REVISTA BIMENSAL DE FOTOGRAFIA E VÍDEO
INFOTO ABRIL/MAIO de 2022 - Nº 4 Ano 2
Fotografia e Torre de Babel
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Fotógrafo Leo Mano
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Prezados Leitores,
ANTONIO ALBERTO MELLO SIMÃO DIRETOR E EDITOR
FOTO DA CAPA
Em 1965, a bordo da sonda Mariner, uma câmera de televisão capturou imagens de Marte. Foram 22 imagens, em preto e branco, de apenas 0,4 mega pixels cada. Elas levaram 4 dias para chegar na Terra. Esse foi o começo da fotografia digital, apesar de o processo de captura das imagens ter sido analógico. A NASA - Agência Espacial dos Estados Unidos encontrou nisso, a oportunidade para investir na digitalização da fotografia. As câmeras analógicas alcançaram um grau tecnológico muito avançado. Então surgiram as câmeras digitais, que hoje em dia já nos surpreendem com todos os seus recursos. Então liberte a sua imaginação. Apanhe sua câmera fotográfica, seja ela analógica ou digital, ou seu celular, ou tablet e vá capturar as suas imagens, e procure sempre revelá-las. Não as deixe no negativo, ou apenas nas memórias de seus aparelhos. Viva a Fotografia que está mais viva a cada dia. Viva os Fotoclubes. Viva os grupos de Fotografia. Neste número contamos com a participação dos fotógrafos especialistas Davy Alexandrisky, Elaine Carlson, Fernando Talask, Herminio Lopes, Leo Mano, Luiz Ferreira, Margarida Moutinho e Ináh Garrantino, Wander Rocha e Renato Nabuco Fontes. Espero que gostem.
Revista Bimensal de Fotografia e Vídeo
ABRIL/MAIO 2022-Nº4 ANO 2 CNPJ : 21.030.750/0001-86
AUTOR FOTÓGRAFO LEO MANO
Designer Marcela de Oliveira Baptista
ATENÇÃO A
REVISTA
INFOTO
RESPOSABILIZA ANÚNCIOS
E
TERCEIROS, INSERIDAS
NÃO
PELO
SE
CONTEÚDO
CLASSIFICADOS E
NEM
NOS
POR
DOS
DE
FOTOGRAFIAS
ARTIGOS
COLUNISTAS
DE
Equipe de Redação Julle Rayane Lopes Campos Michelle Silveira Simão Fontes
NOSSOS
Secretaria Aucilandia Azevedo Salviano Marcia Elizabeth Silveira Simão
Departamento Comercial Rodolfo Silveira SImão Departamento de Relações Publicas Ibici F. da Silva Nosso E-mail
contato.revistainfoto@gmail.com Contato: Celular: (21) 98392-6661
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Sumário 03
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EDITORIAL E EXPEDIENTE
GALERIA DOS LEITORES
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EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL Fotógrafa Elisa Cristina César
UM LUGAR CHAMAD SARANDIRA Fotógrafo Wander Rocha
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MATÉRIA DA CAPA
FOTOGRAFIA E TORRE DE BABEL Fotógrafo Leo Mano
COLUNA YOUR SELF fotógrafo Renato Nabuco Fontes
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A FOTO Fotógrafo Herminio Lopes
ENTRE ADEGAS E CASTELOS PALMELA DE HISTÓRIAS Fotógrafas Margarida Moutinho e Ináh Garrantino
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PELO TELEFONE Fotógrafo Davy Alexandrisky
A FOTOGRAFIA DE CARA NOVA Fotógrafo Fernando Talask
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FOTOGRAFIA DE SHOW Fotógrafo Luiz Ferreira
O LEITOR E ESCREVE ANÚNCIOS E CLASSIFICADOS
COLABORADORES
FALE CONOSCO (21) 98392-6661 contato.revistainfoto@gmail.com
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Galeria dos Leitores
CABO DA ROCA ONDE A TERRA SE ACABA E O MAR COMECA LUIS VAZ DE CAMÕES - IN OS LUSIADAS PORTUGAL FOTÓGRAFA MARGARIDA MOUTINHO
O BOEMIO FOTÓGRAFO DAVY ALEXANDRISKY
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BARCO NO CANAL DE ITAJURU FOTÓGRAFO MAURICIO CHRISTOVÃO
PEDRA DA GAVEA FOTÓGRAFO BARTOLOMEU HOMEM d'El-rei PINTO
SANTUARIO DE NOSSA SENHORA DO CABO - CABO ESCHEL - PORTUGAL
FOTÓGRAFA INÁH GARRITANO
SEM TITULO
FOTÓGRAFO CRIS QUEIROZ
SHOW
TIRADENTES - MG
FOTÓGRAFO LUIZ FERREIRA
FOTÓGRAFO RONALDO MUYLAERT
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EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL FOTÓGRAFA ELISA CRISTINA CESAR
Artista Plástica com mais de quarenta exposições e diversas premiações como poeta. É membro da academia de letras Raul de Leoni, de Petrópolis. Foi premiada no primeiro concurso de fotografia do Grupo Fotógrafos Amigos com a sua fotografia “FORUMANTIGO DE NITERÓI”, com uma Menção Honrosa. É figura frequente na Sociedade Fluminense de Fotografias onde possui inúmeros amigos. Tudo começou quando sentiu que deveria misturar a pintura e a poesia para criar suas fotografias através do seu olhar, criatividade e emoções gerando uma identidade, com seu estilo contemporâneo. É a maior expositora do Grupo Fotógrafos Amigos, e não há um dia se quer que ela deixe postar uma de suas belas obras de arte, A fotografia da nossa queria amiga Elisa nos remete a mundos inimagináveis, cheios de belezas e emoções.
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Um lugar chamado Sarandira Fotógrafo Wander Rocha
Sarandira é um bucólico e pacato distrito do município de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Situado a sudeste da sede municipal de Juiz de Fora, possui área de 103,8 km² e população aproximada de 600 moradores. Liga-se à sede municipal através de estradas vicinais, não pavimentadas, e pela BR-267. O distrito foi fundado em 1861 com o nome Sarandy, em homenagem a uma localidade de mesmo nome no Rio Grande do Sul. Em 1880 foi elevado à categoria de freguesia ou paróquia. No século XIX era uma grande promessa mineira com alto potencial agrícola focado no cultivo de café e de cana-de-açúcar. Havia grande mão de obra de escravos e também recebeu um grande contingente de imigrantes, principalmente italianos. No final do século XIX, a construção da estrada de ferro União Indústria veio atrapalhar as aspirações de Sarandy, que por situar-se em um terreno montanhoso, a ferrovia passava distante da freguesia, dificultando o escoamento do café. No início do século XX Sarandira já não tinha o potencial dos seus anos de glória. Em 1943 o distrito foi renomeado e permanece até hoje como Sarandira, porque o envio equivocado de correspondências entre Sarandy sul-rio9 INFOTO
-grandense e a mineira eram frequentes. Atualmente não tem uma economia significativa, recebendo em geral aposentados, pessoas que têm alguma atividade agropecuária nas redondezas e abrigando um núcleo de novos moradores, que compraram terrenos em um loteamento popular e buscam trabalho em bairros menos distantes do centro. Entre suas características estão dois imóveis tombados, a Igreja Nossa Senhora do Livramento, fundada em 1880, e o Casarão, última construção residencial com características arquitetônicas históricas. Como principais eventos têm um torneio leiteiro de Sarandira que acontece anualmente, além de celebrações de datas religiosas. Como possui ônibus ao centro da cidade de Juiz de Fora, com tarifa urbana comum, mesmo que apenas cerca de seis vezes ao dia, atrai alguns visitantes nos finais de semana, em geral para ir à Cachoeira de Sarandira, localizada em terreno particular bem preservado. Foi nesse agradável distrito que tive conhecimento e resolvi documentar a história e a luta da família de Dona
Militina (a matriarca), uma linda senhora de olhos azuis brilhantes e de suas duas filhas, Lucia (deficiente auditiva) e Terezinha (com problemas neurológicos). A octogenária Dona Militina, cuida com muito carinho de suas filhas, apesar dos graves problemas estruturais e financeiros pelos quais passam. Quando estive em Sarandira, no mês de novembro de 2017, elas estavam morando provisoriamente na sede social do distrito, uma vez que sua casa havia pegado fogo e elas haviam perdido os poucos bens materiais que possuíam. Com o apoio da população local, elas receberam donativos para suprir as necessidades básicas momentâneas e um mutirão de moradores, com a ajuda da prefeitura, estava construindo uma nova casa para elas. Senti-me muito honrado em ser recebido com muito carinho e ter podido presenciar um pouquinho da rotina dessas pessoas humildes e de bom coração. Retrato fiel de muitas outras famílias espalhadas pelos rincões de nosso Brasil. Esse pequeno ensaio homenageia essas bravas e guerreiras mulheres, tão sofridas e tão resilientes de nosso país. Recentemente fui informado sobre o falecimento de Dona Militina e de sua filha Lucia. Meus sinceros sentimentos.
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MATÉRIA DA CAPA
Fotografia e Torre de Babel Fotógrafo Leo Mano Não há dúvidas de que a popularização da fotografia trouxe muitos benefícios: Um enorme acervo com bilhões de imagens, aumento significativo de concursos e exposições, mercado de trabalho expandido pelas novas mídias e equipamentos mais acessíveis, uma variedade enorme de novas especializações, diversos cursos e tutoriais disponíveis... só pra citar os que me vieram à cabeça em poucos segundos. Infelizmente existem, também, alguns poucos prejuízos. Escolhi falar sobre o que considero mais importante: O conhecimento acadêmico não está chegando em boa parte das novas gerações de fotógrafos. Explico aqui que uso o termo “fotógrafo” para incluir todas as pessoas que fotografam, independentemente de serem profissionais, amadores ou casuais. Neste cenário, a esmagadora maioria dos fotógrafos é formada por amadores ou casuais que usam celulares. São milhões de usuários que tiveram no celular sua primeira experiência com a fotografia. Alguns se aprofundarão e formarão as próximas gerações de artistas e profissionais. Mesmo que seja uma pequena parcela desse “extrato”, ainda assim, serão tantos que é legítimo afirmar que poderão ditar as tendências (em maior ou menor grau) na fotografia das próximas décadas. O fato é que, em algum momento, aqueles que resolveram se aprofundar um pouco mais na fotografia, não fizeram isso através dos cursos formais de fotografia. Muitos preferiram o caminho autodidata ou procuraram cursos mais “informais”. Não estou colocando em discussão a capacidade artística ou profissional de quem escolhe estes caminhos. Este artigo visa alertar sobre os problemas que podem ocorrer (e estão ocorrendo) quando a formação acadêmica é colocada em segundo plano. Além do tradicional ensino de fotografia, a formação acadêmica também ensina, por exemplo, o comportamento ético ao artista ou profissional, o que pode e o que não pode ser feito, independentemente das leis e regulamentações vigentes. Isso é importante no sentido de evitar situações constrangedoras que vão desde o “roubo” de fotos até o uso não autorizado de imagens para manipulações e montagens. Muitos casos ocorrem por mera desinformação e uma interpretação por demais “elástica” do que seja a “liberdade artística”. A falta de uma formação acadêmica também tem outra consequencia: Faz com que os fotógrafos percam o seu jargão técnico unificado. As nomenclaturas passam a ser estabelecidas por terceiros (indústria, influenciadores, coachs, etc) e são modificadas conforme a alternância dos modismos. Para não acharem que este artigo é apenas uma peça filosófica, separei alguns exemplos de mal entendidos muito comuns que acabam confundindo alguns fotógrafos amadores ou casuais. 13 INFOTO
Crop x Enquadramento
Muitas pessoas usam o termo “Crop” (que significa “recortar”) mesmo quando estão querendo falar sobre “enquadramento”. Acredito que “crop”, por ser uma palavra curtinha, se tornou um jargão prático. Contudo, o fato é que “crop” e “enquadramento” são coisas diferentes. Aliás, muito diferentes! Para começar, “crop” (ou recorte) é uma decisão que se toma depois do clique. “Enquadramento” é uma decisão que se toma antes do clique. Crop deteriora a qualidade da imagem em eventuais ampliações. O enquadramento não deteriora a qualidade da imagem. Foto 1: Na foto deste bebê, preferi usar um close bem profundo cortando, inclusive, parte da cabeça da criança (!!). A foto não está “cropada”. Foi uma decisão de enquadramento. Nesta cena, o penteado e a fita não me interessavam. O enquadramento centralizado tem a propriedade de “aprisionar” o olhar do observador. Neste caso, não há interesse que este olhar “passeie” pela cena mas, pelo contrário, seja “hipnotizado”.
Você pode não acreditar... mas o seu vocabulário tem influência direta na sua forma de pensar. Se você se habituar a falar “crop... crop... crop...” para todas as situações, você não vai praticar o enquadramento. Faça uma experiência: contabilize o percentual de fotos que você decidiu recortar porque o enquadramento não ficou exatamente como você queria... Mesmo que seja um pequeno crop... Guarde este percentual. Agora, acostume-se a falar “crop” apenas quando estiver se referindo a um recorte e fale enquadramento” sempre que estiver se referindo a um melhor posicionamento do fotógrafo. Quando este exercício se tornar um hábito em você, faça uma nova contabilidade das fotos “cropadas” dali em diante e você se surpreenderá com a mudança. Você só se preocupará com o enquadramento se esta palavra fizer parte do seu vocabulário. Chega de horizonte torto sem querer! Chega de ângulos conservadores! Chega de planos equivocados que transformam suas fotos em mera recordação de viagem.
Regra dos Terços
Este é outro termo que causa muita confusão. Dois entendimentos extremos são muito recorrentes: O do fotógrafo “rebelde” e o do fotógrafo “submisso”. O “rebelde” afirma que regras devem ser quebradas e, por isso, ele não usa a regra dos terços. O “submisso” entende a regra dos terços como uma “lei” e considera que a ausência desta regra torna a foto deficiente ou até defeituosa (em qualquer situação). “Mas, Leo... a regra dos terços não serve pra tornar a foto mais atraente?” Bem... esta é a intenção. Mas ainda falta explicar como isso acontece. Para entender a utilidade da regra dos terços (e quando usar), precisamos entender para que ela serve de fato. A regra dos terços é usada para estabelecer a dinâmica da cena. Dependendo da dinâmica que o autor pretende dar à cena, ele usará ou não a regra dos terços. O termo “dinâmica” se refere ao movimento. Ora, como podemos falar de movimento em fotografias? O movimento em questão aqui não é o movimento da imagem em si, mas sim o caminho percorrido pelo olhar do observador que degusta sua foto. O movimento do olhar que percorre a cena fotografada. 14 INFOTO
Este “caminho” é um elemento fundamental da composição artística. Quanto mais agradável for este “caminho”, mais agradável será sua foto. Contudo, a vontade do autor é soberana. Se ele entender que a regra dos terços não favorece a “história” que ele pretende contar naquela específica foto, ele pode abrir mão desse recurso e utilizar outras técnicas para dispor os elementos na cena. Foto 2: Neste flagrante em uma exposição de perucas no Centro Cultural da CEF-RJ, a regra dos terços me ajudou a tomar uma decisão rápida. A visitante está em um ponto de ouro que também funciona como ponto de entrada para o observador da foto. O olhar da visitante indica a direção que o observador deve seguir numa diagonal até a peruca branca diante dela. Ali o observador encontrará uma segunda diagonal que o fará seguir as demais perucas que, por fim, conduzirá o observador de volta ao ponto de partida. Um caso incomum de “vaie-volta”(ou bumerangue) usando duas linhas condutoras que reforçam a temática da cena:“quem está observando quem?”
Maldito seja quem cunhou o termo “Regra dos Terços”! Prefiro dizer “Ferramenta dos Terços”, ou seja, usa quem quer, quando achar apropriado e se souber usar. Reparem na interligação dos termos “crop”, “enquadramento” e “regra dos terços”. Quem pratica o enquadramento, toma suas decisões antes do clique, ou seja, busca mentalmente a melhor solução para sua composição antes mesmo de realizar a foto. Este é um exercício muito complexo mas que, com a prática, traz resultados muito importantes que podem distinguir suas fotos em relação a todo o resto. O crop é um recurso limitado pelo ato consumado da foto já realizada. O enquadramento, por outro lado, é um recurso infinito, pois dispõe de toda sua imaginação e criatividade. Perceberam a diferença? Existem diversos outros termos da fotografia que acabaram perdendo seu significado original, seja por causa dos novos processos digitais, seja pelo uso indevido mesmo... mas se eu discorresse todos eles agora, acabaria cansando ainda mais a todos que chegaram até aqui. O fato é que estas diferenças sutis de entendimento dos termos fotográficos causam até brigas, porque um fala uma coisa e o outro entende outra coisa. Enfim, a única maneira de desconstruir essa “Torre de Babel” é difundindo a importância dos cursos formais de fotografia (até para quem fotografa apenas com o celular). Em contrapartida, os cursos não devem discriminar o equipamento usado pelo aluno e reconhecer os novos tempos da fotografia digital, enxergando em cada fotógrafo um potencial artista ou profissional que perpetuará os conhecimentos aprendidos ali.
Linhas
As linhas principais de uma composição fotográfica (retas, curvas, e horizontas) influenciam na maneira que o apreciador vê sua imagem. Foto 3: O termo “linha” também causa confusão entre alguns amadores. No meio acadêmico, “linhas” são os caminhos percorridos pelo olhar do observador através da foto. Estes caminhos podem ou não coincidir com uma linha física presente na cena. Nesta foto de barcos em Paquetá (RJ), você consegue perceber uma linha condutora do olhar? Seu ponto de entrada, sua trajetória e o ponto de saída?
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COLUNA YOUR SELF Fotógrafo Renato Nabuco Fontes
Esteja com pessoas melhores do que você!
Com certeza você já escutou alguém falando isso ou leu em algum lugar, mas experimente começar a colocar em prática para entender que isso faz muito sentido! Mas antes, reflita comigo: pense em todas as pessoas que você convive, sejam elas próximas ou distantes e analise quem te influencia positivamente, quem está sempre com pessoas de sucesso, que possuem resultados positivos em diversos aspectos e quem são aquelas pessoas que te “empurram para baixo”, que só te trazem problemas e lamentações, que são pessimistas e irradiam energia negativa… Pensou? Quem te faz bem e quem te faz mal? Quem pode proporcionar coisas boas e quem pode proporcionar coisas ruins? Dizem que somos a média das 5 pessoas que mais convivemos e por isso cabe a você escolher… Mas o que isso quer dizer? A vida é feita de relações, afinal somos seres emocionais e nenhuma pessoa é uma ilha. Fomos criados para evoluir, principalmente na perspectiva individual, como seres humanos que precisam uns dos outros para crescer, se desenvolver e deixar um legado útil e que faça sentido para os que vivem e os que ainda irão nascer.
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Para isso, é preciso criar uma rede ou várias redes de relacionamentos saudáveis, criar laços genuínos com pessoas melhores do que você, mais inteligentes que você, andar com pessoas que te façam bem, pois são nessas redes que aprendemos, que evoluímos, que amadurecemos e que crescemos! Dessa forma, a chance de você se tornar melhor, ter resultados expressivos e alcançar seus objetivos, aumenta significativamente. Então, não tenha vergonha ou medo de fazer diferente, não deixe para depois, porque é muito melhor enfrentar as dificuldades do novo, com pessoas que lhe façam bem, do que viver eternamente com pessoas pessimistas, que não saem do lugar, fazendo mais do mesmo! E aí, fez sentido para você? Vem comigo, vamos em frente, vamos juntos!
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UM DESAFIO E TANTO Fotógrafa Elaine Carlson
Sou Elaine Carlsson, fotógrafa há 12 anos e há 9 anos me especializei em ensaio infantil. Usava luz natural no início e em 2016, migrei para um painel de Led. Falei isso, porque preciso que vocês entendam a minha dificuldade de usar um flash de estúdio como fiz nesse ensaio. Há alguns meses, estava querendo mudar minha iluminação e, também, entrar nesse nicho de adultos e fotos mais artísticas. Queria trabalhar mais a luz e sombra, o que um painel de led pesado e enorme, não me ajudava. Foi quando me dei conta que eu tinha 2 tochas da Atek, de 140 W, paradas desde 2011 (e para minha surpresa... funcionando!). Então, comprei somente um Octabox de 120cm e convidei dois amigos, para serem minhas cobaias.
Meus amigos e modelos Pablo Áscoli e Flavia Sousa
Pedi aos meus amigos um pouco paciência, porque eu queria testar essa luz, e brincar com as possibilidades que ela daria. Outra dificuldade, foi o estúdio: eu estava mudando tudo, pintando... e só tinha uma estante e um sofá. Não tinha como prender o fundo de tecido. Esticamos na estante com pregador, e na parede com fita crepe. Utilizamos também folhas de jornal como fundo... Enfim, usei e abusei do tempo deles. rsrs O Pablo Áscoli é ator e modelo, e isso me facilitou muito, até mesmo na ajuda da direção. A Flavia Sousa é minha amiga linda há mais de 20 anos, e muito fotogênica, o que colaborou para o relaxamento e intimidade. Comecei o ensaio fotográfico ainda meio sem criatividade, mas depois foi rolando uma sintonia tão legal, que saiu esse resultado lindo que me surpreendeu. E eu vibrava, pulava com cada resultado tão desejado e conquistado naquele momento. Foi muito divertido. Isso não dá para negar! KKKKK... 18 INFOTO
(Nesse momento, já quase no final do ensaio, eu pedi para o Pablo dançar em frente à luz. Usei meia carga, ISO 100, f.1/10 e 1/200 de velocidade, câmera Canon 5D Mark III, com a lente 24-70mm, em f. 1/2.8, da mesma marca).
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Essa foi a única fotografia em que usei um Speedlight da Canon, sem difusor, para iluminar o rosto da Flavia.
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A Foto Fotógrafo Herminio Lopes “O que é uma foto, além de uma imagem de algum lugar ou de alguém, ou de alguma coisa? Uma foto é o momento do registro de um "instante" que não mais se repetirá igual. É a comprovação de algo que aconteceu naquele instante. É o olhar aguçado do fotógrafo que anteviu aquele instante e se apressou a registrá-lo. Toda foto tem em si uma história, que por menor que seja, nos conta algo. Nos conta um momento alegre, ou um momento triste ou de reflexão. Nos mostra também o passado, e se houve evolução do passado até o presente. É a palavra escrita através de uma lente que o fotógrafo a registrou”.
Olá amigos da INFOTO. O texto acima e a foto foi uma pequena reflexão que fiz em uma postagem que realizei no grupo Fotógrafos Amigos, em fevereiro de 2020. Nesse dia eu comecei a me questionar: "O que é uma foto? O que diz uma foto?" Já pararam para se perguntar sobre isso? Eu digo que a foto “é o momento do registro de um instante” e que exatamente igual não se repetirá. Essa é a minha visão inicial de uma foto. Vejam como é importante o nosso trabalho! Quando contratados temos por responsabilidade não perder esses instantes. O nosso olhar deve estar atento a tudo que nos rodeia e acontece, seja num lugar de natureza, numa festa, num evento. Temos que antever o que irá acontecer nos movimentos seguintes ou corremos o risco de deixar passar, quem sabe, um momento importante de um instante da história de alguém, de algum evento social ou natural. Imagine você fotografando um casamento e perder por alguma razão a colocação da aliança no dedo da noiva! Aquele momento mágico para ela se foi sem a foto, sem registro. Ficará uma lacuna no seu trabalho. Tenho o hábito de dizer que toda foto traz em si uma história. Por menor que seja a história, ela sempre nos diz algo. Quando fotografamos, registramos sentimentos de alegria, de tristeza, de medo, de admiração. Eternizamos uma paisagem, uma catástrofe, uma contenda, um acontecimento histórico, uma comprovação entre o passado e o presente, quiçá, um ‘Big Mac!’. 21 INFOTO
Arrisco a dizer que a foto é um registro escrito pelo olhar de um fotógrafo através de uma lente. Seguem as fotos que compõem “A Foto”.
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É amigos, “A foto” - olhamos para ela e de repente nos damos conta de tudo que ela diz, que ela representa, para nós, os fotógrafos e para quem nos pediu. Uma simples foto, num click apenas! Até a próxima INFOTO. 23 INFOTO
ENTRE ADEGAS E CASTELO, PALMELA DE HISTÓRIAS Fotógrafas Margarida Moutinho e Ináh Garratino (Nossas correspondentes em Portugal) Nosso primeiro contato com Palmela deu-se com uma garrafa de vinho. Um bom vinho! O segundo contato foi para alugar um imóvel para duas grandes amigas que para cá estavam pretendendo se mudar (e mudaram!). Se o vinho foi bom, a visita à cidade foi melhor! Localizada no distrito de Setúbal e na Área Metropolitana de Lisboa, Palmela é uma aldeia/vila que guarda a história com o orgulho de quem tem muito a revelar. Ainda na estrada, ao longe, vê-se, imponente, o castelo. É ele que, do alto observa a cidade e dá a perceber aos visitantes, a beleza que encontrarão em breve. Habitada desde a pré-história, a vila apresenta sinais das várias culturas que por cá habitaram. Em todos os cantos e vielas, Palmela é pura História! Subir e descer escadinhas que nos levam de uma a outra rua, ruazinhas estreitas em paralelepípedos que guardam lembranças de tempos bem distantes e onde pulsa a vida que se percebe em cada casinha bem cuidada, em cada olhar e sorriso de seus moradores, em cada paisagem que descansa o olhar… Ouvir histórias e conhecer personagens de Palmela, pode ficar muito mais gostoso em uma das muitas adegas, regado a bom vinho e deliciosos petiscos… afinal, estamos em Portugal! E para guardar como recordação de Palmela, fizemos as fotografias abaixo que representam a beleza e o aconchego do lugar.
Casa Típica da Vila
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Casa com Castelo ao fundo
Entrada do Castelo de Palmela
Vista do Castelo
Moinho de Palmela
Escadaria e rua de Palmela
Terraço do Castelo e vista Torre do Castelo
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PELO TELEFONE Fotógrafo Davy Alexandrisky “O chefe da polícia pelo telefone manda me avisar Que na Carioca tem uma roleta para se jogar” (“Pelo telefone”, primeiro samba gravado no Brasil) Donga
É divertida a polêmica entre os estudiosos da história do samba, discutindo se é verdade ou lenda que “Pelo telefone”, apresentado pelo Donga na Casa da Tia Ciata, foi ou não, de fato, o primeiro samba composto e gravado no Brasil. Sinceramente eu gosto de acreditar que seja verdade, embora essa disputa de versões não tenha qualquer influência sobre o meu gosto musical. Esse samba é muito bom, tendo ou não inaugurado a história do samba no Brasil. Não! Você não se confundiu não! Você está lendo a INFOTO, mesmo! Não vou escrever sobre música! Eu me lembrei dessa polêmica do Pelo Telefone porque me ocorreu escrever sobre outra polêmica “pelo telefone”: o telefone substitui/substituirá ou não a câmera fotográfica? Seria uma grandessíssima cara de pau da minha parte pretender me aprofundar nas vantagens e desvantagens da câmera do celular, se fosse esse o objetivo desse artigo: o que não é. Afinal, eu mal acabei de fazer um curso para aprender a fotografar “pelo telefone” celular, na Sociedade Fluminense de Fotografia, com o meu colega fotógrafo e professor Livio Campos. Posso contar nos 26 INFOTO
dedos das mãos quantas fotos eu fiz “pelo telefone”. Aliás, parênteses, se o Livio estiver lendo esse artigo vai ficar bravo comigo: ele é professor de “mobgrafia” e não de fotografia com celular. ... é cada uma... que parece duas... mobgrafia... Depois do curso eu já comprei um “pau de selfie” que também pode funcionar como tripé e tem um refletor com regulagem de temperatura de cor e um disparador bluetooth; comprei também, aí bem mais caro, um estabilizador gimbal de três eixos da DJI, que só falta falar (depois, claro, que eu conseguir me entender com todos os seus comandos); comprei um suporte que prende o telefone no retrovisor do automóvel, para fotografar/gravar o que estiver acontecendo do lado de dentro ou de fora; e comprei também um conjunto com dois microfones lapela smart. Ah! já ia me esquecendo: antes desse supermercado de apetrechos para fotografar “pelo telefone”, quando decidi fazer o curso de “mobgrafia”, eu comprei um telefone chique, com quatro objetivas, um monte de memória, som dos dois lados e muito mais recursos.
Estou fascinado com as possibilidades e vantagens oferecidas pela tal “mobgrafia”!!! Só ainda não fiz uma única foto “pelo telefone”, até esse momento em que início essa redação. Mas se você estiver lendo esse artigo aqui na INFOTO é porque eu perdi a minha virgindade de “mobígrafo” (deve ser esse nome dado a quem fotografa pelo telefone). O nosso perseverante editor, Antonio Alberto Mello Simão, nos pede que os artigos sejam ilustrados com fotografias. E seria um despautério ilustrar esse texto com fotografias feitas com câmera. Assim, você só está lendo esse texto aqui na INFOTO 4 é porque eu consegui fazer algumas fotos com o meu celular. Mas é óbvio que eu não teria feito todo esse investimento se eu não acreditasse que o futuro da tal “mobgrafia” é hoje! Ou já foi ontem. “Errar é humano. Repetir o erro é burrice!”, decreta a sabedoria popular. Eu já errei quando perdi o bonde da migração do analógico para o digital. Custei muito a me decidir migrar para o digital. E quando tomei a decisão já foi tarde demais. Perdi de forma irrecuperável um pedaço significativo do meu espaço no mercado da fotografia de publicidade. Foi impossível acompanhar a concorrência, que teve a visão de se desfazer dos seus equipamentos analógicos quando eles ainda não tinham perdido tanto valor. Pelo que tenho visto, a qualidade do resultado das fotografias feitas com bons telefones possibilita que um bom profissional possa entregar um trabalho com a qualidade exigida pelo cliente. É importante lembrar que quando éramos fotógrafos analógicos tínhamos demandas para trabalhos que deveriam ser feitos com 27 INFOTO
fotógrafos analógicos tínhamos demandas para trabalhos que deveriam ser feitos com câmeras de 35 mm, ou para trabalhos que exigiam , câmeras de 6x6 ou 6x7 cm, ou ainda para trabalhos que pediam câmeras de 4 x 5’. Da mesma forma que hoje, eventualmente, teremos trabalhos que não poderão/deverão ser feitos com celular, como ontem tínhamos trabalhos que não podiam ser feitos com câmeras de 35 mm. Simples assim. Da mesma forma que o celular não é a panaceia para todo e qualquer trabalho de fotografia, também não pode ser descartado a priori. É tolice/suicídio profissional ficar preso a dogmas que não se confirmam diante das demandas dos clientes. Confesso que apesar de muito empolgado com a facilidade oferecida pelo celular, em comparação às dificuldades físicas de fotografar e gravar com câmeras, ainda não consegui me desapegar do hábito/vício de olhar o mundo através da limitação do visor da minha câmera, sem interferência da minha visão periférica. Mas isso é só uma questão de exercício. Exercício e desintoxicação de preconceitos tolos. Contra fatos não há argumento: a tal da “mobgrafia” é uma realidade irreversível. Para finalizar essa minha cruzada em favor do exercício para nos livrarmos do mofo do preconceito gratuito, me aproprio aqui de uma sentença do Deleuze, muito pertinente a essa ideia: “Jamais interprete, experimente!”. Cartas para a redação. PS: O prometido artigo sobre o meu ensaio fotográfico pelo interior de Minas,
em busca de “ervas e erveiros, garrafadas e rezadeiras: medicina natural” ficou adiado por conta dos temporais que destruíram as estradas mineiras. A nova data da minha partida é dia 10 de maio, com retorno no dia 11 de junho
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A FOTOGRAFIA DE CARA NOVA Fotógrafo Fernando Talask
Já parece lugar comum dizer que a única coisa no mundo que não muda é a própria mudança, vivemos em constante movimento as vezes posso admitir que rápido demais. São tantas informações que nosso cérebro nem sempre dá conta de processar. Enfim, com a fotografia não poderia ser diferente novos tempos novos olhares. Tenho percebido dois movimentos em nosso mundo que tem me chamado a atenção cada vez mais, por isso gostaria de compartilhar com os leitores dessa coluna. Em primeiro lugar um movimento alvissareiro que a cada ano fica mais vigoroso, a valorização da fotografia como obra de arte. Muitos comentaram, que já era hora, mas finalmente, notamos uma maior procura da foto impressa por arquitetos, decoradores, e muitos admiradores da nobre arte, para decorar seus lares, escritórios, e colecionadores dos mais variados e diversos temas da fotografia, paisagens, animais esportes, natureza. Os locais de venda, também, se espalharam desde as próprias páginas dos fotógrafos, até galerias especializadas que a cada dia se multiplicam pelo mundo a fora. Acredito que muito desse sucesso se deve, principalmente, as criativas e novas maneiras com que apresentamos a 30 INFOTO
imagem impressa valorizando muito a fotografia, agora copiada em papeis especiais das mais variadas texturas e com pigmentos de alta fidelidade, além de prometer uma longevidade para obra jamais pensada quando existia apenas a opção do velho papel fotográfico, fosco ou brilho, pasmem, e acreditem, muitos fotógrafos já vivem bem da venda de seus acervos. Veteranos mestres são facilmente encontrados nos mais variados catálogos de imagens isso me alegrou muito ver uma redescoberta do trabalho de vários amigos. Em uma recente viagem ao México tive oportunidade de visitar uma galeria dedicada a venda de fotografias de jovens talentos, que ousam e experimentam as infinitas possibilidades do grão de prata aliado as técnicas digitais. Enfim o encontro desses mundos tão distintos gerou mais imagens incríveis além de enormes possiblidades de negócios, levando a fotografia a um patamar de popularização como nunca havíamos visto. Fotografar é pop. E, pensar que quando eu comecei nos primeiros cliques, a grande discussão era, fotografia é arte.... hoje não temos mais dúvidas. A foto artística passou a ser mais uma opção quando pensamos em mais uma forma de se ganhar dinheiro com nossas caras imagens. Curioso também é a grande procura de
jovens pelo estudo da fotografia mais aprofundado , o uso de variados tipos de materiais sensíveis, e um mundo de antigas tecnologias para produção de material sensível, me fez perceber que as escolas que se dedicam ao ensino das técnicas fotográficas, vão ter que tirar a poeira dos ampliadores e convocar a velha guarda para voltar a atividade. Em uma galeria que visitei e tive a oportunidade de conversar com a proprietária a mesma me revelou que a idade média dos atuais alunos gira em torno dos 20 anos, e que a maioria procura ter conhecimentos de laboratório. Vai aí a dica. Outro ponto que tem me tirado o sono, é a urgente necessidade de entendermos os nossos consumidores . Reinvenção dos profissionais da foto, sejam eles os que se dedicam aos eventos como, casamentos, aniversários, formaturas, estúdio e etc. Percebi no exercício de alguns trabalhos, que os consumidores atuais passaram a criar uma expectativa bastante fora da realidade do que esperar como resultado de uma sessão fotográfica. Qualquer detalhe em relação as rugas o mesmo corrigir maquiagens malfeitas é função do fotografo. Flores murchas, pede ao profissional que ele retoca. É de enlouquecer! Como a vida complicou depois que simplificaram os processos? Talvez motivado pelo uso ostensivo dos celulares, cada dia mais incríveis na capacidade de produzir fotografias perfeitas, o cliente passou a esperar algo muito melhor do que ele já tem normalmente, talvez um milagre que consiga reproduzir tim tim por tim tim, a imagem de como o modelo se sinta e não mais como ele é seu próprio avatar. 31 INFOTO
Uma situação que vivi explica bem o que estou dizendo. A bem pouco tempo, uma cliente nos procurou para fazer uma foto comum bem simples para passaporte. Executamos de maneira usual e bem caprichada, com uma câmera full frame, flash rebatido, enfim o básico para uma imagem sem retoques. Em poucos minutos, em frente a um monitor de 27 polegadas, a cliente finalmente visualizou sua imagem, e fracamente se decepcionou, e foi quase as lágrimas: Como os senhores poderiam entregar uma foto tão ruim, cheia de rugas, cabelo manchado e pele seca? Eu realmente não sabia para onde correr, porque tecnicamente estava tudo perfeito, temperatura de cor, foco perfeito feito com f:8 objetiva fixa, que mais podia fazer? Aproveitando que um amigo que se apiedou da situação, e fera no photoshop, se propôs a corrigir a foto, já que a essa altura a minha cliente não queria nem mais me ver, corrigimos o que mais incomodava as rugas, aplicando um filtro suavizador. Depois melhoramos o tom da pele, dando um bronzeado digno das garotas do fantástico dos anos 80, retocando as olheiras, o sorriso da cliente que se abria cada vez mais, e finalmente, que a cútis ficou angelical. A nossa cliente agradeceu disse num tom irônico que agora sim a foto estava linda, e saiu feliz com sua foto para o novo passaporte. Acredito também que serviu para o facebook. No dia seguinte a cliente, para o meu espanto voltou cuspindo marimbondo, revoltada com o absurdo da Polícia Federal não ter aceitado a fotografia
dela tão linda, alegando, pasmem, que não era a mesma pessoa na foto. Tentei disfarçar o riso para não complicar mais ainda minha situação, mas esse caso ilustra bem o que já nos espera profissionalmente, a expectativa do novo cliente aliado as possibilidades ilimitadas da imagem digital. A tecnologia está criando uma estética bastante própria que vai muito além do simples registo da luz, nossa antiga especialidade. Afinal, um grande fotografo era o que iluminava e copiava suas imagens o mais fidedigno possível. Seja como for, o futuro sempre será mais generoso com quem é atento as mudanças. Faz diferença também, a paixão que nos une a fotografia, que continuará nos encantando e se transformando, por muitas outras gerações. Viva a mudança.
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FOTOGRAFIA DE SHOW Fotógrafo Luiz Ferreira
Nascido na cidade do Rio de Janeiro, Luiz Ferreira é graduado em Ciências Econômicas pela UERJ e pós-graduado em Artes Visuais pela Faculdade do SENAC-RJ. Fotografa profissionalmente desde 1995 como freelancer para empresas de eventos, fotojornalismo, fotos institucionais e de divulgação. Atualmente é fotógrafo da FAN – Fundação de Arte de Niterói desde 2008. Fotógrafo autoral com 3 exposições individuais e participação em 6 exposições coletivas, foi Diretor de Comunicação da ABAF Associação Brasileira de Arte Fotográfica, quando criou e editou a revista Espaço Photo (2002 – 2004), tendo sido também presidente desta associação nos anos 2006 – 2007. Editor de fotografia do livro "Aprendendo a Viver -Imagens/Clarice Lispector" (Editora Rocco, 2005), escritor e pesquisador da memória da fotografia brasileira, manteve a coluna “Falando de Fotografia” na revista Guia de Artes Plásticas Atelier (2004/05), e é autor do livro “ABAF – A História da Associação Brasileira de Arte Fotográfica” (Espaço Editora, 2019). Trabalhar com arte e cultura é para mim um grande prazer. E fotografar shows em que a música está presente, como óperas, balés e apresentações de cantores e músicos é um privilégio. Há mais de duas décadas que trabalho nesta área, e quero compartilhar um pouco do que aprendi e observei ao longo desse tempo. Há pontos a serem observados, o primeiro é comum a qualquer vertente da fotografia que o profissional ou o amador abrace, a discrição. O fotógrafo não pode ser a “estrela do espetáculo”, ele tem que estar presente, atento e fazendo seu trabalho sem ser notado pelo público. Este cuidado começa na escolha do seu traje, que deve ser escuro. Em seguida, chegar com uma boa antecedência e se apresentar à produção do show, se informar sobre os locais do teatro onde poderá ter acesso durante a apresentação, conversar com a equipe técnica, em particular com o operador de luz para “bater o branco” e ter a tranquilidade de saber que sua câmera está com a temperatura de cor devidamente calibrada para a luz de cena, o que vai ser de grande valia na pós-produção
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Há uma sentença no meio fotográfico que diz que quem faz a foto não é o equipamento, e sim o fotógrafo, o que é uma meia verdade. Claro, o fotógrafo conhecendo o equipamento de que dispõe, o utiliza da forma mais adequada para obter o resultado pretendido, mas há que se concordar que fotografar pássaros silvestres com uma grande angular é tarefa praticamente impossível... por isso há que se levar em conta o equipamento a ser usado para o cumprimento da tarefa. No caso da fotografia de show, leva-se em consideração que a luz é toda pensada em função do que está acontecendo no palco, como realçar os momentos da apresentação com climas que façam sentido para o público, levando-o a ter uma experiência audiovisual agradável, ou seja, a luz normalmente não é pensada para facilitar o trabalho do fotógrafo, ele é quem deve compreender e explorar a luz disponível. E, para tanto, ter um equipamento de boa qualidade e flexível, claro, o ajudará bastante. Podemos pensar em uma lente zoom com a maior abertura possível, que vá de uma grande angular até uma tele, ou duas, a primeira de uma grande angular até uma meia-tele, e outra cujo range vá de uma meia-tele até uma tele. Ter lentes fixas com aberturas generosas (1.2 / 1.4 / 1.8) podem complementar seu equipamento para aquelas horas em que a luz no palco estiver crítica. Além da abertura das lentes, podemos pensar em câmeras que trabalhem com um ISO alto, sem que isso se traduza em “ruídos” na imagem.
Não podemos nos esquecer que trabalhar com velocidades baixas para um fotógrafo de shows, quase nunca é uma opção. E mesmo quando for, deve ser a última... A pós-produção é importante para pequenas correções em termos de enquadramento, dar uma ligeira melhorada, em particular, nas altas e baixas luzes, mas não se pode contar com a pós-produção para corrigir erros grosseiros de exposição e enquadramento, até porque, além de não existir softwares que façam milagres, a perda de tempo é muito grande e pode comprometer toda a sua agenda. Enfim, ter o melhor equipamento possível ao bolso e, principalmente, saber usá-lo; se informar sobre o show e sobre o local; buscar um bom relacionamento com a equipe de produção; ser pontual, atento e comprometido com o trabalho são atributos fundamentais para um resultado satisfatório. 34 INFOTO
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O leitor Escreve
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