Cidade Metade

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Cidade Abaixo Everson de Andrade


AO PÓ NÃO VOLTAR


Derrubar cidades, destruí-las ou colocá-las abaixo era uma prática muito comum no passado quando os vitoriosos das guerras entre nações queriam apagar a memória coletiva do povo vencido. Muito mais do que a vitória de um povo vencido contra um derrotado. Os anos se passaram, as civilizações também mudaram e, com elas, algumas decidiram preservar e restaurar os espaços e cenários dos antigos, enquanto outras continuaram com a prática de derrubar cidades, porém por outros motivos e outras ferramentas, entre elas: o descaso. Promover o esquecimento territorial tem sido o resultado, nos últimos anos, da ausência de políticas públicas visando a revitalização e com a devida atenção à gentrificação. Bairros centrais ao redor do mundo vivem ou viveram essa realidade, para aqueles que deram os primeiros passos nos ficou o aprendizado da expulsão dos moradores nativos e da ocupação por uma classe média que apenas veio para consumir as benesses da presença de investimentos que levaram serviços básicos que não existiam quando esses bairros estavam ocupados por pessoas pobres, trabalhadores e serviços com pouco valor agregado. Natal não vive uma realidade diferente de descaso da que viveram outras cidades pelo mundo. As construções dos bairros originários (RIbeira, Cidade Alta e Rocas) estão entregues às intempéries do tempo e a falta de manutenção expõe as entranhas na forma de tijolos de prédios onde já funcionou desde órgãos públicos, bancos e residências imponentes. Recortes da história de um povo de um lugar que vai se perdendo aos poucos, sobrando aos contemporâneos o esquecimento. Em outra face desse cenário que se vive na cidade com mais de 400 anos é possível ver o escondimento das fachadas de prédios antigos pelas placas de lojas. Sendo este um processo de omitir e não de coexistir no espaço, uma reflexão para arquitetos, urbanistas e designers. Ao circular por centros comerciais não é difícil se deparar com a cena citada. O que dizer de um objeto que perde sua função? O que antes era exclusivo da cabeça do poeta, nessa cidade, portas não levam a lugar nenhum, muitas das vezes numa busca de evitar a ocupação por pessoas necessitadas, esses prédios são lacrados, inutilizados e entram em um processo de degradação.


A FRENTE NA RETAGUTARDA









A desfunção do lugar

















Corpos expostos



































Cidade Abaixo é um trabalho desenvolvido pelo aluno Everson de Andrade para a disciplina Projeto Interdisciplinar - Ecodesign, do curso de design gráfico da Unversidade Potiguar, sob a orientação do professor Aderbal de Andrade. Natal, 2019




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