IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO FAMILIAR NO MEIO EDUCACIONAL RESUMO: Esta pesquisa tem como objetivo debater a importância da presença familiar na vida educacional do discente, abordando ainda perspectivas que colaboram para o entendimento da discussão. Dessa maneira, iniciaremos nosso debate
enfatizando
a
formação
familiar
na
contemporaneidade,
a
ainda
salientaremos a visão que esse núcleo social tem da criança. Debateremos também os fatores que levam a família a se distanciar da escola, visto que essa é a realidade de muitos lugares. é possível perceber ao longo do trabalho, que é claramente evidenciado a necessidade da presença familiar na escola e formação de uma parceria entre a família e os docentes. Existe hoje a grande necessidade de se formar essa parceria, visto que essa conjuntura tem grande influencia no aprimoramento do ensino e aprendizado do discente. Daí a pertinência de se refletir sobre esse contexto. PALAVRAS-CHAVES: Interação. Família. Escola. Melhorias. Aprendizado.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO...........................................................................................................05 1 PERSPECTIVAS DO NÚCLEO FAMILIAR NA CONTEMPORANEIDADE...........06 2 IMPORTANCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA..........................10 3 AUSÊNCIA DOS PAIS NA VIDA ESCOLAR DOS FILHOS..................................15 4 DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E DA ESCRITA NO NÚCLEO FAMILIAR..18 CONCLUSÃO............................................................................................................19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................20
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INTRODUÇÃO A necessidade de elaborar uma pesquisa focada na influencia familiar em relação ao aprimoramento cognitivo do indivíduo, esta diretamente ligada à necessidade, por parte dos docentes, em reduzir a quantidade de fracassos escolares ou então, em aprimorar a oferta de um ensino mais dinâmico e adequado à realidade do discente. O interesse deste trabalho nasceu do pensamento de que a presença da família pode ou não colaborar para o sucesso escolar do individuo. Dessa forma, este trabalho busca averiguar as perspectivas externas, no caso a família, que influenciam o processo de ensino e aprendizado. Entender a relação e a influencia da família no processo de construção do conhecimento do indivíduo tende a contribuir para o aprimoramento das práticas docentes, principalmente às que dizem respeito às dificuldades enfrentadas pelo educador e pelo discente no processo de construção do conhecimento. Para atingir nosso objetivo, utilizaremos uma literatura objetiva e especializada na temática, de modo em que a cada seguimento, os debates se efetivem com total clareza. Esta pesquisa foi motivada diante do clamor emanado das instituições de ensino ao se depararem com a realidade que se configura na temática de nosso estudo. Assim sendo, todas as indagações que nortearam nosso trabalho, fundamenta toda sua estrutura. Marturano (1998) relata que a influencia do núcleo familiar no processo de aprendizado desenvolvido pelas instituições de ensino é reconhecido de forma ampla. Entretanto, não é valido atribuir a esta toda a responsabilidade pelo aperfeiçoamento do aluno no que diz respeito ao seu desempenho. A realidade vivenciada pela sociedade em que o aluno está inserido também influencia esse processo. Seguindo o mesmo parecer de Marturano (1998), a LDB 9394/96 (BRASIL, 1996) deixa claro que ao definir que a educação é um processo que vai muito além da educação formal, quer dizer, é na família que a criança desenvolve e assimila valores que serão base para sua formação cidadã.
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Por uma questão de eficiência, dividimos nossa pesquisa em segmentos, onde abordaremos de forma detalhada cada perspectiva ligada à importância da participação familiar no meio educacional. O primeiro capítulo de nossa pesquisa abordará conceitos ligados à definição da família na contemporaneidade. Dessa forma, entenderemos como esta se configura perante o meio escolar. No segundo capítulo, discutiremos a importância da presença da família no ambiente educacional, e com isso faremos as devidas reflexões. Já o terceiro capítulo, aborda questões ligadas à necessidade se estreitar os laços entre a escola e a família, uma vez que hoje em dia estes núcleos sociais tendem a se distanciar cada vez mais. O quarto capítulo, fundamenta-se na reflexão sobre a importância do desenvolvimento da leitura e da escrita no ambiente familiar, visto que cabe à escola aprimorar o processo e não iniciá-lo. E por último, faremos as devidas considerações sobre o que assimilamos e refletimos, diante de toda a discussão. Os procedimentos metodológicos quem fundamentaram nosso trabalho abrangem uma série de consultas em arquivos bibliográficos de grande relevância, objetivando a formação de um conteúdo claro e verídico. Destacamos ainda que visitas a bibliotecas públicas e privadas foram feitas, além de consultas a sites. Pesquisar essas informações possibilitam grandes reflexões por parte dos docentes que convivem com essa realidade. É preciso, conscientizar tanto educadores quanto a família dos discentes, sobre a importância dessa parceria na formação cidadã do aluno. A família é o primeiro grupo social que o individuo faz parte, por esse motivo é nele que a criança evidencia sua primeira percepção dos fatores que promoverão o sucesso ou fracasso escolar em um futuro próximo.
1 PERSPECTIVAS CONTEMPORANEIDADE
DO
NÚCLEO
FAMILIAR
NA
Como se sabe, a base da sociedade em que vivemos é a família. Dessa forma, esta deve ser considerada como um fenômeno social de grande relevância para a manutenção e o desenvolvimento da sociedade em que ela está inserida. Inicialmente, Osório corrobora com nossa pesquisa ao lecionar pertinências sobre o núcleo familiar. O autor relata que:
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A família é uma instituição cujas origens remontam aos ancestrais da espécie humana e confundem-se com a própria trajetória da evolução. - A organização familiar não é exclusiva do homem, vamos encontrá-las em outras espécies animais quer entre os vertebrados, como também, entre os invertebrados. - Assim como na espécie humana, também entre os animais se encontram distintas formas de organização familiar. Há famílias nas quais após o acasalamento a prole fica aos cuidados de um só dos genitores, geralmente a fêmea; mas também poderá ser o macho quem se encarrega dos cuidados com os descendentes, como em certas espécies de peixe (OSÓRIO, 1996, p. 24).
Ao analisarmos o trajeto evolutivo da família perante a sociedade, nota-se claramente que esta se transformou e se adaptou ás transformações efetivadas na sociedade, até chegar à contemporaneidade. Para entender o processo evolutivo da família até chegar o atual momento de nossa sociedade, abordaremos de maneira sucinta o comportamento da família, existente no passado, em relação a seus filhos. Tal abordagem justifica-se pela necessidade em entender como a família via a figura de seus filhos, principalmente no que tange a educação destes. Ariés (1978) ao analisar o núcleo familiar, relata primeiramente que no século XV as crianças eram educadas por outras famílias, com o intuito de serem moldadas para posteriormente se tornarem aprendizes e/ou serviçais, ou seja, o conhecimento nessa época era sinônimo de serviços domésticos. Todo processo educativo eram feito de maneira ampla, não existia escola para aprimorar o conhecimento. Em outras palavras, tudo o que se aprendia era passado de forma direta de uma geração para outra. Vivenciando essa realidade, muitas crianças acabavam fugindo do ambiente familiar em que estavam inseridas. Nessa mesma linha reflexiva, Áries (1981, p. 156) acrescenta: (...) o sentimento da infância não existia - o que não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Essa consciência não existia.
Badinter (1985) relata que no decorrer do século XIX, a criança começou a ser valorizada dentro de seu meio familiar. Dessa forma, esta passou a ser tratada como filho e não mais somente como criança, como ocorrera no passado.
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Conforme o tempo foi passando, a maneira de interação entre os mais velhos e as crianças foi sendo alterado, de tal forma que todo o processo de interação social se modificou. Aos poucos, laços afetivos foram sendo estabelecidos, além de um sentimento de preocupação em relação ao aprendizado das crianças (ARIÉS, 1978). Direcionando nosso debate para o meio familiar, na contemporaneidade, observamos a ocorrência de grandes transformações em sua estrutura, apesar de ainda existirem traços históricos da família que no passado era tida como padrão (RIGONATTI et tal, 2003). Corroborando com nossa reflexão, Nobre (1987, p.118-119) define a família como: (...) um sistema aberto em permanente interação com seu meio ambiente interno e/ou externo, organizado de maneira estável, não rígida, em função de suas necessidades básicas e de um modus perculiar e compartilhado de ler e ordenar a realidade, construindo uma história e tecendo um conjunto de códigos (normas de convivências, regras ou acordos relacionais, crenças ou mitos familiares) que lhe dão singularidade.
Para entender o conceito de família na sociedade brasileira, primeiramente precisamos averiguar quais os mecanismos que validam sua materialização. Nessa perspectiva percebemos na sociedade brasileira, a presença de normas para estabelecer a legalidade das uniões matrimoniais, todas elas expressas no Código Civil Brasileiro. Estas normas englobam diferentes temáticas, no que diz respeito à função do homem e da mulher na sociedade conjugal. O mesmo Código, também expressa determinadas vedações, como por exemplo, o casamento entre familiares ou quando um dos consortes for menor de idade (PANZA, 2011). Assim sendo, percebemos que os núcleos familiares são regidos por uma gama de valores, tradições e normas emanadas pela sociedade. Nesse entendimento, Paulo Nader (2010, p. 19) explica: [...] a organização da família se processa à luz de princípios e de regras oriundos dos vários instrumentos de controle social: a lei, a moral, a religião e as regras de trato social. O estatuto doméstico se forma, assim, pela intervenção do Estado e por disposições internas, captadas na moral, na religião e nas regras de trato social.
Entretanto é perceptível, que apesar da jurisprudência e alguns fatores sociais formalizarem o casamento, estes não garantem a harmonia e a permanência
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desse ato social. De forma ampla, o que vemos hoje em nosso meio, é a ocorrência de mudanças que se efetivam diante da modificação dos costumes (PRADO, 1988). Nesse raciocínio, notamos que a própria jurisdição se adaptou diante das novas perspectivas ligadas à definição de família. Do ponto de vista legislativo, o advento da Constituição de 1988 inaugurou uma diferenciada análise jurídica das famílias brasileiras. Uma outra concepção de família tomou corpo no ordenamento. O casamento não é mais a base única desta entidade, questionando-se a ideia da família restritamente matrimonial. Isto se constata por não mais dever a formalidade ser o foco predominante, mas sim o afeto recíproco entre os membros que a compõem redimensionando–se a valorização jurídica das famílias extramatrimoniais (MATOS, 2008, p. 35- 48).
Apesar das composições familiares não se darem da mesma forma que antigamente, o que se torna válido para nós é se estas estão voltadas para a formação social de seus filhos, ou seja, “desde que a criança saiba qual o lugar dela dentro desse novo núcleo familiar e sinta – se segura para solicitar o que precisa e o mais importante tenha a sua individualidade respeitada” (PIRES, 2009, p.12), seu processo de desenvolvimento social jamais será comprometido. Quando voltamos nosso olhar para a realidade de nossa sociedade, observamos que as famílias, se desmembram em outras novas, ou seja, um casal que tem filhos se separa. Com o passar do tempo esses conjugues separados, se casarão novamente e aos poucos novos núcleos familiares vão compondo o cenário de nossa sociedade (PANZA, 2011). Pires (2009) explica que nesse processo de divórcio e formação de novas famílias, o mais importante, como já mencionado antes, é que cada indivíduo, no caso os filhos, seja respeitados e valorizados, seja na família antiga ou na nova. O mesmo autor acrescenta, ainda: Filhos adotivos, gerados por inseminação artificial ou criados por casais homossexuais não modificam o principal objetivo da família: ser um espaço que proporciona a convivência, o amor e a segurança entre seus integrantes (PIRES, 2009, p.14).
Como já dito anteriormente, é perceptível em nossa sociedade e existências de novos núcleos familiares. O conceito de família tradicional composta por pai, mãe
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e filhos caiu por terra para origem ao novo, que se originou diante da realidade vivenciada por muitas pessoas. De outro modo, Maluf (2010a, p. 9) explica: O conceito de família tomou outra dimensão no mundo contemporâneo, estendendo-se além da família tradicional, oriunda do casamento, para outras modalidades, muitas vezes informais, tendo em vista o respeito à dignidade do ser humano, o momento histórico vigente, a evolução dos costumes, o diálogo internacional, a descoberta de novas técnicas científicas, a tentativa da derrubada de mitos e preconceitos, fazendo com que o indivíduo possa, para pensar com Hanna Arendt – sentir-se em casa no mundo.
O novo conceito de família é fundamentado na igualdade e no respeito, independente de sua composição. Diante disso, Maria Berenice Dias (2009, p. 38), valida nossa discussão ao relatar que na contemporaneidade “despontam novos modelos família mais igualitárias nas relações de sexo e idade, mais flexíveis em suas temporalidades, em seus componentes, menos sujeitos a regras e menos sujeitas à regra e mais ao desejo”. Diante de todas as abordagens aqui expostas, pode-se entender de forma clara que para uma família existir, não é preciso que ela se manifeste por meio da figura do pai, da mãe e do filho. Existem famílias com apenas dois membros, e família com dez membros e apenas um pai ou mãe. O importante aqui não quem a compõe, mas em que ela é alicerçada. A base de uma família são os laços afetivos que mentem vivos o respeito, a tolerância, a igualdade, a solidariedade, entre outros. Vale também destacar que independente do tipo de formação que origina a família, esta deve sempre se preocupar com a forma que a educação de seus filhos é produzida. Atentar para esse fato, é assegurar que a família esta exercendo uma de suas funções com total eficiência.
2 IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA Iniciaremos nossa reflexão analisando a Constituição Federal de 1988, por meio do artigo 205. Ao lermos esse artigo iremos notar que a educação é direito de todos, cabendo ao Estado e a família ofertar garantias para que isso aconteça (BRASIL,
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1988). Da mesma forma, a LDB através do título II, do artigo 1° transcreve que “a educação é dever da família e do Estado” (BRASIL, 1996, p. 01). Seguindo a mesma perspectiva, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) relata que o núcleo familiar é de total relevância para o aprimoramento do conhecimento por parte da criança. Analisaremos o seu artigo 4º, para constatar tal afirmação: Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990, p. 05).
Nessa visão, observa-se que o ato da promoção e do desenvolvimento da educação não é somente um dever da escola, mas também da família. Por isso, entendemos a necessidade de uma interação sadia entre essas duas esferas. Como todos sabem, a família é de grande importância para o desenvolvimento do indivíduo, visto que nela a criança associa e desenvolve os primeiros traços que nortearão o desenvolvimento de sua cidadania e seu comportamento na sociedade. É através por meio da família que a criança mantem: [...] relação direta com seus membros, onde [...] ela [...] cresce, atua, desenvolve e expõe seus sentimentos, experimenta as primeiras recompensas e punições, a primeira imagem de si mesma e os primeiros modelos comportamentais [...]. Isso contribui para a formação de uma “base de personalidade”, além de funcionar como fator determinante no desenvolvimento da consciência, sujeita a influências subsequentes (SOUZA; FILHO, 2008, p. 2).
Veloso (2014) destaca que é atribuição da família escolher a instituição de ensino mais adequada às necessidades da criança, ao mesmo tempo em que está deve estar em conformidade com o sentimento de interação do indivíduo. Averiguar perfil educacional e disciplinar da instituição de ensino em que a criança será inserida é uma das primeiras peculiaridades que família deve estar atenta. Na mesma linha reflexiva, Zago (2000, p. 20-21) acrescenta: A família, por intermédio de suas ações materiais e simbólicas, tem um papel importante na vida escolar dos filhos, e este não pode ser
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desconsiderado. Trata-se de uma influência que resulta de ações muitas vezes sutis, nem sempre conscientes e intencionalmente dirigidas.
Infelizmente as alterações familiares acabam tendo como consequência, a ausência da família no meio escolar. A sociedade contemporânea é formada por uma realidade onde diversas famílias passam por grandes problemáticas, e como consequência, a realidade escolar da criança fica em um segundo plano. Validando o debate acima, Battaglia (2002, p. 7) ao afirma que: Como construções sociais relativamente recentes, estas complexas reformulações familiares encontram-se sem modelo preestabelecido. Sendo assim, cada família necessita lidar com seus padrões e conceitos preestabelecidos para deles fazer emergir uma maneira original de constituir um grupo familiar com funções, direitos e deveres que atendam aos que dele participam. Nesta reformulação, as questões de gênero são inevitavelmente questionadas e pressionadas a transformarem-se.
É válido destacar aqui que tanto a família quanto a escola habitualmente costumam ser vistas como importantes mecanismos de socialização. Estas ainda são consideradas por muitos como um espaço de construção da educação. Por isso, a essência familiar deve ser entendida de acordo com a realidade vivenciada, a dimensão cultural e social existente, uma vez que esses núcleos sociais são constituídos por pessoas que executam funções específicas (LACASA, 2004). Nessa mesma linha de raciocínio, a escola surge como uma entidade que reforça os valores que o indivíduo assimila quando interage com sua família, porém não assumindo a função desta. Nesse contexto, Tiba (1996, p. 111) explica: Teoricamente, a família teria a responsabilidade pela formação do indivíduo, e a escola, por sua informação. A escola nunca deveria tomar o lugar dos pais na educação, pois os filhos são para sempre filhos e os alunos ficam apenas algum tempo vinculados às instituições de ensino que frequentam.
O Programa Nacional de Educação de 2011 (BRASIL, 2001), informa que a relação entre família e escola se manifesta como um processo mútuo, onde a educação, os princípios e as perspectivas são construídos em conjunto, de forma mais aprofundada e ampla, onde uma complementa a outra. Leite e Gomes entram em concordância com Tiba, ao reconhecerem a função da família e da escola no processo de educação dos indivíduos. Os
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pesquisadores também enfatizam que a própria legislação nacional e as diretrizes do Ministério da Educação garantem a participação da família no processo de ensino e aprendizado de seus filhos. Entretanto, muitas não se colocam à disposição para tal (LEITE; GOMES, 2008). Piaget (2007, p.50) explica a importância da boa interação entre família e escola, ao afirmar que: Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva pois muita coisa mais que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se a uma divisão de responsabilidades [...]
Nessa visão, os pais ao interagir com seus filhos e com os professores, tendem a aprimoram o trabalho da escola, sem falar que estes de fato assumirão seu papel como promotores da educação de seus filhos. Reis (2007, p. 6) instrui: A escola nunca educará sozinha, de modo que a responsabilidade educacional da família jamais cessará. Uma vez escolhida a escola, a relação com ela apenas começa. É preciso o diálogo entre escola, pais e filhos.
Também, entendemos que a relação entre escola e família não pode ser alimentada pelo sentimento de concorrência, ou até mesmo dependência, mas sim o de compartilhamento, onde uma esfera social auxilia a outra. Quando a escola interage com a família em total harmonia, estas buscam aperfeiçoar as cognições do indivíduo. Como consequência, a autoestima desta passa a se desenvolver, influenciando assim o processo de aprendizado. Nesta continuidade, Goulart resguarda que: É crucial que a instituição respeite e valorize a cultura das diferentes famílias envolvidas no processo educativo. Além disso, deve estimular a participação ativa dos pais, padrastos e outras figuras masculinas da família no cuidado e na educação, como base de uma educação não discriminatória, que contribua para superar a visão (paradigma) de que tal responsabilidade é exclusiva das mulheres. A criança precisa de afetividade e compreensão para sentir-se segura nos processos de aprendizagem. Um ambiente desfavorável provoca a depreciação do amor, do sentimento de incapacidade e, consequentemente, um comportamento social comprometido (GOULART, 2013, p. 01).
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Da mesma forma Casarin (2007) entende que a afetividade e a compreensão são fatores de grande importância na construção do aprendizado. Um ambiente prejudicial provoca péssimos resultados, independente do processo desenvolvido. Dessem e Polonia (2007) corroboram explicando que os laços afetivos originados dentro da família, quando positivos, aperfeiçoam a participação do indivíduo no novo ambiente. Quando negativos, tendem a dificultar quaisquer tipos de aprimoramento, visto que geram diversas dificuldades relacionadas à interação social da pessoa. Os vínculos afetivos, assim como a autoestima são vertentes subjetivas do ser humano que sofrem grandes influencias da família. Ao direcionarmos nossa reflexão para a escola, percebe-se que esta se manifesta como uma realidade multicultural voltada ao aperfeiçoamento e a promoção do ensino e aprendizado, onde indivíduos com culturas diferentes interagem e constroem laços afetivos, ou seja, onde indivíduos de diferentes culturas aprendem a interagir uns com os outros, para no futuro viverem da melhor forma na sociedade. Dessa maneira, percebemos que a escola é um organismo educacional não apenas voltado para a construção do conhecimento, mas também preparada seus discentes para uma evolução social (DESSEN, POLONIA, 2007). Para que a interação entre a família e a escola se efetive da melhor maneira, é preciso que a instituição de ensino reconheça e se prepare para receber da melhor forma os núcleos familiares existentes. A ideia de um núcleo familiar composto por marido- mulher- filhos caiu por terra há anos. Hoje em dia, é comum ter no meio educacional, filhos provindos de núcleos familiares monoparentais e homossexuais, entre outros (VELOSO, 2014). Assim sendo, é preciso que a família se aproxime mais da realidade educacional de seus filhos, visto que a escola que é um local onde novas experiências, novas vivências são oportunizadas a todo o momento. Ficou claro que quando a família se aproxima da escola, onde seus filhos estão inseridos, esta tende a reforçar o aprendizado do discente além de colaborar para a formação de um vínculo muito importante entre os educadores e pais (ou responsáveis) pelo aluno. Toda aproximação entre essas esferas sociais, tende a aprimorar o desenvolvimento a formação do aluno.
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3 AUSÊNCIA DOS PAIS NA VIDA ESCOLAR DOS FILHOS Antes de iniciarmos nosso debate, é válido esclarecer aqui que quando utilizados o termos “pais”, estamos direcionando a responsabilidade da criação dos filhos a todos que se efetivam como responsáveis deste. Em outras palavras, pais de sangue, adotivos, avós, tias, entre outros representantes dos diversos núcleos familiares existentes (LOBO, 2006). Como debatido anteriormente, as transformações efetivadas nos núcleos familiares alteraram a percepção da sociedade no que diz respeito às perspectivas ligadas á esfera familiar. Da mesma forma, também entendemos que boa interação entra a família e a escola, é um dos fatores que colaboram para a efetivação do sucesso escolar dos discentes. Como exposto anteriormente, para que essa interação entre família e escola se configure da maneira mais sadia, é preciso que as intuições de ensino estejam preparadas para receber as novas formações familiares, ou seja, é preciso que a escola manifeste uma relação com as novas famílias, embasadas no respeito, na igualdade e na tolerância. Considera-se também que, um vínculo sadio entre esses dois organismos sociais, assim como quaisquer outros, não pode ser estabelecido por meio do absolutismo, onde somente um dos lados é detentor da razão, negando assim qualquer tipo de diálogo. Nessa visão, se realmente a família se importar com o desenvolvimento educacional de seus filhos, esta se manterá mais viva no meio educacional onde a criança esta inserida. A pesquisadora Zagury (2002), por meio de sua obra “Escola sem conflito: parceria com os pais” relata que a relação mantida entre pais e escola foi sendo alterada à medida que o tempo se passava. Assim sendo, a autora leciona: Durante cerca de dois séculos, a família e a escola viveram uma verdadeira lua-de mel. O que a escola pensava era o que os pais pensavam. O que a escola determinava ou afirmava, fosse em termos de tarefas, atribuições e até mesmo de sanções, era endossado e confirmado pela família. (ZAGURY, 2002, p.11).
Diante do relato acima, interpretamos que a pesquisadora refere-se ao modelo educacional antigo, que se manifestava por meio da educação bancária, onde o professor era detentor do saber absoluto, cabendo ao aluno apenas a
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obrigação de assimilação do conteúdo e respeito pleno à figura de quem reproduzia o conhecimento, sem indagações. Outro fator que merece ser enfatizado em nosso estudo é a entrada da mulher na esfera trabalhista. A partir da efetivação desse fato, as crianças começaram a der deixadas com outras pessoas, enquanto suas mães cumpriam a jornada de trabalho. Infelizmente, esse processo acarretou na perda a autoridade de alguns pais perante seus filhos (KRAMER, 2000), o que infelizmente gerou consequências danosas na escola, uma vez que a escola sempre viu o processo de ensino com uma efetivação da parceria entre escola e família. Trevisol (2004) nessa perspectiva, explica que é preciso conquistar a autoridade perante a criança. É preciso que ela entenda o significado do não, da negação, por meio dos pais e dos docentes. No que tange a temática do autoritarismo, La Taille (1999, p. 76) explica: Não se trata de negar a liberdade, mas de ensinar paulatinamente a usufruílá. Dizer ao filho: “Eu lhe dou a liberdade de tentar, de experimentar, mas estou aqui para conversar sobre sua decisão, para ajudá-lo, para conversar sobre o que acontecer, para pensar junto com você, para ajudá-lo se não der certo ou se você mudar de ideia” é a prova da genuína generosidade que todo pai deveria ter.
Dando sequência, o mesmo autor relata ainda que é preciso limitar a criança. Em outras palavras, é preciso usar a autoridade para impor limites, tanto em relação ao professor quanto à família. (...) crianças precisam sim aderir a regras e estas somente podem vir de seus educadores, pais ou professores. Os ‘limites’ implicados por estas regras não devem ser apenas interpretados no seu sentido negativo: o que não poderia ser feito ou ultrapassado. Devem também ser entendidos no seu sentido positivo: o limite situa, dá consciência de posição ocupada dentro de algum espaço social – a família, a escola, e a sociedade como um todo (LA TAILLE, 1996, p.9).
Outro aspecto que gera desavença entre escola e pais é a questão da formação precária do docente. Existem instituições de ensino onde o número de docente para executar as diversas funções que mantem a escola funcionando, é limitado. Dessa forma, existe a falta de tempo para o docente se atualizar e se reciclar. Esta realidade gera uma grande desavença, visto que atualmente a maioria dos pais se configura com um alto grau de escolaridade, e consequentemente estes
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podem começar a desconfiar do trabalho desenvolvido pelo educador e pela instituição de ensino (ZAGURY, 2002). Szymanski (2010) relata que muitos conflitos entre a família e a escolas, provem da realidade social vivenciada por cada esfera. Quando os valores, os hábitos, as crenças e outros fatores se manifestam de formas diferentes, possivelmente sempre existirá uma dessa vença. Nessa visão, isso também vale para o aluno, que vivencia um cotidiano diferente do da escola. Existem ainda inúmeros fatores que poderiam prejudicar a relação entre família e escola. Entretanto não vamos mencioná-los, uma vez que o objetivo de nossa discussão não refletir sobre o que causa atrito entre as famílias e os docentes, mas sim destacar a importância da presença familiar no meio escolar de seus filhos. Dando seguimento, ao observar nossa sociedade, nota-se claramente que não há viabilidade em defini-la como matriarcal ou patriarcal. O que existe é a falta da fixação de papéis, ou seja, quem assumirá a postura de direcionar a família e os filhos, e que de acordo com o psicanalista e professor Raymundo de Lima (apud MARTINS, 2007) toda essa fatalidade que estamos vivenciando, é consequência direta da sociedade capitalista. O psicanalista assevera que: “A sociedade capitalista corroeu, por um lado, a autoridade do pai e por outro lado, sequestrou a mãe para o trabalho, impedindo-a de dar o necessário colo ao filho” (MARTINS, 2007, p. 95). Esse entendimento a respeito da manifestação da sociedade capitalista no meio familiar, até esclarece a questão da má relação entre família e escola. Todavia, esse contexto não justifica o fato de muitos pais se ausentarem da formação educacional de seus filhos, deixando assim a responsabilidade desse ato para a escola. Tal realidade não pode ser mantida, dado que toda instituição de ensino tem como “[...] especificidade, a obrigação de ensinar bem conteúdos específicos de áreas do saber, escolhidos como sendo fundamentais para a instrução de novas gerações” (SZYMANSKI, 2010, p.99). Diante de tudo que debatemos, é mostrado que a ausência da família na escola ou a má relação com a mesma, dificulta muito o processo de desenvolvimento da educação dos indivíduos. É preciso, que as duas esferas sócias tenham ciências de sua função no sistema educacional, e por isso estas não podem divergir de forma tão acentuada.
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4 DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E DA ESCRITA NO NÚCLEO FAMILIAR Diante de tudo que foi debatido ate agora, nota-se que é de grande importância que a família se introduza no meio educacional de seus filhos. Também constatamos que a partir do momento que a escola e a família trabalham em conjunto, a educação do indivíduo se aprimora, visto que sua cognição de desenvolve. Também evidenciamos que o processo de aprendizado da criança, tem seu início na família, através da assimilação de valores que serão a base de sua formação cidadã. Nessa linha de raciocínio, temos que perceber que o meio em que a criança esta inserida influenciará seu aprendizado na escola, em outras palavras, todas as vivencias da criança em seu meio familiar podem aprimorar ou condenar o processo de ensino e aprendizado, por exemplo, se a criança gosta de ler em casa, na escola ela terá uma maior falibilidade para as leituras, se gosta de escrever, terá na escola uma maior aptidão para formação de textos. De outra forma, Charmeux, (2000, p.115) leciona nossa reflexão afirmando que: “[...] a maneira através da qual a “coisa escrita” é recebida em casa determina em grande parte o modo pelo qual a criança vai recebê-la”. Nesse raciocínio, Gokhale (1980, p.33) explica: [...] a família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social... A educação bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto... A família tem sido, é e será a influência mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.
Dessa forma, podemos inferir que todos os processos desenvolvidos no núcleo familiar, favorecem as atividades exercidas fora dele. E é justamente nessa percepção que o processo de leitura e escrita é aprimorado no núcleo familiar. A partir do momento que o pai começa a ler história para o filho dormir, este esta influenciando a prática da leitura. Momentos como esses, tornam-se essenciais para o futuro da criança, uma vez que “[...] os especialistas insistem na necessidade de ler livros às crianças bem cedo” (CHARMEUX, 2000, p.118).
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Quando direcionamos nossa reflexão para o processo de aprendizagem da leitura no núcleo familiar, observamos que estas estão diretamente ligadas a questões de supervisão, interação e também disponibilidade. No que tange o processo de escrita, o mesmo relaciona-se aos recursos materiais que estão disponíveis no meio em que a criança esta inserida, além do suporte familiar (MOMBELLI, 2011; MONTEIRO R, 2013). Dessa maneira, ao que se refere a influencia do meio familiar no processo de desenvolvimento da leitura e escrita, o suporte familiar é de grande importância para a efetivação destes, uma vez que tudo a influencia positiva emanada pela família em relação a estes processos, se configuram como aspectos motivadores e tendem a aprimorar todas as habilidades, melhorando assim todo o processo (GUIDETTI, MARTINELLI, 2009; PICCOLO, et al 2012). Em suma, o apoio familiar é base para a efetivação de qualquer processo executado por um indivíduo, seja ele uma criança, um adolescente ou um adulto. Dessa forma, é preciso que o núcleo familiar atente para importância de apoiar suas crianças no desenvolvimento desse processo. É sabido que a cabe a escola aperfeiçoa-lo, porem seu início deve ser dado através da família. Perceber a importância desse processo é de grande importância para o não comprometimento das aptidões ligadas a leitura e escrita da criança.
CONCLUSÃO Diante de tudo que foi debatido em nossa pesquisa, concluímos que algumas considerações precisam ser feitas sobre todo o debate. A primeira delas é sobre a evolução da família, até chegar ao atual momento que vivemos. A família tida como tradicional já não existe mais. Os moldes tradicionalistas deram lugar ao novo, onde não se define o núcleo familiar. O que temos hoje é uma heterogeneidade de famílias, onde cada uma aprimora sua função social. Independente da formação familiar, o que a sociedade espera é que esta se comprometa com a educação de seus filhos e ofereça meios para que ela se desenvolva da melhor maneira. Tendo a família o dever de cuidar da qualidade do ensino de seus filhos, percebemos que esta deve se manter próxima da escola. Dessa maneira, a partir do
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momento que os pais e/ou responsáveis se aproximam dos docentes, um trabalho em parceria voltado para o aprimoramento do ensino e aprendizado do discente se iniciará. Quando a família se preocupa com o aprendizado de seus filhos, desde cedo ela incentiva a criança a ter bons hábitos educativos. Agir em prol do desenvolvimento cognitivo da criança, é um processo que se inicia no berço familiar. Diante disso, é preciso que a família atente para esse contexto. De uma forma geral, também podemos concluir que a família deve assumir sua parcela de responsabilidade na educação de seus filhos e não deixar esse processo por conta da escola, como se tem visto em algumas realidades. A partir do momento que todas as famílias se conscientizarem da importância de estarem próximas da vivencia educacional de seus filhos, conseguiremos melhorar a qualidade do ensino produzido em nossas escolas, e consequentemente começaremos a formar indivíduos mais críticos e cidadão. Em outras palavras, quando a família e escola se unirem em prol da melhoria do ensino, uma sociedade melhor estará sendo formada.
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