INFOTO Revista Bimensal de Fotografia e Vídeo
JUNHO/JULHO de 2022 - Nº 5 Ano 2
Organizando um Ensaio Fotográfico de Pintura Corporal Fotógrafo Jânio C. Carvalho
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Prezados Leitores,
ANTONIO ALBERTO MELLO SIMÃO DIRETOR E EDITOR
Esta é a nossa Revista INFOTO de nº 5, referente ao bimestre Junho/Julho de 2022. Quanto orgulho! Uma revista com excelentes colunistas que trazem suas experiências impactantes no campo da fotografia, de uma maneira leve e muito didática, destacando belíssimas imagens de seus portfólios. Em cada página uma fonte de saber. A INFOTO é uma revista dinâmica e agradável de se ler. Os elogios e reconhecimentos são muitos, o que nos dá força para que cheguem até vocês matérias fascinantes. Não pretendo dar Spoiler de nenhum artigo, muito embora o desejo seja grande. Acredito que ao iniciarem a leitura de mais esse periódico, fiquem tão entusiasmados quanto eu. Neste número contamos com a participação dos fotógrafos especialistas Davy Alexandrisky, Elaine Carlson, Fernando Talask, Jânio C. Carvalho, Herminio Lopes, Leo Mano, Luiz Ferreira, Margarida Moutinho e Ináh Garrantino, Renato Nabuco Fontes, Thaiane Nunes e Wander Rocha.
FOTO DA CAPA
Espero que gostem.
Revista Bimensal de Fotografia e Vídeo
JUNHO/JULHO 2022-Nº5 ANO 2 CNPJ : 21.030.750/0001-86
Colaboraram nesta edição:
AUTOR FOTÓGRAFO JÂNIO C. CARVALHO
Designer Marcela de Oliveira Baptista
ATENÇÃO A
REVISTA
INFOTO
RESPOSABILIZA ANÚNCIOS
E
TERCEIROS, INSERIDAS
NÃO
PELO
SE
CONTEÚDO
CLASSIFICADOS E
NEM
NOS
POR
DOS
DE
FOTOGRAFIAS
ARTIGOS
COLUNISTAS
DE
Equipe de Redação Julle Rayane Lopes Campos Michelle Silveira Simão Fontes
NOSSOS
Secretaria Aucilandia Azevedo Salviano Marcia Elizabeth Silveira Simão Departamento Comercial Rodolfo Silveira SImão Departamento de Relações Publicas Antonio Alberto Melo Simão Nosso E-mail
contato.revistainfoto@gmail.com Contato:
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Celular: (21) 98392-6661
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Sumário
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EDITORIAL E EXPEDIENTE
GALERIA DOS LEITORES
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EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL Fotógrafo Renan Branco
FOTOGRAFIA DE RUA Fotógrafo Wander Rocha
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COLUNA YOUR SELF Fotógrafo Renato Nabuco Fontes
ARRUMANDO AS MALAS Fotógrafo Davy Alexandrisky
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SEVILHA É LOGO ALI Fotógrafas Margarida Moutinho e Ináh Garritano
UM LUGAR PARA SE FOTOGRAFAR - MARICÁ PARTE 1 Fotógrafo Hermínio Lopes
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28 MATÉRIA DA CAPA
COMO FAZER FOTOGRAFIAS IMPACTANTES DENTRO DE CASA Fotógrafa Thaiane Nunes
ENSAIO FOTOGRÁFICO DE PINTURA CORPORAL Fotógrafo Jânio C. Carvalho
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LEITURA FOTOGRÁFICA Fotógrafo Leo Mano
QUE FOTÓGRAFO É VOCÊ? Fotógrafo Fernando Talask
39 FLANAR Fotógrafo Luiz Ferreira
40 ACONTECENDO
FALE CONOSCO
43 O LEITOR ESCREVE ANÚNCIOS E CLASSIFICADOS
+55 (21) 98392-6661 contato.revistainfoto@gmail.com
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Camboinhas Fotógrafo Ilmar Ribeiro Amorim
Galeria dos Leitores
Ipanema - RJ Fotógrafo Alexandre Nicolau
Garça - Baía de Guanabara Fotógrafo Maurício Christovão
Charitas Fotógrafo Lucio Silva
Por do Sol em Maracaípe Pernambuco Fotógrafo Rodrigo França Fuser
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Praia de São Francisco Fotógrafa Marcia Juliane
The Spy Fotógrafo Thiago Campos
Échecs à Paris Fotógrafo Cris Queiroz
Retalhos Fotógrafo Paulo Borges Arteiro
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EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL
Fotógrafo Renan Branco Iniciou a trajetória à partir de estudos de pintura. Após alguns anos migrou para a fotografia, desenvolvendo o olhar artístico, se dedicando a projetos fotográficos, participando de algumas exposições e festivais no Brasil e no exterior
Utilizando elementos que trouxe das telas e com referências de grandes mestres, tem como meta despertar percepções, emoções e idéias, fazendo com que cada imagem tenha um significado único.
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Aula com Wander Rocha
Fotografia de Rua
Fotógrafo Fan Ho
Fotografia de Rua, uma paixão! Sem a pretensão e a arrogância de querer cobrir esse vasto assunto, transcrevo esse artigo com a emoção e a espontaneidade que esse tipo de fotografia me traz. A ideia é trazer informações e dicas úteis para os amantes e iniciantes nesta arte que atrai tantos adeptos. Pegando um gancho nessa informação, trago a todos uma provocação: Por que a fotografia de rua, que tem um espírito tão forte e tantos seguidores, está enterrada na história geral da fotografia? Conhecida inicialmente como Fotografia Humanista, a fotografia de rua, que tem como grandes admiradores nomes como Cartier Bresson, Vivian Maier,André Kértesz
Fan Ho e diversos grandes fotógrafos da lendária Agência Magnum, sempre foi olhada com desconfiança pelas mídias especializadas. Por que essa apaixonante vertente da fotografia estaria aquém das badaladas fotografias de moda, retrato, eventos, etc? Segundo o fotógrafo Nick Turpin, 2010, da revista In-Public, a fotografia de rua é a própria fotografia e que todas as outras vertentes da mídia devem ser organizadas em torno dela. “Agora entendo que fotografia de rua é simplesmente fotografia em sua forma mais simples, é a própria mídia, [e] na verdade são todas as outras formas de fotografia que precisam ser definidas: paisagem, moda, retrato, reportagem, arte, publicidade [...] tudo isso são adições complicadas à mídia da fotografia, são áreas que precisam ser definidas, segregadas e excluídas da mídia da fotografia de rua. ” 9 INFOTO
Resumindo, procurando nas grandes obras sobre a história da fotografia, dificilmente encontrará alguma menção sobre ela. É claro que a fotografia de rua sempre estará presente, porém você terá que extraí-la da história maior, que tende a ignorar o termo mais do que os fotógrafos que tiram fotos na rua. Outra provável vertente é que os historiadores tendem a ignorá-la por não saberem onde colocá-la ou dar sentido a ela. São muitas as vertentes. E vocês, o que acham sobre esse questionamento?
Mas o que é a fotografia de rua afinal?
Fotógrafo Henri Cartier Bresson
Segundo Cartier Bresson, em seu artigo “O Instante Decisivo”, 1952: “Na fotografia existe um novo tipo de plasticidade, produto das linhas instantâneas tecidas pelo movimento do objeto. O fotógrafo trabalha em uníssono com o movimento, como se este fosse o desdobramento natural da forma como a vida se revela. No entanto, dentro do movimento existe
um instante no qual todos os elementos que se movem ficam em equilíbrio. A fotografia deve intervir neste instante, tornando o equilíbrio imóvel. O olhar do fotógrafo está constantemente avaliando. Um fotógrafo pode captar a coincidência de linhas simplesmente ao mover a cabeça uma fração de milímetro. Pode modificar a perspectiva com um leve dobrar de joelhos. Ao colocar a câmara próximo ou distante do objeto, o fotógrafo pode desenhar um detalhe - ao qual toda a imagem pode ficar subordinada ou ainda que tiranize quem faz a foto [...] [...] O fotógrafo, então, acompanha seu movimento através da câmara. Espera, espera e espera, até que finalmente aperta o botão - e então sai com a sensação de que captou algo (embora não saiba exatamente o quê). Mais tarde, no laboratório, ele faz uma ampliação da foto e procura nela as figuras geométricas que aparecem na análise e o fotógrafo se dá conta, então, de que a foto foi feita no instante decisivo [...]. ”
“É um dos equívocos mais comuns sobre a fotografia de rua, onde os fotógrafos acreditam que estão praticando a fotografia de rua, mesmo quando interagem com seu sujeito, que pode reconhecer e aprovar a fotografia e até mesmo posar para a foto também. Isso não é foto de rua. 10 INFOTO
Fotógrafo David Gibson
David Gibson, autor do best-seller Manual do Fotógrafo de Rua, editora G. Gillli, 2014, ressalta:
Isso é um retrato encenado ou ensaio. Infelizmente, os retratos de rua são onipresentes em blogs e páginas da web de rua, o que é enganador e falso.” “Você não pode fazer fotografia de rua se estiver ansioso sobre a reação das pessoas. ” “A fotografia de rua não necessariamente exige pessoas; sempre há outras opções válidas. ” “Se você for parado tirando fotos, você está fazendo algo errado. ”
Fotógrafo Wander Rocha
Resumindo, a Fotografia de Rua é aquela que mostra o cotidiano, pessoas em seu dia-a-dia, eventos e a cultura local. É basicamente qualquer fotografia tirada em local público, não necessariamente na rua, mas em qualquer lugar público de forma espontânea. ” Essas imagens têm um caráter temporário, mostram cenas passagei -
- ras e, talvez, comuns, que não tornarão a se repetir da mesma forma. O objetivo da fotografia de rua é passar ao espectador a sensação de ter presenciado aquela cena, imaginar aquele lugar e até sentir vontade de participar. Segundo o fotógrafo Bruce Gilden, “Se você pode sentir o cheiro da rua olhando para a foto, é uma fotografia de rua. ” Como o conceito “Fotografia de Rua” é muito amplo, dependendo do contexto da imagem, pode ser interpretada como fotojornalismo, fotografia de viagens ou documental. Se você não quer que isso aconteça com as suas imagens, a chave para a sua composição deve ser a espontaneidade do momento.
Onde e como surgiu a Fotografia de Rua?
Fotógrafa Vivian Maier
Podemos dizer que a fotografia de rua nasceu em Paris, nas primeiras décadas do século XX, durante a Escola de Paris. Com vários representantes de destaques na área como Henri Cartier-Bresson, André Kertész, Robert Doisneau e Eugene Atget (pai da fotografia documental), a cidade é considerada o berço dessa modalidade. A criação da leve câmera 35mm, especificamente da câmera Leica original, em 1920, também ajudou a impulsionar a fotografia de rua. O fotógrafo húngaro André Kertész, foi um dos primeiros a vislumbrar esse potencial.
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Se por um lado ela nasceu em Paris, por outro, ela se concretiza em Nova Iorque, nos anos 60. Vivian Maier, a famosa babá-fotógrafa, post mortem, é a maior representante dessa escola. No Brasil, a fotografia de rua passa a se concretizar junto com o desenvolvimento do modernismo e do fotoclubismo. Podemos citar Eduardo Salvatore (fundador do tradicional Foto Clube Bandeirantes), Thomaz Farkas e Flávio Damm como nossos grandes precursores.
Fotógrafo Wander Rocha
Seja espontâneo, sempre!
Fotógrafo Jorge Aguiar
O embate entre espontaneidade e técnica divide opiniões quando o assunto é fotografia de rua. Alguns acreditam que o mais importante é a espontaneidade, então a técnica não precisa ser perfeita, outros dizem que a técnica é essencial. Para não ficar nessa dúvida, o melhor é ser autocrítico.
A agilidade para registrar um momento único vai gerar mais impacto na sua foto e, com prática, seu enquadramento e a técnica vão se aperfeiçoar. Nesse caso a dica é: saia de casa com a sua câmera e fique atento ao que está acontecendo ao seu redor. Se observar alguma coisa interessante acontecendo, pegue a câmera e fotografe na hora; parar para configurar a câmera pode te fazer perder a foto. Utilize a câmera no modo automático ou fotografe sempre em RAW. 12 INFOTO
De forma a elucidar, mais claramente, esse empolgante tema, elenco abaixo alguns desafios e dicas que facilitarão os amantes dessa importante vertente da fotografia.
A timidez é um dos maiores desafios na fotografia de rua Falar com as pessoas e perguntar se pode fotografá-las pode ser muito difícil e a cena perde a espontaneidade; Comece aos poucos e você conseguirá perder a timidez e fazer fotos fantásticas; Um outro desafio é a abordagem; No geral, as pessoas não estão esperando ser fotografadas em um dia comum e podem se sentir incomodadas; Concentrem-se em uma coisa ou tema. Saia da zona de conforto; Ao fotografar paisagens, você tem muito tempo para parar, focar, planejar e fotografar. A fotografia de rua é muito mais inesperada e, na maioria das vezes, fotos acidentais se tornam joias em seu portfólio. Parou, olhou, compôs, clicou; Entretanto, em procissões, eventos ou shows, no meio da multidão, pode ser mais fácil conseguir fotos espontâneas porque ninguém estará prestando atenção em você; Dependendo da cena que quer fotografar, converse com o fotografado e explique suas intenções com aquela fotografia, se possível mostre o seu trabalho para exemplificar; Não fotografe tudo desenfreadamente. Seja paciente e busque sempre emoção em todas as fotos que for fazer. Sempre analise o cenário e aguarde um pouco, o melhor ângulo ou cena inusitada, às vezes, acaba surgindo poucos segundos depois; Valorize a arte urbana. Ela pode estar presente além dos grafites e grandes construções arquitetônicas. Observe os reflexos a sua volta. Reflexos em janelas, reflexos em vidros de carros, reflexos de poças d’água sempre rendem boas imagens. Componha suas imagens utilizando figuras humanas em contraponto a grandes obras arquitetônicas. A proporcionalidade entre os personagens, sempre geram grandes imagens; Aproveite as linhas dos prédios, das sombras e das ruas; Mude o ângulo, a direção, brinque com a perspectiva; Não tenha medo de deitar no chão ou subir em algum lugar, esse novo olhar pode transformar as cenas e deixá-las mais impressionantes; As fotos em perspectiva só precisam de criatividade e são fáceis de serem executadas na rua, portanto, pratique bastante;
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Diminua a área de foco, procure novas perspectivas e gere fotos inovadoras e instigantes. Lentes com distância focal de 28 a 50mm são perfeitas para esse tipo de foto; Selecione o modo certo. O modo programado (P) ou automático (A) ajuda você a focar na fotografia, não nas configurações; As câmeras e lentes mais discretas são melhores para fazer fotografia de rua, por isso alguns fotógrafos preferem as mirrorless (câmeras sem espelho) ou smartphones. Porém uma teleobjetiva é essencial para tomadas de cenas à longa distância; Hoje em dia, os smartphones são os maiores aliados dos fotógrafos de rua. São pequenos, discretos e, em alguns casos, com todos os recursos das câmeras reflex; As lentes fixas também costumam ser menores e mais claras, ou seja, mais luz para sua foto; Quanto menor for o seu equipamento para a fotografia de rua, melhor; Para fotos mais espontâneas, use e abuse da luz ambiente. O flash, em muitos casos, quebrará essa espontaneidade; Sempre que possível, fotografe em lugares novos. Fuja dos pontos turísticos muito cheios e badalados; Use roupas confortáveis, pode ser que você faça boas caminhadas ou fique muito tempo fora de casa na sua busca pela foto perfeita. Procure usar roupas discretas; Festas folclóricas e religiosas, passeatas, blocos carnavalescos e afins, são cenários perfeitos para fotografias de rua; Faça uma boa pesquisa sobre o lugar que for fotografar e fique sempre atento aos seus pertences; Se quiser se especializar em fotografia de rua, faça um bom seguro para seus equipamentos; E por último, porém mais importante, respeite muito o fotografado. Muita atenção em quem você está fotografando, pois algumas pessoas podem se sentir incomodadas. Caso isso aconteça, converse com a pessoa e explique o que está fazendo, mostre outras fotos. Caso a pessoa continue incomodada, apague a foto na sua presença e peça desculpas. Posso fotografar indiscriminadamente nas ruas? Como fica a questão do direito de imagem? Resumindo esse complexo assunto, o direito de imagem encontra previsão legal em nossa Constituição Federal no artigo 5º, X e XXVIII, alínea “a”. É elencado entre os Direitos e Garantias Fundamentais e é um Direito da Personalidade. Art. 5º CRFB: “ X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; XXVIII – são assegurados, nos termos da lei: A proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;" 14 INFOTO
Autorização para uso da imagem. Quando é necessário, quando pode ser dispensada. Indispensável a todo fotógrafo saber quando é essencial solicitar autorização para uso da imagem de quem fotografa, a fim de evitar ser alvo de processos judiciais. O Código Civil Brasileiro, eu seu artigo 20, assim trata do direito à imagem: Art. 20, CC: “ Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. “ Logo, caso se destinem a fins comerciais ou econômicos, a prévia autorização será sempre exigida. Importante mencionar que o uso indevido de imagem independe de comprovação do prejuízo eventualmente sofrido pela vítima. Veja o enunciado da Súmula (conjunto de decisões reiteradas no mesmo sentido) emitida pelo STJ Superior Tribunal de Justiça: Súmula 403 – Independe de prova ou prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. Assim, um fotógrafo pode ser processado apenas por divulgar uma foto sem autorização de uso, ainda que não cause prejuízo (financeiro ou moral) ao detentor da imagem (o fotografado), se tal publicação tinha fins econômicos ou comerciais. Vale ressaltar, ainda, que, mesmo não havendo fins econômicos ou comerciais, no uso da foto, não se admite sua exposição se denegrir a imagem do retratado. O grande problema é que isto é uma questão de avaliação extremamente subjetiva, o que pode trazer prejuízo aos fotógrafos. Por outro lado, se o fim da divulgação da foto é o de informar à opinião pública, não é preciso pedir autorização, desde que a imagem do retratado não seja denegrida, ou que este não seja o fim da divulgação. Claro que estamos aqui tratando de fotos direcionadas a publicações de cunho jornalístico. O mesmo ocorre com as pessoas públicas, que não podem exigir autorização prévia de uso da imagem, se estiverem em local público e se o fim da divulgação não seja o de prejudicar sua imagem. Uma observação interessante é a de que, se não são identificáveis as pessoas, não há o que falar sobre dano à imagem. Logo, neste caso, não é preciso autorização. Em todos os casos, use o BOM SENSO e boas imagens!
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Coluna Your Self Renato Nabuco Fontes Especialista em Desenvolvimento Humano
Foco - a eterna busca para alcançar os objetivos Todo profissional que deseja alcançar o sucesso na sua carreira deve saber que é essencial durante a sua trajetória manter o foco! Mas não se trata de uma tarefa simples, ainda mais nesse mundo que estamos vivendo, repleto de distrações e transformações. Mas é completamente possível!!
ARQUIVO PESSOAL
Foco é, de fato, aquilo que precisamos ter quando se tem um objetivo a cumprir. E, para tanto, é preciso renunciar a muitas coisas; é preciso estratégia para avaliar, e também para não se desvirtuar de seu objetivo com facilidade, ou melhor não perder o foco! O foco consiste em se ter um objetivo e trabalhar com disciplina e continuidade para conquistar o que se planejou.
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Planejamento + disciplina + continuidade = FOCO Um estudo conduzido pelas universidades Harvard, Stanford e Claremont constatou que na maior parte do tempo os profissionais estão estressados ou entediados. Apenas 20% das pessoas analisadas demonstraram momentos de satisfação plena no trabalho. O restante costuma passar tempo demais na internet ou pensando em outras coisas que não estão relacionadas às tarefas que precisam ser feitas. Ou seja, 80% das pessoas tem grande parte da produtividade diminuída e está suscetível a perda de foco. As pessoas que gostam do que fazem sentem mais facilidade para manter a atenção. O ideal seria aproximar o trabalho de algo que proporcione prazer. Como nem sempre isso é possível, manter a motivação e encontrar um propósito para o que se faz pode ser uma saída para evitar o tédio e a consequente falta de atenção. Portanto para te ajudar, vou deixar aqui 5 dicas de OURO que vão te ajudar nessa missão de manter o FOCO: 1. Estabeleça metas! Importante: tenha poucas e que sejam claras e alcançáveis; 2. Defina um planejamento bem claro, com micrometas e um passo a passo estruturado; 3. Crie uma rotina saudável, com objetivos e “rituais” positivos! Anote quais comportamentos você precisa seguir diariamente para alcançar suas metas; 4. Mantenha a disciplina e tenha constância. Faça o que tem que ser feito, mesmo sem vontade! . 5. Aprenda a dizer NÃO! FOCO significa dizer não às centenas de outras boas idéias que existem. Você precisa saber onde quer chegar e por isso tem que selecionar cuidadosamente! Essas dicas de OURO vão te ajudar, basta segui-las e dessa forma estará dando um grande passo rumo aos seus objetivos! E aí, fez sentido para você?
Vem comigo, vamos em frente, vamos juntos!
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ARRUMANDO AS MALAS Fotógrafo Davy Alexandrisky
FOTÓGRAFO: PROFISSÃO OU ESCOLHA DE VIDA?
Fotógrafo Renato Rabe
Nesse momento a minha atenção está dividida entre a tela e o teclado desse computador, onde digito essas mal traçadas linhas, e as malas de equipamentos, espalhadas aqui no escritório, para minha viagem, daqui a dois dias, ao interior das Minas Gerais, em busca de histórias sobre “ervas, erveiros, garrafadas e Rezadeiras: medicina popular”, para serem contadas através de fotos e vídeos. Serão 30 dias de uma viagem solitária, por mais de 2.000 km de estradas nunca dantes viajadas, sem um roteiro previamente fechado, ao sabor das descobertas sobre o tema. A mais perfeita materialização do consagrado dito popular, que decreta que: “os caminhos se fazem caminhando”. Agora mesmo, enquanto você me prestigia com essa leitura, estou em algum ponto dentro de um imaginário triângulo geográfico, entre os três vértices (três cidades): Niterói, Coromandel e São Gonçalo do Rio das Pedras, que tracei como referência de pré-roteiro para essa viagem.
Parto/parti de Niterói no dia 10 de maio, depois de comemorar com as mães que eu mais amo, o seu merecido Dia de glória e celebrações, com retorno marcado para o dia 10 de junho. 18 INFOTO
"Trago esse assunto à INFOTO 5 como na intenção de demonstrar o quão libertadora é a nossa profissão – ou hobby – de fotógrafo/a." Dentro do estúdio somos donos da insolação! Desprezando os ponteiros do relógio, arbitramos, a qualquer tempo, livremente, se o nosso sol é de meio dia, do amanhecer, ou do entardecer, posicionando-o no ângulo e tonalidade (temperatura de cor) desejada. Fora do estúdio redesenhamos o universo! Dessa vez, desprezando a fisiologia do olho humano, que nos possibilita enxergar num ângulo de quase 180º, recortamos o olhar, oferecendo ao expectador uma mirada com o ângulo que decidimos que ele vai olhar o mundo. O mundo que queremos mostrar, ou que queremos que ele veja, em função dos nossos interesses e sentimentos, nos tornando uma espécie de recriadores do universo. Parafraseando o título do best-seller de Erich von Däniken, que pergunta: “Eram deuses os astronautas?”, me pergunto, eu: somos deuses os fotógrafos? Agora mesmo, saio, pretensiosamente, para uma viagem com o propósito de traduzir em imagens os insondáveis mistérios do poder das plantas e da fé, convencido de que tudo que reflete luz é passível de ser narrado imageticamente. Subvertendo o uso do equipamento fotográfico à condição de um laboratório farmacêutico, ou botânico, ou de biomedicina... para pesquisar o poder de cura das plantas, ou num instrumento de religação entre o homem e o divino, testemunhando o poder da fé. São desafios, ou mais do que isso, ousadias, que nos permitimos quando empunhamos uma câmera fotográfica, mais ou menos como quando, nos desenhos animados, cidadãos comuns se transformam em super heróis dentro de uma vestimenta extravagante, ao gritar seu bordão característico.
A câmera fotográfica nos dá poder! Funciona como bengala, nos amparando contra a timidez; ou como um escudo nos protegendo de ameaças; ou, as vezes, até como biombo, nos escondendo do fotografado. Não é à toa que fotógrafos são considerados uma ameaça, principalmente pelas/nas ditaduras, muitas vezes impedidos de exercer sua profissão, seu trabalho.
Apesar do friozinho que dá na barriga nesses momentos que antecedem o início de mais um projeto fotográfico, fica sempre a certeza de que é só pegar a câmera e começar a fotografar, que as “coisas” começam a acontecer com muita naturalidade. Há! Já ia terminar essa conversa sem comentar o mais incrível da nossa profissão: e ainda pagam para a gente fotografar!!! PS: na próxima INFOTO quero muito dividir com você as histórias e imagens que trarei dessa viagem.
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SEVILHA É LOGO ALI Fotógrafas Margarida Moutinho e Ináh Garritano (Nossas correspondentes em Portugal)
Toda, ou quase toda a história, tem outra história por trás. Com esta não poderia ser diferente. Sempre ouvimos que, uma vez num país da Europa, viajar para outros lados seria fácil, barato e rápido. Não é bem assim mas, neste caso, quase foi... Eram as férias de natal. Nossa filha queria fazer algo diferente: ir a um Jump! O que existia em Setúbal, não funcionava na ocasião. A solução foi alugar um apartamento, colocar as cachorras no porta-malas da carrinha, chamar nossas duas amigas e viajar para Sevilha. Sevilha fica a 448 km, 4h16mim de nossa casa. Para referências brasileiras, é logo ali, mas para Portugal, fica a um mundo de distância... Sevilha é capital da Andaluzia (Espanha), terra linda da dança flamenca, de arquitetura harmoniosa entre vários estilos, de deliciosas "tapas", de boa energia e calor e por muitas e muitas laranjeiras (ficamos imaginando como deve ser perfumada na primavera com tantas "flores de laranjeira") ...
Laranjeiras em Sevilha
Palacio de San Telmo
Apesar de ser um dia de inverno, estava quente. O sol brilhava lindo tornando a cidade muito mais encantadora! É uma cidade para se andar a pé. Levamos mais de uma hora para estacionar o carro. Depois só o tiramos para voltar para casa.
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Caminhar pelas ruas estreitas, ver gente alegre, cores, beleza, alimenta nossos corações. Já ao fim da tarde fomos ao Jump. Diversão garantida, um ombro machucado, mas sem registros fotográficos, porque há momentos que ficam só nas lembranças. Devido a pandemia, precisamos nos recolher cedo. No dia seguinte caminhamos pela cidade por várias horas. Cores, cores, cores!!! Sevilha é cor!! No pouco tempo que tivemos, entramos em igrejas, conhecemos um padre amável, cujo tio, também padre, viveu em Curitiba, vimos gente simpática que parava para conversar e brincar com nossas cachorras, casas de dança flamenca, jardins, Seta de Sevilha, Plaza de España. Nesta última repousamos o olhar nos barquinhos que navegavam, nas bolhas de sabão que encantavam crianças e adultos, na arquitetura, no sol, no céu... quando percebemos, já era hora de voltar. Depois de três estrelas cadentes e a possibilidade de passarmos o réveillon na estrada, chegamos a casa, faltando 20 minutos para este ano. Sevilha nos seduziu. Em breve voltaremos!
Plaza de Espana
Plaza de Espana
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Seta de Sevilha
Plaza de Espana
PASSEIO FOTÓGRAFICO
UM LUGAR PARA SE FOTOGRAFAR MARICÁ - PARTE I Fotógrafo Hermínio Lopes
Olá amigos da INFOTO. Nesta edição vamos falar sobre a abundância de lugares na cidade de Maricá que temos para fotografar. Como são muitos, vou me permitir a fazer esta matéria em tres partes. Hoje a veremos a Parte I. Espero que gostem. Maricá é a entrada da Região dos lagos no leste fluminense. Fica a aproximadamente 60 km da cidade do Rio de Janeiro. Tem boas acomodações para uma estada tranquila para um final de semana. O municipío é de uma riquesa natural sem igual para quem quer fazer um bom roteiro fotográfico, desde belíssimas praias com 32 km de extensão à trilhas na Mata Atlântica exuberante, lugarejos exóticos, montanhas, um belo complexo lagunar e lindas paisagens rurais, além história e cultura local para se apreciar. Vamos então começar , pelo começo. Na divisa do município com Niteroi temos a Pedra do Elefante, marco inicial de distrito de Itaipuaçú, onde temos o conhecidíssimo “Recanto de Itaipuaçú”, com suas belezas naturais e onde temos o canal de comuncação da lagoa com o mar. Recentemente a praia de Itaipuaçú sofreu obras de urbanização, modernizando a orla da praia. Perdemos o ambiente natural, mas ficamos com a beleza moderna.
A Pedra do Elefante no primeiro plano a direita, seguida da Pata do Gato, já em Niteroi e ao fundo a Pedra da Gávea. Em Itaipuaçú temos ainda a Fazenda Itaiocaia e o Caminho de Darwin. 22 INFOTO
Seguindo pela RJ 106 no sentido Região dos Lagos Passamos por Inoã onde temos um tunel da antiga Estrada de Ferro Maricá e as Grutas do Spar no bairro do Spar, um complexo de cavernas não naturais que hoje são um ponto turístico. Essas cavernas na verdade são velhas minas de feldspato (mica) que foram abandonadas há mais de 50 anos. Há alguns anos foram redescobertas pelos trilheiros e daí em diante começaram a ser um ponto de turismo. Em uma das cavernas há um lago de água acumulada pelas chuvas no local e que é muito visitado no verão. A visita ao local deve ser acompanhada e com o apoio de um guia e se possivel em grupos.
Caverna do Spar, entrada da caverna do lago. Seguindo em frente, vamos chegando a S. José de Imbassí, onde temos a Lagoa de Maricá, onde o Padre Anchieta fez uma pesca milagrosa e onde temos também a Capela de São José de Imbasaí. Nesse local começou a se formar a primeira vila.
Capela de S. José de Imbassaí ( Foto cedida por Michel Jegú ) Do outro lado da rodovia, ainda em S. José, temosa Pedra do Macaco de onde se vê grande parte de Maricá até as Ilhas Maricá no oceano e ao lado temos a Pedra de Inoã.
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A trilha de subida é leve superior com aproximadamente 235 metros e a altitude é de 250 metros. Há um trecho dessa trilha que parece uma escadaria formada pelas raízes das árvores.
Trecho reto e mais longo da trilha parecendo uma escadaria.
Eu no alto da Pedra do Macaco. Ao fundo a Pedra de Inoã. (Foto cedida por Paulo Lopes) Continuando nosso trajeto, vamos chegar ao centro onde temos a igreja Matriz, a Casa da Cultura, a estação do trem e os acessos as lagoas e as praias. Mas essa parte, vamos deixar para ver na próxima edição da INFOTO. Um grande abraço a todos.
Nota da Redação: De acordo com o escritor Hermínio Lopes há possibilidade de se fazer um passeio em grupo por esses pontos turísticos, assessorados por um guia que cobra aproximadamente R$ 20,00 por pessoa. Seriam horas de confraternização e descontração. Se alguém se interessar pelo passeio fotográfico em Maricá, comunique-se conosco através do seguinte e-mail contato.revistainfoto@gmail.com 24 INFOTO
Como fazer fotografias impactantes dentro de casa Fotógrafa Thaiane Nunes As dicas que vou dar servirão para fotógrafo profissional ou amador, e quer fazer umas fotos diferentes dentro de casa. Fotografia é escrever com luz, então o que você vai precisar é de uma boa iluminação artificial pois, geralmente, a iluminação do ambiente não será suficiente. Quanto mais luz no ambiente mais nítida será sua foto que terá, também, mais qualidade. Mudando a direção da luz em relação a pessoa fotografada você terá possibilidades de encontrar novos ângulos a serem enquadrados. Pode usar qualquer tipo de iluminação artificial que você tiver em sua casa! Ex: abajur, luz de led, refletor, lanterna, vela, flash externo, etc . 1º passo: O primeiro passo é pensar na produção. Qual ambiente da casa você irá usar? Qual mensagem você quer passar? Leveza, sensualidade, felicidade, plenitude, amor? Depois de responder a todas essas perguntas vamos pensar em quais looks e acessórios irão combinar melhor com a ideia da foto. É bom também pensar na maquiagem, pois a mesma vai dizer muito da sua fotografia. Capriche na pele, no contorno e na iluminação. Lembre sempre que na foto a maquiagem não é capturada 100%, então não se preocupe se pessoalmente você achar que está sobrecarregada, na foto não ficará. 2º passo: Qual iluminação você usará? Arrume todo o local. Deixe a iluminação preferencialmente em um ângulo de 45º da fotografada. Nunca deixe totalmente de frente, pois não fica tão interessante. A foto fica sem volume e chapada
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3º passo: Vamos para a ação! Se você for fotografar com seu celular lembre sempre de limpar a lente da câmera e clicar na tela para que o foco fique cravado na fotografada. O foco deve estar no olho do modelo! • Já o fotógrafo que usará câmera DSLR tente manter a abertura do diafragma acima de f/2.8 para não correr o risco de um olho ficar desfocado ou até mesmo os dois. O ISO vai depender se sua iluminação será suficiente para iluminar o modelo, mas o ideal é utilizar um ISO baixo para que a foto não fique granulada. Quem gosta de grãos na foto não precisa se preocupar com o ISO, pode aumenta-lo! Coloque a velocidade acima de 1/200 assim não corre o risco de ficar tremida. Use lentes abaixo de 50mm, pois ambientes internos são muito apertados e você precisará de lentes com ângulo bem aberto.
Vou mostrar para você agora fotografias feitas em 4 ambientes diferentes. :
1º ambiente (banheiro): A fotografada ficou dentro do box e apoiando os seus braços no blindex para fazer uma moldura no entorno dela, chamando toda a atenção para si. Como o blindex era preto ajudou mais ainda a criar essa moldura, pois o entorno da foto ficou escuro, como uma vinheta e apenas o assunto mais importante, no caso ela, ficou com a maior parte da iluminação. A posição das mãos ajuda muito a direcionar o olhar para o rosto dela. As duas mãos sempre presentes na foto! Não se esqueça disso. Para essas fotos usamos um bastão de led que estava localizado a 45 graus do lado direito da fotografada.
2º ambiente (sala): Nesse caso tentamos deixar um ar mais aconchegante. Usamos duas iluminações. Um bastão de led a 45 graus do lado esquerdo da fotografada e um abajur com luz amarela no fundo. A luz amarela trás essa sensação de aconchego. Como o ambiente estava escurinho e o sofá era escuro escolhemos roupas claras para sobressair mais.
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3º ambiente (cozinha): Nessa 3ª composição foi usado um octabox com um flash. O octabox direciona mais ainda a luz para a fotografada. Posicionamos a 90 graus da fotografada e ela ficou praticamente de costas para a luz, assim criamos muita sombra na foto, deixando um ar de mistério. O batom, o vestido e o vinho montam uma harmonia entre si, dando a ideia de que a fotografada estava comemorando algo. Tudo conversa entre si.
4º ambiente (quarto): Na última composição a ideia era buscar algo aconchegante, assim como na 2ª composição. Por isso usamos a luz amarela do abajur novamente. Sendo que dessa vez a luz do abajur foi a luz principal. Posicionada a 90 graus do lado direito da fotografada criou bastante sombra no lado esquerdo dela, trazendo uma atmosfera ao mesmo tempo tranquila e misteriosa.
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MATÉRIA DA CAPA Ensaio Fotográfico de Pintura Corporal Fotógrafo Jânio C. Carvalho
Nascido na cidade de Niterói, estado do Rio de Janeiro, passou sua vida profissional trabalhando como Programador de Computador, onde tudo se resumia a zero e um. Anos depois foi transferido para o Serviço de Comunicação Social, onde passou também a fotografar. Surgiu a partir daí o gosto pela fotografia. Seu primeiro curso foi feito na Sociedade Fluminense de Fotografia – SFF, com o professor Antônio Alberto Melo Simão, em 2004. Depois disso, fez vários cursos e workshops com diversos profissionais respeitados na área de fotografia, dentre eles: Drausio Tuzzolo, Basílio Wille, Danilo Russo, Zachar Rise, Paulo Muniz, Lívio Campos, Jr. Luz, Carlos Fortunato e muitos outros. Seu objetivo foi de compreender a técnica e ver a fotografia através da perspectiva de cada profissional. Participou, em 2011, do Nu Photo Conference – Primeiro Congresso de Fotografia de Nu e Sensual da América Latina. Isto o ajudou a definir em que área da fotografia iria se especializar. No ano de 2014, decidiu fazer Faculdade de Fotografia, na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. Foi criticado por um de seus professores, pois cursaria anos de uma universidade sem, contudo, vir a exercer a profissão. Hoje, aposentado, aproveita seu tempo para fotografar como hobby, procurando se expressar através da sua arte. O QUE ME LEVOU A FAZER O ENSAIO: Um colega fotografo teve a idéia de fazer um ensaio fotográfico no lado externo do Estádio do Maracanã e pediu as modelos para se voluntariarem em sua rede social. As fotos seriam feitas ao ar livre e as modelos iriam vestir apenas a pintura corporal. Uma colega tentou ser uma das modelos, mas não conseguiu e veio falar triste comigo. Ela nunca tinha pensado em fazer antes, mas se sentia como se tivesse perdendo uma experiência que nunca mais teria na vida. Neste momento acabei me sentindo compelido a realizar um ensaio de pintura corporal. Lancei o desafio a mim mesmo e fui começar a planejar.
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PLANEJANDO Moro no Brasil, Rio de Janeiro, na cidade de Niterói. No verão a temperatura chega normalmente em mais de 40 graus, com umidade relativa do ar em 80% ou superior. Para simplificar, o primeiro ensaio seria num local fechado onde teríamos arcondicionado e acesso a banheiro de forma fácil. Na minha cabeça seriam necessários pelo menos 4 modelos, um pintor (mostrado abaixo) e uma maquiadora.
FAZENDO O ENSAIO Dicas para o dia: 1 - Contrate o pintor corporal e a maquiadora. Mesmo que você saiba pintar e conheça todos os produtos necessários, contrate um pintor corporal e uma maquiadora para o dia do ensaio. Isto vai te livrar de pensar nas dezenas de produtos. Isto vale também para o pintor, pois este também utiliza vários materiais específicos para realizar a pintura corporal. Em media, é necessário por volta de 1 hora para se fazer uma maquiagem profissional e mais2 horas para o pintor. Essa previsão de tempo pode aumentar, mas raramente diminuem sem comprometer o trabalho dos profissionais envolvidos. Se você resolver fazer o trabalho da maquiadora e do pintor corporal, provavelmente vai demorar mais. Não se esqueça de que você tem todo o material fotográfico para aprontar. Faça a sua parte bem feita e deixe outros profissionais cuidarem do resto. Foque em fazer o melhor registro possível. 2 - Espaços necessários para a realização da maquiagem A maquiagem é feita com a modelo sentada. Procure colocar uma cadeira confortável, pois como eu disse anteriormente, a maquiagem demora. É necessário que o local, onde vai ser realizada a maquiagem, possua uma boa claridade.
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Uma mesa ou bancada no local vão ajudar bastante o serviço. Deve-se evitar que pessoas fiquem passando e interferindo com o trabalho da maquiadora. É importante deixar claro que quem decide qual a maquiagem que vai ser feita é o fotografo e não a modelo. 3 - Espaço necessário para realizar a pintura corporal O pintor corporal precisa de um espaço que seja suficiente para ele se espalhar. Ele vai utilizar muitas tintas, água, gliter e cristais. Dê o suporte necessário. Você precisa ter em mente que o lugar onde ficar o pintor corporal vai trabalhar precisa ser protegido. Recomendo que você forre piso e moveis com lona plástica de obra, pois as tintas e o gliter utilizados pelo pintor corporal vão respingar no local. 4 - Protegendo o local de trabalho A cadeira que for usada pela modelo deve ser forrada com tecido TNT, chão e moveis use lona plástica pois vão tender a ficar completamente sujos e molhados. Se precisar de cadeiras no local, além das usadas na pintura e maquiagem, elas devem ser protegidas, pois se a modelo sentar vai tender a marcar com a tinta.
5 - Lembre que não vai dar tempo de pintar outra roupa então fotografe varias modelos. É preciso ter em mente que, como se leva um bom tempo na preparação da maquiagem e da pintura corporal e apenas alguns minutos fotografando, quando estiver fotografando divirta-se mudando fundo e a direção das luzes de estúdio. Faça de forma calma e tente experimentar tudo que puder antes de pedir pra modelo sentar, deitar ou se ajoelhar, pois a tinta vai querer aderir a tudo criando falhas na pintura corporal. É bem mais interessante e produtivo chamar mais de uma modelo no dia do ensaio. Para o maquiador e pintor o custo do deslocamento é fixo e se tiver mais de uma modelo eles podem te fazer um preço melhor. Tenha em mente que, para a modelo ser maquiada e pintada, leva um tempo considerável. 30 INFOTO
Sugiro que você marque horários diferenciados para as modelos chegarem, pois ficar aguardando por horas para ser maquiada e pintada, para finalmente ser fotografada, vai te custar na fisionomia da modelo, que vai estar cansada de tanto esperar.
6 - Raramente todas as modelos aparecerão no dia, se marcar com 5 aparecerão 3. O inesperado pode acontecer e seria terrível se você tiver todos os profissionais esperando e descobrir que não tem mais a modelo. A substituição pode lhe custar horas ou até inviabilizar o ensaio. Jogue com a certeza e tenha mais de uma modelo no dia.
7 - Planeje as pinturas corporais com antecedência Podem ser necessários alguns adereços para completar o personagem da pintura corporal. Arcos e flechas, espadas, lanças, coroas e chicotes não aparecem por milagre e não vão conseguir serem pintadas no corpo das modelos. Se ela for um personagem e precisar de um determinado brinco, bolsa ou sapato tem que ser providenciados com antecedência.
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8 – O que providenciar para a hora da fome Ninguém vai morrer se ficar sem comer um dia, mas vai ser muito melhor para todos se o local possuir alguns mimos. Por isso sugiro que para o dia do ensaio você providencie alguns itens para serem consumidos. Não deve faltar no ambientes líquidos como água, refirgerante e café, além de algo rápido que possa satisfazer a fome, tais como bolos, pães, frios, biscoitos, balas e o que sua imaginação quiser. Serão utilizadas várias horas para que o trabalho do ensaio fotográfico esteja concluído. Um ataque hipoglicêmico em qualquer dos participantes pode acabar com seu dia
9 – Utilize descartáveis A última coisa que você precisa no dia é ficar lavando louça ou catando cacos de vidro pelo chão. Use material descartável, pois vai lhe poupar tempo e dor de cabeça. 10 – Itens necessários para limpeza corporal A única hora que a tinta não solta de jeito nenhum da modelo é quando vai tomar o banho para ir embora. Demora muito retirar a pintura corporal e a pessoa vai se ensaboar várias vezes, até estar limpa. Cada modelo vai precisar de uma bucha de banho individual. É necessário muito sabão liquido e paciência. Em alguns casos, a ajuda de uma segunda pessoa é necessária, senão a pessoa vai com tinta no corpo. Muitas tintas soltam em placas e se aderem à bucha de banho. A Bucha acelera bastante a retirada da tinta do corpo, mas fica com uma aparência nojenta no final. Aconselha-se que a cada modelo seja dada uma bucha nova, bem como uma toalha de banho pra cada modelo. Nem pense em economizar na toalha, se for muito organizado pode fazer logo o kit antes, que deverá conter uma toalha, sabonete liquido e bucha para cada modelo. Considerações finais Mesmo que providencie isto tudo, lembre-se ainda de algumas coisas. Quanto mais tempo tiver, melhor vai ser o resultado final. Se você não tem tempo não faça o ensaio. Se a maquiadora ou o pintor precisarem de mais tempo, não tente interromper. 32 INFOTO
Se você utilizar menos tempo que o necessário vai ter que conviver com o nível de resultado dos trabalhos. Tudo deve ficar de fácil acesso para que ninguém tenha que lhe pedir nada. Imagine você tentando fotografar e as pessoas pedindo água, café, etc. Você enlouquece! Provavelmente será um evento para começar de dia e terminar a noite.
Concentre-se na imagem e fazer o melhor registro possível. Lembre-se que tudo que puder dar errado, tem chance de acontecer, mas que você tem capacidade de resolver.
Modelos : Brena Mello, Charlene Teixeira, Debora Alarcão, Deyb Queiroz, Fernanda Amaral, Janaina Forgan, Laísa Oliveira, Patrícia Guimarães, Sthefane Lomeu, Wania Lopes Pintor Corporal : Madison Araujo
Bom ensaio e divirta-se! 33 INFOTO
Leitura Fotográfica
Fotógrafo Leo Mano
Em qualquer curso de fotografia para iniciantes, a primeira frase dita pelo professor (antes mesmo de dizer seu próprio nome) é: “Fotografia é escrever com luz”. Escrever com luz deixa implícito um desejo de se comunicar. Comunicação requer uma linguagem, uma coleção de símbolos e códigos que precisam ser conhecidos tanto pelo fotógrafo quanto pelo observador, sob pena de não haver comunicação alguma. A “Leitura Fotográfica” é a contrapartida de se “escrever com luz”. De nada adiantaria a habilidade de se expressar na fotografia se não houvessem os “leitores” preparados para consumir esta arte. Leitores treinados para decifrar simbolismos, códigos e convenções que podem se apresentar nos mais variados graus de sutileza, desde a mais tênue insinuação até a mais explícita afirmação. No final das contas, é este consumidor (e não o fotógrafo) que atribuirá valor (ou não) à uma fotografia. Um consumidor limitado em sua capacidade de leitura, automaticamente avaliará a fotografia de forma limitada e não revelará todo o poder expressivo daquela imagem. A fotografia é, portanto, uma via de mão dupla. Ler fotografia requer sensibilidade, treinamento e estudo. Mesmo assim, ler fotografia sempre será uma atividade subjetiva. Cada consumidor terá uma experiência totalmente pessoal e única diante de uma imagem. Isto significa que nem sempre (ou mesmo na maioria dos casos) o consumidor lerá o que o fotógrafo pretendeu dizer. Isso pode parecer sem sentido ou paradoxal mas é, também, a riqueza desta arte. O leitor mais especializado pode se dedicar, por exemplo, a um autor específico. Neste caso, conhecendo a vida do fotógrafo e suas filosofias, ele poderá deduzir a mensagem de cada obra daquele autor. Mesmo assim, aquele leitor sempre poderá ir além da mensagem pretendida e criar sua própria história sobre uma cena fotografada. 34 INFOTO
O leitor sempre estará livre para criar sua própria história sobre cada imagem sem nenhum compromisso com o que o autor pretendeu originalmente. O bom “consumidor” de fotografia não é aquele que “adivinha” o que o autor pretendeu dizer mas sim aquele que soube extrair da imagem a história mais potente. A história mais potente é aquela capaz de te transformar, a história que te faz sair diferente de quando você entrou e o torna uma pessoa mais completa. A fotografia te transforma! Para não deixar o artigo apenas no patamar da filosofia, separei aqui uma experiência pessoal como “leitor de fotografia”. Apesar de eu mesmo ser um fotógrafo, cada fotógrafo é também um leitor, um observador de fotografias Peço licença, então, para citar o grupo de fotografia Desafio10+ onde participo em concursos fotográficos semanais e citar, também, o autor da foto que utilizarei para ilustrar minha experiência. A foto abaixo apareceu num concurso cujo tema era “Urbano”. Ela foi postada pela fotojornalista Gisele Pimenta (sob o pseudônimo “Pimenta Nativa”) e concorria com várias fotos clássicas no estilo “Street”, “Arquitetura” e outras lindamente produzidas com belas cores e paisagens.
Devo admitir que parei nessa foto e tentei decifra-la por longos minutos sem muito sucesso. O recurso do cutout (uma pequena porção de cor numa foto PB) interferiu no meu foco e fiquei “brigando” contra o censo comum (que condena o efeito) e o preconceito (que generaliza o julgamento). O fato é que ela quebrou minha expectativa com relação ao tema e, confesso, terminei por não conseguir compreender a cena. Lembro de ter comentado algo sobre as pessoas não interagirem entre si, cada um isolado em sua própria “bolha”, numa tentativa de construir uma história que, admito, não convenceu nem a mim mesmo. Um ou dois dias depois, voltei na foto (elas ficavam disponíveis em álbuns para votação) e encontrei lá o comentário do colega (também fotógrafo) Rubens Rebouças. Ele comentou: “O ocaso do super-herói”. 35 INFOTO
Instantaneamente, a ficha caiu! Essa é a história... e você sabe que é a história porque o encadeamento de idéias começa a borbulhar sem parar em seus pensamentos. A palavra chave “super-herói” foi logo associada ao personagem que ele universalmente simboliza: “Pai”. Nesta associação, todo pai é o super-herói de seu filho e eu, sendo pai, me identifiquei com a cena. O ocaso do super-herói é o drama universal de todos os pais. Não tem como não se identificar. Os filhos crescem, amadurecem... as fantasias desaparecem e os filhos se tornam adultos, conscientes do mundo real, tomando suas próprias decisões, cometendo seus próprios erros e acertos... Você ainda é o pai respeitado e amado... mas não é mais o super-herói infalível e incontestável. Seus poderes não são mais sobre-humanos, você se torna uma ser humano “normal” que, da mesma forma que os filhos, precisa receber alimento, carinho, consolo e perdão. Ser o exemplo perfeito para seu filho por toda vida, trabalhar honestamente, suprir a casa, ser companheiro, justo, sábio, ponderado e “porto seguro”. O super-herói é um ser imaginário e, por definição, um ideal inalcançável. Não pude deixar de pensar no meu próprio ocaso. Voltei a observar a cena retratada... agora as pessoas ao redor do “super-homem” da foto fazem todo o sentido. Intensificam a solidão e a perda de quem se tornou um homem comum. A invisibilidade é o último e definitivo poder do super-herói em seu ocaso. Mas isso não o impede de observar aquele jovem encostado na parede e pensar: “como ele se parece com meu filho...” Sentado ali, nos degraus de uma escada, de costas para o caminho de subida, símbolo inconfundível da “desistência” de quem se conforma e descansa. Nada que o super-herói faça fará diferença. Suas palavras não possuem mais o mesmo peso de antes, quando soavam como trovão e transmitiam autoridade... O ciclo da vida pede passagem. Os filhos crescem e se tornam independentes. Serão os novos super-heróis com poderes renovados. Bela foto... Como não fui capaz de ver aquele símbolo literal (destacado pelas cores numa cena em preto e branco)? Depois desse dia, passei a ser mais receptivo para o simples e o óbvio. Para que mergulhar fundo (e se perder num mar de possibilidades), quando os peixes nadam ao alcance das mãos? Enfim, eis um exemplo de história que uma imagem pode desencadear. Não é raro perdermos a chance de experimentar ótimas histórias. Depende do dia, do humor... e deixamos escapar uma bela oportunidade. Mas, por outro lado, vez ou outra, acertamos na mosca! Essa é a vantagem de participar em um grupo fotográfico ou fotoclube, onde todos participam. Todos compartilham dos momentos de inspiração uns dos outros garantindo um ótimo estoque de belas imagens e histórias.
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Que Fotógrafo é você? Fotógrafo Fernando Talask
Pode parecer uma pergunta sem sentido, afinal fotógrafo é tudo igual, câmeras lentes flashes um monte de acessórios dentro de uma bolsa ou mochila, está aí o estereótipo formado, daquele que grava a luz. Mas não é bem assim. Aliás está muito diferente essa imagem. Poderia até pensarmos dessa forma. Quando iniciei nos primeiros fotogramas no final da década de 70, me perguntaram pela primeira vez, que tipo de fotografo eu gostaria de me tornar amador ou profissional? Na minha inocência dos 13 anos respondia de pronto, profissional claro, isso porque havia uma forma de encarar o termo amador como algo depreciativo. Então, nem pestanejava na minha futura designação. Quando já mais experiente, aos 15 anos, comecei a frequentar a SFF – Sociedade Fluminense de Fotografia, em Niterói – RJ, e conheci uma figura que mudaria meus conceitos e me faria encarar o modo de ganhar a vida, digo profissão, com outros olhos - Sr. José Levi, membro do quadro de expositores da casa, premiadíssimo no mundo todo, dono de uma técnica de fotografia e laboratório que não encontrei
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em nenhum fotógrafo da época, além claro, de um caráter generoso e gentil com os aprendizes. Outra raridade na época em que os medalhões nem se dirigiam aos jovens. Enfim, Levi era “amador”, porque não vivia da fotografia ele “via=via” para fotografia, simples inversão das palavras explica a profunda diferença que faz. Ele me explicou com o exemplo de ser, que amador é aquele que ama o que faz e com amor o resultado transcende até mesmo a técnica. Imagine, se você conseguir juntar as duas coisas, Jose Levi nunca foi profissional mas teve uma influência incrível na maneira como eu iria encarar o modo de lidar na área. Estou relembrando esse fato pelo motivo de muitos jovens, e mais velhos também, que me perguntam o que é preciso para ser tornar profissional da fotografia? Eu sempre lembro dessa passagem e respondo - você precisa amar o que pretende fazer para ganhar o pão de cada dia, porque com esse amor você nunca vai trabalhar, e sim se divertir. E imagina como é melhor remunerado que sente prazer no que faz. O resultado sempre se reflete no produto final. Imagine todos satisfeitos, inclusive, o cliente.
Confirmei que se você não se especializar, e principalmente, se dedicar a um determinado trabalho, não obterá bons resultados. Luzes posicionadas nos lugares certos, cenários, produção especializada, tudo colaborando com um clima super alegre na hora do click. A generosidade da fotografia me faz acreditar em um futuro bem brilhante para aqueles que desejam ou já abraçaram a profissão. Nunca antes tivemos tantas facilidades em expor, divulgar, e vender nossos serviços ao consumidor que está hoje, a um click de nós. Mídias socias democratizaram o acesso à propaganda.Todo mundo se vê e pode ser visto, e o melhor, comercializar diretamente sem lugares físicos custosos, tudo ao alcance de um pix.
Fotógrafa Nila Costa
No início do texto, a imagem do fotografo que permeou minha juventude, era de uma pessoa pronta para fotografar casamentos ou entrar na floresta amazônica com uma faca nos dentes ao estilo Rambo. Enfim, fazia qualquer tipo de fotografia, um generalista especializado em tudo. O resultado quando eu vejo fotos antigas desses profissionais, percebo que eles eram bons em algumas áreas porém, mandavam muito mal em outras, mas na época, o mercado era muito fechado e as oportunidades quando oferecidas eram agarradas, com o simples – “eu faço”. O mundo mudou, o mercado cresceu, e tenho percebido que o caminho para quem procura a fotografia como meio de vida é a especialização. Tantas áreas novas surgindo e cada uma com uma demanda específica. Esse fato abriu a profissão para uma legião de pessoas que hoje podem escolher a área na qual se sentem capazes. Um exemplo bem recente aconteceu com a minha nora Natalia que grávida de 9 meses do meu neto Otto, resolveu fazer um ensaio fotográfico. Imagina, marido e sogro fotógrafos. Já não teria fotos suficientes…enfim ela estava super certa, procurou uma profissional especializada, que era uma verdadeira “amadora” na melhor expressão da palavra, além de se utilizar de equipamentos de última geração, mais de 5 cabeças de flashes que eram ligados e desligados por rádio, criando efeitos de iluminação incríveis, com um simples mudar de canal do rádio. O resultado foi incrível! Fotos maravilhosas que serão apreciadas por gerações. Duvido que o valor do ensaio tenha sido a principal motivação dessa profissional.
Modelo Michelle Silveira Simão Fontes
- Como eu gostaria de agradecer ao meu amigo Levi o conselho de nunca deixar de ser um amador. Infelizmente, ele nos deixou há algum tempo, mas o exemplo ficou como diz um amigo - conselho ajuda, exemplo arrasta. Acreditem, com esse diferencial todos ganham. 38 INFOTO
Viva a Fotografia !!!
Flanar Fotógrafo Luiz Ferreira
Poucas coisas me alegram tanto quanto andar sem destino e sem prazo. Os franceses têm uma palavra que define essa atividade: “flâner”. Palavra que encontra sua tradução para “flanar”, segundo o Aurélio: “Passear ociosamente, vaguear, perambular”. É quando somente tenho compromisso com aquele momento e aquele espaço que vou inventando enquanto ando. É deixar a vida se mostrar como uma novidade a cada esquina que viro, a cada prédio em que paro para observar como a uma visão encantada, a cada pessoa que passa por mim com sua vida que daria um livro. Flanar é mais que uma atividade lúdica, é um exercício de renovação, de oxigenação da alma. Ainda que perambule pelo meu bairro, estou caminhando com outros passos menos comprometidos com antigas pegadas, e vendo com outros olhos não embaçados pelas imagens do mesmo, do sempre, do esperado.
Para mim, como fotógrafo, flanar é uma atividade vital. Revisitar, sem pressa, gastas paragens, me revitaliza o olhar, uma das matérias-primas da fotografia. Visitar lugares totalmente novos, sempre sem pressa e sem ideias preconcebidas, as quais os tornariam imediatamente lugares velhos, e deixar-me levar sem outra intenção que não seja a de imprimir minhas pegadas em areias virgens, também me revitaliza. O essencial é não julgar, não procurar entender o que somente se mostra em sua pureza. Descobrir o que naquele momento a luz revela e o que a luz oculta. Fazer de um jogo de claro e escuro uma imagem a desvelar para o mundo o que até então só meus olhos viam. E tudo isso pode parecer com rasgar o peito, expor o coração. Dramático, mas ao mesmo tempo doce. Sei que é lugar comum comparar a vida a uma estrada, mas acredito mesmo que a vida, tão cheia de lugares comuns, pode e deve ser percorrida andando de muitos jeitos, olhando sem filtros, ou usando filtros diferentes dos até então usados. O exercício da busca como fonte de descoberta, e não como de confirmação do que se crê e não satisfaz, é que me leva a seguir pela vida flanando. 39 INFOTO
ACONTECENDO Flor Essência Fotografia de Ronaldo Muylaert
"Um pouco da minha Primavera durante o Outono" Fatima Marchi Mendonça - Expositora
"Uma bela exposição que conta momentos delicados e particulares de suas amigas que enfrentaram o cancêr de mama e hoje são vitoriosas na batalha pela vida ! Cada uma é essencia de dor e de flor, curadas pela insistencia em viver um dia após o outro!" (Laize Rosa)
Os Membros do Niterói Fotoclube estão de parabéns pelas extradordinárias Fotografias em exposição no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno. Vale a pena visitar. A Fotografia ao lado mostra o expositor Jaylton Pimentel junto as suas fotografias. 40 INFOTO
Sociedade Fluminense de Fotografia
ATRAVÉS DO OLHAR A mostra reúne 72 obras de fotógrafas negras da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, Aparecida Silva, Fernanda Dias, Thais Alvarenga e Valda Nogueira. Curadoria de Thaís Rocha A exposição Através do Olhar foi organizada como uma forma de celebrar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A data, 25 de julho, é uma oportunidade para rememorar a luta destas mulheres para uma sociedade mais justa. É o que tratam as autoras que compõem esta mostra, quatro mulheres negras, fotógrafas da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro que revelam em imagens
investidas de beleza e dignidade, as memórias, identidades, tradições e manifestações vivenciadas nos territórios formados por grupos afrodescendentes, manifestando, assim, nossa participação na luta por justiça, igualdade e reconhecimento. Um dos objetivos da escolha das autoras foi dialogar com mulheres negras que desenvolvem suas experiências nos subúrbios cariocas, buscando conectá-las através de suas trajetórias. O principal elo entre os olhares das autoras é justamente a perspectiva de onde elas anunciam seus trabalhos. As fotógrafas reunidas neste projeto são, portanto, mulheres que circulam por seus bairros, comunidades e arredores, também, viajam pelo interior para documentar as diversas tradições e manifestações populares que as levam a uma compreensão de suas origens e identidades. Aparecida Silva e Thais Alvarenga, uma com a técnica pinhole e a outra com a câmera do celular, produzem uma memória afetiva do lugar onde vivem, registrando a paisagem urbana e os modos como os grupos se apropriam dos seus lugares criando suas próprias formas de sociabilidade e códigos de convivência. Já as fotógrafas Fernanda Dias e Valda Nogueira documentam os saberes e práticas culturais e religiosas de comunidades tradicionais espalhadas pelo Brasil, como quilombolas, indígenas, catingueiros, pescadores, valorizando a memória e as formas de resistência destes grupos. O conteúdo da exposição é livre para todos os públicos e estará em cartaz na prestigiosa Galeria Octávio do Prado, localizada na Sociedade Fluminense de Fotografia, em Niterói, durante os meses de maio e junho de 2022. São 72 obras que compõem esta mostra coletiva de fotografias em diversos tamanhos e formatos, em cores e também preto e branco. Ao longo de sua exibição serão realizadas visitas comentadas e rodas de conversa com as autoras e convidadas 41 INFOTO
Fotógrafa Aparecida Silva
Fotógrafa Fernanda Dias
Fotógrafa Thais Alvarenga
a fim de gerar uma oportunidade de reflexão e debate sobre os trabalhos apresentados e, também, sobre a presença e atuação das fotógrafas no campo profissional. Neste sentido, acreditamos que os valores da SFF, tradicional espaço de conhecimento e formação em fotografia e por toda a história que a instituição representa para a fotografia brasileira, se correspondem com a nossa proposta.
Wander Rocha colunista da Revista INFOTO, foi convidado como palestrante e expositor no Museu Histórico D. Pedro I e Dona Leopoldina em Pindamonhangaba SP. O nome da Exposição é "Se você não entende não vê. Se não me vê não entende"
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Fotógrafa Valda Nogueira
O leitor Escreve Esta página esta à disposição dos nossos leitores para que se comuniquem conosco ou deem suas sugestões de matérias para as próximas edições. Envie a sua fotografia para ser publicada no próximo número da nossa revista(Galeria dos Leitores). E-mail - contato.revistainfoto@gmail.com
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