Protagonistas dos Feminismos em Portugal através da História Compilado por Burghard Baltrusch CJS-UVigo
Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
7 cantigas de amigo Martim Codax Séc. XIII
Luísa Sigea (1531-1560) Públia Hortênsia de Castro (1548-1595)
Margarida da Silva e Orta (1711-1792) Cancioneiro Geral (1516)
Lettres Portugaises (1669)
3
Bernardim Ribeiro (1482?-1552?) Menina e Moรงa, 1554
“Feminism” in Portugal before 1800 VANDA ANASTÁCIO Feminist Thought in Portugal, 1900-1926 DEBORAH MADDEN Portuguese Feminist Writing during the Estado Novo FÁTIMA MARIANO Feminisms in Postdictatorial Portugal 19721996 ANA PAULA FERREIRA Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Existência de uma ”consciência feminista” antes de 1800 (Anastácio, 68) Invisibilidade das tentativas de melhorar as condições de vida das mulheres antes dos primeiros movimentos sufragistas. Praticamente não existem evidências de uma querelle des femmes em Portugal antes do séc. XVIII. 1715: Paula da Graça, Bondade das mulheres vendicada e malícia dos homens manifesta 1761: Gertrudes Margarida de Jesus, Cartas apologéticas em favor e defensa das mulheres Folhetos de cordel testemunham emergência de discursos feministas 1788: Tratado da igualdade dos sexos, elogio do merecimento das mulheres oferecido, e dedicado às ilustres senhoras de
Leonor de Almeida Portugal Lorena y Lancastre, 4ÂŞ marquesa de Alorna y 7ÂŞ condesa de Assumar, condesa von Oeynhausen-Gravenburg (1750 -1839) 7
1868: A Voz Feminina 1876: Fundação do Partido Republicano 1906: Secção Feminista da Liga Portuguesa da Paz 1907: Grupo Português de Estudos Feministas 1909: Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (Ana de Castro Osório, Adelaide Cabete; republicanismo, feminismo e maçonaria) 1911: Associação de Propaganda Feminista 1912: União das Mulheres Socialistas 1914: Comissão Feminina “Pela Pátria”
Maria Adelaide Cabete (1867-1935)
Emília de Sousa Costa (1877-1959)
Maria Amália Vaz de Carvalho (1847-1921)
Virgínia de Castro e Almeida (1874 -1945) Ana de Castro Osório (1872-1935)
9
Carolina Michaëlis de Vasconcelos in Handbuch der Frauenbewegung, ed. por Helene Lange 1901:
”A luta das mulheres por uma melhoria das suas condições sociais encontra-se num estado ainda totalmente desorganizado no mundo ibérico ... As mulheres subordinam-se, sem protesto
Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Maria Amália Vaz de Carvalho, As nossas filhas: Cartas ás mães, 1904:
"O maior inimigo de todo o desenvolvimento moral e intelectual da mulher portuguesa é o meio social que a cerca e oprime, impondo-lhe as suas leis absurdas.” (255) Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Ana de Castro Osório, Às mulheres portuguesas, manifesto de 1905:
“(As mulheres) insuficiente mente são educadas para serem as companheiras e as mães do homem moderno" (6) "Está provado pela sciencia que intelectualmente não ha sexos privilegiados" (15) Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Ana de Castro Osório, Às mulheres portuguesas, 1905: “Feminismo: É ainda em Portugal uma palavra de que os homens se riem ou se indignam, consonante o temperamento, e de que a maioria das proprias mulheres córam, coitadas, como de falta grave cometida por algumas colegas, mas de que ellas não são responsaveis, louvado Deus! ... E, no entanto, nada mais justo, nada mais rasoavel, do que este caminhar seguro, embora lento, do espirito feminino para a sua autonomia.” (11)
Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Ana de Castro Osório, Às mulheres portuguesas, 1905:
“Ser feminista não é querer as mulheres umas insexuais, umas masculinas de caricatura, como alguns cuidam; mas sim desejá-las criaturas de inteligencia e de razão, educadas util e praticamente de modo a vêrem-se ao abrigo de qualquer dependencia, sempre amarfanhante para a dignidade Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos” humana." (24)
Ana de Castro Osório, Às mulheres portuguesas, 1905: “Ha quem afirme, e tenha isso como consolação, que a (mulher) hespanhola é muito mais futil e vaidosa, muito mais ignorante e inutil. Não temos dados para establecer o confronto, mas o que é certo é que nada nos devem consolar tais opiniões. Se são verdadeiras, pesa-nos que haja um paiz na farrapa no qual a mulher, ainda mais do que no nosso, se esqueça de que deve ser a companheira e auxiliar do homem, sua igual e sua amiga.” (196) Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Liga Republicana de Mulheres Portuguesas (Ana de Castro Osório, Adelaide Cabete) 1911:
“orientar, educar e instruir, nos princípios democráticos, a mulher portuguesa ... Tornandoa um indivíduo autónomo e consciente; fazer propaganda cívica, inspitando-se no ideal republicano e democrático” Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Virgínia e Castro de Almeida, A mulher: História da mulher, a mulher moderna, 1913: “Não sou feminista na accepção errada que frequentamente se dá a esta palavra tornando-a synonimo de violência, de aspirações absurdas ou ridículas. No feminismo, como no socialismo, como em todas as grandes crenças (...) ha os exaltados, os fanaticos, os incomprehensivos, os que vão além do sonho (...). O feminismo não é uma força que se levanta contra o homem; é a voz da mulher instruída, forte, equilibrada e pura, que aspira nobremente a um lugar ao lado do seu companheiro para compartir (…) os seus trabalhos, os seus cuidades e as suas Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos” alegrias.” (19-21)
Virgínia e Castro de Almeida, A mulher: História da mulher, a mulher moderna, 1913:
“Nos paizes latinos o movimento feminista não tem a força nem a gravidade que acabamos de observar nos outros. Na Hespanha e em Portugal o feminismo é apenas embryonario. Neste rápido esboço de analyse ao desenvolvimento da questão da mulher em varios paizes, nem vale a pena falar do que sobre o Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos” assumptoColóquio se passa na península.” (204)
Virgínia e Castro de Almeida, A mulher: História da mulher, a mulher moderna, 1913:
“Ainda ha bem pouco a triste iniciativa de um numero elevadissimo de senhoras hespanholas manifestando-se contra a lei que subtrahia a escola primaria ao ensino religioso obrigatorio, nos dá a prova concludente do abrazo d'aquelle paiz no sentido da libertação da mulher. O catholicismo, sob a sua forma mais nociva, o jesuitismo, - domina poderosamente o sexo feminino. Emquanto Colóquio essa força não fôr vencida, a Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos” mulher, escrava do padre, será um
Emília de Sousa Costa (“Maria Valverde”), Ideias antigas de mulher moderna, 1923: “(…) o feminismo, que não é, não pode, nem deve ser mais que a nobilitação da mulher, a sua reabilitação de criatura humana, como um factor social equivalente ao homem, pela sua inteligência, para a maior parte das pessoas, mesmo das mais cultas do nosso país, é a pretensão criminosa da mulher a igualar o sexo masculino em defeitos e em vícios, o esquecimento da tarefa que a natureza lhe impõe no lar e na família.... Em Portugal, o feminismo, tal como êle deve ser compreendido, é religião de duas dúzias de mulheres conscientes, que de coração magoado vão assistindo à crescente perversão de costumes, à dissolução dos laços de Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos” família.” (121-122)
Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Florbela Espanca (1894-1930)
Irene Lisboa (1892-1958)
Virgínia Vitorino (1898-1967) Fernanda de Castro (1900-1994)
Marta de Mesquita da Câmara (1894-1960)
Maria Lamas (1893-1983)
Teresa Leitão de Barros (1898-1983) 22
Maria Archer (1905-1982)
Adelaide FĂŠlix (1896-1971)
Manuela Porto (1908-1950)
Judite Navarro (pseud. de Judite VitĂłria Gomes da Silva, 1910-1987) 23
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)
Fernanda Botelho (*1926)
Ana Hatherly (*1929)
Natália Correia (1923-1993)
Agustina Bessa-Luís (*1922)
Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007)
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Júlio Dantas (1876-1962) dedica um poema a Elina Guimarães (1904-1991), filha do seu amigo:
“Só uma coisa me contrista Quando lhe vou dar lição Diz que quer ser sufragista E andar de saia-calção.” Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Elina Guimarães, activista do Conselho Nacional das Mulheres (CNMP) e da Associação Feminina Portuguesa para a Paz durante a república:
“O que pretende o feminismo? Apenas isto: valorizar a mulher, permitindo-lhe, em primeiro lugar, pela educação e instrução, o pleno desenvolvimento das suas capacidades naturais e assegurando-lhe depois na sociedade o lugar que pelo seu Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos” mérito mereça.”
Elina Guimarães: “Quando ingressei nas lides feministas, as mulheres não tinham direito nenhum político. Além disso, dentro da família, a sua situação era tal que o marido podia, sem consultar a esposa, vender todo o mobiliário da casa, ou internar no estrangeiro o filho de ambos impedindo depois a mãe de o ir visitar.” “Os homens, tendo vida social mais intensa sabem, pelo menos, que a lei existe, e procuram informar-se quando as circunstâncias o exigem. As mulheres até isso Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos” ignoram."
Maria Lamas (1893-1983): “De um modo geral, estou fora do problema do feminismo, porque não o compreendo nem o sinto como a maioria das mulheres. Não me interessa, por exemplo, a luta pela conquista dos direi tos políticos, pois só a "política humana" merece a minha atenção de mulher.” Fátima Mariana denomina-a uma “feminista da prática” (258). Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Maria Lamas (1893-1983):
Dirigiu o CNMP 1945-1947. Directora de Modas e Bordados, suplemento de O Século durante 20 anos, até ser despedida em 1947. Promoveu ainda a Exposição de Livros Escritos por Mulheres em 1947, antes de o CNMP ser extinto pelo Estado Novo. Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Maria Lamas (1893-1983)
Desempregada, viaja 2 anos por todo Portugal e publica depois a obra monumental As Mulheres do meu País (1948). Segundo Fátima Mariano: “um importante manifesto feminista” (259). ”(A falta de aspiração das mulheres portuguesas é um) sintoma alarmante de ignorância, desinteresse e derrota." (5) Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Maria Lamas, As Mulheres do meu País (1948).
Coleção ilustrada de ensaios etnográficos. Homenagem às contribuições das mulheres de várias regiões e classes à sociedade portuguesa. Obra silenciada, que acabou de fazer de M.L. uma persona non grata. Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Maria Lamas, As Mulheres do meu País (1948):
"Se (...) alguém estender a mão, firmemente, às grandes sacrificadas, vítimas milenárias de erros milenários, que, apesar de tudo, continuam a ser as obreiras da vida, bem pequenos foram, afinal, os incalculáveis esforços, fadigas e obstáculos vencidos, que a sua publicação representa" (6) Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Décadas 50-60 Manuela Tavares (2011: 248):
“O valor negativo que o termo 'feminismo' transportava e o 'medo' que inspirava em muitos sectores da sociedade, e mesmo em muitas mulheres, levava a que muitas enjeitassem ser apelidadas de 'feministas.” Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Natália Correia (1923-1993):
“Só tomando parte activa na vida económica do país é que a mulher pode com ciência pronunciar-se sobre os problemas constitucionais. Só no pleno uso da sua independência económica pode adquirir conhecimentos e cultura prática que a habilitem a intervir na orientação política e organização social. A independência feminina só pode ser conquistada através do trabalho. Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos” (2003, 121-22)
Natália Correia (1923-1993): “O que me maça nestas feministas é o seu feminismo, a sua estúpida fixação aos problemas (…) debatidos em palavrosas assembleias e gritados em marchas que arvoram pendões de guerra contra o homem. O que me aflige nestas feministas é o seu racismo estreito de curto alcance que disputa posições em vez de arrasar as estruturas que impedem a transformação do mundo num lugar habitável por homens e mulheres. Procedem como se quisessem o mundo para elas tal como os homens quiseram o mundo para eles. Imitam o erro no que demonstram a tristíssima falta de imaginação Colóquio de errar por conta“Uma própria!” (2003, Internacional Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Natália Correia (1923-1993): Muitos livros censurados, entre eles a Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica (1966). Acusada de abuso da liberdade de expressão e foi condenada a 3 anos de prisão (a condena ficou Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos” suspensa).
Abril, 1972
Maria Isabel Barreno (1939-2016)
Maria Teresa Horta (*1937)
Maria Velho da Costa (*1938) 37
Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
“a mulher vota, é universitária, emprega-se; a mulher bebe, a mulher fuma, a mulher concorre a concursos de beleza, a mulher usa mini-maxisaia, "hot-pants," "tampax," diz "estou menstruada" à frente de homens; a mulher toma a pílula, rapa os pêlos das pernas e de debaixo dos braços, põe biquíni; a mulher sai à noite sozinha, vai para a cama com o namorado; a mulher dorme nua, a mulher entende, já sabe o que querem dizer certas palavras, tais como: orgasmo, pénis, vagina, esperma, testículos, erecção, frigidez, clitóris, masturbação, vulva. As mulheres entre elas, na intimidade das retretes da repartições públicas onde estão empregadas, nos recreios dos liceus, nas universidades, nos quartos, nas salas, à porta fechada, até já contam anedotas obscenas, certos pormenores íntimos de cama e em segredo tomam certas liberdades de linguagem, e assim se modernizam, se libertam, se promovem ... E o homem exulta, irmãs, e ajuda a mulher nesta farsa, neste engodo de, nesta falsa e vergonhosa "libertação" onde cada vez mais presa (e agoraInternacional de si própria), a mulher apanhada malhas de Colóquio “Uma Nova História é dos Feminismos nas Ibéricos”
Maria de Lourdes Pintasilgo no prefácio às Novas Cartas Portugueas:
“(As autoras estão) a inverter a situação sujeito/objecto universalmente adquirida (ao apropriarem-se de situações até hoje só ditas por homens)” (Barreno, Horta, Velho da Costa 1974, xxviii) Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Feminismos (pós-)25 de Abril
Celeste Caeiro também conhecida por 'Celeste dos Cravos' Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Maria Teresa Horta
Deu-nos Abril o gesto e a palavra fala de nós por dentro da raiz Mulheres quebrámos as grandes barricadas dizendo igualdade a quem ouvir nos quis e assim continuamos de mãos dadas o povo somos: mulheres do meu país
Referências intertextuais Abril 1972: Novas Cartas Portuguesas 1948: Maria Lamas, As Mulheres do meu País
(1977,Colóquio in PoesiaInternacional Reunida, 2009) “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Maria de Lourdes Pintasilgo (1930-2004) 1979: Durante 3 meses ocupa o cargo de primeira-ministra. 1986: Primeira mulher a candidatar-se a presidenta da República. A sua derrota trava as esperanças da elite feminista pós-revolucionária de que o êxito da jovem democracia portuguesa dependeria de uma agenda de justiça social.
Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Décadas de 1970-80: União das Mulheres Anti-fascistas e Revolucionárias 1989: União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR)
Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Outras associações feministas da segunda onda e instituições governamentais: Grupo Autónomo das Mulheres do Porto Situação da Mulher Mulheres da Associaão Académica de Coimbra Boletim da Mulher 1977: Comissão da Condição Feminina 1990: Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres 2007: Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (Presidência do Conselho de Ministros). Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
CrĂtica (literĂĄria) feminista em Portugal
2005
Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Montijo, Câmara Municipal do Montijo, 2006
48
2009
Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
2011
Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
Os feminismos na literatura atual um exemplo: AdĂlia Lopes
1987
1987
1991 1988 52
1997
1997 1992
1993
1995
53
1999
Colóquio Internacional “Uma Nova História dos Feminismos Ibéricos”
2000
Paula Rego: “As meninas a brincarem”
Paula Rego sobre os poemas de Adília Lopes:
«fizeram-me logo lembrar a minha juventude, com as criadas, as bonecas, as mães ultraprotectoras. Adília Lopes é de um grande romantismo e ao mesmo tempo de um grotesco e um cómico transbordantes.» "A família" (1988)
Eu quero foder foder do trabalho achadamente a relação entre se esta revolução as pessoas não me deixa deve ser uma troca foder até morrer hoje é uma relação é porque de poder não é revolução (mesmo no foder) nenhuma a ceifeira ceifa a revolução contente não se faz ceifa nos tempos nas praças livres nem nos palácios (semana de 24 x 7 (essa é a revolução horas já!) dos fariseus) a revolução faz-se na casa de banho da casa da escola
a gestora avalia a empresa pela casa de banho e canta contente porque há alegria no trabalho o choro da bebé não impede a mãe de se vir a galinha brinca com a raposa eu tenho o direito de estar triste
(Florbela Espanca espanca, 1999, cit. de Obra: 401-402)
Ser Poeta
(Florbela Espanca)
Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma e sangue e vida em mim E dizê-lo cantando a toda gente! (Charneca em Flor, 1931, in Poesías Completas, 284)
Trovante / Luís Represas: http://www.youtube.com/wa tch?v=VJaNP_jzHRk
Eu quero foder foder do trabalho achadamente a relação entre se esta revolução as pessoas não me deixa deve ser uma troca foder até morrer hoje é uma relação é porque de poder não é revolução (mesmo no foder) nenhuma a ceifeira ceifa a revolução contente não se faz ceifa nos tempos nas praças livres nem nos palácios (semana de 24 x 7 (essa é a revolução horas já!) dos fariseus) a revolução faz-se na casa de banho da casa da escola
a gestora avalia a empresa pela casa de banho e canta contente porque há alegria no trabalho o choro da bebé não impede a mãe de se vir a galinha brinca com a raposa eu tenho o direito de estar triste
(Florbela Espanca espanca, 1999, cit. de Obra: 401-402)
Ela canta, pobre ceifeira, Julgando-se feliz talvez; Canta, e ceifa, e a sua voz cheia De alegre e anónima viuvez.
Ah, canta, canta sem razão! O que em mim sente 'stá pensando. Derrama no meu coração A tua incerta voz ondeando!
Ondula como um canto de ave No ar limpo como um limiar, E há curvas no enredo suave Do som que ela tem a cantar.
Ah, poder ser tu sendo eu! Ter a tua alegre inconsciência, E a consciência disso! Ó céu! Ó campo! Ó canção! A ciência
Ouvi-la alegra e entristece, Na sua voz há o campo e a lida, E canta como se tivesse Mais razões para cantar que a vida.
Pesa tanto e a vida é tão breve! Entrai por mim dentro! Tornai Minha alma a vossa sombra leve! Depois, levando-me, passai! (Fernando Pessoa, 1916, en Poesias, Lisboa: Ática, 110f)
Eu quero foder foder do trabalho achadamente a relação entre se esta revolução as pessoas não me deixa deve ser uma troca foder até morrer hoje é uma relação é porque de poder não é revolução (mesmo no foder) nenhuma a ceifeira ceifa a revolução contente não se faz ceifa nos tempos nas praças livres nem nos palácios (semana de 24 x 7 (essa é a revolução horas já!) dos fariseus) a revolução faz-se na casa de banho da casa da escola
a gestora avalia a empresa pela casa de banho e canta contente porque há alegria no trabalho o choro da bebé não impede a mãe de se vir a galinha brinca com a raposa eu tenho o direito de estar triste
(Florbela Espanca espanca, 1999, cit. de Obra: 401-402)
Emma Goldman (1869-1940) • • •
Anarquista lituana conhecida por seu activismo, seus escritos políticos e conferências que reuniam milhares de pessoas nos E.U.A. Teve um papel fundamental no desenvolvimento do anarquismo na América do Norte na primeira metade do século XX. Considerada uma das fundadoras do anarcofeminismo.
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Eu quero foder foder do trabalho achadamente a relação entre se esta revolução as pessoas não me deixa deve ser uma troca foder até morrer hoje é uma relação é porque de poder não é revolução (mesmo no foder) nenhuma a ceifeira ceifa a revolução contente não se faz ceifa nos tempos nas praças livres nem nos palácios (semana de 24 x 7 (essa é a revolução horas já!) dos fariseus) a revolução faz-se na casa de banho da casa da escola
a gestora avalia a empresa pela casa de banho e canta contente porque há alegria no trabalho o choro da bebé não impede a mãe de se vir a galinha brinca com a raposa eu tenho o direito de estar triste
(Florbela Espanca espanca, 1999, cit. de Obra: 401-402)
Revoluções referenciadas Praças Palácios Casa de banho Casa Escola Trabalho
25 de Abril Feminismo Moral/sexual Laboral Social/pós-industrial
Relação entre pessoas = relação de poder Teto de vidro na carreira profissional
Eu quero foder foder do trabalho achadamente a relação entre se esta revolução as pessoas não me deixa deve ser uma troca foder até morrer hoje é uma relação é porque de poder não é revolução (mesmo no foder) nenhuma a ceifeira ceifa a revolução contente não se faz ceifa nos tempos nas praças livres nem nos palácios (semana de 24 x 7 (essa é a revolução horas já!) dos fariseus) a revolução faz-se na casa de banho da casa da escola
a gestora avalia a empresa pela casa de banho e canta contente porque há alegria no trabalho o choro da bebé não impede a mãe de se vir a galinha brinca com a raposa eu tenho o direito de estar triste
(Florbela Espanca espanca, 1999, cit. de Obra: 401-402)
“Semana de 24 x 7 horas já”: "24 horas por dia, 7 dias por semana“ (negócio ou serviço disponível o tempo todo), “serviço em todas as horas do relógio” “Alegria no trabalho”: FNAT – Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho Hoje: INATEL – Instituto Nacional do Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores
Eu quero foder foder do trabalho achadamente a relação entre se esta revolução as pessoas não me deixa deve ser uma troca foder até morrer hoje é uma relação é porque de poder não é revolução (mesmo no foder) nenhuma a ceifeira ceifa a revolução contente não se faz ceifa nos tempos nas praças livres nem nos palácios (semana de 24 x 7 (essa é a revolução horas já!) dos fariseus) a revolução faz-se na casa de banho da casa da escola
a gestora avalia a empresa pela casa de banho e canta contente porque há alegria no trabalho o choro da bebé não impede a mãe de se vir a galinha brinca com a raposa eu tenho o direito de estar triste
(Florbela Espanca espanca, 1999, cit. de Obra: 401-402)
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