, conquistando um disco de platina duplo. Em 9/4/2006, o oratório teve sua primeira audição mundial em inglês na Convent Avenue Baptist Church, em Nova York, EUA, no Concerto da Semana Santa, sob a regência do maestro e pastor Gregory Hopkins e a participação do The Sanctuary Choir, composto de afro-americanos.
“(...) Eu fui pela música. E, se por acaso o meu exemplo possa servir de alguma coisa a todos os meus patrícios, façam o mesmo. Sejam livres. Lembrem-se do coração. Lembrem-se de que este é que é o metrônomo da realidade. Com ele terão a razão econômica de tudo, das coisas. Terão a medida exata da realidade da própria vida. Lembrem-se de que é a arte que vem do coração para um coração, de uma alma para outra alma, e a música é a primeira arte que conduz às outras artes. Eu não digo isto porque sou músico, não. Ela, porém, tem um poder positivo, digamos, um poder biológico. “Ela é uma terapêutica para a alma doente. A música é um consolo para o sofredor. A música
é um embalo para o pequenino no colo de suas mães, seus pais. A música é o alento do desventurado. A música é a alegria daqueles que são alegres. A religião, qual das religiões que existem sobre a Terra e que não usou da música como elemento de atração aos seus crentes? Essa música que Santo Ambrósio utilizou para formar depois os cânticos litúrgicos definidos. É com essa música, senhores, que precisamos compreender que o Brasil vive, e que ninguém percebe”. Meus sinceros agradecimentos ao Espírito imortal do brilhante Villa-Lobos por ter-me inspirado, em 1999, o oratório O Mistério de Deus Revelado. Os mortos não morrem.
Fonte — Diversos autores. Presença de Villa-Lobos, Volume 12, edição do Museu Villa-Lobos, Fundação Nacional próMemória, Rio de Janeiro/RJ, 1981, p. 105107. *2 Metrônomo — Nome atribuído pelo construtor alemão J. N. Maelzel (1772-1838) ao aparelho que serve para regular os andamentos musicais. *1
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Cartas, e-mails, livros e registros
Recentemente, em São Paulo/SP, ocorreu o lançamento de Novos Olhares, livro organizado pelo jornalista e escritor Zeca Camargo, que também é apresentador do programa Fantástico. A obra apresenta estudos de autores estrangeiros que trazem novas abordagens sobre temas do cotidiano e, dessa forma, contribuem para maneiras diferentes de pensar a sociedade contemporânea. Compõem a publicação entrevistas completas do jornalista com 20 pensadores, que participaram da série de mesmo nome exibida pelo Fantástico. No título, Zeca aprofunda o que foi tratado na TV e possibilita o acompanhamento do raciocínio dos acadêmicos sobre assuntos como arquitetura, consumo, educação e filhos, felicidade, física, meio ambiente, memória e imaginação, minoria e direitos civis, religião e vida digital. Simpático, ele agradeceu a presença da Legião da Boa Vontade (LBV) e mandou um forte abraço ao dirigente da Instituição, ao mesmo tempo autografando um exemplar da obra com a seguinte dedicatória: “Ao estimado Paiva Netto, que sempre soube olhar o mundo de um jeito diferente! Grande abraço, Zeca Camargo”. 10
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Juliana Bortolin
Eu Sei que Vou te Amar é a mais nova obra do cineasta e jornalista Arnaldo Jabor, lançada na capital paulista. Nela, o autor descreve alguns sentimentos, como as dores de amor, as dificuldades de um relacionamento e o medo que o Ser Humano tem de ficar só. A história é a de um casal recém-separado que, após se reencontrar, revela segredos antigos. Trata-se de adaptação do grande sucesso de Jabor no cinema, rodado
BOA VONTADE: otimismo e confiança na vida
Gosto de ler a BOA VONTADE. É muito bom! Dá para ver o carinho com que vocês fazem esta revista, com muitas matérias interessantes para ler, coisa muito boa. Mas, além de tudo, o mais importante é a mensagem que a revista leva, sempre de otimismo, de Amor, confiança na vida, e a certeza de que estamos aqui sempre acompanhados por uma luz espiritual, que vai direcionando o rumo de nossas vidas. Isso para mim é o mais importante, distribuir Amor, Espiritualidade, em um mundo que está tão difícil com a violência. Então, uma revista dessas é uma luz acesa no meio das intempéries aqui do Planeta. (Zíbia Gasparetto, escritora)
há mais de 20 anos (em 1986), com o mesmo título e enredo. O filme, com direção, produção e roteiro próprios, levou cinco milhões de pessoas às salas de cinema. Na noite de autógrafos, compareceram autoridades, personalidades e muitos amigos para prestigiar o acontecimento. Na ocasião, o autor dedicou um exemplar do livro ao diretor-presidente da LBV, com a mensagem: “Ao José de Paiva Netto, com afeto do Jabor”. Daniel Trevisan
Divulgação/Editora Globo
Leilla Tonin
Arnaldo Jabor, das telas para o livro
Pioneira e brilhante
Li a excelente matéria de capa de Leilla Tonin e Rodrigo Oliveira, que entrevistaram o jornalista Roberto Cabrini. Meus cumprimentos à equipe da revista BOA VONTADE Cabrini Roberto pela brilhante reportagem. Foi muito bem pautada e editada, com perguntas pontuais, radiográficas e ótimas aspas. Vocês foram os primeiros a fazer um belíssimo balanço dos 30 anos da carreira dele. A matéria ficou excelente, e a revista é feita com primor. Além do profissionalismo fica o carinho de uma nova amizade. Contem sempre conosco. Forte abraço e muito obrigado. (Paulo de Tarso Porrelli, editor do Jornal da Noite, da TV Bandeirantes)
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Leilla Tonin
Novos Olhares, de Zeca Camargo
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Parabéns!
Li a revista BOA VONTADE e gostaria de parabenizá-los pelo excelente exem-
Leilla Tonin
Leilla Tonin
Em 27 de outubro, dia em que completou 72 anos, o desenhista, empresário e criador de A Turma da Mônica, Mauricio de Sousa, apresentou ao público leitor de todo o Brasil o seu mais novo lançamento: Mauricio de Sousa — Biografia em quadrinhos. Tratase de uma versão literária que traz fatos inéditos de sua vida e carreira, aliada a um estilo todo especial de levar histórias divertidas às crianças: os quadrinhos. O livro narra a vida de sucesso do autor, passando da infância à primeira profissão, até chegar ao que representa hoje: desenhos vivos na memória de milhões de pessoas. Na tarde de autógrafos, o amigo de longa data da Legião da Boa Vontade dedicou em um dos exemplares: “Ao amigo Paiva Netto, com carinho! Mauricio”.
plar. A civilização e os Seres Humanos vão evoluindo à medida que Seres Iluminados irradiam seus conhecimentos e sabedoria, que vêm do alto. Tudo ocorre na velocidade do Pai. Grande abraço! (Antônio Carlos Jaloretto, da Avape — Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais, de São Paulo/SP)
Mauricio de Sousa e algumas das crianças do Instituto de Educação da LBV, que, na ocasião, entregaramlhe um belo arranjo de flores, homenagem dos mais de 1.200 alunos da Escola.
Ministra Ellen Gracie e o incentivo à cultura A ilustre presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Ellen Gracie Northfleet, inaugurou, recentemente, em Brasília/DF, a exposição Rugendas, um Olhar Inaugural, com litografias e reproduções do álbum Viagem Pitoresca através do Brasil, do artista Johann Moritz Rugendas. A mostra — organizada pelo Gabinete 55, com a curadoria de Alcina Angela Lins Morato, grande amiga da Legião da Boa Vontade — integra as comemorações do bicentenário do Poder Judiciário Independente no Brasil (1808-2008). A LBV, como incentivadora da cultura nacional, esteve representada no evento pela curadora da Galeria de Arte do Templo da Boa Vontade, Marta Jabuonski. Na ocasião, foi entregue à presidente do STF um exemplar da revista BOA VONTADE, edição 219, que publicou a reportagem “Nos caminhos da Educação e da Cultura”, na seção Arte na Tela, com destaque à atuação da ministra na difusão da arte no Brasil. Esse título, aliás, é também o nome de um programa veiculado pela Super Rede Boa Vontade de Comunicação (TV, rádio, internet e revista) para divulgar as iniciativas que apóiam a cultura no País. A ministra agradeceu a revista e o convite para visitar o Templo da Boa Vontade, que integra, ao lado do Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica (o ParlaMundi da LBV), o Conjunto Ecumênico da Legião da Boa Vontade.
Luzeiro da Solidariedade
Que revista linda! É realmente um Luzeiro de Solidariedade. Ela representa o Ideal de Amor da Legião da Boa Vontade, na sua ação permanente por um Brasil melhor. Vou levar outros exemplares ao sr. Sandro Ronquetti, secretário municipal de Saúde, para a sra. Laura Vieira, superintendente
Reprodução BV
Mauricio de Sousa lança biografia em quadrinhos
municipal de Saúde Coletiva, e para a sra. Maria da Penha, coordenadora do programa Saúde da Família. Eles ficarão felizes em conhecer o trabalho da LBV por intermédio da revista Boa Vontade. (Christiana Mathias, enfermeira e coordenadora do curso de especialização de agentes comunitários de Saúde de Maricá/RJ) BOA VONTADE |
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Cartas, e-mails, livros e registros
Senador Eduardo Suplicy e seus relatos políticos em livro
Durante a tradicional Palestra-Almoço da Câmara Brasil–Israel de Comércio e Indústria, ocorrida este ano, em 29 de novembro, na Associação Brasileira A Hebraica de São Paulo, na capital paulista, o prefeito da cidade, Gilberto Kassab, destacou em seu discurso aspectos da Conferência Internacional de Tecnologias Hídricas e Controle Ambiental, realizada recentemente em Israel. A Legião da Boa Vontade (LBV) e a Fundação José de Paiva Netto (FJPN), convidadas a participar desse almoço em formato de fórum, foram representadas, respectivamente, pelo jovem Alziro de Paiva e pelo diretoradministrativo da FJPN, Renato Viana. Os dois puderam conversar com o prefeito Kassab a respeito das atividades das Instituições da Boa Vontade e lhe entregaram o informativo Rede Sociedade Solidária, publicação da LBV que objetiva propagar os avanços do Terceiro Setor. Outro cordial encontro se deu com a presidente da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, Dora Silvia Cunha Bueno. Na oportunidade, ela ressaltou a importância do evento para fomentar a cooperação entre os dois países. Além deles, diversos empresários e personalidades também participaram do fórum.
Cidadania Ecumênica pela televisão
Certa noite estava em meu quarto quando, ao mudar de canal, vi o programa da LBV*, na TV Bandeirantes. Foi então que finalmente consegui as12
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sistir ao programa por inteiro e pude ter o prazer de ver quão lindo é o trabalho que Paiva Netto faz pelo Brasil. Eu me emocionei ao ver a ação da LBV e hoje sou fã desta Obra que, com muita luta, vem crescendo. Parabéns! Hoje
Arquivo BV
Da esquerda para a direita, a presidente da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, Dora Silvia Cunha Bueno; o prefeito de São Paulo, sr. Gilberto Kassab; Renato Viana (FJPN) e Alziro de Paiva (LBV).
Os mais recentes fatos da política nacional e uma ampla visão sobre o cenário econômico brasileiro compõem os episódios relatados no livro Um Notável Aprendizado — A Busca da Verdade e da Justiça, do Boxe ao Senado. De autoria do senador Eduardo Suplicy, a obra é uma coletânea de artigos que mostra um pedaço do Brasil e do mundo por um ponto de vista que não pode deixar de ser conhecido, debatido e admirado. O lançamento, ocorrido em 29 de outubro, em São Paulo/SP, contou com a presença de autoridades, personalidades, amigos e familiares de Suplicy, além de representantes de diversas organizações, entre elas a Legião da Boa Vontade. “Agradeço muito ao Paiva Netto a presença da LBV aqui, prestigiando. Desejo toda força à LBV. Todas as vezes que a visitei, inclusive já fiz palestra nela, fui muito bem recebido por todos. Agradeço a atenção. Um abraço”, comentou o senador. Durante a sessão de autógrafos, Suplicy ainda endereçou um exemplar da obra ao diretor-presidente da LBV, com a dedicatória: “Ao Paiva Netto, toda força. O abraço amigo, Eduardo Suplicy”. Também acom- Amaury Jr. panhando o evento, o apresentador de TV Amaury Jr. aproveitou a oportunidade para deixar um recado ao líder da Instituição: “Estou com saudade de Paiva Netto. Quero lhe mandar um abraço. Sempre me orgulhei de ser um arauto da LBV, porque conheço o trabalho”. Reprodução BV
Daniel Trevisan
Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria
acredito que é possível uma mudança. (Tatiana Vasconcelos, fisioterapeuta, Rio de Janeiro/RJ) * Vai ao ar na TV Bandeirantes, no início da madrugada, de 2a a 6a feira, após o A Noite é uma Criança, do apresentador e amigo da LBV Otávio Mesquita.
Uma vida nova e feliz, por Ricardo Kotscho
Simone Barreto Juliana Bertolin
Aos 80 anos, o dr. Ivo Pitanguy, acadêmico, professor e especialista que marca a história na cirurgia plástica do Brasil e do mundo, lançou o livro Aprendiz do Tempo — Histórias vividas, no Rio de Janeiro, no fim de novembro. A obra, em tom autobiográfico, reúne memórias e fatos interessantes e mostra a evolução da cirurgia plástica. Com sua experiência, o cirurgião plástico relata momentos marcantes que vivenciou, como o incêndio do Gran Circo Norte-Americano, ocorrido em Niterói, em 1961, tido como o maior ocorrido em recinto fechado. Pitanguy e uma equipe de voluntários dedicaram-se durante meses ao tratamento das vítimas. Ainda no livro, o médico opina sobre a banalização da cirurgia estética e seus malefícios para a sociedade. A noite de autógrafos atraiu membros da comunidade científica, da Academia Brasileira de Letras (ABL) e admiradores de seu trabalho. Na ocasião, os representantes da LBV o saudaram pelo lançamento. O dr. Pitanguy dedicou um exemplar da obra com os dizeres: “Para José de Paiva Netto com meu abraço, Ivo Pitanguy”.
Da própria trajetória profissional, o veterano jornalista Ricardo Kotscho tira exemplo para escrever a obra Uma vida nova e feliz..., fundamentada na descoberta de que se deve aprender a importância das coisas mais simples de nossa existência. Com 40 anos de dedicação intensa ao jornalismo, o autor chegou a essa constatação em 2004. Dali em diante, passou a tomar as rédeas do próprio tempo, antes ditado por uma vida corrida, com viagens ao Exterior, sem horário fixo, mas com muito comprometimento, após deixar de exercer seu trabalho no Palácio do Planalto. Na sessão de autógrafos, promovida em São Paulo, Kotscho assinou um exemplar da obra, trazendo esta mensagem: “Para meu amigo Paiva Netto com afeto (até rimou...). Forte abraço, Ricardo”. A carreira do jornalista teve início em 1964, como repórter de jornais de bairro da capital paulista, trabalhando, mais tarde, nos principais veículos da imprensa brasileira, bem como em redes de televisão. Essa experiência lhe conferiu diversos prêmios no jornalismo e o levou a publicar 19 livros. Leilla Tonin
Divulgação
Ivo Pitanguy e suas histórias vividas
Divulgação
Moraes Moreira conta a história dos Novos Baianos em obra
Ao som de belas canções que marcaram a MPB, o cantor e compositor Moraes Moreira lançou, no Rio de Janeiro, a obra A história dos Novos Baianos e outros versos. O trabalho literário, acompanhado de um CD, relata a trajetória da tendência musical dos anos 1970, trazida por um grupo de baianos. O show contou com a participação de consagrados cantores como Pepeu Gomes e Baby do Brasil. Escrito em cordel (com 964 redondilhas) e trazendo fotografias históricas, o livro apresenta lembranças e relatos curiosos que remontam à fase inicial do grupo Novos Baianos, cuja primeira formação teve Moraes Moreira, Luiz Dias Galvão, Paulinho Boca de Cantor, Pepeu Gomes e Baby Consuelo (então, o nome artístico da cantora) Durante a noite de autógrafos, o autor deixou em um dos exemplares dedicatória ao líder da LBV: “Paiva Netto e toda a Legião, abraços e beijos. Moraes Moreira”. BOA VONTADE |
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Cartas, e-mails, livros e registros
Eleições na ABL
Fonte: www.academia.org.br
Camila Chirichela
Foi eleita, neste mês de dezembro, a nova dimente no que diz respeito às iniciativas da retoria da Academia Brasileira de Letras (ABL). gestão do acadêmico Marcos Vinicios Vilaça. O cargo de presidente passa a ser ocupado pelo O presidente eleito ressaltou: “A Academia acadêmico Cícero Sandroni. Ao lado dele, os modernizou-se sem descaracterizar-se, ampliou sua visibilidade conservando-se fiel aos acadêmicos Ivan Junqueira (secretário-geral), Alberto da Costa e Silva (primeiro-secretário), compromissos de preservação e difusão das meNelson Pereira dos Santos (segundo-secretálhores expressões da tradição e da excelência rio) e Evanildo Bechara (tesoureiro) integram a da cultura nacional. Através de uma renovada diretoria para 2008, ano que marca o centenário Cícero Sandroni, linha de seminários, conferências, palestras, presidente eleito de morte do escritor Machado de Assis, primeipublicações, concertos de música popular e ro a presidir a ilustre Casa da Cultura nacional. clássica, vamos ampliar a presença da ABL em Escolhido por unanimidade pelos 31 acadêmicos que todos os segmentos sociais. Popularizar sem apelar para compareceram ao Petit Trianon e mais aqueles que se o popularesco. A aceitação de dois ex-presidentes (Ivan manifestaram por carta, o escritor e jornalista Sandroni, Junqueira e Alberto da Costa e Silva) para a composição 42o presidente da da nova DiretoABL, anunciou que ria é bem um sinal dará continuidade da manutenção à trajetória de amde uma linha de pliação da Acaderealizações que se mia na sociedade renova e tem conbrasileira, especial- Nelson Pereira dos Santos Evanildo Bechara Ivan Junqueira Alberto da Costa e Silva tinuidade”.
em pa u ta
João Saldanha ganha livro biográfico De autoria do cineasta André Iki Siqueira, foi lançado em novembro, no Rio de Janeiro, o livro João Saldanha — Uma vida em jogo. Com mais de 550 páginas e 200 fotos, a obra é uma reconstituição da vida do jornalista e cronista esportivo, feita com a ajuda de depoimentos de parentes e amigos e documentos inéditos de arquivos dos órgãos de informação do governo militar. André Siqueira conta que teve a idéia de escrever o livro há quatro anos, a partir do levantamento de material de pesquisa para a realização do documentário de longa-metragem João (dirigido por ele e Beto Macedo, com produção da TV Zero), que deve ser lançado no ano que vem: “Em 2003, quando comecei a fazer o filme, percebi que tinha muito material. O livro, cujo projeto gráfico do Victor Burton foi muito feliz, tem me dado 14
| BOA VONTADE
Fonte: ABI On-line www.abi.org.br
muita satisfação; só tenho recolhido comentários positivos”, revela o autor. Quando pensou em escrevê-lo, André tinha em mãos mais de 80 horas de entrevistas com 70 personalidades, entre parentes, colegas da imprensa, políticos e até adversários de João Saldanha, como o falecido ex-presidente da Federação de Futebol do Rio, Eduardo Vianna, o Caixa D’Água. “Como o filme terá 90 minutos, cortei quase tudo, inclusive material do próprio acervo do João Saldanha. O livro me deu condições de reunir muitas histórias e detalhar melhor o perfil dele. Passei cinco meses escrevendo, madrugada adentro, podendo falar sobre a sua trajetória como comentarista esportivo, a passagem pela seleção como treinador na Copa de 1970 e sua fase na política”, afirmou.
Arquivo BV
Paulo Autran
Recordação de um notável das artes cênicas todos esperavam. Enaildo Viana, de Brasília/DF, relata que o plenário ficou repleto e a platéia emocionada com a apresentação de Quadrante. Diante dela, fluíram Carlos Drummond de Andrade (1928-1998), Monteiro Lobato (1882-1948), Guimarães Rosa (1908-1967), Shakespeare (15641616) e tantas outras celebridades literárias, que reviveram, com todo o brilho, pelo talento ímpar do grande ator, que está festejando 77 anos de idade e 50 de carreira. “Pouco antes da apresentação, ele compareceu ao Salão Nobre do Conjunto Ecumênico da LBV. Lá concedeu entrevista à imprensa e foi homenageado com a inauguração do seu retrato no Painel A Evolução da Humanidade. Sensibilizado também pelo cântico das crianças e dos jovens presentes, declarou: ‘Muito obrigado! Estou aqui, graças a Deus, figurando
Falcão entrega prêmio aos monitores da LBV O Instituto da Criança com com Diabetes” e profissionais do Lar e Diabetes (ICD) premia anualmente Parque da LBV, com o certificado do estudantes, escolas, educadores programa Educador Cidadão, ambas e organizações que participam honrarias entregues pelo presidente do Conselho Administratide seus programas e torvo do ICD, o comentarista nam-se multiplicadores esportivo Paulo Roberto de conhecimentos sobre os Falcão, e pelo coordenador cuidados com a doença. do Programa de Educação em A cerimônia deste ano Diabetes do ICD, dr. César teve lugar na sede do ICD, Paulo Roberto Falcão Geremia. em 7 de dezembro. A LeFalcão comentou a pargião da Boa Vontade foi ceria entre o ICD e a unidade socioehomenageada com o “Troféu Instiducacional da LBV em Glorinha/RS: tuição Amiga do Instituto da Criança “Eu me senti muito feliz quando estive
ao lado de minha grande amiga Tônia Carrero, de dom Hélder Câmara (1909-1999), pessoas maravilhosas para o nosso País!’ “Paulo, poucos sabem, é um pioneiro de Brasília. Apresentou-se pela primeira vez, em 1959, no Clube Paranoá, na cidade criada pelo saudoso presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976), quando só havia obras e poeira, muita poeira! Foi culturalmente enriquecer a rude vida dos heróicos vanguardeiros da urbe antevista, no século 19, por Dom Bosco (1815-1888) (...)”. O ator retornou ao ParlaMundi da LBV em outubro de 2000 para receber a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica, na categoria Arte e Cultura. A LBV solidariza-se com os parentes e amigos do querido ator Paulo Autran e envia as mais sinceras vibrações de Paz e gratidão ao seu Espírito eterno. Fotos: Liliane Cardoso
Retornou à Pátria Espiritual, em 12 de outubro, aos 85 anos, o ator Paulo Autran, deixando na memória de todos a lembrança de um ilustre representante dos palcos. Sua história de vida remonta ao ano de 1922, quando nasceu esse carioca que, ainda jovem, se mudou para São Paulo, onde se formou em Direito pela Faculdade do Largo São Francisco, em 1945. Nessa época, participou de peças amadoras. Ali, iniciava-se a encenação que resultou numa das mais expressivas carreiras de artes cênicas do Brasil. O trabalho de incentivo à cultura por parte desse ator foi saudado pelo escritor Paiva Netto, que reservou espaço em seu best-seller Crônicas e Entrevistas para homenageá-lo ainda em vida: “O ParlaMundi da LBV carinhosamente abriu suas portas para receber Paulo Autran, em abril de 2000. O resultado foi o que
O comentarista esportivo Paulo Roberto Falcão, de terno, com profissionais da LBV que participaram do curso do ICD. Na ocasião, autografou uma camiseta com a mensagem: “Aos meninos do Lar e Parque da LBV. Um abraço. Falcão”.
no Lar e Parque da LBV. Em todo o trabalho feito com dedicação, envolvimento, carinho e muito Amor, a tendência é dar certo, e foi isso que senti quando estive em Glorinha”. BOA VONTADE |
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Cartas, e-mails, livros e registros
O escritor, professor e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) Arnaldo Niskier, ao lado de amigos e personalidades, lançou Dom Quixote para crianças, no dia 10 de dezembro, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Com ilustrações do pintor Mário Mendonça, que deu vida às peripécias dos personagens, o livro é uma adaptação do clássico Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, considerado um dos mais importantes romances da literatura, pelas lições de humildade e defesa dos mais fracos e oprimidos, em que se esmerou o personagem. Na ocasião do lançamento, grafou a seguinte dedicatória: “Ao amigo Paiva Netto, com o grande abraço de Arnaldo Niskier. E o meu também. Mário Mendonça. 10.12.07”.
Os amigos Mário e Clélia Mendonça, Ruth e Arnaldo Niskier e dona Lily Marinho confraternizam durante sessão de autógrafos na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro/RJ.
Eva Todor ganha homenagem em livro
Depois de surpreender o público ao revelar, recentemente, o talento como artista plástica, a atriz Vera Fischer se lança como escritora e resgata histórias de sua infância e adolescência em Vera — A pequena Moisi, o primeiro dos três trabalhos literários que entrega ao público até 2008. No livro, fala também da carreira e do relacionamento com os filhos. A noite de autógrafos ocorreu em 10 de dezembro na capital fluminense e contou com a presença dos filhos, Rafaela e Gabriel, além de muitos amigos e personalidades. Na oportunidade, enviou a seguinte mensagem em seu livro: “Paiva! Com admiração e carinho. Vera Fischer”.
Quem é fã de teatro tem a oportunidade de, a partir de agora, mergulhar na história da arte, narrada por uma das grandes representantes dos palcos. Eva Todor — O Teatro da minha vida, assinado pela jornalista Maria Angela de Jesus, apresenta a trajetória da atriz que marcou época nos espetáculos brasileiros. O volume, que integra a Coleção Aplauso, relembra os bons momentos vividos pela atriz, nascida em Budapeste (Hungria), e presta uma homenagem aos 73 anos de carreira. Para brindar o lançamento, amigos e artistas compareceram à Livraria da Travessa do Leblon, no dia 5 de dezembro, no Rio. Na sessão de autógrafos, a homenageada registrou no exemplar da obra: “Ao senhor Paiva Netto, com carinho e admiração. Eva Todor”.
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Vivian Ribeiro
Vera Fischer lança autobiografia Vivian Ribeiro
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Vivian Ribeiro
Dom Quixote para crianças, por Arnaldo Niskier
O futebol-arte
Alexandre Pato: destaque de 2007.
Arquivo pessoal
Divulgação
Opinião Esportiva Coluna do Garotinho
José Carlos Araújo, comunicador da Rádio Globo do Rio de Janeiro
U
ma das marcas do Campeo nato Brasileiro de 2007 foi o equilíbrio. Desde o início, as equipes mostraram-se equivalentes. Tanto que a distância em número de pontos conquistados entre os times classificados para a Taça Libertadores da América e o grupo dos que vão para a Copa Sul-Americana foi praticamente desprezível. A explicação para tamanho equilíbrio entre os times, algo que não se via há muito tempo, pode ser encontrada numa declaração do treinador Vanderlei Luxemburgo. Ao comentar a saída de vários jogadores habilidosos para o Exterior, disse: “Não há mais espaço para o futebol-arte no Brasil. Acabou. Estamos órfãos de craques”. Mais uma vez, Luxemburgo mostrou por que é um treinador diferenciado. Ou seja, é capaz de perceber o que ocorre ao seu redor.
José Carlos Araújo
especial para a BOA VONTADE
E ele, mais uma vez, foi perfeito em sua análise. O futebol-arte passou ao largo do Campeonato Brasileiro. Quem foi o grande destaque do ano? Podemos talvez citar Alexandre Pato, do Internacional, mas ele nem sequer teve tempo de confirmar a fama de extraclasse, pois foi logo negociado para o futebol italiano. Por aqui, como não temos condições de competir financeiramente com os centros economicamente mais fortes, precisamos nos contentar com os craques em fim de carreira ou com jogadores medianos. A conseqüência não poderia ser outra: os times brasileiros tornaram-se muito iguais em qualidade. Daí o forte equilíbrio observado no Campeonato Brasileiro. Talvez a exceção seja o campeão deste ano, o São Paulo, que, mesmo sem ser um time de estrelas, ficou um nível acima dos demais. Luxemburgo está coberto de razão. Não temos mais o futebolarte, pela absoluta ausência dos artistas da bola. Hoje, nossos clubes aplicam o futebol-força, firmado muito mais na correria e no preparo físico do que na qualidade do trato com a bola. O futebol-arte só mesmo quando a Seleção Brasileira reúne os principais jogadores e nos brinda
com exibições cada vez mais raras em nossos estádios. Só então a comparação com o que estamos habituados a ver nos faz compreender que vivemos dois extremos: de um lado, o futebol operário que os times daqui nos oferecem; de outro, o espetáculo que só a Seleção Brasileira, com seu futebol fora de série, pode nos proporcionar. É necessário encontrar uma fórmula para manter no Brasil, por um tempo maior, os craques que formamos nas divisões de base. Muitos nem sequer passam pela divisão principal. Saem direto da base para o Exterior. É importante para eles, que alcançam cedo a independência financeira, e também para os clubes, que estão sempre de pires na mão, atrás de qualquer dinheiro possível. Essa permanência mais prolongada de nossos craques não é essencial somente para o futebol brasileiro, cada vez mais carente de jogadores diferenciados. Os que ficam, em sua maioria, são os atletas da mesmice, os veteranos e os da força física. Se não encontrarmos uma saída rapidamente, só nos restará assinar embaixo da constatação de Vanderlei Luxemburgo: “O futebol-arte acabou no Brasil. Estamos órfãos de craques”. BOA VONTADE |
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Perfil O bem-humorado jornalista Moacir Japiassu
Japiassu,
Janistraquis
e boas histórias
Rodrigo Oliveira
U
m descontraído batepapo de 30 minutos com o veterano jornalista Moacir Japiassu significa ouvir boas histórias e a garantia de aprender e dar boas risadas com elas. E não foi nada diferente nesta entrevista exclusiva. Antes de levar sua colaboração intelectual ao I Salão Nacional do Jornalista Escritor (veja reporta18
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Fotos: Daniel Trevisan
gem sobre o evento na página 71), falou à nossa equipe sobre aquilo que tirou de melhor no auge dos 65 anos de uma vida dedicada ao jornalismo, profissão pela qual se apaixonou graças ao incentivo do irmão. A entrevista nem mesmo havia começado a ser gravada e o jornalista logo disparou: “Esqueci meus óculos de entrevista!”,
exclamou, referindo-se ao tradicional objeto sem as lentes com o qual sempre se apresenta. E complementou: “Os óculos são de mentira, mas, de fato, não os esqueci. É que para dar entrevista à Legião da Boa Vontade é preciso usar óculos de verdade, não de mentira”. Narrou fatos de sua história pessoal, como a incursão no
jornalismo, e falou dos projetos aos quais se dedica atualmente, a exemplo da famosa coluna “Jornal da ImprenÇa” (no portal www.comunique-se.com.br), em que, com o uso da sátira, critica os erros de gramática e estilo dos textos jornalísticos, fazendo desse canal um meio de aprendizado para os aspirantes à profissão.
Rosevalte Caetano
BOA VONTADE — Podemos começar falando de sua vida no Nordeste, ainda menino. Como foi a mudança do sertão para a Região Sudeste? Moacir Japiassu — Para você ter uma idéia dessa aventura, ela foi tão traumatizante que até hoje não me recuperei (risos). Eu estou fora da Paraíba, onde nasci, desde dezembro de 1956. Quer dizer, agora em dezembro estará fazendo 51 anos. Meu pai (Severino Lins Falcão) era funcionário público do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e, em 1956, o chefe dele, em João Pessoa/PB, foi convidado a comandar um escritório no norte de Minas — afinal, essa região também padece muito com as secas e está
Japiassu e sua esposa, Marcia Lobo, durante visita à Escola da LBV, em 1995.
“Quando estava no Nordeste — é que hoje estou com cabelo todo branco e não dá para ver —, tinha um cabelo vermelho. Eu era ruivo mesmo. (...) Um dia, estou numa estação de trem para voltar para o interior e, na hora que saí de um bar onde tinha tomado um refrigerante, uma senhora agarrou a criancinha e disse: ‘Ai Nossa Senhora, é o diabo’. E eu era uma criança, fiquei revoltadíssimo.” incluída no chamado polígono das secas — para desenvolver vários projetos, novos açudes. E ele, que se chamava dr. Manuel Martins de Athayde, amigo de meu pai e que gostava muito do velho, convidou-o a vir a Montes Claros/MG, que era sede do projeto. O velho ficou meio assustado, porque é sertanejo, tem medo dessas aventuras repentinas. Ele tentou dizer não, mas antes conversou com a minha mãe: “Neusa, o dr. Athayde me fez esse convite, olhe só que absurdo!” Aí a velha disse: “Não tem esse negócio de absurdo, não! Vamos, sim!” O velho tomou aquele susto. Como minha mãe mandava realmente em casa — casa de cabra macho é assim: quem manda é a mulher —,
aí num instante eles se resolveram; vieram para cá e eu vim junto. Foi essa a aventura! BV — Logo que chegou, como foi a adaptação? Algum fato engraçado? Japiassu — Não, comigo nunca aconteceram fatos rigorosamente engraçados, mas sempre tragicômicos (risos). Na verdade, aconteceram esses fatos mais lá no Nordeste do que no Sudeste, porque aqui é mais aberto, mais evoluído, mais cosmopolita. Quando estava no Nordeste — é que hoje estou com cabelo todo branco e não dá para ver —, tinha um cabelo vermelho. Eu era ruivo mesmo. E você já pensou ser ruivo no Nordeste? É uma coisa espantosa. Por onde andava, chamava uma atenção danada. Um dia, estou numa estação de trem para voltar para o interior e, na hora que saí de um bar onde tinha tomado um refrigerante, uma senhora agarrou a criancinha e disse: “Ai Nossa Senhora, é o diabo”. E eu era uma criança, fiquei revoltadíssimo. BV — Você destaca a característica cosmopolita da Região Sudeste, mas hoje reside em um sítio. Por que fazer essa escolha? Japiassu — O negócio é o seguinte: essa mudança não foi feita assim que cheguei. Eu me mudei para lá há cinco anos. Então, passei boa parte da vida aqui nesta Região; na verdade, cheguei em 1970 a São Paulo, para você ter uma idéia. Já era jornalista veterano, com uns 10 BOA VONTADE |
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Perfil
“Eu sou fã da LBV!”
anos ou mais de jornalismo. Fiquei em São Paulo com a minha mulher, Marcia Lobo, que também é jornalista e escritora, desde 1970 até 2002. É tempo suficiente para a gente fazer uma série de coisas, criar vários projetos, produzir uma revista (Jornal dos Jornais). (...) Nós tínhamos aquele sitiozinho lá em Cunha, no interior de São Paulo — foi um pedacinho de terra que compramos em 1975. O que ficava velho aqui na casa de São Paulo a gente levava para lá, esse tipo de coisa que se faz. Um armador para colocar uma rede, cadeira de balanço. E nos últimos 30 anos ficamos com essa rotina de no fim de semana irmos para lá. BV — Quando apareceu na cabeça a idéia de trabalhar com o jornalismo? Japiassu — Eu sempre sur20
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preendo as pessoas que me fazem esta pergunta, porque nunca tinha pensado nisso. Desde jovem, queria ser escritor; lia pensando em ser escritor; estudava pensando em ser escritor. Agora, evidentemente, era um sonho juvenil porque não conseguiria — como a maioria absoluta dos escritores brasileiros — sobreviver escrevendo romance ou conto, fazendo literatura. Estava com 18 para 19 anos de idade e nunca tinha pensado no jornalismo. (...) Um dia meu pai estava já desconfiado da minha malandragem, porque não via nenhum movimento meu atrás de trabalho (risos). Mas eu não era preguiçoso, não. É que queria ler e quanto mais lesse, melhor seria. Um dia ele chegou cedo do trabalho, me viu lendo, na cadeira de balanço da varanda, e disse: “Isso é muita malandra-
gem. Você já tem idade para ser pai de família”. E deu aquela bronca nordestina. Aí, meu irmão (que trabalhava no Última Hora, jornal de Belo Horizonte) estava dentro de casa, escutou a bronca, depois me chamou e disse: “Rapaz, é melhor você arranjar um emprego, senão vai criar um problema sério. Você não quer tentar jornalismo, não? Você gosta de escrever, quem sabe?” Então, havia um jornal chamado Correio de Minas, que estava para sair. Era dezembro de 1961, e o jornal ia sair em fevereiro ou março. Ele me disse: “Lá no Correio de Minas quem está organizando tudo é o Guy de Almeida, grande jornalista mineiro. Quem sabe ele vai com a tua cara e te emprega como foca*?” No dia seguinte, estava eu lá com o Guy e o Dídimo Paiva, este, grande chefe de reportagem. Aí me deram lá umas coisinhas para fazer como teste e acharam que eu levava algum jeito. Fui ficando e virei jornalista. Fiquei besta porque não tinha a menor amizade, a menor ligação com o jornalismo, a não ser meu irmão que era jornalista. BV — E de cara um meio de comunicação impresso. Muitos consideram o jornal como a melhor escola para o jornalismo. Japiassu — Sem dúvida. É na redação que se aprende a fazer jornalismo. Pelo menos era assim naquela época. Hoje em dia fica um pouco mais difícil. O que os meninos [estudantes] * Foca: Jargão jornalístico que designa o iniciante na profissão.
reclamam muito é que não têm professores à mão. Eles saem da faculdade, alguns tendo feito excelente curso, entram na redação, chegam dispostos a trabalhar, a vencer na vida, mas é preciso que haja pessoas para ensinar-lhes o caminho das pedras. E essas pessoas, atualmente, estão cada vez mais escassas. Eu era um sujeito paciente que gostava dos focas, gostava de ensinar. Hoje em dia nas redações não existe mais essa figura. O repórter tem pela frente um computador; na maioria dos casos, a maioria absoluta, não se acha mais a figura do copidesque, aquele que recebe o original e reescreve, muitas vezes, com o repórter ao lado. Agora, o repórter é um solitário que tem de resolver o problema ali. E, muitas vezes, a gente encontra no jornal impresso, principalmente, erros fantásticos. Por quê? Por causa desse esquema um pouco capenga. BV — A partir desses erros dos jornalistas, você criou uma forma
“O que os meninos [estudantes] reclamam muito é que não têm professores à mão. Eles saem da faculdade, alguns tendo feito excelente curso, entram na redação, chegam dispostos a trabalhar, a vencer na vida, mas é preciso que haja pessoas para ensinarlhes o caminho das pedras.”
irreverente de criticá-los, por meio da coluna “Jornal da ImprenÇa”. De onde veio a idéia de fazer essa crítica construtiva? Japiassu — Da época em que era diretor de Comunicação da Denison Propaganda. Não era publicitário, desempenhava função jornalística. Aliás, fui criar esse departamento, que não existia lá. E aí, alguns meses depois de eu ter assumido, apareceram dois amigos, Dante Mattiussi e Paulo Markun, que estavam para lançar um jornal chamado Imprensa (essa história completou, em setembro, 20 anos). Eles chegaram com o projeto e disseram: “Japi, você está aqui como diretor da Denison. Não dá para você ajudar a gente com anúncios?” Eu disse que não era minha área, pois sou um jornalista, mas que as pessoas da empresa eram minhas amigas, a partir do presidente, que é meu amigo pessoal; então disse a eles que poderia apresentar um projeto. Fizemos uma reunião e aproveitei para apresentar um
projeto. Os caras adoraram; logo falaram com os departamentos de marketing dos seus clientes. Foi um sucesso tão grande que o que era jornal acabou virando revista. Eles então me fizeram o convite para fazer a coluna. BV — De onde vem a ligação com Janistraquis? Japiassu — É antiga. Janistraquis é do sertão pernambucano e eu o conheci num evento no Recife. Isso tem quase 50 anos, e lá ficamos amigos. Depois nos desencontramos quando vim para cá, e só fui reencontrá-lo já nos anos 1970, em São Paulo/SP, onde ele trabalhava de burro sem rabo (esse cara que sai pela rua com a carroça, ou seja, ele é o burro, porque não tem o animal que puxa a carroça). Ele era torcedor fanático do São Paulo Futebol Clube — que é clube de rico. Veja você: ele, naquela miséria, torcedor do São Paulo? Mas ele não era um torcedor comum, não! Adorava mesmo era o presidente
Japiassu (E) participou do evento no painel “Biografias, Jornalismo e Literatura”, ao lado dos escritores Manuel Carlos Chaparro e Alberto Dines (D), mediado pelo diretor da Ricardo Viveiros Assessoria, Marco Antonio Eid, ao lado de Dines. BOA VONTADE |
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Perfil
Rubens Chiri
No I Salão Nacional do Jornalista Escritor, Japiassu e sua simpática esposa, Marcia Lobo, ladeados pelos representantes da LBV no evento, Marta Trigueiro e Rodrigo Oliveira.
do clube, o Laudo Natel, que tinha sido governador de São Paulo. E como Laudo Natel era bem pequenininho, o Janistraquis saía pela rua como o burro, com a carroça, e atrás o retrato do dr. Laudo Natel em Laudo Natel tamanho natural, um retrataço. Nós nos encontramos na frente de uma loja no Centro, onde ele via os jogos de futebol. Reatamos a amizade e estamos aí até hoje juntos, novamente. BV — Fale sobre os projetos que você tem em mente para o futuro. Japiassu — Meus projetos todos, hoje, se referem à Literatura. Eu mantive aquele projeto, o desejo de ser escritor, intacto. Quando fomos morar no sítio, em 2002, percebi que o esquema com a internet me facilitava 22
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muito a vida, inclusive, por causa de problemas de pesquisa. Uns camaradas que moravam lá nos cafundós, no meio do mato, como é que iam fazer para pesquisar a fim de escrever uma obra mais alentada, se precisassem? Não havia condição. A Literatura é imaginação, mas não é apenas e simplesmente imaginação. Você, muitas vezes, tem de dar a ela uns contornos que tocam a realidade, seja ela contemporânea, seja antiga. E precisa saber qual foi o ano daquilo, o que aconteceu, ou seja, a memória. E você não tem. Então, hoje em dia, com a internet você dispõe desse manancial impressionante. Com isso, escrevi três romances. Estou escrevendo o quarto agora e tenho, evidentemente, planos de escrever outros pela frente. BV — Em janeiro, a LBV comemora 58 anos de constantes realizações pelo Brasil. Qual
balanço você faz do trabalho da Instituição? Japiassu — Eu conheci a LBV por intermédio da minha mãe. Ela era apaixonada pelos projetos de Alziro Zarur, fundador da Legião da Boa Vontade. Ela o ouvia pelo rádio, adorava ele e os projetos da LBV. Acompanhava e ajudava a Legião da Boa Vontade na medida do possível de uma mulher pobre, mas ajudou porque via a Instituição com muita seriedade, e isso é uma coisa inegável. Paiva Netto, o grande herdeiro de Zarur, é uma figura exponencial! Um homem honesto, decente, que realmente gosta da Humanidade. Ele é uma criatura que eu considero superior. Não sou uma pessoa religiosa na essência, talvez pelo fato de ser um romancista procurando a verdade no coração do Homem. Embora de fato eu seja pessimista com relação à Humanidade, não sou muito fã da Humanidade, vejo o Paiva Netto como essa pessoa infinitamente superior. Se nós tivéssemos dez pessoas como o Irmão Paiva à frente de projetos sociais no Brasil, este país seria diferente. Acredito nisso, porque é verdade. Sou um grande admirador dele, pois ele não é uma pessoa só de discurso. É uma pessoa que faz, é um realizador! Eu sou fã da LBV! BV — O Janistraquis não veio por quê? Amarelou? Japiassu — Não veio porque ele tem de estar lá tomando conta das galinhas e dos meus amigos, ora! (risos)
Acontece no Ceará Patrícia Saboya
DOIS MOMENTOS A senadora no instante em que foi recebida pelos vovôs e vovós da Melhor Idade, assistidos pela LBV, e, ao lado, confraterniza com as crianças atendidas pela Instituição.
Senadora emociona-se na LBV em Fortaleza Leontina Maciel
O
Centro Comunitário e Educacional da LBV, na capital cearense, recebeu em 29 de outubro a visita da senadora Patrícia Saboya. Na oportunidade, foi recepcionada pelas crianças e pelo Grupo de Convivência da Melhor Idade atendidos no local, o que a emocionou muito. “A LBV tem essa história da Solidariedade, da Boa Vontade, de estender a mão a quem precisa. Estou muito feliz de estar nesta Casa recebendo tanto Amor”, declarou. A apresentação musical dos meninos e meninas que participam do Programa LBV — Criança: Futuro no Presente!, em especial, conquistou a parlamentar: “Agradeço essa homenagem tão linda, repleta de crianças maravilhosas,
Fotos: Nino Santos
com um sorriso tão aberto. Tenho certeza de que estão sendo bem amadas, cuidadas e tratadas”, disse Patrícia. Em seguida, as crianças a presentearam com um cartão e uma camiseta autografados por todas elas. Já o grupo da Terceira Idade entregou à senadora um tapete artesanal, confeccionado durante as atividades no Centro Comunitário. Mãe de quatro filhos, Patrícia Saboya diz que uma de suas plataformas de trabalho está no respeito à dignidade da infância. Por isso, ela considerou mais do que especial aquele dia na Instituição: “Estou convencida de que um país só pode ser livre, melhor, quando todas as crianças tiverem direito à saúde, à educação, à moradia. É isso que sonho para
“Estou convencida de que um país só pode ser livre, melhor, quando todas as crianças tiverem direito à saúde, à educação, à moradia. É isso que sonho para o nosso Brasil. Contem sempre com a amiga Patrícia para todas as horas. Parabéns!” o nosso Brasil. Contem sempre com a amiga Patrícia para todas as horas. Parabéns!” BOA VONTADE |
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Assistência Social Campanha do Natal Permanente da LBV
O cantor e humorista Moacyr Franco e sua esposa, a atriz Daniela Franco.
Brasileiros de mãos dadas com a LBV na distribuição de 440 toneladas de alimentos neste Natal
A força da Marta Trigueiro Fotos: Chico Audi
É 57- anos Fábio Meirelles, modelo Rafaela Romolo, atriz mirim
consenso que existe muito a ser feito para melhorar a vida dos brasileiros, principalmente os estimados em 14 milhões que ainda convivem com a fome, conforme recente pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Por isso a Legião da Boa Vontade (LBV), na contramão da miséria e em favor da Vida, empreende iniciativas
Aparecida Liberato, numeróloga
Claudete Troiano, apresentadora de TV
pelas comunidades em situação de pobreza, com amplo trabalho que se realiza há quase 60 anos. Uma dessas ações é a tradicional Campanha Natal Permanente da LBV — Jesus, o Pão Nosso de cada dia!, com alcance nas cinco regiões do Brasil. Pelo sexto ano consecutivo, o renomado fotógrafo Chico Audi colaborou com seu profissionalismo
Lucimara Parisi, diretora de programa de TV, com o marido Alexandre Viturino
Leonardo Miggiorin, ator
O empresário Leandro Burti (E) e o renomado fotógrafo e padrinho da Campanha Natal Permanente da LBV — Jesus, o Pão Nosso de cada dia! Chico Audi, ladeado pelas judocas Danielle Zangrando e Priscila Marques.
para realizar a sessão especial de fotos com artistas e personalidades da mídia, que ilustram essa reportagem. O trabalho foi realizado nos modernos estúdios da BurtiHD, em São Paulo/SP, graças ao apoio do empresário Leandro Burti. Para agradecer o gesto solidário, o Coral Ecumênico Infantil LBV prestoulhes singela homenagem logo que chegaram ao local.
Chico Audi, padrinho da Campanha, conta por que colabora para as iniciativas da Obra: “O exemplo que a Legião da Boa Vontade dá ao mundo é o que me motiva, a cada ano, a ajudar e fazer esse trabalho bonito acontecer. (...) Muito obrigado, Paiva Netto! Você sabe que a nossa amizade é muito forte e o trabalho que o senhor faz na LBV
Netinho de Paula, apresentador de TV
Felipe Dylon, cantor
Felipe Kannenberg, ator
Da
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Solidariedade Gratidão As crianças da LBV homenageiam dois grandes apoiadores da Campanha em 2007: Chico Audi (E) e Leandro Burti.
Grupo Exaltasamba
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Assistência Social
Grupo Forró Pé Quente
Felipe Ramos, da Eurodata
“Estou superfeliz! Era um sonho participar de uma Campanha da LBV!” Gil
Cantora e apresentadora de TV
Grupo SambaDenovo
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William & Renan, dupla sertaneja
é verdadeiramente único. Parabéns!” Da mesma forma, o Amigo de Boa Vontade Leandro Burti ressaltou a antiga amizade entre a Legião da Boa Vontade e a BurtiHD. “A diferença se faz pela essência e eu entrei na Campanha da LBV graças a isso. Essas crianças têm um futuro incrível e a Legião da Boa Vontade é uma referência para elas do que há de melhor. Esta parceria me faz bem porque a reciprocidade que vejo nesse momento me dá uma idéia do potencial de vocês em promover o melhor e fazer o Bem. Essa parceria já existiu, continua e vai existir, ou seja, é uma parceria conjugada em três ocasiões, passado, presente e futuro”, comentou. O cantor e humorista Moacyr
Maurren Maggi, atleta
Paulinho e Macedo, dupla sertaneja
Rodrigo de Paula e Paulinho, dupla sertaneja
“Eu conheço o trabalho da LBV há muitos e muitos anos. Ela oferece carinho, Amor, e isso alimenta não só o coração, mas também a Alma.” Claudete Troiano
Apresentadora de TV
Franco justifica por que sempre dá sua colaboração:“Estou muito emocionado e contente de participar da Campanha, nesta altura da minha vida. Quero agradecer ao Paiva Netto por ter tocado para a frente esse projeto que eu já escutava no meu tempo de garoto,
Duda Ardito, modelo mirim Vogue
Giácomo Pinotti, ator
Sebastián Cuattrin, canoísta
Elzimar Antunes, empresário
Banda Black Smith
“Conheço a LBV. É um trabalho único. Vi crianças acolhidas, educadas, bem alimentadas. É surpreendente o trabalho que ela faz.” Aparecida Liberato Numeróloga
lá em Uberlândia/MG, quando o Alziro Zarur falava na madrugada, propagando a mensagem da Boa Vontade*. Lembro demais da minha mãe naquele tempo. (...)” Este ano 440 toneladas de alimentos não-perecíveis são entregues, em cestas, a milhares
de famílias atendidas ao longo do ano pela LBV, ajudando, assim, a propiciar-lhes um Natal sem fome, digno e feliz. Com a iniciativa, a Instituição almeja também estimular essas famílias a continuar participando dos programas e projetos socioeducacionais que ela desenvolve. Todos estão convidados a colaborar não apenas com a grande mobilização por um Natal feliz e sem fome, mas também com outras ações solidárias ao longo do ano. Ajude, pois o Natal é Permanente! Mais informações pelo tel.: (11) 3225-4500 ou pelo site www.lbv.org.br.
Maurício, ex-jogador de vôlei
Cezar e Paulinho, dupla sertaneja
Apoio:
“A LBV me deixa em estado de graça.” Lucimara Parisi
Diretora de TV
* O cantor, ator e humorista Moacyr Franco refere-se aos programas veiculados pela Rádio Mundial, antiga Emissora da Boa Vontade, apresentados pelo fundador da LBV, o radialista, poeta e ativista social brasileiro Alziro Zarur (1914-1979), em que discursava, pioneiramente, sobre a Campanha Natal Permanente da LBV.
Turma do programa Chupim, da Rádio Metropolitana FM
Egypcio, vocalista da banda Tihuana
Virna, jogadora de vôlei
Flávio Saretta, tenista
Assistência Social
Liliane Cardoso
O renomado fotógrafo Michael Paz, que também clicou os artistas do Sul do Brasil.
Flashes solidários Fotos: Michael Paz
“Conheço a LBV há bastante tempo; é um trabalho maravilhoso.” Cristina Sorrentino Cantora lírica
M
ais um profissional neste ano aderiu à iniciativa do Natal Permanente da LBV. Desta vez, o destacado fotógrafo gaúcho Michael Paz reservou espaço em sua agenda para clicar os Amigos da Boa Vontade do Rio Grande do Sul que vestiram a camisa da tradicional Campanha. O local foi seu próprio estúdio, localizado no bairro Menino Deus, em Porto Alegre/RS. Encantado com o atendimento que a Entidade oferece aos gaúchos em situação de
Grupo Tchê Garotos
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carência, ressaltou: “Muito emocionante visitar a LBV. Há muito tempo acompanho o trabalho dela e é de tirar o chapéu, por toda a preocupação com o bem-estar da Humanidade”. No mesmo dia, conheceu as instalações do Lar e Parque Alziro Zarur, que a LBV mantém em Glorinha/RS. Sobre o local, comentou: “Eu me sinto muito gratificado. O dia foi maravilhoso, as instalações aqui do Lar e Parque são ótimas. O projeto é elogiável, impressionante, a estrutura,
o cuidado. O que vocês fazem por esse pessoal e por essa criançada é maravilhoso. Aqui é tudo maravilhoso, arborizado, bonito, bem cuidado, as casas, a gurizada, a dedicação total”. O jornalista Leo Meira, padrinho dessa mobilização na Região Sul, estendeu o convite a todos os brasileiros: “Todos devemos dizer sim à LBV, porque é o que nós queremos: um Natal mais fraterno e mais solidário para as pessoas. O povo gaúcho é solidário. Peço que se enga-
“Fiquem sabendo que, por intermédio da Legião da Boa Vontade, é uma boa forma de ajudar as pessoas.” Borguetinho
Gaiteiro, compositor de carreira internacional
Bibo Nunes, apresentador de TV
Grupo Os Serranos
Valdir Delazari, da LT-Distribuidora, Leo Meira, jornalista e padrinho da Campanha na Região Sul, e Carlos Konrath, da Opus Produções.
também no Sul jem nessa Campanha e vamos, juntos à LBV e com o esforço conjunto de todos, fazer uma Campanha maravilhosa, batendo recorde de arrecadações de alimentos”. A Opus Produções, especializada no ramo de teatro, dança e música nacional e internacional, também participou da Campanha. “Você que é empresário e profissional, diga sim para a LBV. Não há nada melhor do que quando a gente tem condição de poder ajudar, é extremamente gratificante. Nós é que estamos muito agradecidos de ter colaborado nessa Campanha”, disse, em nome da empresa, o diretor Carlos Konrath. O diretor da LT-Distribuidora, Valdir Delazari, concorda com essa idéia: “Temos a absoluta certeza de que, se todos fizerem um pouquinho, a pobreza e a dificuldade, principalmente para as crianças, serão Rui Biriva, cantor e apresentador Deise Nunes, de TV modelo
reduzidas. Queremos ajudar sempre. Acredito que, quando a gente ajuda a quem precisa, o retorno no próximo ano vem em dobro”. O grupo de música tradicionalista Os Serranos também fez coro aos demais: “Peço a Deus, o grande Arquiteto do Universo, que ilumine cada vez mais Paiva Netto, que faz um trabalho maravilhoso à frente da LBV, a fim de trazer mais humanitarismo para as crianças e para a sociedade de uma maneira geral. O nosso conjunto não po-
deria ficar fora de uma Campanha tão meritória quanto esta. Somos muito gratos a Deus porque temos, em nosso País, Paiva Netto e tantos outros colaboradores que, por intermédio da LBV, fazem esse trabalho bonito de amparo às crianças e encaminhamento aos jovens para um mundo melhor, inserindo-os no contexto social de forma digna. Contem conosco quando precisarem, porque nós somos e seremos sempre soldados desta causa nobre”.
“É bom demais estar com a LBV e com todos vocês, neste Natal de Paz, Amor e muito respeito. Dê a sua mão também e colabore. Um abraço, Fé em Deus e pé na tábua.”
Volmir Martins, trovador e apresentador de TV
Gaúcho da Fronteira
Cantor, compositor e apresentador de TV
Paulão, atleta
Grupo Tchê Barbaridade
Literatura Entrevista com a escritora Lya Luft
O melhor da
maturidade
Leila Marco
E
ntender o mundo. Este é o desejo que move a escritora Lya Luft desde a infância. Uma tarefa não muito fácil, mas que explica por que em sua obra buscou nas indagações o mote principal para escrever. Esta gaúcha chama a atenção também por outros fatos. Por exemplo: somente depois dos 60 anos e de perdas consideráveis, ela chegou ao auge literário, o que dá mais força ao otimismo com o qual analisa em seus livros os amores, a velhice e, claro, as crises. Nascida em 15 de setembro de 1938, em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, cidade de colonização alemã, conheceu cedo esse idioma e o melhor da literatura germânica. O amor pela poesia, ela conta, veio “desde que aprendi a ler”. Na adolescência, já saboreava os “clássicos em alemão, Schiller, Goethe...”. Carinhosa e ao mesmo tempo irreverente, comenta as lem30
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branças dessa fase inicial da vida: “Encantadora era nossa casa, minha família, me sentir amada e segura. Detestável era ter de obedecer e ir à escola”. Aliás, desse olhar observador nasceram textos em que a autora fala de estereótipos construídos pela sociedade, que nos fazem tanto mal, e questiona como, em muitos casos, os adultos falham na educação das crianças. Anos mais tarde, residindo em Porto Alegre, formou-se em Pedagogia e Letras Anglo-Germânicas pela PUC-RS. A partir da década de 1960, passa a se dedicar à tradução do alemão e do inglês, profissão que exerce até hoje e com a qual diz conseguir o seu ganha-pão, tendo vertido obras de grandes autores, como Virginia Woolf, Rainer Maria Rilke, Hermann Hesse, Doris Lessing, Günter Grass, Botho Strauss e Thomas Mann. Só aos 41 anos é que Lya se
lança como romancista com a obra As Parceiras, seguida de A Asa Esquerda do Anjo, Reunião de Família, O Quarto Fechado, Mulher no Palco, Exílio, O Lado Fatal, A Sentinela, O Rio do Meio, Secreta Mirada, O Ponto Cego, Histórias do Tempo e Mar de Dentro. Todavia, o sucesso chegaria com o ensaio Perdas & Ganhos (2003), no qual mostra como as próprias pessoas criam fantasmas ao não entender o fluxo natural da existência, questionando, entre outras coisas, o medo exagerado da velhice, o tempo desperdiçado com frivolidades, o consumismo exacerbado, a relação familiar equivocada, o fim de relacionamentos ou a preocupação em não receber melhor a morte. Ainda no universo dos relacionamentos humanos, lançou dois outros livros: Pensar é Transgredir (2004) e Em Outras Palavras (2006). Neles, a autora explora de maneira interes-
sante e inusitada os fatos do diaa-dia e a possibilidade de tirar da vida o melhor ao assumir as rédeas da própria existência, elegendo as verdadeiras prioridades. Neste ano, com A Volta da Bruxa Boa, Lya dá asas à imaginação, percorrendo o imaginário do mundo infantil num trabalho que está ao alcance das crianças e, ao mesmo tempo, capaz de conquistar também os adultos. Depois de Histórias de Bruxa Boa (o primeiro texto infantil da autora), ela conta as aventuras de Lilibeth, a neta dela e as irmãzinhas gêmeas, as bruxas más Cara-de-Panela e Cara-de-Janela e outros personagens. As ilustrações da obra são da pintora e pediatra Susana Luft, filha do seu primeiro casamento com o gramático Celso Pedro Luft, com o qual teve ainda mais dois filhos, André e o caçula Eduardo. A separação da escritora, em 1985, ocorreu após 22 anos de convivência. Depois disso, viveu com o escritor Hélio Pellegrino, que faleceu depois de três anos. Reatou com o primeiro marido, em 1992, ficando viúva novamente em 1995. Assim como na maneira de escrever da autora, o leitor da BOA VONTADE verá adiante, nesta entrevista que concedeu por e-mail, que Lya foge de qualquer tipo de amarra. O importante para ela é falar das coisas que gosta e do viver, acima de tudo, mesmo que, muitas vezes, de forma enérgica. Divulgação
BOA VONTADE — A senhora diz que sua carreira literária teve início
Amor, velhice e família sob o olhar crítico e otimista de Lya Luft
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Literatura
BV — Mergulhar no íntimo humano é o grande desafio no mundo atual? Lya Luft — Quanto mais vertiginoso o mundo exterior, mais importante será o interior de cada pessoa. BV — Como vencer a alienação em que vive a sociedade hoje? Lya Luft — Refletindo, cada um, na sua vida normal, tentando ser decente, compassivo e criativo. BV — Alcançar a liberdade interior, isso talvez faça parte da maturidade? Lya Luft — Acho que o passar do tempo confere certa liberdade interior, que vem com a maturidade, sim. Depende de cada pessoa. BV — Qual o conselho para saborear melhor essa fase da vida (a maturidade)? Lya Luft — Deixar de lado a bobagem de querer ser sempre jovem e curtir cada fase da vida com naturalidade. 32
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aos 41 anos, após grave acidente de carro. O que a proximidade com a morte lhe mostrou? Lya Luft — Isso é um pouco folclore a meu respeito, embora aos 38 anos, mais ou menos, eu tenha sofrido um acidente e ficado um ano sem trabalhar (era tradutora e professora universitária), e esse tempo foi de muita reflexão. Depois, decidi arriscar e escrever meu primeiro romance.
BV — Os momentos de maior desafio foram superados ao escrever sobre o assunto? Lya Luft — Escrevo sobre a oposição vida-morte desde sempre. É o grande tema humano. BV — A senhora declarou, certa vez, que gosta de “botar o dedo na ferida de algumas mazelas da sociedade”. Os estereótipos sociais estão entre tais mazelas? Lya Luft — Em parte sim, achar que velho não é feliz, que criança não pensa, que adolescente é sempre fútil, que envelhecer é triste, que pobre é pior que rico etc. BV — Como foi o desafio de tornar-se a primeira mulher colunista da revista Veja? E sobre chegar à intimidade de tantos leitores? Lya Luft — O meu primeiro impulso foi recusar. Depois, achei que, sendo a primeira mulher e primeiro escritor gaúcho, valia a pena. Logo me acostumei. Escre-
vo como se fosse para uma pessoa só: eu mesma. BV — Quais os livros que mais gostou de fazer? Lya Luft — Cada um foi o especial na sua hora. Gosto muito de Mar de Dentro e O Ponto Cego, do poema Para não dizer adeus, e de meus dois livros infantis, da Bruxa Boa. BV — Qual o tema de sua próxima obra? Pode adiantar aos leitores o que prepara? Lya Luft — Serão contos: O Silêncio dos Amantes, para 2008, sobre incomunicabilidade e solidão. BV — Depois de criar uma família bonita e ser reconhecida como escritora, já fez tudo o que queria ou planeja mais? Lya Luft — Eu deixo a vida acontecer, estou sempre aberta para o novo e o bom.
Homenagem O centenário de Oscar Niemeyer
O gênio
das formas Oscar Niemeyer festeja um século de vida, traçando uma arquitetura leve e surpreendente.
Da Redação
I
rresistivelmente nova e bela. Assim se poderia definir a obra de um dos brasileiros mais notáveis: o arquiteto carioca Oscar Niemeyer. No dia 15 de dezembro, ele completa um século de vida e pode dizer, como bem poucos, que o tempo, o mais severo dos juízes, não envelheceu o seu trabalho. Dono de um legado considerável em qualidade e quantidade, atravessou mais de 70 anos, desde que se formou pela Escola Nacional de Belas Artes, em 1934, até os dias de hoje, com a mesma paixão. “Na Arquitetura debrucei-me por toda a vida. Foi o meu hobby, uma das minhas alegrias, procurar a forma nova e criadora que o concreto armado sugere. Descobri-la, multiplicá-la, inseri-la na técnica mais avançada, criar o espetáculo arquitetural”, diz em suas memórias. Niemeyer mostrou que vinha para inovar desde os primeiros trabalhos na década de 1930, destacando-se na corrente modernista, ao integrar, no escritório de Lúcio Costa A obra e o seu criador Niemeyer, diante do Museu de Arte Contemporânea, em Niterói/RJ.
a Mão Escultura do arquiteto é atração do Memorial da América Latina, em São Paulo/SP. Inaugurada em 1989, ela reproduz um mapa estilizado do continente. BOA VONTADE |
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Homenagem
Arquivo BV
Congresso Nacional Outra bela construção com assinatura de Niemeyer. Sede do Poder Legislativo, os blocos ao centro têm 28 andares. Nas cúpulas, estão os plenários: na convexa, a Câmara dos Deputados; na côncava, o Senado Federal.
Gigante como São Paulo Em formato de onda, o edifício Copan é outra surpreendente construção de Niemeyer e fica em um dos pontos mais movimentados da capital paulista. Há 1.160 apartamentos distribuídos em 32 andares.
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Divulgação
Divulgação/Wikipédia
Palácio do Planalto A sede do Poder Executivo do Brasil é revestida de mármore branco. A entrada principal é voltada para a Praça dos Três Poderes. A edificação tem vários andares, porém apenas quatro são visíveis, pois há subsolos e anexos administrativos.
e Carlos Leão, a equipe do projeto que desenvolveu os estudos do arquiteto franco-suíço Le Corbusier na construção da sede do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro/RJ, tempo em que a cidade era capital do País. Seu talento logo desponta nas edificações do Conjunto da Pampulha (que compreende o Cassino, o Restaurante e o Templo de São Francisco de Assis). Esse projeto nasceu de um convite do então prefeito de Belo Horizonte/MG, Juscelino Kubitschek. Nesses prédios, viam-se já os traços principais que marcariam seu estilo, sobretudo na igreja, onde as curvas mais variadas protestavam contra a arquitetura retilínea, predominante à época, como diria o próprio arquiteto anos mais tarde. A partir da Pampulha, ele ganha projeção internacional, com um trabalho admirado e, por vezes, criticado na funcionalidade. Ao lado do antigo patrão e amigo Lúcio Costa, que ganhara o concurso para o projeto urbanístico de Brasília, Niemeyer escreve seu nome definitivamente na história da arquitetura mundial. Lúcio elaboraria o plano da cidade e ele, o projeto dos prédios. Neles, a beleza plástica incomum os diferenciaria do que até então predominava. Como exemplos da nova arquitetura, o Palácio da Alvorada (residência oficial do presidente da República), o Congresso Nacional, a Catedral de Brasília, a Esplanada dos Ministérios e os Palácios do Planalto (sede do Governo), da Justiça e do Itamaraty.
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Olhar Localizado no Centro Cívico de Curitiba/ PR, Brasil, o Museu Oscar Niemeyer possui mais de 17 mil m2 de área expositiva potencial.
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HISTÓRIA Equipe de planejamento arquitetônico da Sede Permanente das Nações Unidas, em Nova York (componentes da equipe e consultores auxiliares), fotografada em 18 de abril de 1947, em frente ao projeto preliminar do edifício. No primeiro plano, da esq. para a dir.: Ssu-Cheng Liang, China; Oscar Niemeyer, Brasil; Nikolai Bassov, Rússia (URSS); e Ernest Cormier, Canadá. Na segunda fileira, da esq. para a dir.: Sven Markelius, Suécia; Charles Le Corbusier, França; os membros da equipe Bodiansky, engenheiro consultor da diretoria (França); Wallace K. Harrison, projetistachefe da equipe; G. A. Foilleux, Austrália; Max Abramowitz, EUA, diretor de planejamento; e os consultores Ernest Weismann (Iugoslávia), Antoniades (Grécia) e Matthew Nowicki (Polônia).
a sede da Editora Mondatori (em Milão/Itália) e a Universidade de Constantine (Argélia). A vocação para a liberdade de expressão nunca o abandonou e o levou, no auge de seus 100 anos, a presidir a Comissão de Honra do Centenário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), que transcorrerá em 7 de abril de 2008. Niemeyer é sócio da ABI desde 1952, quando ingressou nela por proposta de Herbert Moses, na época presidente da Casa. [L.S.M.]
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Além da veia artística, Oscar Niemeyer sempre se preocupou com as causas sociais e a construção de um mundo melhor. Na década de 1980, a respeito da Legião da Boa Vontade, disse: “O que é para ajudar o Povo, é necessário e deve se fazer. Acho que o maior problema brasileiro é o da miséria, da discriminação social, da injusta distribuição do dinheiro. De modo que a ação no sentido de combatêlo, como faz a LBV, é louvável, é indispensável. Estou informado do que o José de Paiva Netto faz e o felicito, porque é muito bom o seu trabalho”. Dez anos depois, em 1996, ao receber, do ParlaMundi da LBV, a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica, na categoria Arte e Cultura, afirmou: “Agradeço a escolha e sinto-me feliz de estar entre gente tão boa e correta”. A inventividade arquitetônica é uma das características que o acompanham até os dias atuais. E foi assim que espalhou nestas últimas sete décadas seus prédios esculturais, símbolos da elegância, do harmônico e da leveza. Em São Paulo, são notórios a fábrica Duchen, o edifício Copan e o Parque do Ibirapuera. No Rio de Janeiro, a Obra do Berço, a residência na Estrada das Canoas e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói. No Exterior, além de ter sido um dos responsáveis pelo projeto da sede das Nações Unidas, em Nova York (EUA), há obras suas em diversos outros países, como o Museu Caracas (Venezuela), a sede do Partido Comunista (Paris/França),
internacional Um dos arquitetos responsáveis pelo projeto da sede das Nações Unidas em Nova York foi o brasileiro Oscar Niemeyer
Educação Classe artística e personalidades comparecem e apóiam a iniciativa
LBV amplia e moderniza brinquedoteca no Rio
Isabela Ribeiro
Fotos: Alan Lincon e Derblay de Almeida
Hugo Gross, Jorge Coutinho, Mário Marcelo e Cosme dos Santos.
Visão parcial do espaço De cara nova, a brinquedoteca ganha uma casa de bonecas, um cantinho da fantasia, jogo de botão, espaços da música e da leitura, entre outros brinquedos.
O
ambiente colorido, o salão com brinquedos novos, o sorriso das crianças e o cântico afinado do Coral Ecumênico Infantil da Legião da Boa Vontade são o resultado de um trabalho solidário e em equipe, envolvendo a comunidade carioca de Del Castilho, as lojas Ri-Happy e a LBV. Trata-se da recente reinauguração da brinquedoteca no Centro Educacional, Cultural e Comunitário da Instituição, na capital fluminense. 36
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O diretor de TV Guto Franco e sua esposa, Denise, com a garotada da LBV.
Jorge Coutinho, Theo M. Netto, Gerson Dupand, Fabiano Medeiros, Renatinho e Elaine Silva.
O evento contou com a participa- a dizer: ‘Sejam bem-vindos’. Um ção da classe artística e da imprensa, beijo no coração de cada um de representada por atores, cantores e vocês.” radialistas. Isabelita dos Patins imIsabelita também registrou seu pressionou-se com a nova estrutura carinho no Livro do Coração: “Pada dependência. “É linda, tem tudo rabéns! Estou muito feliz e honrada de melhor: fogão, geladeiem participar desse evento ra, espaço para orquestra... brilhante. Que Deus os A criançada vai se divertir. ilumine”. Dá para ver que tudo foi Presidente do Sindicato feito com Amor. Cheguei dos Artistas e Técnicos em ao camarim e vi Jesus (no Espetáculos de Diversão do quadro) me olhando, como Isabelita dos Patins Estado do Rio de Janeiro
(Sated/RJ), o ator Jorge Coutinho também adorou o que viu. “Eu conheço o trabalho de vocês há pelo menos 15 anos ou mais, desde a época da Rádio Nacional, com o Milton Gonçalves e o saudoso senador Antonio Carlos Magalhães, e a gente já apoiava muito a Legião da Boa Vontade”, comentou. Guto Franco, diretor do programa Turma do Didi, visitou o local com sua esposa, Denise Osório Franco. Na oportunidade, ele contou que faz parte da terceira geração da família a acompanhar a LBV, dizendo-se também um admirador do dirigente da Instituição. “Quero deixar um beijo especial ao Irmão Paiva. Desculpem a ousadia, mas é como se fosse de um filho o respeito que tenho pela sua pessoa, pela capacidade intelectual dele e, principalmente, pelo sentido
humanitário. Imagine entregar a vida em benefício do próximo! São 51 anos (de trabalho), e isso não é brincadeira, um diamante que era uma gota e foi crescendo, foi lavrado com esforço, esmero e paciência. É muito bom estar em uma construção como esta, ver o cuidado que há, o zelo, a limpeza, as crianças recebendo Educação e sendo preparadas moralmente para a vida. Parabéns por continuarem esse trabalho ecumênico, espiritual, trazendo a palavra Daquele que é o nosso Esteio, a nossa Fortaleza: Jesus Cristo”, afirma, comovido. E conclui Guto Franco: “Vale a pena vir aqui e ver o Amor que há na LBV, todo mundo sorrindo, com carinho. Isso é que faz a diferença”. Compareceram também à reinauguração da brinquedoteca em Del Castilho a astróloga Leiloca,
o cantor Fabiano Medeiros, o produtor Theo M. Netto, o grupo de pagode Ki Sakada (representado por Renatinho e Gerson Dupand), o jornalista César Romero — representando o coordenador do Projeto Social da Mangueira, deputado estadual Chiquinho da Mangueira —, além da jornalista Graça Wanderley e da produtora Isabela Pereira. A LBV agradece a cobertura da mídia, em Leiloca especial do Portal da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), do jornal Monitor Mercantil e das rádios JB FM, Manchete AM (Programa William Travassos), Super Rádio Tupi (Programa Super Madrugada Tupi, apresentado pelo radialista Fernando Sérgio), Jovem Pan FM e Band AM.
B E LO H OR I Z ONT E / M G
Vovôs na era da inclusão digital
Felicidade na entrega dos certificados do curso de Informática da LBV
V
ovôs e vovós atendidos pelo Centro Comunitário e Educacional da Legião da Boa Vontade receberam o certificado de conclusão do módulo inicial do curso de Informática oferecido gratuitamente pela LBV, na capital mineira. O instrutor do curso, Werlen José dos Santos, ressalta o empenho dos alunos: “O que me agrada é o desejo que eles têm de aprender. Por terem idade mais avançada, eles têm uma dedicação bem maior que a de muitos jovens”.
Carla Mônica Mendes
A sra. Adenira Soares da Silva, 61 anos, uma das beneficiadas pela iniciativa, agradece: “Não sabia nada nem como ligar o computador e hoje, graças a Deus, já sei. Estou muito feliz e satisfeita com o curso da LBV. Quero cada vez aprender mais porque o saber não ocupa lugar. Que Deus abençoe a todos os que colaboram com a LBV”. A sra. Adenira e os colegas da classe aprenderão, em 2008, os módulos que lhes possibilitarão formatar textos e planilhas. Além disso, durante
Jovens da Melhor Idade, da LBV, exibem o certificado do curso de Informática
as aulas os participantes compartilham momentos de entretenimento e cultura. BOA VONTADE |
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Saúde Como prevenir o câncer de pênis
Higiene
muito além de um bom hábito Rodrigo Oliveira
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Campanha nacional contra o câncer de pênis, assinada por Zico, alerta para a doença, causa de mil amputações por ano.
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P
oucos conhecem a doença e não têm idéia de quanto é fácil preveni-la, mas graças a uma campanha da Sociedade Brasileira de Urologia, assinada pelo treinador de futebol e ex-jogador Zico, o câncer de pênis vem ganhando a atenção da sociedade. E não é para menos: a doença, que totaliza 2% de todos os casos de tumores no homem, foi a causa de mil amputações no ano de 2006, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer, do Ministério da Saúde. Esses números creditam ao Brasil o terceiro lugar no ranking mundial de ocorrências. Zico atribui esse resultado negativo ao desconhecimento da enfermidade por parte da população. “Ninguém imagina que pode haver uma doença tão séria como o câncer no pênis. A maior arma contra doenças de simples prevenção é a informação”, pondera. Esse foi um dos motivos que o levaram a aceitar o convite para
participar da campanha. “Apesar de jamais ter tido um caso desses em uma pessoa próxima, aceitei prontamente. Não sabia, por exemplo, que ações tão simples como usar água e sabão podem evitar um câncer. É algo importante e precisa ser divulgado, por isso cedi a minha imagem para a campanha.” Em virtude da gravidade do assunto, o treinador assevera: “Num primeiro momento pode parecer engraçado, mas o assunto é sério, e as pessoas percebem. Acho um dever das pessoas públicas colaborarem, usando a força que têm em benefício da sociedade. Trata-se de uma questão de saúde pública”.
Sintomas e fatores de risco
assim, a limpeza adequada da glande — pode ser decisiva no desenvolvimento do tumor. Por isso os especialistas esclarecem que a condição de higiene do indivíduo está entre os fatores responsáveis pelo aparecimento da anomalia. O mapa de registros da doença, traçado pela Sociedade Brasileira de Urologia, aponta: “As regiões que têm os maiores índices de neoplasia peniana são
“É importante que o homem sempre faça um check-up anual com o urologista, independentemente da faixa etária. Da mesma forma que a mulher faz o seu check-up. É um procedimento que evita várias doenças, em especial o câncer de pênis e também o de próstata.”
Os primeiros sinais que caracterizam a doença se manifestam por uma ferida localizada na glande (cabeça do pênis), no prepúcio as de menor Índice de Desenvol(pele fina e elástica que cobre a vimento Humano, principalmente glande) ou no corpo do pênis. as regiões Norte e Nordeste. Para A atenção deve ser redobrada se ter uma idéia, o Estado camquando, na ferida, aparecer uma peão de incidência de câncer no secreção branca, denominada pênis é o Maranhão”, informa o dr. Luciano Favoriesmegma. Outra manifesto, diretor da Sociedade tação, já num estágio mais Brasileira de Urologia. avançado, é a presença de ínguas na virilha. Cuidados simples A maior incidência Diariamente, o hodesse tipo de câncer é Luciano Favorito mem deve limpar a reverificada em indivíduos gião da glande, com água com idade superior a 50 anos, mas há registros de desen- e sabão. Também é imprescinvolvimento dela em jovens. A dível a utilização de preservaocorrência de fimose — quando a tivos durante a relação sexual e pele do prepúcio é muito estreita a limpeza do órgão após o ato. ou pouco elástica, impedindo, Como toda doença, quanto antes Divulgação
ocorrer o diagnóstico, melhor o tratamento. Portanto, é bom ficar atento aos primeiros sinais. “Ele geralmente se manifesta como uma úlcera, uma ferida no pênis, que não melhora. O diagnóstico é clínico e deve ser feito por um especialista, de preferência, um urologista. Se houver suspeita da presença de lesão, o profissional solicitará uma biópsia para confirmar a presença do
Dr. Luciano Favorito
Diretor da Sociedade Brasileira de Urologia
câncer. Se for diagnosticado no início, pode-se retirar a lesão ou até parte do pênis. Confirmada a lesão, trata-se do paciente. No início tudo é mais fácil”, afirma o dr. Luciano. Para evitar que se chegue a esse estágio, o médico recomenda: “É importante que o homem sempre faça um check-up anual com o urologista, independentemente da faixa etária. Da mesma forma que a mulher faz o seu check-up. É um procedimento que evita várias doenças, em especial o câncer de pênis e também o de próstata”. Colaboração: Iracy Guerra e Simone Barreto BOA VONTADE |
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PhotoDisc
Nações Unidas — Nova York Aquecimento Global
Em defesa do
meio ambiente Propostas brasileiras destacam-se em Conferência da ONU sobre aquecimento global
O
aparecimento inédito de um furacão no Brasil, em março de 2004, é uma das muitas evidências, registradas nos últimos anos, de um fenômeno que preocupa o mundo inteiro: o aquecimento global. O aumento da emissão de gases poluentes, que agrava o quadro do efeito estufa, está entre as causas que explicam essas reações surpreendentes que ocorrem pelo Planeta. Pesquisas 40
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Adriana Rocha de Nova York/EUA
recentes mostram que o Brasil tem grande relevância nessa questão: o desmatamento da Amazônia é apontado como um dos responsáveis pela emissão brasileira de CO2 na atmosfera. Para discutir meios e apresentar boas práticas para aplacar e reverter esses tristes efeitos, a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu a 60a Conferência Anual do Departamento
de Informação Pública, sob o tema “Mudança Climática: como impacta a todos nós”. O evento ocorreu de 5 a 7 de setembro, na sede da ONU, em Nova York, Estados Unidos, e contou com a presença de mais de duas mil representações da sociedade civil. A ONU convidou a Legião da Boa Vontade (LBV), que possui status consultivo geral no organismo, para contribuir na coordena-
UN Photo
Fotos: Adriana Rocha
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ção e mostrar como o Brasil tem enfrentado esse desafio. Conferencistas e autoridades, a exemplo do diretor do secretariado do Fórum sobre Florestas das Nações Unidas, Pekka Patossaari, receberam da LBV a revista Globalização do Amor Fraterno, que evidencia as boas práticas da Instituição em prol do meio ambiente e de outros urgentes problemas humanitários. Um dos destaques da publicação (disponível em esperanto, francês, inglês e português) é a mensagem “Oito Objetivos do Milênio — Responsabilidade de todos os de bom senso”, do escritor Paiva Netto. No encontro, a Legião da Boa Vontade foi representada por Danilo Parmegiani, que expôs a linha educacional utilizada pela LBV para a formação de indivíduos conscientes de seu papel, a fim de estabelecer uma Sociedade Solidária Altruística Ecumênica. Para cumprir este intento, uma das atividades de maior sucesso é a realização, há décadas, da Campanha A destruição da Natureza é a extinção da Raça Humana, inspirada em tese do diretor-presidente da LBV.
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1- Danilo Parmegiani, da LBV, com o ator Michael Douglas. 2 - Mensageira da Paz, a princesa jordaniana Haya Bint Al Hussein, ao lado do secretáriogeral da ONU, Ban Kin-moon, e sua esposa, a sra. Ban Soon-taek. 3 - A sra. Ban Soon-taek ao lado do representante da LBV
ONU celebra Dia Internacional da Paz Celebrado mundialmente em 21 várias personalidades que receberam de setembro, o Dia Internacional a revista Globalização do Amor Fraterda Paz foi marcado por um evento no está o ator norte-americano Michael promovido pelo Departamento de Douglas, mensageiro da Paz pela Informação Pública (DPI), em par- ONU. Ele reencontrou a equipe da LBV ceria com as instituições Pathways e agradeceu a publicação, na qual viu to Peace, United Religions Initiative em destaque a recente entrevista que (URI) e World Peace Prayer Society, concedeu à BOA VONTADE. na sede das Nações Unidas. Mais Outra manifestação de carinho ao de dois mil estudantes estiveram Brasil foi feita pela sra. Ban Soonpresentes, além de lideranças inter- taek, esposa do secretário-geral nacionais que desenvolvem da ONU, Ban Ki-moon. relevantes atividades em “Parabéns, LBV, pela defavor da Paz. fesa do Amor”, disse. Da A Legião da Boa Vontade mesma forma agradeceram (LBV) participou do encontro a participação e a revista a levando aos presentes a primatóloga e antropóloga mensagem de seu diretor- Jane Goodall britânica Jane Goodall e a presidente José de Paiva princesa jordaniana Haya Netto, que defende: “(...) Ecumenis- Bint Al Hussein, mensageiras da mo é Educação aberta à Paz”. Entre Paz pela ONU. UN Photo
O presidente da 60a Conferência, Richard Jordan (E), em diálogo com Danilo Parmegiani, da LBV, e o deputado federal do Brasil Beto Albuquerque.
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O cuidado com a Amazônia no foco dos debates
Vice-líder do Governo na Câmara e integrante do Parlamento do Mercosul, o deputado federal
Beto Albuquerque participou do painel para falar sobre a gestão sustentável das florestas públicas e preservação da Amazônia (com a nova lei de proteção às florestas BOA VONTADE |
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Nações Unidas
Fotos: Adriana Rocha
1 - Assembléia-Geral da ONU 2 - Dr. Pekka Patossaari, diretor do secretariado do Fórum sobre as Florestas das Nações Unidas, com Adriana Rocha, da LBV.
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3 - O conferencista Marcos Terena com o legionário Alziro de Paiva, representante do diretor-presidente da LBV. 4 - Em frente à sede da ONU, o depu tado federal Beto Albuquerque e sua esposa, Daniela. 5 - O legionário Danilo Parmegiani expôs no evento a opinião da LBV sobre a Educação, com Espiritualidade Ecumênica, para participantes de vários países.
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O valor da floresta* O novo modelo de gestão de florestas públicas, aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é uma vigorosa reação do Estado brasileiro ao longo processo de ocupação ilegal, exploração predatória e devastação da Amazônia. A lei proposta pelo Governo subverte o conceito atual de intocabilidade dos recursos naturais que, indiscutivelmente, fracassou, para atribuir valor econômico à floresta mantida em pé. É preciso agir. Entre 2003 e 2004, 42
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mais de 26 mil quilômetros quadrados de floresta — uma Bélgica inteira — sumiram do mapa brasileiro. A idéia central do projeto é conservar os recursos naturais, com inclusão social. Como? Uma parte da floresta pública será concedida apenas para projetos de manejo em atividades como ecoturismo, extração de madeira, frutos, óleos, resinas e outros produtos e serviços. A previsão é que a área concedida alcance, em dez anos, 3% da floresta amazônica. Para se ter uma idéia, cerca de 75% da Amazônia
brasileiras). Na palestra, resumida no boxe abaixo, entre outros pontos, recomendou: “Não podemos esquecer que o Brasil está crescendo e, por isso, precisa de maior geração de energia. Temos de investir mais em fontes renováveis, ricas e abundantes no nosso País como a solar e a eólica (dos ventos)”.
Beto Albuquerque
Legal são terras públicas, das quais 30% já são áreas protegidas. O processo de concessão é rigoroso. A área e o tipo de atividade permitida são definidos tecnicamente por uma espécie de plano diretor. O plano de manejo deve ser submetido ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que também fiscalizará o cumprimento dos contratos, em parceria com órgãos estaduais e municipais. O novo modelo prevê auditorias periódicas, criação de florestas pú-
blicas, destinação de parte delas a comunidades locais e a instituição do Serviço Florestal Brasileiro e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal, já em funcionamento. A lei é resultado de amplo debate com a sociedade brasileira, em audiências públicas realizadas em vários Estados da Federação, com as comunidades locais, técnicos, juristas, Ministério Público, ambientalistas, pesquisadores, governadores e prefeitos, e na Comissão Especial da Câmara dos Deputados. Como relator do pro-
jeto de lei na Câmara dos Deputados, acolhi 133 emendas de parlamentares e sugestões de organizações e entidades, o que, com certeza, aperfeiçoou a proposta. Destaco a redução do prazo de concessão de 60 para, no máximo, 40 anos, a exigência de Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) e o acesso pela internet a processos, contratos e auditorias. Outra medida importante é a destinação de 9% do preço total pago pela concessão e a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental ao Ibama.
Adriana Rocha
Divulgação
Leslie Wright
Dianne Davis
“A Legião da Boa Vontade faz um trabalho fantástico, possibilitando às organizações mundiais uma importante reflexão sobre o sentido do coração e do Amor na Humanidade. Sinto que o Brasil será sempre, assim como já é, o coração do mundo. Coração que bate por um novo conhecimento, por uma nova ciência, no espírito de união entre todas as pessoas.” James Hurtak
Cientista social norte-americano e palestrante do Fórum Mundial Espírito e Ciência da LBV, em 2000.
Divulgação
te da 60a Conferência, Richard Jordan, fez questão de abrir o painel pessoalmente; dele também participou a Legião da Boa Vontade. A professora Dianne Davis,
presidente-fundadora do International Council for Caring Communities (ICCC) e mediadora do painel sobre o Brasil, enalteceu o acontecimento: “Este encontro foi excelente, com representações do governo, da sociedade civil e de cientistas. Teve um tema singular. A representatividade do conhecimento sobre as mudanças nas leis que administram as florestas brasileiras e a preocupação com as mudanças climáticas foram extremamente importantes e significam enorme contribuição para esta conferência”. Outro conferencista, Marcos Terena, que ensina tradição e conhecimentos espirituais dos povos indígenas, também fez seu apelo: “Vim com a missão espiritual e ecológica de mostrar a importância de a gente saber usar a força da terra e do povo para promover um novo cenário
Daniel Trevisan
O debate sobre o Brasil foi prestigiado pela dra. Michele Billant-Fedoroff, chefe adjunta do Departamento de AsMichele Billant-Fedoroff suntos Econômicos e Sociais da ONU (UN/Desa), e por Leslie Wright, representante do Virginia Gildersleeve International Fund nas Nações Unidas. O presiden-
(continua na próxima página)
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Adriana Rocha
Adriana Rocha
Nações Unidas
Danilo Parmegiani, Alziro de Paiva e Coimbra Costa, cinegrafista e voluntário da LBV dos EUA.
Paul Hoeffel, ex-chefe da Seção de ONGs do DPI, Beto Albuquerque, Joan Kirby, presidente do Comitê Executivo da Conferência DPI/ NGO, e Danilo Parmegiani.
de diálogo entre os índios que tenham suas terras preservadas diante dessa crise mundial, quando o Planeta treme em função da agressão contra ele. Nós, povos indígenas do Brasil, estamos fazendo a nossa parte e queremos que a modernidade também faça a dela, porque só a força indígena não é suficiente para proteger a Terra”. Membro do Conselho do Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica (ParlaMundi da LBV), Terena cumprimentou os representantes da Instituição e completou seu discurso ao afirmar que “essas forças [dos índios e da civilização moderna] não podem viver em
campos opostos”. E completa: “Temos de juntar as forças para estabelecer a Paz, o equilíbrio entre as pessoas e, principalmente, o compromisso — como a LBV tem feito por meio de seus programas, de suas ações — de gerar o respeito mútuo e individual por meio da proteção ao bem comum e ao direito coletivo. Que cada pessoa possa compreender que esse trabalho realmente não é voltado para interesses pessoais, mas para gerar a Paz, a liberdade e o respeito que no nosso futuro esperamos semear”. Ao fazer a avaliação do evento, o deputado Beto Albuquerque mencionou o status que a Legião
da Boa Vontade possui nas Nações Unidas, por sua atuação no organismo internacional. Para ele, esse reconhecimento “demonstra a capilaridade, a capacidade e a excelência do trabalho que a LBV realiza em todo o Brasil”. O político gaúcho destaca que aprecia a ação da Entidade em todo o Estado. “Conheço o trabalho que é feito em Porto Alegre, em Glorinha, em todo o Rio Grande do Sul. O Brasil fica muito bem representado com a LBV tendo assento nesse importante espaço onde se discutem os temas de maior seriedade para os cidadãos. Que bom que outros podem seguir o exemplo da LBV”, enfatiza.
Também limitamos a, no máximo, dois contratos, individualmente ou em consórcio, por concessionário. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, no 10o ano de vigência, o sistema de concessões poderá alavancar mais de 140 mil empregos diretos e gerar R$ 2 bilhões em impostos arre-
cadados na cadeia de produção e uma economia de mais de R$ 200 milhões pela substituição de fontes de energia por resíduos de serraria. Passados mais de 500 anos sob um sistema fundiário concentrador e predatório, associado à baixa capacidade de operação do poder público,
temos confiança de que o modelo de gestão que ora instituímos abrirá nova perspectiva para a conservação das florestas brasileiras. E conduzirá o País a um padrão de desenvolvimento sustentável, que combine crescimento econômico, preservação ambiental e melhoria da qualidade de vida.
* Palestra proferida pelo deputado federal Beto Albuquerque na Organização das Nações Unidas, durante a 60a Conferência Anual do Departamento de Informação Pública/DPI.
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Igualdade Racial Dia da Consciência Negra
Trofé u R a ç a N e gra 2 0 0 7
Brado pela
diversidade U
J. C. Santos
ma noite de gala, em 18 de novembro, premiou expoentes da comunidade brasileira que lutam pela igualdade racial, com o Troféu Raça Negra, em 15 categorias, sete delas escolhidas por votação pela internet. A Sala São Paulo foi, uma vez mais, palco da iniciativa assinada pela Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sociocultural (Afrobras) e pela Unipalmares. O presidente da Afrobras, José Vicente, faz um balanço do prê-
O encontro dos veteranos atores Antônio Pitanga e Milton Gonçalves
mio. “Neste ano o troféu foi especial. Além de comemorar a quinta edição do evento, com todo o gla-
mour que o leva a ser o Oscar da Comunidade Negra, são 10 anos de Afrobras e também é celebrada
A cantora Rosemary apresenta-se durante a abertura da cerimônia de premiação
Os apresentadores da festa foram Valéria Valenssa (de azul), Joyce Ribeiro (apresentadora do SBT), Raphael Zulu (ator) e o barítono Edson Montenegro (D). J. C. Santos
A cantora Sandra de Sá, sempre simpática, ao lado do Presidente da Afrobras, José Vicente.
J. C. Santos
Clayton Ferreira
J. C. Santos
A Sala São Paulo ficou superlotada para a entrega da edição 2007 do Troféu Raça Negra
J. C. Santos
Da Redação
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Igualdade Racial
Diogo Silva, esportista do Ano.
A atriz Valquíria Ribeiro e o humorista Sérgio Loroza
vembro, perpetuado pela morte de Zumbi dos Palmares, cuja trajetória imortalizou o exemplo de garra e valentia deste que dedicou sua vida à causa negra. Sobre a data, ponderou o ministro dos Esportes, Orlando Silva: “Vinte de novembro é também um momento de reflexão sobre os desafios que nós temos para garantir efetivamente a promoção da igualdade racial
no Brasil. Por isso, creio que é um momento de festa, de reflexão e de pensar para a frente, para o futuro, para que o nosso País seja, de fato, mais democrático. (...) Eu tive o privilégio de estar no ParlaMundi da LBV, um espaço maravilhoso em Brasília/DF. Sempre temos uma aproximação muito forte com a Legião da Boa Vontade; é um prazer falar com vocês”.
Diogo Silva
Do tae kwon do, medalha de ouro no Pan do Rio, premiado na categoria Esporte
a formatura da primeira turma do curso de Administração da Unipalmares, a primeira com quase 90% de alunos afro-descendentes da América Latina”, ressalta. O evento marca também o Dia da Consciência Negra — 20 de no-
J. C. Santos
Eleitos pelo voto popular J. C. Santos
“Eu me sinto feliz por ter chegado aqui. Depois de todas as dificuldades que encontrei para realizar meus sonhos, hoje recebo de meus irmãos o reconhecimento de meu trabalho. É muito bom servir de exemplo para os jovens da periferia.”
Mac Maharaj, ex-combatente da guerrilha do Congresso Nacional Africano contra o apartheid e ex-ministro do Transporte sul-africano. 46
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Benedito Gonçalves, jurista e desembargador federal do Segundo Tribunal Federal do Estado do Rio de Janeiro.
J. C. Santos
Clayton Ferreira
J. C. Santos
Categorias Institucionais
Janete Rocha Pietá, deputada federal; Matilde Ribeiro, ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir); e Benedita da Silva, exgovernadora do Rio de Janeiro.
José Vicente, presidente da Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sociocultural (Afrobras) e reitor da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares (Unipalmares), recebe o prêmio das mãos de seus filhos, Camila e Rafael. À direita, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
“Quero mandar meu abraço para toda a comunidade negra que há muito tempo vem lutando, de forma pacífica, com a música, os esportes, as artes, por uma melhor congregação.” Jairzinho
Condecorado com o prêmio de melhor cantor
Almir de Souza Maia, ex-reitor da Universidade Metodista de Piracicaba — criador do primeiro projeto de inclusão de negros no ensino superior e parceiro da Unipalmares.
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Não queremos privilégios nem as chamadas prioridades. O que nós queremos é eqüidade”, exclamou a premiada na categoria institucional, que complementou suas aspas saudando: “Quero parabenizar o Paiva Netto. A LBV e ele estão sempre presentes. Nós sabemos do compromisso que ele tem com a inclusão social e com a igualdade racial”.
Jairzinho, cantor.
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Neste mesmo tom, a ex-governadora do Rio Benedita da Silva dimensionou o resultado a ser alcançado pelas iniciativas que lutam pela causa negra. “O resultado maior nós teremos quando a sociedade brasileira encarar os afro-descendentes como afrobrasileiros, pura e simplesmente, tendo as mesmas oportunidades, ocupando os mesmos espaços.
J. C. Santos
Sheron Menezes, homenagem pelo trabalho em teledramaturgia.
Clayton Ferreira
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Melhor ator do ano, André Ramiro (E), ao lado de Déo Garcez (premiado na categoria ator).
Orlando Silva Júnior, ministro do Esporte.
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Opinião Política Biodiesel e etanol em pauta
Brasil
País do Presente
Divulgação
Senador Alvaro Dias
Senador Alvaro Dias
A
síndrome de nação do futuro alimenta o nosso imaginário popular desde que Stefan Zweig, pelos idos dos anos 1940, publicou a obra Brasil — País do Futuro. O civismo de muitas gerações nutriu-se desse jargão ufanista. No crepúsculo dos sonhos surgiu um alento. Em 2003 — em forma de acrônimo cunhado pelo grupo Goldman Sachs — surgiu o termo BRIC, utilizado para designar “Brasil, Rússia, Índia e China”, os quatro países de maior potencial de crescimento econômico, projetando-se nas próximas décadas. A China, com o seu crescimento colossal, acompanhada da Rússia e Índia, vem seguindo o vaticínio lançado pelo mencionado banco de investimento norte-americano. Lamentavelmente, o Brasil, 48
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estagnado economicamente há mais de duas décadas, caminha a passos largos para ser alijado do BRIC. Em que pese a incapacidade de gerar desenvolvimento sustentável, o nosso País é dotado pela natureza de fatores inesgotáveis para enfrentar desafios e gerar riqueza. Há cinco séculos, desde 1549, quando Tomé de Souza implantou o primeiro Governo-Geral na Bahia, a então nascente colônia portuguesa gerou o primeiro ciclo econômico virtuoso, expressado na agricultura da cana-de-açúcar. Cinco séculos depois, a canade-açúcar volta a ter importância estratégica para a economia nacional. O Brasil é o maior produtor mundial de etanol, proveniente da cana-de-açúcar, com nível de eficiência superior em até seis vezes ao etanol gerado pelo milho, trigo e outros bens primários que os Estados Unidos de forma pioneira expandiram, a partir de política interna de privilégios e subsídios oferecidos aos agricultores norte-americanos. O etanol brasileiro nasceu na década de 1970, empreendendo autêntica revolução energética no cotidiano dos brasileiros. Em
meio à crise do petróleo da década de 1970 — o Brasil fortemente afetado —, o Governo brasileiro alterou a nossa matriz energética. Nascia então o Pró-Álcool, programa concebido para abastecer a frota nacional de veículos, tendo como carro-chefe o combustível oriundo da cana-de-açúcar. Infelizmente, nas décadas seguintes, o programa foi sendo gradativamente desativado, a partir de sucessivos equívocos perpetrados pelos mais diferentes atores envolvidos na questão. Todavia, foi a ausência de diretriz governamental na definição de garantia de abastecimento para os veículos que levou milhões de brasileiros a rejeitar o carro a álcool. Os grandes produtores, por sua vez, adequavam as suas usinas à conjuntura dos preços internacionais, ou seja, se a cotação da tonelada de açúcar exportado era maior, por que produzir álcool? Foi o tiro de misericórdia no Pró-Álcool. Em boa hora, reflexo da atual consciência ambiental, o etanol, por ser um combustível limpo e antipoluidor, ganhou importância mundial, “surfando’’ na onda da busca de combustíveis alternati-
Senador visita a LBV em Curitiba/PR Vinícius Ramão
vos ditada pela estratégia global de desenvolvimento. Nesse cenário, o Brasil desfruta de posição privilegiada. Contudo, se não definir o quanto antes política energética séria e enérgica na defesa dessa riqueza nacional, poderá ser atropelado. Não se trata de nenhuma tese conspiratória, mas de constatação baseada em dados de realidade. Na guerra da energia que já começa a ser travada e se alargará pelos próximos anos, o Brasil precisa ser ator ativo, e não mero figurante. Outra frente, na qual despontamos na vanguarda da pesquisa de combustíveis alternativos, é o biodiesel. Nesse caso, há de se ressaltar o notável trabalho da Petrobras, que há décadas traçou objetiva estratégia: não ser apenas uma petroleira, mas uma sólida empresa de energia. Ao longo de anos vem estudando e pesquisando outras fontes produtoras e geradoras de energia a partir da agricultura. O biodiesel brasileiro tem aí a sua origem. Essa estratégia impediu que o Brasil fosse atropelado ante a descoberta de diversas fontes de produção de biodiesel. Se o programa do biodiesel for implantado com eficiência e competência técnica, poderá suplantar a importância do próprio etanol. O fato objetivo é que são dois vetores novos no cenário energético mundial no qual a situação brasileira é, sob qualquer ângulo, extremamente privilegiada. É hora de lançar as bases do Brasil do presente, abandonando a quimera do futuro.
O senador Alvaro Dias comemorou aniversário, em 7 de dezembro, no Centro de Educação Infantil da Legião da Boa Vontade (LBV) em Curitiba/PR. Na oportunidade, o Coral Ecumênico Infantil, composto por crianças atendidas pela Instituição, o homenageou, cantando, entre outras músicas, a prece ecumênica de Jesus, o Pai-Nosso. “Aqui é exercitada a religiosidade sem nenhuma imposição quanto à religião, porque a LBV se preocupa exatamente em formar consciências e, sobretudo, o caráter. Ela presta um serviço extraordinário, formando verdadeiros cidadãos do futuro, não apenas preparados a exercer uma função na vida material, mas também preparando a Alma”, afirmou o senador. O parlamentar visitou todas as dependências do local, destacando a organização e a limpeza dos ambientes: “São crianças atendidas o dia todo, com quatro refeições e, obviamente, com as famílias tranqüilas, os pais podendo trabalhar. Os legionários merecem toda a consideração da nossa parte, toda a atenção do poder público no País. O trabalho que a LBV faz alivia o governo. É uma função própria de governo que acaba sendo exercitada aqui de forma extraordinária e adequada; por isso, a nossa alegria em poder voltar sempre a uma escola como esta e dar os parabéns, falando da necessidade de que haja essa persistência e esse trabalho a favor do futuro do nosso País”. Nesse contexto, o aniversariante destacou: “Faço um apelo aos empresários. Toda empresa tem de exercitar a função social de forma competente. E uma forma eficiente de exercitá-la é utilizar-se desse instrumento que é a LBV. (...) Essa é a importância do apoio do empresariado a uma Instituição tão importante como essa, que tem como líder José de Paiva Netto, que cuida muito bem de apoiar as crianças necessitadas do nosso País. Quero preservar essa parceria, evidentemente no plano da amizade pessoal, e no que diz respeito à minha atividade política, como homem público, exercendo funções públicas. Eu quero estar no Legislativo à disposição da Legião da Boa Vontade. Faço questão de defender publicamente a LBV e estou sempre à disposição dessa instituição no Senado Federal”. BOA VONTADE |
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Ângela Maria Samba & História Do Rio de Janeiro para o mundo
eterna Rainha do Rádio Hilton Abi-Hihan
Arquivo BV
especial para a BOA VONTADE
Hilton Abi-Hihan, radialista, jornalista e apresentador do programa Samba & História.*
A
belim Maria da Cunha nasceu no pacato distrito de Macaé da década de 1920, no Rio de Janeiro. A filha do reverendo Albertino Coutinho da Cunha teve uma infância tradicional nas cidades fluminenses de Niterói, São Gonçalo e São João de Meriti. Desde menina, cantava em coro de igrejas batistas com seus irmãos, no bairro carioca do Estácio. Sua voz, porém, se destacava. Incentivada pela prática do canto, a menina cresceu sonhando em
ser cantora no rádio — novidade, até então, conhecida havia pouco mais de uma década no Brasil. Adolescente, trabalhou como operária tecelã, o que não a fez desistir de seus objetivos, embora a família fosse contra a carreira artística. Em 1947, aos 19 anos, sentiu-se motivada a freqüentar programas de calouros. Para não ser descoberta pelos parentes, Abelim se apresentava com o pseudônimo de Ângela Maria. “Minha mãe não queria de jeito nenhum que eu cantasse, fugia de casa para participar dos programas de rádio”, conta. Cansada de ficar longe do que sempre gostou e ganhando pouco para atuar como inspetora em uma fábrica de lâmpadas, a aspirante dedicou-se aos espaços que conquistava naquelas atrações radiofônicas. Pouco a pouco, a potente voz tornou-se conhecida, e as participações
agradavam aos ouvintes. Ângela decidiu tentar carreira, arrumou a mala e foi morar com uma irmã no subúrbio de Bonsucesso. Foi necessário apenas o primeiro passo para que despontasse em muitas atrações, entre elas o Pescando Estrelas, de Arnaldo Amaral; Hora do Pato, de Jorge Curi; e o famoso programa de Ari Barroso, na Rádio Tupi. Ela também participou do Trem da Alegria, dirigido pelo “Trio de Osso” (Lamartine Babo, Iara Sales e Heber de Bôscoli). Mesmo com a popularidade que conquistava gradativamente, a artista foi muito criticada no começo de suas aparições pela semelhança de sua interpretação com a de Dalva de Oliveira. Apesar do orgulho de ser comparada à grande estrela, Ângela Maria preferia ser reconhecida pelo seu próprio potencial. Aos 20 anos, conseguiu lançar-se como crooner,
* Programa Samba & História — Na Super Rede Boa Vontade de Rádio (Super RBV), você pode acompanhar essas entrevistas aos domingos, às 14 e 20 horas. Pela Boa Vontade TV, o telespectador pode conferi-las aos sábados, às 23 horas. Outra opção é aos domingos, às 15 ou 23 horas. Pela Rede Mundial de Televisão, assista ao bate-papo aos sábados, às 23 horas, e aos domingos, às 19 horas.
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a artista principal no Dancing Avenida, casa de dança que marcou época no Rio. “Cheguei lá malvestida, com duas trancinhas, as sobrancelhas emendando uma na outra, um horror”, brinca. Ao entrar no local, foi interpelada pelo segurança que duvidou ser ela uma cantora profissional. “O senhor nunca ouviu falar em Ângela Maria?”, retrucou, e para o seu azar, não a conhecia:“Eu pensava ter vantagem, mas ele disse que nunca me ouviu. Fui chamada para fazer o teste às 21 horas do mesmo dia; se as mulheres me aplaudissem, seria contratada; se vaiassem, nem passaria no caixa”. Na noite de estréia apareceu deslumbrante, interpretou Olhos Verdes e foi contratada. Em uma de suas aplaudidas apresentações, foi ouvida pelos compositores Erasmo Silva e Jaime Moreira Filho, que a apresentaram a Gilberto Martins, então diretor da Rádio Mayrink Veiga. Ele a convidou para um teste na emissora, feito com sucesso. Começou a carreira lá mesmo, interpretando músicas de Othon Russo e Ciro Monteiro, compositores que a ajudaram a criar um repertório pessoal e abandonar a influência de Dalva. Anos mais tarde, cantariam juntas a fa-
Rád Arquivo
Régis Schwert
io Preside
nte Prude
nte
Ângela, em noite de autógrafos, na época de seus maiores sucessos, em 1950.
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mosa marchinha Bandeira Branca, de Laércio Alves e Max Nunes. Sempre buscando seu espaço, Ângela ganhou a oportunidade de ter o próprio programa como artista exclusiva da Mayrink Veiga. Tomada de emoção no primeiro dia, esqueceu a letra, saiu do ritmo e, quase chorando, cantou Fuga, um samba-canção, hoje sua reconhecida especialidade. Pensou que perderia o emprego, mas sua capacidade e talento eram conhecidos e teve outra chance, agora sim, bem aproveitada. Um ano depois de seu primeiro disco, em 1952, a gravação da música Não Tenho Você (Paulo Marques/ Ari Monteiro) bateu recorde de vendas. Daí em diante, um sucesso atrás do outro. Músicas que marcaram uma geração. Cantou marchinhas, tangos, boleros e versões de músicas espanholas e italianas. O apelido de Sapoti, dado pelo então presidente Getúlio Vargas, ajudou a estimular a carreira da estrela mais popular do Brasil na década de 1950, quando ganhou o primeiro título de Rainha do Rá52
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2 (1) Ângela retorna ao estúdio no começo do ano 2000 para gravar o CD em comemoração aos 50 anos de carreira. (2) A cantora e o saudoso ator Paulo Gracindo. (3) Com o amigo, cantor e compositor Daniel Bueno. (4) Ao lado de Toquinho, outro grande nome da música mundial, Ângela gravou uma participação para o DVD Passatempo, em 2006.
dio (1954) e encantou o público com o hit Babalu. Eminentemente popular, nos seus quase 60 anos de carreira, Ângela Maria soma mais de 114 discos. São diversos compactos, alguns em 78 rotações. Em 1981, fez a sua primeira gravação ao lado de Cauby Peixoto, uma parceria que funcionou tão bem que, no ano seguinte, gravaram juntos o LP Ângela e Cauby, proporcionando à dupla uma série de shows. Na era do CD, lançou o aclamado álbum Amigos (1996), quando cantou com os maiores nomes da MPB, vendendo mais de 500 mil cópias, e, no ano seguinte, um tributo a Dalva de Oliveira (Pela Saudade que me Invade).
Arquivo pessoal/ Daniel Bueno
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GE/Circuito Musical
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Instituto Cultural Cravo Albin
Régis Schwert
Samba & História
Em 1999, gravou Sempre Sucesso, em duo com Agnaldo Timóteo, no marco da comemoração de 20 anos do primeiro álbum de estúdio que gravaram em dupla. Entre seus maiores sucessos estão Nem Eu (Dorival Caymmi), Orgulho (Waldir Rocha/ Nelson Wederkind), Lábios de Mel (Waldir Rocha), Vida de Bailarina (Américo Seixas/ Chocolate), Abandono (Prescyla de Barros e Nazareno de Brito), Babalu (Margarita Lecuona), Fósforo Queimado (Paulo Marques/ Milton Legey/ Roberto Lamego), Garota Solitária (Adelino Moreira) e Gente Humilde (Chico Buarque/ Garoto/ Vinícius de Moraes). Colaboração: Natália Lombardi
Fundações
3 Encontro Paulista o
de Fundações Daniel Guimarães Fotos: Daniel Trevisan
O 3o Encontro Paulista de Fundações foi aberto com a interpretação, ao piano, do Hino Nacional Brasileiro pelo renomado maestro João Carlos Martins (no destaque), que abrilhantou o evento.
G
estores, representantes de fundações e profissionais do Terceiro Setor participaram, no início de setembro, do 3º Encontro Paulista
de Fundações, realizado no Colégio Rio Branco, da Fundação de Rotarianos de São Paulo/SP, onde compareceram mais de 300 pessoas.
Fizeram parte da programação diversos painéis temáticos, nos quais foram dados esclarecimentos e orientações sobre gestão, tributação e transparência das BOA VONTADE |
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Fundações
Fernando Rossetti
Francisco Tancredi
“Agradecemos muito a presença da Fundação José de Paiva Netto, porque, em muitas de nossas ações, ela traz seu nome, sua colaboração e sua participação.” Dora Silvia Cunha Bueno
organizações do Terceiro Setor. Fernando Rossetti, secretáriogeral do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife); dr. Francisco Tancredi, diretor regional para a América Latina e o Caribe da Fundação W. K. Kellogg; Tácio Lacerda Gama, mestre em Direito Tributário pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); e Paulo Coimbra, mestre e doutor em
à população e ao Governo o que as fundações fazem para que o movimento fundacional possa estar realmente no patamar onde ele deve estar”. Na oportunidade, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, afirmou que “as fundações têm
Tácio Lacerda Gama
Pedro Kassab
Paulo Coimbra
Direito Tributário e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foram alguns dos palestrantes.
O papel das fundações
Em entrevista ao programa Sociedade Solidária*, a presidente da Associação Paulista de Fundações (APF) e responsável pela organização do encontro, Dora Silvia Cunha Bueno, salientou que o tema “A efetividade da atua ção das fundações” foi escolhido com o objetivo de “demonstrar
Presidente da Associação Paulista de Fundações
Floriano Pesaro
tido participação relevante e expressiva no processo de educação do País. Daí essa integração de esforços para que se possa prestar um serviço de excelência”. Da mesma forma, o presidente do Conselho Estadual de Educação, dr. Pedro Kassab, representando o governador de São Paulo José Serra, exaltou os passos que ali foram dados. O curador de Fundações da ca pital paulista, dr. Airton Grazzio li, chamou a atenção para a relevância dos serviços prestados
por essas entidades: “Com profissionalismo e transparência, as fundações mostram à sociedade, ao mercado e, principalmente, ao Governo a importância do que desenvolvem, estabelecendo uma pauta para repensar o marco legal do Terceiro Setor”. Também prestigiaram a solenidade o secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, e o presi- Marcelo Monello dente do Conselho Municipal de Assistência Social, Marcelo Monello.
Parcerias intersetoriais
Vários representantes do Ministério Público (MP), cuja função é zelar pela boa gestão das Tomáz de Aquino Resende fundações, participaram do evento. Um deles foi o dr. Tomáz de Aquino Resende, procurador de Justiça de Minas
* Programa Sociedade Solidária — Transmitido pela Boa Vontade TV e pela Rede Mundial de Televisão, de segunda a sexta-feira, às 11 e às 23 horas, divulga iniciativas de pessoas e organizações que atuam na transformação da realidade social no Brasil e no mundo.
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“Com profissionalismo e transparência, as fundações mostram à sociedade, ao mercado e, principalmente, ao Governo a importância do trabalho que desenvolvem, estabelecendo uma pauta para repensar o marco legal do Terceiro Setor.” Dr. Airton Grazzioli
Curador de Fundações da cidade de São Paulo
Gerais e presidente da Associação de Carvalho, o evento significa melhorar o aparato da legislação Nacional de Procuradores e Pro- “uma forma de as fundações brasileira na área motores de Justiça de Fundações brasileiras, especialmente de São de filantropia”. e Entidades de Interesse Social Paulo, se conhecerem e terem Elizeu Calsing, (Profis). Para ele, este é o mo- oportunidade de trocar experi- do Instituto de Pesmento do diálogo produtivo: “A ências e uma melhor visão do quisa Econômica gente tem insistido na busca de Terceiro Setor”, que, para ele, é Aplicada (Ipea) parcerias nos três setores para “um braço de solução de muitas e integrante do Elizeu Calsing que juntos possam questões nacionais”. CNAS, ressaltou o Em razão da expressiva partici- papel das fundações empresafuncionar com o mesmo objetivo de pação das fundações no combate riais: “Vejo nelas a possibilidade melhorar a situação dos problemas sociais brasileiros, de alavancar melhorias para a social e ambiental ainda prestigiaram a iniciativa população, quando exercem a membros do Conselho Nacio- coordenação e articulação de do País”. Também presen- nal de Assistência Social programas que envolvem José Sabo Paes te ao acontecimento, (CNAS), órgão do Minisnão só seus trabalhadoo dr. José Eduardo Sabo Paes, tério do Desenvolvimento res, mas também a coprofessor e procurador de Justiça Social e Combate à Fome munidade, que ganhará do Distrito Federal, explicou que (MDS), formado por rebenefícios nas áreas de o MP, no caso das associações e presentantes do Govereducação, saúde etc.”. Antônio Brito fundações, deve colaborar para a no e da sociedade civil. Ao fim deste 3o Encapacitação dos gestores. Nesse Membro do Conselho contro Paulista de Funsentido, defendeu a necessidade e superintendente da Fundação dações foi redigida a “Terceira de as entidades “buscarem com o José Silveira, de Salvador/BA, Carta de São Paulo”. O documento Estado e os Poderes Legislativo Antônio Brito ressaltou: “Nós, é marca registrada do encontro e Executivo a consolidação da conselheiros, (...) precisamos desde a primeira edição. legislação, que é muito disforme, estar nesse processo de orientação e troca de experiêne o reconhecimento do Regina Celi cias para sentir o que as papel que têm”. Venâncio, presidente da Fundação Na opinião do pro entidades precisam, do Salvador Arena ponto de vista de perscurador de Justiça de e integrante pectivas, normas e outras Fundações e Entidades da comissão situações, levando ao de Interesse Social do DF, organizadora do dr. Gladaniel Palmeira Gladaniel de Carvalho CNAS informações para Encontro. BOA VONTADE |
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In memoriam Homenagem e reconhecimento
José
A p arec i do
de
O l i ve i ra
Dedicação
a Minas e ao Brasil Aneliése de Oliveira
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Fernando Franco
O
meio cultural e político brasileiro despede-se de um de seus filhos expressivos: o jornalista, ex-ministro da Cultura e embaixador do Brasil em Portugal José Aparecido de Oliveira, que no dia 19 de outubro faleceu aos 78 anos, em Belo Horizonte/MG. Destacado nome da vida pública, entrou para a política aos 33 anos, época em que foi secretário particular do presidente Jânio Quadros. Tempos depois, elegeu-se deputado federal por Minas Gerais com ampla votação. Com a vitória de Tancredo Neves para a Presidência da República, ele recebera do presidente eleito a incumbência de criar o Ministério da Cultura, em separado da pasta da Educação. Apesar da morte inesperada de Tancredo, em 21 de abril de 1985, José Aparecido assume, por um mês, como titular do recém-criado ministério. Em seguida, é indicado para governar o Distrito Federal (1985-1988), re-
Dr. José Aparecido de Oliveira, durante discurso no II Encontro da LBV sobre Lusofonia, em abril de 1999.
tornando ao Ministério da Cultura somente em setembro de 1988, no Governo José Sarney. Muito do que Brasília é hoje tem a contribuição de Aparecido, por exemplo, o fato de ter sido elevada à condição de Patrimônio Cultural da Humanidade. Isso se deu pela iniciativa dele ao fazer a
inscrição da capital do Brasil na Unesco, que aceitou o pedido. Na gestão do presidente Itamar Franco (de 1992 a 1994), foi nomeado embaixador do Brasil em Portugal, abraçando a causa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da qual foi um dos fundadores. Integrou ainda
Fernando Franco
João Preda
Há alguns anos, durante evento em Lisboa, confraternizaram o ex-presidente de Portugal, dr. Jorge Sampaio; o então embaixador do Brasil em Portugal, o saudoso dr. José Aparecido de Oliveira; e o diretor-presidente da LBV, José de Paiva Netto.
o Conselho da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica, no ParlaMundi da LBV (que tem o português como idioma oficial), em Brasília/DF, Brasil. Em abril de 1999, participou ativamente do II Encontro da Legião da Boa Vontade sobre Lusofonia, promovido pelo ParlaMundi, no Auditório Austregésilo de Athayde. O acontecimento reuniu organizações não-governamentais de países e povos de expressão lusófona com o objetivo de criar programas comuns de cunho social e educacional. A LBV, por reconhecer a importância da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, contribuiu para o diálogo ao realizar a primeira edição desse encontro no Porto, Portugal, e abrir as portas do seu espaço para sediar os debates. A mentalidade conciliadora de José Aparecido pode ser vista claramente em entrevista à BOA
Encontro histórico entre o dirigente da LBV (D), o estadista português Mário Soares (C) e o dr. José Aparecido, em abril de 1997, no Templo da Boa Vontade, em Brasília/DF, Brasil.
VONTADE, em 2003, quando comentou: “Tenho um enorme prazer de conversar com a Legião da Boa Vontade. Essa proposta do Paiva Netto é de grande atualidade, porque nós nunca podemos esquecer que, neste mundo ameaçado de uma conflagração universal, a mensagem de Paiva Netto, da LBV, do saudoso Alziro Zarur, continua sendo uma palavra de Paz, uma mensagem de Fraternidade. E é com fundamento nesse humanismo que o mundo pode encontrar os amplos caminhos do Amor, os amplos caminhos da Paz”. Neste bate-papo, José Aparecido ainda se lembrou de seu encontro com o estadista português Mário Soares*, em abril de 1997, no Conjunto Ecumênico da Instituição. “Fico muito feliz com a oportunidade que tivemos juntos, o presidente Mário Soares e eu, de visitar o ParlaMundi da LBV,
criado por Paiva Netto, que é meu querido amigo e o qual considero um dos brasileiros mais expressivos, pelo seu espírito público e pelo seu patriotismo”, disse. O respeito e o carinho da Legião da Boa Vontade a esse homem de vasta cultura e importantes serviços prestados ao País foram expressos por Alziro de Paiva, que representou seu pai, o dirigente da LBV, durante as últimas homenagens ao embaixador em sua cidade natal, Conceição do Mato Dentro, no interior mineiro. Que o Espírito eterno de José Aparecido de Oliveira receba, onde estiver, pois “os mortos não morrem”, as melhores vibrações de Paz e Amor. Sentimentos estes extensivos aos seus queridos familiares — especialmente aos filhos, Maria Cecília e o deputado federal José Fernando Aparecido de Oliveira, e à esposa, Maria Leonor Gonçalves.
* Mário Soares – O então presidente e ex-primeiro-ministro de Portugal recebeu, em abril de 1997, a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica, do ParlaMundi da LBV, na categoria hors-concours. BOA VONTADE |
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Utilidade Pública Doação de órgãos
DOE VIDA Setenta mil pessoas aguardam por transplante no Brasil
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om o lançamento da Campanha de Doação de Órgãos, em 27 de setembro, pelo Governo Federal, veio uma notícia preocupante para os 70 mil brasileiros que estão na fila de espera, muitos em estado gravíssimo, com a vida por um fio: a queda do número de doações. De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), de 7,3 doadores por milhão de pessoas, em 2004, a média caiu para 5,4 doadores por milhão no primeiro semestre deste ano. Índices estes bem inferiores aos registrados nos Estados Unidos (23 doadores por milhão), na Europa (média de 20 doadores) e até em nações vizinhas nossas, como o Uruguai, cuja média é de 25,2 doadores. Esse percentual oscila nas diversas regiões do território nacional, dependendo, é claro, da estrutura de saúde brasileira. Na Bahia, por exemplo, local escolhido para o lançamento da Campanha, a taxa de doação é uma das piores. O médico Eraldo Salustiano de
Leila Marco
Moura, coordenador do Sistema Estadual de Transplantes (Coset), alerta: “Hoje há uma subnotificação extremamente grande [na Bahia]. Consegue-se identificar apenas 20% dos indivíduos que poderiam ser doadores”. Segundo Eraldo Moura, várias medidas estão sendo tomadas, principalmente no processo educacional, para melhorar esse quadro: “Estamos implantando em toda faculdade de medicina, enfermagem, psicologia e serviço social um módulo de transplante. A gente espera que não somente os estudantes, mas também todos na sociedade entendam o mínimo deste processo, o que beneficiará o conjunto”. Na opinião de Leonardo Borges de Barros e Silva, médico e coordenador da OPO — Organização de Procura de Órgãos do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a população brasileira não é contra a doação. “Os nossos dados com relação à recusa familiar não são tão diferentes, por exemplo, dos EUA, Inglaterra e Alemanha.” Para
Arquivo BV
Divulgação
ele, também é preciso reforçar a conscientização dos profissionais de saúde da importância de seu papel neste momento: “A fim de notificarem os [familiares de] pacientes que estão com suspeita de morte cerebral nos hospitais. E, com o fato confirmado, possibilitar à família a decisão”. Não existe uma estatística oficial sobre a subnotificação dos casos de morte encefálica. No entanto, estima-se que mais de 50% dos órgãos que poderiam ser aproveitados são perdidos. Em São Paulo, o processo funciona um pouco melhor e, graças a isso, “consegue-se dobrar a eficiência do sistema (10 doadores por milhão), ou seja, Eraldo S. de Moura simplesmente fazendo aumentar o número de notificações”, ressalta o coordenador da OPO. Esse maior percentual levou a Central de Transplantes do Estado a anunciar que os paulistas caminham para a auto-suficiência em córneas. Em outubro, a lista de espera da Central registrava 2.255 pessoas, as quais devem ser atendidas nos próximos quatro meses. O sucesso de São Paulo, neste caso, está também na quantidade de bancos de olhos: possui sete Leonardo de Barros e Silva dos 34 existentes em todo o Brasil. Por isso, o Estado realiza 50% desse tipo de transplante no País. Santa Catarina é outro Estado que se destaca, uma vez que registra o melhor índice de captação e doa-
ção de órgãos no País, com 12,59 doadores por milhão. Os catarinenses adotaram o modelo espanhol, apontado como o mais bem-sucedido no mundo (30 doadores por milhão). Ele se caracteriza por contar com comissões nos hospitais que identificam potenciais doadores, fazem diagnóstico de morte cerebral e conversam com as famílias a fim de obter a devida autorização. Essa chamada “busca ativa” deverá ser implementada em todo o território nacional, conforme anunciou, em setembro, o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), ligado ao Ministério da Saúde, considerando os avanços verificados nos países da América Latina que adotaram a técnica.
O que doar e como fazê-lo
Existem dois tipos de doação: a que é realizada entre pessoas vivas e aquela em que o doador é falecido. No caso do transplante intervivos, só é possível doar o rim (por ser órgão duplo que permite tanto ao doador quanto ao transplantado levar uma vida normal), sangue, medula óssea (obtida com uma aspiração óssea direta ou pela coleta de sangue) e parte do fígado e/ou pulmão. Nesses casos, com exceção da medula, “a lei brasileira permite apenas a doa ção relacionada, ou seja, alguém que tenha parentesco até quarto grau. Se um amigo muito próximo quiser ajudar, precisará passar pela autorização de um juiz”, explica o dr. Leonardo. No caso de falecimento com parada cardíaca, podem ser aproveitados apenas os tecidos, córneas, ossos e pele. Por isso, o foco princi-
pal das instituições que lidam com esse tipo de cirurgia são os casos de morte encefálica, em que o cérebro morre, mas as demais funções são mantidas por meio de aparelhos. Desse modo, órgãos como coração, pulmões, rins e fígado continuam tendo circulação e vitalidade por algum tempo. Nesse quesito, novamente o País saiu perdendo este ano, pois, de acordo o Ministério da Saúde, 30% das famílias que tiveram parentes com morte encefálica se recusaram a fazer a doação, o que contribuiu, também, para a queda na média de doações em 2007. A causa dessa redução talvez esteja em fatos simples. No Brasil, desde 2001, a doação é autorizada pelos parentes de primeiro e segundo graus. Portanto, a única forma de
O que diz a lei A legislação brasileira estabelece o cadastramento e o conhecimento, por parte do Ministério da Saúde, de toda captação de órgãos e tecidos no território nacional em tempo real, por meio das Centrais Estaduais de Transplantes, gerenciadas pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT). São elas as responsáveis pelo controle da lista única (o cadastro dos pacientes que necessitam de algum tipo de transplante), da distribuição desses órgãos, atendendo aos crité rios de compatibilidade (que pode ser anatômica, sanguínea e genética), da gravidade de cada caso e do tempo de lista. Isso tudo somado, tem-se a colocação do paciente, naquele momento, para aquele doador. BOA VONTADE |
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Utilidade Pública
Diagnóstico de morte cerebral
Um passo importante é entender como se dá o diagnóstico de morte encefálica, que difere do chamado “estado vegetativo persistente” ou coma, no qual se mantém alguma atividade na região chamada pelos médicos de tronco encefálico.
Em nosso País, esse parecer sofisticado que é muito simples exige uma série de passos e regras. explicar à família qual é a situação Para isso, o dr. Abrahão Salo- de morte cerebral”, conclui. mão Filho, coordenador Além disso, conforme do Sistema Nacional de destaca Eduardo Rocha, Transplantes do Ministéprofessor de Nefrologia rio da Saúde, diz que são da Universidade Federal realizados exames clínido Rio de Janeiro (UFRJ) cos por um neurologista e membro da Associação e alguns qualificados, Abrahão Salomão Filho Brasileira de Transplantes como a arteriografia, o de Órgãos, cada vez mais o eletroencefalograma e o doppler transplante passa a ser uma opção transcraniano que atestam que não de tratamento para um número há mais fluxo sanguíneo, função crescente de doenças.“E isso ocorre elétrica, nem atividade nas células no mundo inteiro”, diz. O que prodo cérebro. “O diagnóstico é tão vocará uma procura ainda maior: Divulgação
assegurar a vontade de quem quer ajudar é falar com os familiares sobre o desejo de doar. Dados estatísticos comprovam que, sempre que isso é feito, as chances de se respeitar a decisão são de 90%.
A Solidariedade é mais forte que a dor
Em 22 de junho de 2007, depois de alguns exames, os familiares de Marcelo Ângelo da Silva, 42 anos, receberam a notícia de que o seu quadro era de morte encefálica e logo as outras funções do organismo paralisariam definitivamente. Ele fora internado três dias antes, após um atropelamento que lhe causou traumatismo craniano. “Quando me procuraram para ver a possibilidade da doação dos órgãos, fui prontamente a favor. Para mim, o Marcelo não morreu, ele continua nas várias pessoas que ajudou. Isso me deu muita Paz”, conta, emocionada, Claudete Ângela da Silva, irmã do doador. Graças a gestos de amor iguais a esse, famílias vencem o momento de dor e lembram-se do próximo. Desta forma, pessoas como Ivaldo Firmino dos Santos, mais conhecido como Zé do Rádio, de Recife/PE, podem ter a oportunidade de recomeçar suas histórias. Ele havia perdido 65% da 60
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capacidade cardíaca e a única saída era o transplante: “Em 2 de março de 2002, eram 19h12 quando fui chamado para o transplante cardíaco. Hoje me encontro em plena saúde, tudo normal, nasci de novo. E os que estão na fila de espera, peçam para Aquele lá de cima, não percam a Fé, que um dia vão fazer a cirurgia”. No caso de Dejane Siqueira, 38 anos, a Solidariedade chegou pelas mãos dos familiares. Ao ficar doente e passsar uma semana internada na UTI, soube que havia perdido a função renal. Daquela data em diante, dependeria da máquina de diálise para sobreviver. Teve de se mudar para Salvador, a 500 quilômetros de Juazeiro/BA, sua cidade natal, para realizar o tratamento. “Passei oito meses fazendo terapia antes da operação. Tenho cinco irmãos e minha mãe, e todos se dispuseram a doar; foi escolhido o meu irmão mais velho, pela compatibilidade sanguínea.” Bem-sucedido, o transplante ocor-
reu em 18 de outubro de 1997. “O que me dava força era o amor pelos meus filhos, precisava viver. Eu fiquei viúva um ano antes de adoecer e sentia que Deus estava me dando essa possibilidade [o transplante]. A fé foi importante, a gente tem de se agarrar nela. Em nenhum momento imaginei que não ia dar certo. Tanto é que, passados dez anos da cirurgia, eu nunca tive qualquer intercorrência.” No Rio de Janeiro/RJ, Luciano Pereira da Costa também teve a vida devolvida à normalidade graças ao gesto fraterno de gente anônima. Por causa do agravamento da diabetes, enfrentava sérios problemas na visão, além de severos sintomas de hipoglicemia (excesso de insulina no corpo): “Eu entrava em coma direto”, conta. A saída era receber um novo pâncreas. O resultado do transplante foi além da expectativa: “Estou curado e confiante de que isso é para sempre. Agradeço, primeiro, a Deus, depois aos médicos”.
Utilidade Pública Prevenção e recomendações para evitar a doença
dengue
Arquivo pessoal
Colaboraram do Rio de Janeiro: Simone Barreto e Hildeliano Alves; de Salvador: Nizete Souza e Cristiane Ranolfi; e de Brasília: Sônia Sabatine.
Todos contra a Daniel Trevisan
“A gente precisa aumentar, e muito, a nossa captação de doadores, pela informação, pela divulgação da nossa atividade. Reflitam no assunto, pensem se aceitariam que um parente, um filho, um irmão ou a mãe recebesse um órgão para sobreviver. E, nesse caso, sejam a favor e doem seus órgãos. Seria incoerente nós aceitarmos receber, se não fôssemos capazes de doar”.
Walter Periotto
A Família feliz Graças ao amor do irmão que doou um rim, Dejane Siqueira tem hoje uma vida normal. Acima com os filhos Uirá (E) e Nadjane.
A cirurgia de Luciano foi realizada pela equipe do Programa de Transplante Rim-Pâncreas, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HU), coordenado pelo vice-diretor da Faculdade de Medicina da UFRJ, professor José Marcus Eulálio. A técnica, que era inédita no Brasil, a drenagem entérica e portal para o transplante isolado de pâncreas, utilizada pelos médicos do HU, oferece mais qualidade de vida aos transplantados. “Essa técnica é mais fisiológica e tem oferecido menor rejeição”, comenta o professor Eulálio.
s chuvas que caem no País e as altas temperaturas do verão exigem ainda mais atenção para prevenir uma epidemia de dengue, doença grave que oferece sérios riscos à saúde, podendo levar à morte. Dados recentes do Ministério da Saúde chamaram a atenção para o contágio de dengue — segundo o órgão, foram infectadas mais de 450 mil pessoas até setembro. Desse total, 121 mil morreram. No ano passado, o número de casos chegou a 345 mil, menos da metade do registrado em 2002, quando o País viveu uma epidemia da doença que chegou a 794 mil. Neste momento o Ministério da Saúde continua reforçando a importância da participação de todos no combate constante ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti. As autoridades em saúde recomen-
Walter Periotto
dam algumas medidas simples para prevenir a infestação pelo mosquito. Deve-se evitar acúmulo de água em garrafas, latas, pneus, nas calhas que escoam a água da chuva e nas lajes das casas que não são cobertas com telhados. Esses são os lugares ideais para o mosquito Aedes aegypti depositar seus ovos. Também são medidas que contribuem para prevenir a dengue: retirar a água dos pratos de vasos de plantas e colocar areia até a borda, desobstruir as calhas, manter fechados ralos da cozinha e dos banheiros quando não estiverem sendo usados, fechar sacos de lixo, manter lixeiras tampadas, evitar o acúmulo de lixo perto de casa, lavar o suporte de garrafões de água mineral sempre que forem trocados e manter fechada a tampa do vaso sanitário de banheiros pouco usados. Os principais sintomas da doença são: dores de cabeça e muscular, febre alta, vermelhidão pelo corpo, aumento das glândulas linfáticas e comprometimento das vias aéreas superiores. Se identificadas essas reações, é preciso rapidamente procurar ajuda no posto de saúde mais próximo de casa. Fonte: Ministério da Saúde BOA VONTADE |
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