CONSERVAÇÃO E USO RACIONAL DA ÁGUA

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CONSERVAÇÃO E USO RACIONAL DA ÁGUA

RESUMO: O presente artigo de pesquisa bibliográfica visa despertar na sociedade o sentimento de conservação e uso racional da água, tendo como fundamentação, publicações de grandes pesquisadores do meio. Nessa concepção, debate-se de forma minuciosa as temáticas que fundamentam a importância da conservação da água em nossa sociedade. Muito já se foi discutido sobre essa temática, entretanto no autal mundo que habitamos observa-se que pouco tem sido efetivado sobre essa questão. A água é fonte de vida, responsável pela manuteção da biodiversidade em nosso planeta. Sendo esta tão importante, cabe a nós, seres humanos, o cuidado pleno deste bem. Nossa pátria, apesar de um grande potencial hídirico, hoje sofre uma grande crise em sua estrutura. Tendo em vista esses acontecimentos, e tambem o histórico hídrico que acompanha o Brasil, é necessário que tenhamos em nosso cotidiano práticas que permitam que a água não se torne cada vez mais excassa. Diante das argumentações aqui detalhadas, conclui-se então que ainda existe tempo para a recuperação desse grandioso bem. O que realmente precisa ser feito, é que todos os membros da sociedade, sem exceção, se conscientizem e se doem de fato para lutar por essa causa.

PALAVRAS-CHAVE: Água; Conservação; Gestão Sustentável. 1 Introdução Fonte de vida e de renovação, a água é essencial para a manutenção da vida na Terra. Todos os seres vivos necessitam desse precioso bem para se mantiver vivos. Provavelmente é o único recurso natural que tem a ver com todos os aspectos da humanidade, desde o desenvolvimento agrícola e industrial aos valores culturais e religiosos arraigados na sociedade. É um recurso natural essencial, seja como componente bioquímico de seres vivos, como meio de vida de várias espécies vegetais e animais ou como elemento representativo de valores sociais e culturais e até como fator de produção de vários produtos industrializados.

Não existe

possibilidade de se imaginar uma sociedade que não utilize a água em seu dia-a-dia, seja para lavar, cozinhar, tomar banho e para consumo próprio.


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No mundo, cerca de 97,5% da água é salgada, a água doce corresponde somente aos 2,5% restantes, todavia 68,9% (desses 2,5%) da água doce estão congeladas em calotas polares do Ártico, Antártica e nas regiões montanhosas. A água subterrânea compreende 29,9% do volume total de água doce do planeta, somente 0,266% da água doce representa toda a água dos lagos, rios e reservatórios (significa 0,007% do total de água doce e salgada existente no planeta). O restante da água doce esta na biomassa e na atmosfera em forma de vapor (TOMAZ, 2003). Estima-se que um bilhão de pessoas carece de acesso a um abastecimento de água suficiente, definido como uma fonte que possa fornecer 20 litros por pessoa por dia a uma distância não superior a mil metros. Essas fontes incluem ligações domésticas, fontes públicas, fossos, poços e nascentes protegidos e a coleta de águas pluviais (ONUBR, 2010).

Outro ponto interessante que devemos atentar é o fato de que a população cresce, de forma gigantesca, aliada à desorganização social. Não existe um crescimento padronizado. Este crescimento contínuo atinge de forma direta os mananciais que ainda são disponíveis para uso (ANA et al., 2005). A disponibilidade hídrica em nosso planeta, a cada dia se reduz mais e mais. Uma avaliação realizada pela Organização das Nações Unidas indicou que a demanda de água cresce em velocidade duas vezes maior do que o crescimento da população. Estima-se ainda, que a falta de água será considerada como um dos motivos que levará países a grandes conflitos (CHENG, 2000 apud PAULA et al., 2005). Nessa perspectiva, o presente estudo trará a tona informações pertinentes ao tema apresentado, que é de total interesse de todos, para que estas sejam debatidas e refletidas. E assim, consequentemente, espera-se que um sentimento consciente de cuidado e valorização dos recursos hídricos seja despertado. . 2 Disponibilidade hídrica no Brasil O Brasil, em sua totalidade, apresenta uma grande disponibilidade hídrica para sua polução. Esta disponibilidade é realizada através das Bacias Hidrográficas. “A bacia hidrográfica é usualmente definida como a área na qual ocorre


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a captação de água (drenagem) para um rio principal e seus afluentes devido às suas características geográficas e topográficas” (FARIA, 2008). Já para Barrella (2001), a bacia hidrográfica é definida como um conjunto de terras drenadas por um rio e seus afluentes, formada nas regiões mais altas do relevo por divisores de água, onde as águas das chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram no solo para formação de nascentes e do lençol freático. Apesar da grande disponibilidade de água encontrada no Brasil, esta não se apresenta de forma homogenia em todo o território nacional, apresentando abundancia em áreas específicas e escassez em outras. Tundisi (1999) relata que78% da disponibilidade hídrica brasileira se concentra na Região Amazônica, ou seja, 54,5% do território nacional e abriga 5% da população resultando em uma densidade demográfica de 1 hab/K km2 . Os outros 22% são distribuídos nas demais regiões brasileiras, que concentram 95% da população e encontram-se densidades demográficas superiores a 400 hab/km 2. O Brasil é um país privilegiado em termos de disponibilidade de água, pois conta com 28% da disponibilidade sul-americana e de 12% das reservas de água do mundo. Em território brasileiro, 72% da água está localizada na bacia amazônica. O Rio Amazonas tem 6.885 quilômetros de extensão e é o maior do mundo em volume de água, despejando 175 milhões de litros por segundo no Oceano Atlântico. No entanto, não podemos esquecer que o crescimento da população faz com que o risco de escassez também nos atinja. Entre 1970 e 2000 o Brasil passou de uma população urbana de 55% para 82% do total da população. É sabido que mais de 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável e, ainda, outros 2 bilhões não têm qualquer tipo de saneamento básico (VICTORINO, 2007, p.21).

Freitas (2000) acrescenta: No Nordeste a falta de água é crônica. No Sudeste ela é abundante, porém de má qualidade. A invasão de áreas de mananciais hídricos pela população carente é um dos maiores problemas de São Paulo. Os dejetos industriais lançados no rio Paraíba do Sul tornam precária a água que abastece o Rio de Janeiro e outras cidades. Falta água para irrigar os arrozais do Rio Grande do Sul.

É intrigante constatar que no mesmo país exista uma grande diferença de disponibilidade de recursos hídricos. Corroborando para nosso entendimento, o gerente de Águas Subterrâneas da Agência Nacional de Águas (ANA), Fernando Roberto Oliveira fez a seguinte consideração:


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(...) isso se deve ao fato do terreno ser dividido em dois grandes e diferentes tipos (sedimentares/fraturados e os cristalinos). Os cristalinos seriam encontrados em regiões com menor potencialidade de água subterrânea como o semiárido brasileiro. Os sedimentares e porosos ocupam quase a metade da área do País, onde estão localizados os melhores aquíferos nacionais. Oliveira cita três grandes áreas, mas reconhece a falta de conhecimento sobre a totalidade do potencial hídrico brasileiro. Temos a Bacia do Paraná, onde está localizado o Aquífero Guarani; a Bacia Sedimentar do Maranhão, onde temos uma série de aquíferos (como o Cabeças e o Serra Grande); a Bacia Sedimentar do Amazonas, onde tem-se falado mais recentemente do Aquífero do Alter do Chão como um grande reservatório. Mas devemos ter, certamente, mais aquíferos além desses, acredita Oliveira. (...) Segundo o gerente da ANA, o Aquífero Guarani, em termos de área e reserva hídrica, é um dos maiores do mundo. No Brasil, provavelmente, se não for o maior está entre os mais significativos. Talvez só na região Amazônica, cogita-se a possibilidade de área superior. Constatação que só pode ser feita após os estudos sobre superfície, profundidade e espessura desses aquíferos (MCT, 2010).

Infelizmente, o país que já foi tido como um paraíso aquático, na contemporaneidade passa por uma grande crise. Nos últimos meses, muitos estados presenciam a ausência de chuvas. A seca se prologam em muitas regiões rurais do interior brasileiro, os rios perderam seus volumes hídricos e muitas nascentes secaram. Entretanto, o homem não reduz o desperdício e sempre é válido lembrar, que apesar de abundante a agua é finita . 3 Poluição dos recursos hídricos Há anos, acreditava-se que os recursos naturais nunca iriam se esgotar e que a natureza poderia sempre manter a oferta desses recursos diante da necessidade da sociedade. . Algumas pessoas, no Brasil, ainda acreditam os recursos hídricos são inesgotáveis. A verdade é que “a água distribui-se de modo irregular, no tempo e no espaço, em função das condições geográficas, climáticas e meteorológicas. A água, embora renovável, deve, então, ser considerada recurso finito e de ocorrência aleatória” (SETTI, 1996, p. 35). ALMEIDA (2005 p.117) acrescenta: [...] Vazamentos, torneiras mal fechadas, banhos muito demorados e lavagem de carros e calçadas são uma prova de que a humanidade trata a água como se ela fosse um recurso inesgotável. [...] É preciso ficar claro que a água pode acabar. Pelo menos a água limpa e potável. Com ela morrerão plantas, animais e o próprio homem, o principal responsável por sua degradação [...] Além do uso inadequado, a distribuição desigual dos recursos hídricos sobre a Terra e as diferenças de consumo entre países e


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setores econômicos tornam o futuro do abastecimento de água para as novas gerações ainda mais preocupante.

Numerosas são as maneiras de se contaminar os recursos hídricos. Atualmente, essa poluição possui duas vertentes distintas: o crescimento da população humana e o desenvolvimento industrial, que demanda quantidades cada vez maiores de água, despejando nos cursos d’água mais resíduos provenientes destas atividades (DORST, 1973, p. 234). Lima (2001) reforça nosso pensamento enfatizando: [...] a água, como componente integrado ao sistema global, vem sendo fortemente alterada com as mudanças demográficas, a velocidade e a extensão da globalização e com o desenvolvimento socioeconômico impulsionado.

Beate Franke (1995, p. 27) acrescenta: [...] a degradação dos recursos hídricos no Brasil tem principalmente duas causas: a fase de transição por que tem passado a sociedade (de agrícola para urbana) e o atraso da modernização administrativa que esta transição requer. O direito quase absoluto sobre a propriedade privada e a negação de responsabilidades sociais dificultam a restrição do direito de uso do solo e dos recursos naturais em geral. Prevalece a convicção de que alguns recursos naturais como a água, devem ser usados gratuitamente, e, em sendo assim, entidades estatais ou privadas decidem pelo aproveitamento da água em seus empreendimentos.

Diante do grande processo de globalização e urbanização, as cidades cresceram de uma forma espantosa colaborando para a aceleração do crescimento industrial. Esta industrialização anexada à globalização fortaleceu o processo do crescimento do capitalismo. Nesse contexto o consumismo ganhou mais força, forçando as indústrias a produzirem cada vez mais. Como consequência do aumento da produção das indústrias, tem-se uma utilização desordenada e agressiva dos recursos naturais e a degradação do meio ambiente, e por consequência dos recursos hídricos. Os detritos industriais constituem um importantíssimo fator poluente dos recursos hídricos (PIRANGELLI, p. 379), em função de sua natureza, em geral, química, por exemplo, os hidrocarbonetos e os detergentes sintéticos (DORST, p. 236). Percebe-se então, que o progresso econômico, tecnológico, industrial, exige um preço a ser pago pelo próprio homem.


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De fato, as sociedades industriais são vítimas de suas próprias obras, que atingem não apenas seu meio ambiente, mas, também, todo o conjunto de seu espaço vital, para atingir também todo o Planeta, na medida em que esse espaço vital assume dimensões planetárias (PIRANGELLI, 1989, p. 378).

No que tange o crescimento da população, vale enfatizar que há um ajuntamento entre as características qualitativas e quantitativas dos recursos hídricos, dessa forma apura-se que “o aumento do consumo das águas, diminui a capacidade do corpo receptor, fazendo-o mais vulnerável à degradação qualitativa” (RUFINO, 1990, p. 242). A ocorrência mais costumeira de poluição dos recursos hídricos é oriunda das substancias orgânicas, que são arremessadas no curso de água dos rios, através dos esgotos domésticos. “O esgoto pode estimular o crescimento e a multiplicação de bactérias e fungos” (MELLANBY, 1982, p. 32), agentes das denominadas “doenças hídricas” (CARVALHO, 1997, p. 118). O comprometimento da qualidade da água pela contaminação por esgotos domésticos, muitas vezes lançados no ambiente sem tratamento prévio, implica, entre outras consequências, o aumento da incidência de doenças de veiculação hídrica, como cólera, diarreia, amebíase e esquistossomose. Essa preocupação assume proporções mais graves em países ou regiões onde é maior a pobreza. Nos países em desenvolvimento, 90% das doenças infecciosas são transmitidas pela água (FREITAS, 1999). Outro fator de degradação dos recursos hídricos que merece ênfase é a poluição resultante da agricultura e da pecuária. As “atividades ligadas à agricultura e a pecuária através de defensivos agrícolas; de fertilizantes; de excrementos de animais e de erosão” (DERISIO, 2000, p. 20). Nesse raciocínio, vale destacar que é grande o risco de contaminação dos lençóis freáticos, “por força da participação de poluentes, como nitratos e agrotóxicos” (MILARÉ, p. 177). O uso de agrotóxicos é um dos mais graves fatores de deterioração da qualidade dos recursos hídricos (AZEVEDO e MONTEIRO, 2011 apud PALMA e LOURENCETTI, 2011). ONUBR (2010) relata: A cada dia, milhões de toneladas de esgoto tratado inadequadamente e resíduos agrícolas e industriais são despejados nas águas de todo o mundo. (…) Todos os anos, morrem mais pessoas das consequências de água


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contaminada do que de todas as formas de violência, incluindo a guerra. (…) A contaminação da água enfraquece ou destrói os ecossistemas naturais que sustentam a saúde humana, a produção alimentar e a biodiversidade. (…) A maioria da água doce poluída acaba nos oceanos, prejudicando áreas costeiras e a pesca. (…)

Infelizmente essa gama de atividades agressivas, associadas com a falta de investimento no tratamento dos esgotos levam ao aumento da poluição das águas dos rios e dos lençóis freáticos. A resultante de tudo isso, é a redução da disponibilidade de água para o consumo (RAMOS, 2007, p. 36). 4 Importância da conservação da água A água é um recurso indispensável para a manutenção da vida em nosso planeta. Ela representa o principal constituinte de todos os organismos vivos (SPERLING, 1993), possuindo múltiplos usos disponíveis, como abastecimento doméstico e industrial, de áreas agrícolas e urbanas, entre outros. No entanto, justamente por possuir ampla utilização, os recursos hídricos, infelizmente, acabam sendo muito degradados, provocando sérios prejuízos ao meio ambiente e diminuindo, consequentemente, a qualidade de vida existente (BACCI & PATACA, 2008). Bacci e Pataca (2008) nos informam que a água, tanto em sua presença quanto ausência, é responsável por criar culturas e hábitos, determinar ocupação de territórios e o resultado de guerras e batalhas dentro da história da humanidade e promover ou extinguir a vida de espécies de seres vivos. É evidente que nosso planeta não seria se transformaria em um ambiente conveniente à vida dos seres vivos, sem essa junção do oxigênio com o hidrogênio. No atual momento em que vivemos a sociedade não percebe a importância da água, que infelizmente não é mais vista como um bem natural e sim como um bem econômico para exploração. Seu uso indiscriminado somado ao aumento populacional

nos

últimos

séculos

intensificou

a

escassez

aumentou

em

determinadas regiões do planeta, especialmente por fatores antrópicos ligados à ocupação do solo, à poluição e contaminação dos corpos de águas superficiais e subterrâneos (BACCI & PATACA, 2008, p. 211). É de grande importância enfatizar a temática da conservação dos recursos hídricos em nosso meio social. Nossa sociedade capitalista tende a cada dia


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aumentar a agressão ao meio ambiente e por consequências desses atos a quantidade de água potável esta sendo mais e mais limitada (VARGAS, 1999). O mesmo autor (1999) enfatiza que é praticamente impossível enumerar todas as utilidades economias e sociais em que a humanidade emprega á agua, valendo apontar poucos, como: alimentação e higiene, produção industrial, geração de energia, irrigação, navegação, pesca e lazer, evacuação e diluição de esgotos, drenagem e controle de enchentes e luta contra incêndios. É valido destacara também, que em todo o mundo os recursos hídricos possuem distintas e grandiosas utilidades como geração de energia, irrigação, aquicultura,

abastecimento

urbano,

navegação

e

até

mesmo

paisagismo

(SPERLING, 1993). Ou seja, atividades essenciais para a manutenção da sociedade. 5 Gestão sustentável dos recursos hídricos Nosso Planeta vivencia uma grande crise ambiental, que é consequência de uma serie de atitudes inexatas da humanidade. No que refere-se ao meio ambiente e seus recursos hídricos, diante da quantidade de agressões, tem-se hoje uma doutrina visa estimular o sentimento de consciência em relação ao uso e preservação dos recurso hídricos. Observa-se também a manifestação de ações legais que visam tutelar o meio ambiente, de forma que este não sofra mais limitações. Todas as agressões como a degradação do solo, poluição das águas e outros tipos de danos ambientais, assim como, o aumento da consciência na população da sua dependência do meio ambiente, em relação aos recursos naturais e à qualidade de vida, levaram nas últimas décadas a revisão, criação e ampliação de uma legislação disciplinadora de uso do ambiente (ATTANASIO et al., 2006). Com o crescente problema de escassez e contaminação, a preocupação com o manejo sustentável da água ganha cada vez mais relevância em todo o mundo. Estimativas da ONU apontam que até o ano de 2025 o número de pessoas que vivem em países submetidos a grande pressão sobre os recursos hídricos passará dos cerca de 700 milhões atuais para mais de 3 bilhões. Fatores ambientais, econômicos, sociais e gerenciais contribuem para esta crise de abrangência mundial (TUNDISI,TUNDISI, 2011).

Leal (1998) enfatiza que é de grande importância que a sociedade pense em uma gestão sustentável, de forma que o ser humano possa ser inserido como


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elemento que impulsione novas metodologias voltadas não somente para o meio físico, mas também para as concepções socioeconômicas, que estão inseridas no cotidiano da sociedade e por sua vez ocasionam agressões aos recursos hídricos. Vale acrescentar em nosso debate que o termo “sustentável” segundo Leal (1998) pressupõe um sistema totalmente auto-suficiente e sem rejeitos, em total equilíbrio. Sabe-se, entretanto, que não é possível um sistema totalmente sustentável. O que se anseia é desenvolver um estágio mais avançado de sustentabilidade, onde existe o respeito em relação aos limites de recuperação da natureza. O foco do desenvolvimento desse modelo de gestão é a de melhoria na qualidade de vida, aumentando a disponibilidade e a qualidade da água e dessa forma podendo atender as carências que são fundamentais ao dia a dia do homem, tendo como resultado a redução do uso não essencial através do aprimoramento dos processos de utilização. Seguindo

o

pensamento

de

Contanza

(1994),

a

certificação

da

sustentabilidade dentro do sistema econômico e até do sistema ecológico, depende de nossa capacidade de tracejar propósitos locais e de curto prazo, incentivando assim os propósitos globais e de longo prazo, conciliando assim interesses locais e privados com a sustentabilidade e a qualidade de vida mundial (Leal, 1998). Percebe-se então que pensar em uma gestão sustentável dos recursos hídricos vai além da perspectiva da grande maioria da sociedade, que é a visão do pagamento de taxas e tarifas para o uso dos afluentes. Requer envolvimento de forma de forma singular na administração do uso da água, requer conscientização e ética dos membros da sociedade. Este é o primeiro “pontapé” para que a humanidade se integre no processo de decisão, que propõe ajustar a utilização da água com o temor redução da disponibilidade dos recursos hídricos, visando sempre o bem-estar das futuras gerações. [...] a construção social de novos valores éticos, entendendo o ambiente, como um fenômeno complexo, sistêmico e global significa aproximarmos de um novo paradigma conceitual, metodológico e ético sobre o tema recurso hídrico. O desenvolvimento de novas atitudes e valores democráticos que viabilizem a participação crítica nas decisões políticas e econômicas, tanto no nível local, como global, pode significar um grande impacto para a transformação da sociedade e das relações desta com a natureza e seus recursos naturais (MARTINS, 1992).


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E nessa perspectiva de trabalho em conjunto com a legislação e o sentimento de consciência ambiental para com os recursos hídricos que uma porção de nossa sociedade já repensa suas ações, racionando e reutilizando a água de forma cautelosa. 6 Conclusão Por se tratar de um assunto que possui um vasto campo informacional, apresentou-se nessa pesquisa somente algumas cogitações sobre a importância de se preservar os mananciais. É sempre revigorante conscientizar toda a sociedade sobre a problemática da água. Infelizmente este problema não é limitado somente a nossa Pátria, este se estende por todo mundo. Com isso, esta pauta se torna merecedora da atenção de grandes líderes. O mau hábito do desperdício hídrico deve ser abominado a qualquer custo. Dar a importância devida aos recursos hídricos é algo imprescindível. Infelizmente, muitos membros da sociedade não cuidam da maneira que deveriam. Atitudes agressoras como jogar lixo nas águas, poluir os lençóis freáticos e desperdiçar a água no consumo residencial são pertencentes ao cotidiano da maioria da população. É necessário que o homem atente que a disponibilidade de água para o consumo é mínima e a cada dia limita-se mais. O grande foco da sociedade hoje é no consumo devido ao grande poder do capitalismo. O ter se torna mais importante que o ser. O mundo capitalista tem uma grande parcela de culpa pela degradação dos mananciais. É preciso uma grande reflexão enquanto é tempo, enquanto o problema pode ser revertido ou parcialmente sanado. É necessário explanar o modelo de gestão sustentável a toda sociedade capitalista. Para finalizar, concretiza-se este trabalho enfatizando que a melhor maneira de sanar a agressão contra os mananciais é conscientizando a todos. Não existe arma mais eficiente que esta. Se cada membro da sociedade acreditar que pode fazer a diferença em beneficio do meio em que vive e das futuras gerações, os recursos hídricos poderão voltar a ser o que um dia já foram. Referências Bibliográficas:


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