A Alma da Distribuição de Livros
A ALMA DA DISTRIBUIÇÃO DE LIVROS Coletânea de ensinamentos e orientações de Srila Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja e Srila Bhaktivedanta Swami Prabhupada quanto ao projeto de publicar e distribuir a obra de nossos acaryas gaudiyavaisnavas www.braja.com.br [Uma iniciativa da equipe de voluntários da Braja Editora]
[Trecho de carta de Srila Narayana Maharaja a seu discípulo Kanhaya Lala] Meu querido Kanhaya Lala, Que as bênçãos do meu coração sejam todas suas. Todas as glórias a Sri Sri Guru e Gauranga! Todas as glórias a Sri Sri Radha Vinoda Bihari! Muito obrigado pelo seu destacado serviço como distribuidor de livros. Todo o guru-parampara, meu amado Srila Gurudeva e eu também estamos satisfeitíssimos com a sua realização, que representa um exemplo tão maravilhoso e inspirador. Srila Bhaktivedanta Swami Maharaja queria que seus livros fossem distribuídos em massa como estratégia de propagação do movimento da consciência de Krsna. Seguindo os seus passos, também tenho o mesmo desejo. Com o seu serviço, você está pregando para muitos, que lerão os livros agora e no futuro. O meu legado para a atual e as futuras gerações de buscadores espirituais concentra-se sobretudo nos livros que escrevo e traduzo. Devemos sempre nos lembrar de que devemos ouvir o conhecimento transcendental dos Vedas na companhia de almas 1
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autorrealizadas. Quem recebe um livro interessa-se pela consciência de Krsna e entra em contato com os devotos pela primeira vez. Assim, colhe o fruto máximo, isto é, sadhu-sanga. Com o seu serviço, você proporciona a todos um elo valioso neste processo transcendental. Sempre se lembre de que, além de distribuir os meus livros, você deve lê-los e refletir sobre o seu conteúdo na companhia de vaisnavas de primeira classe. Dessa maneira, será sempre forte, jamais cairá e fará rápido progresso no caminho de bhakti. As bênçãos de meu coração são sempre suas. Cuido especialmente de você e dos devotos que me ajudam a pregar a missão de Sri Caitanya Mahaprabhu. Seu eterno benquerente, Swami BV Narayana
DEDICATÓRIA Oferecemos “A Alma da Distribuição de Livros” a serviço das escrituras vaisnavas Vaisnava sastra seva - servir às escrituras vaisnavas. Este seva consta como número 54 entre as 64 ramificações de bhakti. “Deve-se fiel e regularmente recitar semelhantes escrituras, ouvir a respeito delas das bocas de lótus de devotos puros, recitá-las e lê-las com atitude de adoração. Deve-se conhecer o objeto a ser conquistado por meio destas escrituras, ou seja, bhagavad-bhakti, e, tendo plena fé nisso, deve-se moldar a própria vida de acordo com os princípios estipulados por essas escrituras. A restauração, a cuidadosa preservação, a publicação e a propagação de vaisnava-sastras, tudo isto se enquadra na categoria sastra-seva (serviço às
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escrituras vaisnavas)”. – Bhakti-rasamrta-sindhu-bindu (Verso 4, Sri-BinduVikasini-vrtti) PRIMEIRA PARTE Por favor, distribuam meus livros
Quero que vocês distribuam os meus livros. Não os deixem mofando em depósitos frios. Quero que, ciclicamente, milhares e milhares de livros saiam das gráficas, sejam distribuídos imediatamente e reimpressos. [Srila Gurudeva, Alachua, Flórida, 4 de fevereiro de 2003]
A missão de Mahaprabhu Que todo mundo saiba disso Discurso de despedida, Austrália, 20 de janeiro de 2000 Sri Caitanya Mahaprabhu mandou Sri Nityananda Prabhu pregar Sua missão. Disse Ele: “Acompanhado de Srila Haridasa Thakura, vá de porta em porta e peça esmolas. Diga o seguinte às pessoas: ‘Peço-lhe que coloque a seguinte doação em minha bolsa: pelo menos uma vez, cante Krsna Krsna’”. Desse modo, por ordem do Senhor, Nityananda Prabhu começou Sua pregação. Em geral, Ele não batia à porta de pessoas ricas, bonitas ou eruditas. Dirigia-Se às pessoas comuns, mesmo as caídas. Na Índia da época, os brahmanas e ksatriyas nem sequer bebiam da água dos poços já tocados por essas pessoas caídas, mas Nityananda Prabhu pregava entre elas! Com relação aos libertinos Jagai e Madhai, Ele pensou o seguinte: “Aí estão duas pessoas prontas para ouvir Minha pregação”. Assim, Ele ia de aldeia em aldeia, pregando entre os mais caídos.
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Sri Bhaktivedanta Swami Maharaja, meu siksa-guru, também fez isso. Em geral, ele não se aproximava daqueles que viviam em palácios, ou reis, ministros ou pessoas abastadas. Inicialmente, ele se dirigiu aos hippies. Aqueles hippies sentiram-se atraídos por ele, que, por sua vez, os fez felizes, transformando suas vidas. Ele começou sua missão cantando sentado debaixo de uma árvore no Tompkins Square Park: “sri krsna-caitanya, prabhu nityananda, sri advaita, gadadhara, srivasadi, gaura bhakta vrinda. Hare Krsna Hare Krsna, Krsna Krsna Hare Hare, Hare Rama Hare Rama, Rama Rama Hare Hare”. Ele não via quem estava sentado com ele ou quem não estava, quem estava cantando com ele ou não. Com apenas o seu par de karatalas para acompanhá-lo, ele cerrava os olhos, concentrado em saborear seus humores internos, enquanto cantava com melodias de emocionar, melodias que despertam sentimentos de anseio por Krsna. Às vezes, os hippies dançavam enquanto tomavam vinho e usavam outros entorpecentes, e lhe diziam: “Ó meu amigo, tome um pouco de vinho!” Assim ele pregava, o que levou muitas almas a adotarem a consciência de Krsna e se tornarem felizes. Jovens belos e energéticos, como Jadurani, Vrndavana-vilasini e tantos outros, passaram a experimentar a felicidade em consciência de Krsna. Este foi o começo. Em pouco tempo, ele fundou muitos centros de pregação, estabeleceu o projeto de distribuição de livros e publicou muitas edições de sua revista Back to Godhead – “De volta ao Supremo”, que se tornou muito popular no mundo inteiro –, e traduziu muitos livros, também distribuídos em massa em todos os cantos. Naquela época, jovens mocinhas na flor da juventude distribuíam livros em aeroportos, mercados e praticamente todos os lugares. Elas não se 4
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intimidavam quando se tratava de pregar, e é por isso que hoje em dia vocês veem devotos espalhados pelo mundo inteiro. Assim como Srila Swami Maharaja, também não quero me dirigir às pessoas que são muito lindas, ricas ou eruditas. Quero que todos preguem para as pessoas comuns – só que não vejo o mesmo entusiasmo e espírito que havia na época de Srila Prabhupada. Se vocês cultivarem aquele mesmo espírito, então, poderão pregar. Vão de porta em porta e nunca tenham medo nem pensem: ‘E se alguém me atacar com uma garrafa de vinho?’ Não temam. Nityananda Prabhu dirigiu-se àqueles dois libertinos Jagai e Madai e disse-lhes: ‘O que vocês estão fazendo? Por favor, cantem Hare Krsna pelo menos uma vez!’ E eles acataram: ‘Ah... sim, Hare Krsna Hare Krsna’. Eu quero aquele mesmo espírito energético de volta. Vocês devem pregar com esse espírito dinâmico e distribuir livros em toda parte. Não pensem que não sabem nada ou que são fracos. Krsna haverá de lhes dar inteligência. Eu também era fraco, como se fosse palha seca. Mas acabei me tornando forte para pregar e servir a meu Gurudeva, nitya-lila pravista om visnupada astottara-sata Sri Srimad Bhakti Prajñana Kesava Gosvami Maharaja. Pela misericórdia dele, aos poucos, fui adquirindo qualificações, o que me ajudou muito. Mas agora já estou bem idoso. nayam atma pravacanena labhyo/ na medhaya na bahudha srutena/ yam evaisa vrnute tena labhyas/ tasyaisa atma vivrnute tanum svam (Katha Upanisad 1.2.23) “Não se pode tornar autorrealizado quem simplesmente adquire educação acadêmica, ou dá palestras recheadas de erudição (pravacanena labhyo), ou age como cientista inteligente e descobridor de um monte de coisas maravilhosas. Ninguém pode entender Krsna sem ter sido agraciado pela Suprema Pessoa Divina. Apenas pode compreender Krsna alguém que tenha 5
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se rendido a um devoto puro de Krsna e tomado para si a poeira de seus pés de lótus”. Inspirem a todos Palestra noturna - Paderborn, Alemanha, 9 de abril de 2007 Distribuam meus livros. Leiam, absorvam a essência do que leram, sigam-na e propaguem minha missão, que não é diferente da missão de Srila Rupa Goswami e Sri Caitanya Mahaprabhu. Por favor, ajudem-me a pregar mundo afora, como outrora Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja difundiu a missão de Mahaprabhu. Naquela época, seus devotos iam aos aeroportos, estações ferroviárias, de loja em loja e porta em porta para cumprir a sua missão. Eis como a missão de Srila Bhaktivedanta Swami Maharaja se espalhou pelo mundo todo. Voltemos a inspirar a todos – não sem antes inspirarmo-nos a nós mesmos. Sejam fortes e propaguem a minha missão em todo o mundo. Desvelando o tesouro [Em geral, Srila Gurudeva vivia cercado de centenas de devotos, tanto no Ocidente quanto na Índia. Contudo, quanto esteve no Havaí entre meados de abril e meados de maio de 2002, passava a maior parte do tempo quase só, acompanhado apenas de alguns assistentes, para assim poder trabalhar em sua tradução do Sri Ujjvala-nilamani de Srila Rupa Gosvami e dos comentários de nossos acaryas sobre esta obra. Segue a transcrição da única palestra pública que ele deu naquela ocasião:] Parama-pujyapada Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja inspirou-me a vir aos países ocidentais e orientais para pregar a mesma missão que ele. Para minha felicidade e pela misericórdia conjunta de Srila Bhaktivedanta
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Svami Maharaja e meu diksa-guru, Srila Bhakti Prajñana Kesava Gosvami Maharaja, estou fazendo isto agora. Com os seus livros, Srila Svami Maharaja pregou em todos os cantos. As palavras proferidas em palestras podem evaporar no éter, mas o que fica documentado em livros como o Sri Caitanya-caritamrta, o SrimadBhagavatam e a obra dos Gosvamis haverá de perdurar para sempre e será útil por milhões de anos. Ele costumava vir a esta ilha para escrever, pois aqui é muito favorável – nestas últimas três semanas, também tenho estado totalmente concentrado em escrever aqui. Nem tenho dado aulas. Sabem por quê? Porque estou concentrado em meu trabalho de tradução para, assim, deixar este legado, estes “escritos documentados”, para a humanidade. Estou escrevendo sobre os elevadíssimos humores de Srila Rupa Gosvami, humores que o próprio Sri Caitanya Mahaprabhu inspirou-o a revelar. Mahaprabhu mandou-o escrever acerca dos profundos sentimentos das gopis, bem como do processo pelo qual podemos conquistar sentimentos semelhantes. Apesar de a maioria de vocês não estar preparada para ouvir ou ler a este respeito, muito menos seguir, escrevemos de qualquer modo – caso contrário, se não o fizermos, esses humores ficarão perdidos para o mundo. É preciso deixar este registro para as gerações futuras. No SrimadBhagavatam, os humores das gopis foram apresentados de forma velada, e não com clareza. Contudo, Srila Rupa Goswami define cada um deles em seu Sri Ujjvala-nilamani. Conforme podemos constatar neste mundo, quem se deixa dominar pela luxúria, a raiva e outras más qualidades não consegue evoluir em sadhana-bhajana, muito menos adentrar o reino transcendental. Não tem como avançar em bhakti quem não logra desvencilhar-se destes anarthas 7
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constantes no primeiro sloka do Upadesamrta: (1) o impulso para falar sobre assuntos mundanos; (2) o ímpeto da mente mundana; (3) o impulso da raiva; (4) e as exigências da língua gulosa, (5) do estômago e (6) dos órgãos genitais. Por outro lado, sabemos que há brigas em Goloka Vrndavana. Srimati Radhika tem certo ciúme de Chandravali, e Chandravali, o mesmo humor em relação a Radhika. Por que tal coisa acontece naquela esfera? Na verdade, as gopis são transcendentais, Krsna é transcendental, o amor e o carinho entre eles são transcendentais e suas brigas também o são. As brigas de Srimati Radhika, Chandravali e Krsna não são mundanas. Pelo contrário, são expressões de amor e afeição para aumentar o prazer de Krsna. Se esses humores não existissem sob suas formas puras no mundo transcendental, não poderiam existir neste mundo. Em prol do nosso benefício, Srila Rupa Gosvami escreve a respeito de todos esses humores das gopis, explicando por que elas experimentam ciúmes e outros sentimentos que parecem ser materiais. Quanto a mim, dou-lhes um leve gosto dos humores delas em minhas traduções e escritos. Com ciúme de Chandravali, Srimati Radhika disse a Lalita, Visakha e outras sakhis: “Chandravali nem sequer sabe o bê-a-bá do amor e da afeição. Uma vez que ela não tem mana de verdade (essa raiva amorosa devido ao ciúme transcendental), nem o humor de ciúme, como pode ela agradar Krsna? Jamais conseguirá agradá-lO”. O prema de Chandravali chama-se ghrta-sneha. Ghrta significa ghee, que tem a qualidade de ser muito macio e suave, mas não doce. O prema de Radha chama-se madhu-sneha. Madhu significa mel, que é tanto macio quanto suave e, além disso, doce. Mesmo que Radhika abuse de Krsna ou esteja em mana, o humor dEla é muito atraente e maravilhoso para Ele. 8
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Todos ficam felizes de ver as atividades dos dois, cujo amor recíproco fica cada vez mais intenso. Por isso, em todas as situações, pode-se chamar o madhu-sneha prema de Srimati Radhika de macio, doce e suave. “Candravali é muito suave em seu convívio com Krsna”, continuou Radhika. “Ela não terá ciúmes de Krsna, mesmo percebendo que Ele cometeu uma ofensa a seus pés de lótus por cortejar outras gopis bem na frente dela. Ela pode ficar enciumada de vez em quando, mas não com frequência. Sem esse ciúme raivoso, ninguém pode servir a Krsna ou agradálO. Candravali não demonstra vestígio algum de amor e afeição, e por isso não quero sequer ouvir o nome dela. Nunca mencionem esse nome no Meu grupo”. Da mesma forma, Candravali diz a suas sakhis: “Eu não quero ouvir o nome de Radhika. Não me interessa ouvir sequer o nome da constelação estelar chamada Anuradha. Por quê? Porque nem os especialistas no tema amor nem os grandes sábios e munis apreciam o humor de Radhika. Os yogis e rishis também não estimam esse nome, tampouco meditam no humor dEla. Esses rishis, que sempre meditam nos pés de lótus de Krsna, nunca atraem Radha para seus corações. Os que querem meditar pacificamente nos pés de lótus de Krsna ficam inquietos se pensam a respeito dos humores de Srimati Radhika. Na verdade, só a lembrança do nome dEla faz com que eles tremam e se inquietem. Esse mesmíssimo Krsna cai aos pés de Radhika e, apesar disso, Ela O rejeita. ‘Não quero Você aqui’, diz Radhika, ‘saia do Meu kunja, seu Krsna pretinho’. Por isso”, prossegue Candravali, “não profiram o nome dEla nem usem a palavra Anuradha!” Embora Radhika e Candravali se expressem desse modo, o sentimento de Radhika é superior. Em seu Ujjvala-nilamani, Srila Rupa Gosvami detalha as elevadas verdades quanto ao madhu-sneha prema de Radhika. Essas mesmas verdades não foram reveladas no Srimad- Bhagavatam, 9
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tampouco nos livros de Sri Jayadeva Gosvami e outros acharyas. Apenas Srila Rupa Gosvami revela esses humores íntimos em seus Vidagdhamadhava, Lalita-madhava e Ujjvala-nilamani. À exceção do Ujjvala-nilamani, nenhum outro texto trata desses humores, e por isso concentro mente e atividades em escrever aqui na casa de Vrndavana dasa no Havaí. O Ujjvala-nilamani aborda assuntos tão elevados que vocês jamais conseguiriam sequer imaginá-los, mesmo após milhares de vidas. Traduzo essa obra tão valiosa para as gerações futuras, e aqueles que estiverem preparados hão de experimentar nova vida ao lê-la. Apesar de minha escassa educação formal, para minha sorte, pela misericórdia do meu guru-parampara, a capacidade de traduzir e escrever comentários brota em mim como algo espontâneo. Oahu, Havaí, 11 de maio de 2002
O mundo ficará impressionado Vicitra dasi: Li em seu Brahma-samhita uma lindíssima descrição sobre os kunjas, os ermos bosques silvestres de Vrndavana. Srila Gurudeva: O mundo inteiro ficará impressionado com essa minha contribuição. Não agora, mas posteriormente se darão conta disso. Vicitra dasi: Outra pessoa já escreveu a respeito dos kunjas como o senhor tem feito, Gurudeva? Srila Gurudeva: Quem escreveu essas pérolas foram Srila Rupa Gosvami e todos os nossos acharyas – eu só faço seguir-lhes os passos! Darshana no aeroporto de Berlim, Alemanha, 7 de julho de 2003 O humor de um pregador 10
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Tratando os livros como nossos shiksha-gurus Ninguém tem como contestar meu coração se ele aceita Sri Rupa Gosvami e seus ensinamentos como meus shiksha-gurus. Se reconheço Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja como meu shiksha-guru, não há quem possa se opor a isso. Assim deve ser o vínculo entre nosso coração e Srila Gurudeva. Os livros dos Gosvamis são como nossos shiksha-gurus. Devemos dedicar-lhes o mesmo tratamento que devotamos aos nossos shiksha-gurus, prestando-lhes pranamas, e só então devemos lê-los. Se tivermos essa atitude, compreenderemos todo o siddhanta, que brotará espontaneamente em nosso coração. É este o processo de ler os livros – não somente lê-los, senão que servi-los. Não pensem jamais em “comer” prasadam. Certa vez, alguém me perguntou se eu queria comer algo, ao que respondi que, em toda a minha vida, eu nunca comera nada. “Mas como ainda está vivo?” perguntou-me ainda, e eu lhe disse que continuo vivo porque “sirvo” à prasadam. Procurem ser assim. Não “cantem” Hare Krsna, “sirvam” Hare Krsna e mahaprasadam. Ao lerem tais obras, não as “leiam”, sirvam-nas. Prestem-lhes pranama, toquem-nas na testa e no coração e orem: “Ó Prabhu, você é Krsnadasa Kaviraja Gosvami em pessoa. Por favor, tenha misericórdia de mim”. Eis como devemos ler esses textos sagrados. Quando estiver lendo o diálogo entre Sri Caitanya Mahaprabhu e Raya Ramananda às margens do Godavari, você poderá pensar assim: “Estou às margens do Godavari, onde estão sentados Raya Ramananda e Mahaprabhu. Cá estou eu pacificamente com eles, ouvindo a conversa dos dois. Ó Mahaprabhu, ó Raya Ramananda Prabhu, por favor, sejam misericordiosos 11
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comigo – borrifem sua misericórdia sobre mim de modo que eu compreenda esse siddhanta tão elevado”. Se não orarmos dessa maneira, ficaremos sem entender muita coisa e sem sanar nossas dúvidas. Srila Krsnadasa Kaviraja Gosvami nunca teve a oportunidade de estar na presença de Srila Rupa Gosvami, Srila Sanatana Gosvami, Srila Gopala Bhatta Gosvami ou Srila Ragunatha Bhatta Gosvami. Ele esteve pessoalmente apenas com Srila Ragunatha Dasa Gosvami e Srila Jiva Gosvami. Assim sendo, como pôde afirmar no Caitanya-caritamrta que tais vaisnavas são seus shiksha-gurus? Acontece que, como tudo o que Srila Ragunatha Dasa Gosvami vibrava em seu coração provinha do coração de Srila Rupa Gosvami, ele teve como compartilhar aquelas joias de sabedoria com Krsnadasa Kaviraja Gosvami. Krsnadasa Kaviraja adquiriu rasa-tattva de Ragunatha Dasa Gosvami, ao passo que Srila Jiva Gosvami lhe concedeu todo o siddhanta. De onde veio aquele siddhanta? Srila Gopala Bhatta Gosvami recolheu o siddhanta perfeito de todas as escrituras, tais como os Vedas, as Upanisads e o Vedanta, a partir do que fez algumas anotações. Contudo, ele não as dispôs de forma organizada – quem se encarregou disso foi Srila Jiva Gosvami. Em suma, tudo provém da iniciativa desses grandes vaisnavas. Srila Sanatana Gosvami escreveu muitos livros, entre eles, o Sri Brhad Bhagavatamrta, a essência do qual Srila Ragunatha Dasa Gosvami colheu para, então, compartilhá-la com Srila Krsnadasa Kaviraja Gosvami. Esses grandes vaisnavas apreenderam todo o conhecimento que receberam de forma diferente, e não como nós, que pensamos assim: “Krsna é meu shiksha-guru e Rupa Gosvami também, mas não me interessa seguilos ou colher a essência de seus ensinamentos”.
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Na verdade, seguir um guru de coração é aceitar shiksha, ou seja, aceitar suas orientações. Foi por isso que Krsnadasa Kaviraja Gosvami escreveu em seu Sri Caitanya-caritamrta, Adi-Lila 1.36-37: śrī-rūpa, sanātana, bhaṭṭa-raghunātha śrī-jīva, gopāla-bhaṭṭa, dāsa-raghunātha “Meus mestres espirituais instrutores são Rupa Gosvami, Sri Sanatana Gosvami, Sri Bhatta Raghunatha, Sri Jiva Gosvami, Sri Gopala Bhatta Gosvami e Srila Raghunatha dasa Gosvami”. ei chaya guru—śikṣā-guru ye āmāra tāṅ’-sabāra pāda-padme koṭi namaskāra “Esses seis são meus mestres espirituais instrutores, e por isso presto milhões de respeitosas reverências a seus pés de lótus”. Los Angeles, Califórnia, 4 de junho de 1998
Como depender dos livros Birmingham, Inglaterra,16 de junho de 2003 Hoje em dia, noto como os devotos enfrentam tantos problemas, em razão dos quais não conseguem cantar com regularidade. Por vezes, sentindo-se irritados e inquietos, deixam de adorar Thakuraji (a deidade), de cantar, de se lembrar de Krsna e de ler os livros. Cá estou para incentivá-los a não serem assim. Não sejam fracos. O sofrimento aumenta, mesmo que se faça algo para diminuí-lo. Por isso, não fiquem irritados – tratem de cantar e ler mais. Quando estiverem lendo os livros de Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja, procurem pensar assim: “Ele está me ensinando um monte de 13
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coisa”, e, ao lerem algum livro de Srila Rupa Gosvami, meditem desta forma: “Oh! Srila Rupa Gosvami fala diretamente comigo”. Se estiver lendo o Srimad-Bhagavatam, considere que Srila Sukadeva Gosvami e Srila Vyasadeva estão falando com você. Orem sempre a Krsna e a Sri Gurudeva para que jorrem misericórdia sobre suas cabeças. Com humildade e afeição Odessa, Ucrânia, 22 de setembro de 2002 Primeiramente, presto milhões de dandavat-pranamas aos pés de lótus de meu guru espiritual, nitya-lila pravista om visnupada Sri Srimad Bhakti Prajñana Kesava Gosvami. Presto os mesmos milhões de pranamas aos pés de lótus de meu siksa-guru, nitya-lila pravista om visnupada Sri Srimad Bhaktivedanta Svami Maharaja. Hoje amanheci me lembrando do meu siksa-guru, Sri Srimad Bhaktivedanta Svami Maharaja, e de sua viagem de navio aos Estados Unidos. Ele cruzou o Mediterrâneo e depois o Oceano Atlântico e, por fim, chegou a Boston. Por ordem de seu gurudeva, trouxe a mensagem de Sri Caitanya Mahaprabhu e Srila Rupa Gosvami para os Estados Unidos. Durante sua viagem atravessando mares, realizou o passatempo semelhante à atividade humana conhecida por enfermidade e aparentou estar à beira da morte. Como não tinha remédio ou médico à sua disposição naquele momento, dependia exclusivamente de Krsna. Com esse passatempo, ele demostrou estar determinado a pregar nos Estados Unidos, apesar de tamanha inconveniência. Creio que vocês só se aproximaram da consciência de Krsna por misericórdia dele. Sua pregação fez com que o mundo inteiro cantasse Hare Krsna e se lembrasse das glórias de Krsna, Jagannatha, Baladeva e Subhadra 14
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e ouvisse a mensagem de Sri Caitanya Mahaprabhu. Se não fosse por ele, que se empenhou em viajar e pregar mundo afora, ninguém fora da Índia teria conhecido esses ensinamentos. Saber que Krsna é amor e amor é Krsna é o propósito por trás dos ensinamentos de Sri Caitanya Mahaprabhu e Srila Rupa Gosvami. Radha e Krsna Se unem sob uma forma só para Se tornarem Sacinandana Gaurahari (Sri Caitanya Mahaprabhu), que manifesta a mais elevada expressão de misericórdia. Sri Caitanya Mahaprabhu viajou por toda a Índia – de norte a sul e de leste a oeste – propagando amor e afeição aonde quer que fosse. Essa também foi missão de Sri Srimad A.C. Bhaktivedanta Svami Maharaja e de todo o nosso guru-parampara. Não é nosso objetivo controlar os outros – desejamos, isso sim, conviver com todos no patamar do amor e da afeição. Não é possível atrair as pessoas para o serviço a Krsna manipulando-as ou controlando-as. Se não conseguimos sequer controlar nossa própria mente, como controlaremos os outros? Movido por Seu abundante amor e afeição, Sri Caitanya Mahaprabhu fez com que animais selvagens das florestas de Jharikhanda cantassem, juntos e por amor extático, o maha-mantra Hare Krsna. Ainda por Sua influência, transformou-se por completo o comportamento desses animais selvagens uns para com os outros. Eles passaram a viver unidos e em paz e, inclusive, bebiam das mesmas fontes dos rios, lagos e lagoas! Tal foi a misericórdia de Sri Caitanya Mahaprabhu ao rapidamente espalhar amor e afeição divinos por este planeta e pelo universo todo. O amor que Ele veio experimentar e distribuir é o prema excepcional de Srimati Radhika! Se você quer tornar sua vida exitosa, feliz e pacífica, procure direcionar seu amor e afeição para Sri Krsna e, da mesma forma que Sri 15
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Caitanya Mahaprabhu, demonstre esse mesmo amor por todos os seres vivos. Em vez de tentar controlar os demais à força ou por manipulações sutis, doese por inteiro a serviço deles. Aquele que se aproxima dos demais com amor, nada tem a pedir, mas tem tudo para dar. Se o seu objetivo for pregar o amor e a afeição puros de Caitanya Mahaprabhu, então, procure doar-se aos outros e dedique sua vida ao bemestar alheio. Essas pessoas vão corresponder a esse amor, entregando suas vidas para servirem Krsna e elas não farão isso se você tentar controlá-las. Evite criticar os outros e se empenhe na correção de seus próprios defeitos e maus hábitos. Se você quiser mostrar amor aos outros, não lhes cause nenhuma dor, nenhum sofrimento, nem os sobrecarregue em troca de sua felicidade ou manutenção pessoal. Preocupe-se apenas com a felicidade e a satisfação alheias. Queremos ser inteiramente altruístas em nossos relacionamentos e, para tal, podemos observar o exemplo da árvore: ela dá casca, raízes, frutos, folhas, madeira e sombra, oferecendo tudo aos demais sem nenhuma expectativa de recompensa. Como seres humanos, por que não podemos também ser altruístas assim? Sri Caitanya Mahaprabhu nos presenteia com este verso: tṛṇād api sunīcena taror api suhiṣṇunā amāninā mānadena kīrtanīyaḥ sadā hariḥ Śikṣāṣtaka (3) [Considerando-se inferior e mais inútil que a grama insignificante que é pisoteada por todos, sendo mais tolerante que a árvore, não tendo orgulho
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e prestando respeito a todos os demais conforme suas respectivas posições, devemos cantar o santo nome de Sri Hari o tempo todo.] Procurem seguir essa instrução. Quero que todos os meus sannyasis e pregadores compreendam e sigam este verso por inteiro e o ensinem aos outros com seu exemplo pessoal. Não quero que se comportem de forma egoísta. Doem seus corações aos outros. Estou aqui para doar meu coração, e não para tirar algo de vocês. Não pensem que precisamos pedir dinheiro a alguém. Se pregarmos altruisticamente a mensagem de Sri Caitanya Mahaprabhu, Ele, de forma automática, enviará dinheiro do céu como uma chuva. Não precisamos de forma alguma nos preocupar com essas coisas. Por favor, ouçam com muito cuidado o que lhes digo para depois não se esquecerem das minhas palavras. Não basta ouvir – todos devem anotar essas orientações e procurar segui-las. Desejo que vocês compreendam e propaguem o propósito e a missão de Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja, Srila Bhaksiddhanta Sarasvati Thakura, Srila Rupa Gosvami e todo o nosso guru-parampara. Comecem de onde Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja parou e preguem cada vez mais. Atualmente, observamos que muitos vaisnavas e sannyasis seniores estão caindo, delirando e se afastando de seu serviço devocional, abandonando seu voto de sannyasi e o voto de cantar e lembrar. Quero que nossos pregadores sejam exemplo de elevado comportamento e preguem a missão de seu Gurudeva. Se desejam ter êxito em sua pregação, abandonem o desejo de autolouvor. Não pensem assim: “Sou muito glorioso e talentoso. Posso pregar em qualquer lugar”. Ao invés disso, glorifiquem os seus diksha e shiksha-guru em toda parte. Se assim o fizerem, terão êxito e a glória acabará entrando em seu bolso. Eu percebi isso e vocês também devem se dar conta 17
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do mesmo fato. Se glorificarem seu guru-parampara, todos ficarão satisfeitos e louvarão vocês. Continuem com as suas pregações, tomando cuidado para não desejarem autolouvor. Lembrem-se de que são servos de seus diksha e shiksha-gurus e não sejam ambiciosos, tentando formar seus próprios discípulos, mas sim trazendo discípulos aos pés de lótus do seu Gurudeva. Sri Caitanya Mahaprabhu jamais Se glorificava a Si mesmo – pelo contrário, era Rupa Gosvami quem O glorificava. Rupa Gosvami jamais se autoglorificava. Jiva Gosvami, Ragunatha Dasa Gosvami, Narottama Dasa Thakur e Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura foram os que louvaram Rupa Gosvami ao escreverem sobre suas glórias. Em sua obra Sri Prema-bhakti-chandrika (1.38), Srila Narottama Dasa Thakura escreve: śrī-caitanya-mano-‘bhīṣṭaṁ sthāpitaṁ yena bhūtale svayaṁ rūpaḥ kadā mahyaṁ dadāti sva-padāntikam [Quando será que Sri Rupa Gosvami me concederá o refúgio de seus pés de lótus? Tendo entendido o desejo do âmago do coração de Sri Caitanya Mahaprabhu, ele conseguiu consolidar Sua missão neste mundo e é queridíssimo do Senhor Krsna]. Srila Bhaktivinoda Thakura nunca escreveu algo sobre si mesmo, porém, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Prabhupada escreveu muitíssimo sobre Srila Bhaktivinoda Thakura e Srila Goura Kisora Dasa Babaji Maharaja. E quem revelou as glórias do nosso Srila Prabhupada, Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura? Meu Gurudeva e outros discípulos, que escreveram extensivamente a respeito de seu Guru Maharaja. Eu escrevi um
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livro poderoso e autêntico sobre meu gurudeva, Sri Srimad Bhakti Prajñana Kesava Gosvami. Não tenho desejo de me glorificar a mim mesmo porque sou inútil, não sou nada mais do que palha seca, mas posso falar, contudo, da misericórdia do meu gurudeva e do meu guru-parampara. Não sou digno nem qualificado e tudo que tenho conquistado foi pelo desejo deles que atuam por meu intermédio. Sou como uma caneta que não tem capacidade de escrever por si só. Alguém precisa usá-la. Tudo quanto meu gurudeva, meu guru-parampara e Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja querem escrever, eu escrevo por eles. Tenho plena compreensão de minha insignificância, razão pela qual não devo receber crédito algum pelo que faço. Sem cantar, lembrar, conhecer-se a si mesmo enquanto alma, conhecer a Superalma e o Supremo Senhor Sri Krsna, você não conseguirá ser feliz. Mesmo que lance foguetes ao espaço e viaje para a lua ou para o sol, ou se conseguir qualquer outra coisa neste mundo – nada disso o fará feliz. Atitude inspiradora Darshana - Kuala Lumpur, Malásia, 17 de abril de 2007 Perguntei a Giri Maharaja: “Como podemos identificar quem prega bem?” Como ele não me pôde responder, esclareci que prega bem qualquer um – sannyasi, brahmachari, brahmacharini ou chefe de família – que inspire muitas pessoas a serem devotos e as inspire a tomar harinama e diksa. Há também os que distribuem livros e pregam de tal maneira que outros se sintam inspirados, por sua própria conta, a doar para os meus projetos maiores, como a publicação de livros, o nosso novo templo em Navadvipa e os centros de pregação aqui e acolá. Essas pessoas também 19
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pregam bem. O pregador deve inspirar as pessoas de tal maneira que elas próprias se prontifiquem a doar. A salvação do escorpião Murwillumbah, Austrália, 6 de fevereiro de 2001 Certa vez, dois santos, aproximando-se da margem de um rio, viram um escorpião afogando-se em sua corrente. Um dos santos pegou o escorpião e o colocou na palma da mão para salvá-lo, mas o escorpião deu-lhe uma picada e caiu de novo nas águas do rio. O santo resgatou o escorpião outra vez, porém, o escorpião deu-lhe outra picada e, mesmo assim, o santo tornou a salvá-lo! O amigo do santo disse-lhe: “Por que você está fazendo isso? Vamos embora daqui. Não tente salvá-lo mais. Deixe que ele morra!” E o outro respondeu: “Se o escorpião não deixa de lado sua natureza agressiva, por que devo eu me privar de minha natureza de salvador?”, e foi mais uma vez ajudar o escorpião. Peço-lhes que se tornem como esse santo. Se alguém fizer alguma coisa contra vocês, não se vinguem. Se algum sofrimento lhes sobrevier, tolerem-no. A tolerância é uma qualidade elevadíssima própria dos devotos. Saboreando a magia de doar Nova Iorque, 25 de maio de 1998 (Srila Gurudeva conta-nos este caso para demonstrar que podemos mudar os corações das pessoas ao trazê-las para a consciência de Krsna – basta que ocupemos a energia dessas pessoas agora condicionadas a serviço de Hari, Guru e vaisnavas, quer elas saibam, quer não.)
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“Não existe apenas um mundo – há milhões e milhões de mundos, pelos quais a alma espiritual eterna transmigra sob diversas espécies de vida, ora como ser humano, ora como árvore, trepadeira ou animal. Se tiver conquistado boa fortuna enquanto transmigrar assim, ela entrará em contato com devotos puros. E como se dá essa boa fortuna? Torna-se afortunado quem realizou alguma atividade relacionada a Krsna e Seus companheiros ou a qualquer pessoa ou qualquer coisa ligada a Krsna, como, por exemplo, Tulasi devi, Seus templos e Sua terra (Vrndavana-dhama, Navadvipa-dhama ou Puri-dhama). Eis um exemplo de como alguém conquista semelhante boa fortuna: Certo santo vaisnava mendigava de porta em porta por toda a Vrndavana, em Vraja-mandala, pedindo capatis, arroz ou algum outro alimento, e, ao se aproximar das residências, exclamava: “Hare Krsna Hare Krsna, Krsna Krsna Hare Hare, Hare Rama Hare Rama, Rama Rama Hare Hare”. Por vezes, exclamava “Radhe Shyama, Radhe Shyama!” e, em outras ocasiões, “Radhe Radhe, Radhe Radhe!” Assim, ele vivia absorto cantando “Radhe, Radhe, Radhe!”
Certa vez, ele se aproximou da porta de uma
senhora muito zangada. Como não queria ouvir “Radhe, Radhe” ou “Hare Krsna”, ela o repreendeu. “Não volte mais à minha porta, senão, quebrarei essa bengala nas suas costas! Lembre-se sempre disso! Não volte à minha porta jamais”. Mas o vaisnava voltou no dia seguinte e no mesmo horário, exclamando “Radhe Syama, Radhe, Radhe!” e cantando “Hare Krsna Hare Krsna, Krsna Krsna Hare Hare, Hare Rama Hare Rama, Rama Rama Hare Hare”. Furiosa, aquela senhora tornou a repreendê-lo. Por isso, ele foi embora, mas regressou no terceiro dia. A senhora pensou: “Não sei por que ele volta apesar de eu o repreender? Deve ser porque quer algo para comer”. Quando o santo vaisnava retornou, ela limpava um cômodo da casa, usando estrume de vaca com água. Ela o repreendeu de novo, dizendo: “Você 21
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novamente?!” Pegando o pano imundo com aquela água da limpeza, jogouo contra o vaisnava! Muito satisfeito, o sadhu aceitou o pano, levando-o para a beira da Yamuna. Ali, lavou-o até que ficasse limpo e macio. Aquele santo vaisnava pegou o pano já seco e o rasgou em pequenas tiras, fazendo com elas mechinhas untadas em ghee que outra pessoa lhe doara. Com aqueles pedacinhos de pano embebidos em ghee, ofereceu arati (cerimônia de adoração) à sua Deidade. No quarto dia, retornou à casa da mesma senhora e exclamou: “Hare Krsna Hare Krsna, Krsna Krsna Hare Hare, Hare Rama Hare Rama, Rama Rama Hare Hare”. Agora, completamente transformada, a senhora disse ao vaisnava: “Ó Baba (respeitável sadhu), espere um minuto que já vou”. Deu-lhe capati e ele, muito contente, aceitou o alimento. Eis um exemplo de sukrti (atividade piedosa espiritual, realizada sabendo-se disso ou não, que cria impressões espirituais no coração do praticante e aos poucos o capacita a praticar bhakti). Como ‘dera algo’ àquele santo, que ele usou a serviço de Krsna, ela logrou aproximar-se de bhakti! Não consideremos ninguém como nosso inimigo Cessnock, Austrália, 20 de janeiro de 2000 Se alguém o insulta, espanca ou abusa de você de alguma forma, não pense que essa pessoa é seu inimigo. Seus inimigos são suas próprias atividades. Como deverão ser as suas atividades doravante e no futuro? Não critique, não ofenda, não faça nada de errado. Caso contrário, suas atividades voltar-se-ão contra você e lhe causarão sofrimento. Ninguém é seu inimigo neste mundo.
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Sri Narada Gosvami costumava visitar o palácio de Kamsa Maharaja, que pensava assim: “Ele é meu guru”. Em seguida, Narada Rsi visitava Vasudeva Maharaja, que também pensava: “Ele é meu guru”. Certa vez, Narada Rsi foi ter com Kamsa. “Ó rei!” disse-lhe ele, “o que o faz esperar? Por que não mata logo todos os filhos de Vasudeva? O que fará quando eles todos vierem ao seu encontro? Fui a Kailasa, onde presenciei o concílio dos semideuses conspirando contra você e planejando matá-lo. Agora, os semideuses nasceram nas dinastias Yadu e Vrsni, e haverão de matá-lo se você não tomar cuidado”. Depois disso, quando ele foi visitar Vasudeva Maharaja, disse: “Ah... não se preocupe. O seu tempo de provações já passou. Muito em breve, o oitavo filho de Devaki matará Kamsa. Por isso, espere só mais um pouco. Não se sinta tão fraco”. Narada Rsi sabia de tudo! Portanto, procurem fazer bhajana sempre, sem jamais pensar: “Ah... ele me insultou – é meu inimigo. E aquele é meu amigo”. Não pensem assim. Nossos únicos amigos são Krsna e Guru. É muito difícil, muito raro encontrar um devoto de verdade que seja amigo de verdade, que lhe faça o bem, que pense no seu bem-estar sem nutrir algum desejo de ganho pessoal. Sua esposa, seu filho e seus amigos sempre tenderão a enganá-lo, procurando desfrutar de seu próprio prazer dos sentidos. Não por você, não para que você seja feliz. Procurem inteirar-se dessas verdades. A riqueza também não poderá salvá-lo. Concentre sua atenção em Sri Krsna que assim será muito feliz sem enfrentar problemas. Seu único problema passará a ser: “Oh! Como faço para conquistar Krsna? Oh! Onde está Vrajendra-nandana (Sri Krsna, o filho do rei de Vraja)? Onde está Vrajendra-nandana? Onde está Radhika?”
Com sentido de fraternidade 23
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[Durante uma conversa de Srila Gurudeva com Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja (Srila Prabhupada), um pouco antes de sua partida divina deste mundo em novembro de 1977, Srila Prabhupada pediu a Srila Gurudeva que ajudasse seus discípulos. A seguir vai um trecho da memória de Srila Gurudeva daquela conversa, conforme foi publicado em seu livro Meu Siksa-guru e Priya-bandhu:] Então, ele, Svami Maharaja, me disse: “Quero que você me ajude a cuidar de meus discípulos. Quero que eles sejam devotos bons e qualificados. Se eles o procurarem, por favor, cuide deles”. Como vários de seus discípulos estavam por perto, ele sussurrou em bengali no meu ouvido: “Quando fui para o Ocidente, capturei um monte de macacos com a minha rede. Na verdade, eles têm muita experiência em brigar entre si como se fossem macacos. Ainda são muito jovens e destreinados. Por isso, peço-lhe que, após minha partida, você os ajude em tudo que for possível”. Então, eu lhe disse: “Quero dizer-lhes algo”, e ele (Srila Prabhupada), sentindo-se inspirado, pediu para eles se aproximarem: “Atenção, todos vocês, aproximem-se e ouçam Narayana Maharaja. Por favor, guardem no coração o que ele tem a dizer”. Aí, eu disse àqueles discípulos de Prabhupada: “Não pensem que Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja vai partir deste mundo. Gurudeva é eterno. Vocês são muito afortunados de terem um guru tão fidedigno, um guru vaisnava. Por isso, procurem pregar a missão de Srila Svami Maharaja com cada vez mais entusiasmo. Se tiverem interesse em coisas materiais, acabarão se flagrando brigando por nome, fama e lucro mundanos. Agindo assim, estarão errados – não estarão seguindo os ensinamentos de seu Gurudeva nem cumprindo sua missão. Logo, não busquem satisfazer seus próprios interesses. Abandonem tais coisas. Para servir a Srila Svami Maharaja e pregar sua missão, estejam unidos com todos os devotos. Não 24
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briguem entre si por coisas insignificantes. Não expulsem ninguém da missão nem critiquem ninguém. Comportando-se como amigos, com fraternidade, conseguirão pregar. Se tiverem dificuldade com essas coisas, então, como é pedido de Srila Svami Maharaja, venham até mim que eu tentarei ajudá-los do fundo do meu coração”. Isso que eu falei para eles ficou gravado em fita cassete. Srila Svami Maharaja virou a cabeça devagar, olhando para os devotos reunidos em volta dele. Então, ergueu a mão aos poucos, como que para chamar a atenção deles, e disse: “Deem ouvidos a Narayana Maharaja. Não briguem entre si. Eu já lhes dei toda a orientação em meus livros”. Depois, abaixou a mão. Compadecido de todos os seres vivos Palestra do Raya Ramananda Samvada – Mauí, Havaí, 24 de maio de 2000 Certa vez, muitas pessoas com pedras nas mãos se aglomeraram querendo matar um homem de mau caráter. Sentindo-se atraído por uma mocinha, esse homem a agarrara e fizera coisas terríveis com ela. Por isso, todos agora queriam matá-lo apedrejando-o. Naquele momento, Jesus Cristo apareceu ali e lhes disse: “Oh! Ouçam-me primeiro. Também quero que vocês matem essa pessoa por apedrejamento. Também trago minha pedra. Vamos atirar pedras contra ele juntos para matá-lo. Mas, primeiro, por favor, ouçam-me. Apenas aqueles de vocês que não têm culpa do mesmo crime têm permissão para atirar sua pedra. Quem quer que seja culpado de ter feito algo ruim, quem quer que tenha cometido o mesmo delito que essa pessoa não pode atirar pedra alguma”. Todos eles de repente estacaram. Ninguém ali era puro de coração e livre da culpa do mesmo crime. Embora constatemos alguma misericórdia nessa história, devemos procurar compreender que não se trata de misericórdia de verdade. O Senhor 25
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Supremo cria todas as criaturas – árvores, insetos, peixes, vacas e todos os outros seres vivos. Em cada corpo, lá está a alma. É um equívoco pensar que a alma está apenas no corpo humano, e por isso devemos só servir a raça humana. O que Florence Nightingale e Madre Tereza faziam? Serviam a todos os doentes e os pobres, mesmo os leprosos. Contudo, davam-lhes bife, carne, peixe e vinho, julgando não haver mal nisso. Não sabiam que, tanto como os seres humanos, o peixe, as vacas e todos os outros seres também têm vida. Não estamos autorizados a matar nenhum ser vivo, nenhuma das espécies de vida, porque todos eles são filhos e filhas da Suprema Pessoa Divina, que jamais gostaria de ver esses seres vivos sendo mortos. A vaca é como nossa mãe. Ela nos dá leite sem considerar nossa casta ou credo. Ela dá leite a todos – muçulmanos, indianos, americanos ou nativos de qualquer outro país. Podemos, portanto, compará-la à mãe que amamenta o filho. Se alguém pega um bezerrinho e o mata por sua carne, isso é misericórdia? Eu fui ao Vaticano e fiquei feliz de ver um grande monumento ali. Havia centenas de milhares de peregrinos, todos prestando seus respeitos, e eu também quis prestar meus respeitos: “Ó Jesus Cristo, quão glorioso você é!” De repente, vi uns bezerrinhos bem bonitinhos de apenas dois ou três dias de idade. Perguntei: “Por que esses bezerrinhos estão aqui?” Ao que um de meus discípulos disse: “O senhor não sabe? O papa gosta de comer a carne dos bezerrinhos. Ele convida seus amigos, e todos acabam comendo daquela carne”. A partir de então, comecei a odiar aquele lugar. “Não devemos ficar nem mais um instante aqui”, disse eu. “Essas pessoas são cruéis açougueiros. Não têm pena nem misericórdia dessas vacas e bezerrinhos, nem de ninguém mais”.
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O que são os ovos? Se você quer comer ovos, basta tirar um óvulo do ventre de sua mãe. O óvulo também é um tipo de ovo. Por isso, não devemos nos alimentar com essas coisas. Pelo contrário, precisamos saber que a alma está em toda parte, não apenas no corpo humano. Logo, servir só à humanidade não é servir à Suprema Pessoa Divina. É essencial saber disso. Não critiquem jamais Quero que vocês preguem minha missão como o fizeram os discípulos de Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja. Seus discípulos pregaram em toda parte, distribuindo seus livros. Também quero que vocês preguem em toda parte por intermédio dos livros. Distribuam os livros de Bhaktivedanta Svami Maharaja e os meus livros. Vão a aeroportos, portos, escolas, faculdades, rua a rua, porta a porta – e difundam a missão de Sri Caitanya Mahaprabhu. Cantem harinama e sejam felizes. Mas prestem atenção – demonstrem o devido respeito a seus superiores. Façam isso sem falta. Não critiquem vaisnava algum. Prestem o devido respeito mesmo àqueles que cantam o santo nome sem ter competência. Não critiquem jamais. Dessa maneira, procurem seguir o terceiro verso do Siksastaka: trnad api sunicena taror api sahisnuna amanina manadena kirtaniyah sadah harih Sejam humildes, mais ainda do que uma folha de grama. Sejam tolerantes, mais ainda do que uma árvore. Se atirarem uma pedra contra uma árvore, ela reagirá dando-lhes doces frutas. As árvores não pedem água nem nada para si mesmas. Elas servem a todos os demais com sua casca, suco, sombra, frutos, flores e folhas. Tudo quanto elas têm é para os outros.
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Os vaisnavas também devem ser assim. Não desejem seu próprio louvor – muito pelo contrário, honrem os demais conforme suas competências. Dessa maneira, preguem minha missão como o fizeram os discípulos de Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja. Eles pregaram em todos os cantos, tanto que, em questão de poucos anos, todos conheciam “Hare Krsna, Hare Krsna”. Que maravilha! Ele (Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja) traduziu inúmeros livros, estabeleceu centros de pregação no meio dos oceanos, no meio das florestas e praticamente em todos os outros lugares. Procurem fazer isso. Assim, serão felizes e todos os demais, também.
Como pregar com eficiência Costa Norte do Havaí, 31 de janeiro de 2007 Radha-kantha dasa: Srila Gurudeva, qual o senhor diria ser a qualidade mais importante para se pregar a mensagem de Sri Caitanya Mahaprabhu com
eficiência?
Humildade,
compaixão,
conhecimento,
bhakti,
entendimento? Srila Gurudeva: bharata-bhumite haila manusya janma yara janma sarthaka kari’ kara para-upakara Sri Caitanya-caritamrta (Adi-lila 9.41) “Para alguém que tenha nascido como ser humano na Índia (Bharata-varsa), ter sucesso na vida significa, sobretudo, atuar em benefício de todas as demais pessoas”.
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Quem prega pensa assim: “Neste mundo, todas as jivas, todo mundo está esquecido de Krsna”. Tanto Sri Caitanya Mahaprabhu quanto Sri Krsna dizem: “Primeiro, ouçam as orientações de gurudeva e, em seguida, pratiquem kirtana”. Kirtana quer dizer “pregar”, coisa que se deve fazer com humildade: trnad api sunicena taror api sahisnuna amanina manadena kirtaniyah sadah harih “Julgando-nos inferiores e mais insignificantes que a grama que é pisoteada por todos, sendo mais tolerantes que a árvore, não tendo orgulho e prestando respeitos a todos conforme suas respectivas posições, devemos cantar o nome de Sri Hari sem parar”. Não devemos pensar assim: “Ah! Agora sou guru”. Ao invés disso, devemos pregar conforme a ordem de nosso gurudeva. É essencial que vocês conheçam os ensinamentos de seu gurudeva – todo o tattva (as verdades filosóficas consolidadas), por exemplo, krsnatattva, jiva-tattva, maya-tattva, radha-tattva, e o caminho pelo qual possam escapar de maya. Como pode alguém pregar se desconhece esses tattvas? É melhor vocês lerem a primeira e a segunda parte do Jaiva-dharma – assim, aprenderão a pregar. Quanto à terceira parte, leiam-na para o seu próprio benefício espiritual, e não para pregar. O humor em relação ao dinheiro Badger, Califórnia, 4 de junho de 2002 Devoto: Na época da ISCKON, todo o sucesso da distribuição de livros, e a consequente profusão de dinheiro, acabou tornando-se o maior perigo. Foi isso que causou o problema do controle e das brigas internas.
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Srila Gurudeva: Não faremos do dinheiro o foco de nossa atenção. Como gastamos tudo que arrecadamos em benefício de Krsna, não temos problema. Além disso, a distribuição de livros ajudará os devotos a subsistirem. Se eles forem sinceros, nada disso os afetará. Porém, se não forem sinceros, tudo os importunará. Syamarani dasi: Tenho uma pergunta em relação aos devotos que vendem livros para o seu sustento. O senhor acaba de perguntar a Radha-kanta Prabhu (naquele momento, o coordenador de todas as vendas de livros de Srila Gurudeva nos EUA) se os preços dos livros são baixos o suficiente para que os devotos possam ter lucro e subsistirem. Como pode um devoto saber que: “Estou me mantendo com a distribuição de livros” e, ao mesmo tempo, ter um coração puro e compaixão pelas pessoas para quem vende os livros? Srila Gurudeva: Isso é muito fácil. Se entreguei meu coração a meu Gurudeva, vivo de seus remanentes e penso que ele com certeza haverá de me manter e nutrir. Que problema há nisso? Você entende o que estou lhe dizendo? Se sou vendido a Gurudeva e a Krsna, não será problema haver um interesse em separado, e isso não causará ansiedade. Se o serviço é praticado da maneira correta, se é praticado segundo o processo correto, se o discípulo oferece seu coração aos pés de lótus de Gurudeva, ele sabe que Gurudeva haverá de mantê-lo e nutri-lo. A quem mais ele vai recorrer? Por isso, o fato de um devoto se manter por intermédio da distribuição de livros não representa problema algum – mas ele deve ser cem por cento rendido. Syamarani didi: Enquanto fala com alguém com o intuito de vender-lhe um livro, o devoto não precisa ter em mente que tira seu sustento dessa atividade?
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Srila Gurudeva: Isso está fora de cogitação. Quando estávamos com nosso Gurudeva, jamais pensávamos: “Oh! Tiramos nosso sustento do serviço”. Considerávamos, isso, sim, que pertencíamos totalmente a Gurudeva. Devoto (1): Um dos problemas que surgiu com a distribuição de livros na ISCKON foi a motivação do lucro, em razão da qual os devotos diziam falsidades para as pessoas nas ruas. Devoto (2): Mas agora toda a ideia em torno da distribuição de livros está mudando. Devoto (3): Tentar regulamentar qualquer coisa é problemático, pois os devotos vivem circunstâncias distintas no mundo inteiro. Acaba que há a tendência a fazer as coisas de qualquer maneira. Srila Gurudeva: Queremos resolver tudo com base no amor e na afeição, e pronto. Los Angeles, Califórnia, 11 de maio de 2003 Quero que todos vocês me ajudem a distribuir livros, e também podem manter algum lucro para poderem viajar de um lado a outro. Para compreender o néctar a fundo Hrdaya Govinda dasa: Srila Gurudeva, o senhor tem nos orientado há muitos anos quanto à distribuição de livros e a trazermos devotos para conhecê-lo. Pelo que percebo, sobretudo nessa área aqui em São Francisco, muitas pessoas têm fome dos seus livros. Srila Gurudeva: Peço-lhes que se levantem agora aqui na sala e falem sobre isso. Vocês têm todo o meu apoio! Hrdaya Govinda dasa: Mas eu tenho uma pergunta. Quando ainda estava entre nós, nosso Srila Prabhupada costumava dizer que, se um discípulo lhe 31
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fizesse uma oração, ele lhe delegaria poderes para distribuir mais livros. Como é que funciona isso, Srila Gurudeva? Srila Gurudeva: Ele os inspirava. Além de distribuir livros, os devotos também devem assimilar o néctar desses livros. Se não lerem, sua distribuição de livros será apenas karma, atividade fruitiva em busca de ganho pessoal. Orgulho do Guru Devoto: Srila Gurudeva, tenho uma pergunta sobre distribuição de livros. Srila Prabhupada nos pediu para distribuir livros, a ISCKON tem feito isso e eles têm orgulho de distribuir meio milhão de Gitas a cada ano. Há algum benefício nisso? Srila Gurudeva: Sim, claro. Se você serve a seu Gurudeva e se orgulha dele do fundo do coração, que mal há nisso? Sripad Madhava Maharaja: Quem quer que leia os livros será beneficiado, e por isso os distribuidores também o serão. Pregar com ousadia Mensagem de despedida Murwillumbah, Austrália, 20 de janeiro de 2000 Preguem com ousadia. As moças devem ser fortes como Draupadi. O pai de Draupadi, Drupada Maharaja, construiu uma pilastra, na qual ele instalou um cakra móvel. Nesse cakra havia um peixe, que tinha dois olhos, é claro. Então, ele se dirigiu a um grupo de ksatriyas, que mais tarde expressariam o desejo de se casar com Draupadi. “Hei de casar minha filha”, disse-lhes ele, “com aquele que conseguir acertar no olho do peixe olhando
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para esse cakra móvel mas pelo reflexo do peixe no pote de óleo que está aqui no chão”. Fixada a data do encontro, todos os ksatriyas encaminharam-se ao palácio do rei Draupada – todos os Kauravas, Duryodhana, Karna, Bhisma Pitamaha, bem como Krsna e Baladeva. Arjuna e os demais Pandavas também compareceram, só que disfarçados de brahmanas. Os ksatriyas tentaram atingir o alvo, mas nenhum deles teve sucesso. Vendo Bhisma Pitamaha pegar seu arco, já prestes a atirar a flecha, Draupadi logo se levantou e lhe disse: “O senhor quer se casar comigo? Por que o senhor está fazendo isso?” “Estou fazendo isso por Duryodhana”, respondeu ele. “Oh! Por favor, sente-se, Bhisma Pitamaha”, disse ela com ousadia. Então, Karna levantou-se para tentar acertar o alvo, mas Draupadi teve a ousadia de lhe perguntar: “Quem é você? Qual é o seu nome? Quem é o seu pai?” Karna ficou perturbado, mas Draupadi prosseguiu: “Não quero me casar com você, pois você é um desconhecido. Nem sequer conheço a identidade de seu pai ou de sua mãe. Se você é ksatriya e forte de verdade, então, me diga quem você é. Se não me responder, não quero me casar com você. Vou achar que você é um sudra-putra, filho de um quadrigário ou de um serviçal qualquer”. Ninguém jamais falara com Karna daquela maneira em toda a vida dele. Sentindo-se insultado e raivoso, ele atirou seu arco e flecha ao solo e disse: “Hei de me vingar disso, tenho que me vingar disso!” Krsna observava tudo. Ele poderia ter acertado no olho do peixe – afinal, era um arqueiro melhor que Arjuna, Bhisma Pitamaha e todos os demais. Mas Ele e Baladeva Prabhu, sentados, só fizeram observar. 33
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Pretendiam dar uma oportunidade àquele jovem “brahmana”, Arjuna. Quando o jovem “brahmana” se aproximou, todos perguntaram a Draupadi: “Quem é ele? Você vai se casar com um brahmana?” E ela disse: “Sei que ele não é brahmana”. “Como você sabe?” “Dá para notar”. Arjuna encaminhou-se, então, à arena e acertou a flecha no olho do peixe com toda facilidade. Todos os reis presentes sentiram vontade de atacar Arjuna. “Ele vai levar Draupadi à força”, disseram. Mas Krsna e Baladeva levantaram-Se em seguida e disseram àqueles reis: “Se vocês querem lutar, podem vir que estamos prontos”. Assim, Draupadi foi muito ousada. Sejam ousadas como Draupadi, não pensem que são apenas mocinhas, senhoras. Preguem com ousadia e retidão. Procurem pregar e distribuir livros. Assim, voltaremos a pregar no mundo inteiro. Todos os meus livros em todos os idiomas Após sua palestra noturna Odessa, Ucrânia, setembro, 2008 (Ao final da palestra de Srila Gurudeva na primeira noite de seu festival de hari-katha em Odessa, Ucrânia, Rasa-sindhu dasa apresentou à audiência a tradução para o russo do Sri Vraja-mandala Parikrama e alguns outros livros em áudio e cd. Depois, Srila Gurudeva comentou o seguinte:) Quero todos os meus livros, mais de cem títulos, traduzidos para o russo, o espanhol, o chinês e todas as demais línguas do mundo. Assim,
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vocês poderão distribuí-los. Quero meu Jaiva-Dharma, Bhagavad-gita, Bhajana-rahasya e todos os outros livros traduzidos para todos os idiomas. Esvaziem os estandes de livros Verbania, Itália, 29 de junho de 2008 Rama-kanta dasa: Srila Gurudeva, qual é o melhor método para os seus devotos da Holanda pregarem e trazerem cem devotos aos seus pés de lótus em Kartika? Srila Gurudeva: Façam como eu faço. Sigam-me e a todos aqueles que pregam em meu nome. Realizem nagara-sankirtana (cantar nas ruas, nos parques e noutros logradouros públicos); deem aulas como as aulas que nós damos aqui; saiam e distribuam livros; vão de porta em porta e falem harikatha. Este é o processo. Meu estande de livros está ali. Peço-lhes encarecidamente que o deixem vazio. Levem os livros e distribuam-nos a seus amigos e outras pessoas, e façam a mesma coisa com meus pôsteres. Distribuímos todos os livros do estande em Badger. Mas, que pena, eles ainda continuam no estande. Acho que talvez os devotos aqui não sejam qualificados para adquirir os livros, e por isso não querem comprá-los. Quero que isso aconteça hoje, caso contrário, não vou considerar que vocês sejam devotos puros. Vou achar que vocês não querem satisfazer meus desejos... Nosso estande de livros está ali nos fundos da sala [Ao final de uma de suas aulas em Karttika no Gopinatha Bhavan, Vrndavana, Srila Gurudeva fez o seguinte anúncio:] Nosso estande expondo nossos livros está ali no fundo da sala, e eu lhes peço que comprem os novos livros. [E aí ele próprio levantou com a mão a revista Rays of the Harmonist recém-publicada:] Há muitos livros 35
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novos ali, bem como esta – que é a melhor das revistas no mundo inteiro. Ela é melhor que a revista Volta ao Supremo publicada hoje em dia. É como aquelas revistas publicadas na época de parama pujyapada Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja. Todos vocês, por favor, peguem uma cópia para si e dez cópias para seus amigos. Há tantas pessoas abastadas, tantas pessoas ricas aqui, e eu peço a cada uma delas que se prontifiquem a ajudar nossos projetos e a publicar os livros. Essas pessoas ricas, bem sei eu, não estão atrás de fama e reconhecimento, logo, podem ajudar os projetos secretamente, sem fazer alarde. Após a palestra noturna Vrndavana, Índia, 11 de outubro de 2003 Quero que as pessoas tenham esses livros A distribuição de livros é uma faceta muito importante da pregação. Apesar de pregarmos bastante, pode ser que muito do que falamos “evapore no éter”. Com a publicação e distribuição de livros, por outro lado, nossa pregação é sólida. Agora estamos publicando muitos livros e, assim como vocês ficavam muito inspirados ao distribuírem os livros de Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja, o seu Srila Prabhupada, quero que vocês todos também distribuam meus livros, que são complementares aos livros de Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja. Já publicamos mais de quarenta livros, e agora estamos nos preparando para publicar o Sri Ujjvala-nilamani e o Sri Bhajana-rahasya. Quero fazer um plano para distribuir esses livros, e acho que será muito fácil vocês darem alguma atenção a este projeto. Para vocês, é fácil distribuir duas, cinco ou seis cópias de cada título. Niscintya Prabhu e Radha-kanta Prabhu lhes explicarão como é fácil fazer isso. 36
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Se vocês o fizerem, isso trará muito satisfação para parama pujyapada Srila Svami Maharaja, e também me trará muito prazer, além de ser muito útil para os devotos. Não quero distribuir esses livros com o objetivo de fazer dinheiro. Quero que as pessoas tenham os livros para que constatem quão gloriosos eles são e, por valorizá-los, evoluam em bhakti. Este será o seu serviço [Ao final de uma palestra em seu festival de hari-katha nas Filipinas, Srila Gurudeva aconselhou sua audiência de cento e cinquenta devotos e convidados da seguinte maneira:] Peço-lhes que leiam os meus livros e os livros de Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja. Vocês também devem distribuir esses livros. Este será o seu serviço. Syamarani tem pintado vários quadros de Krsna, e outros temas. Vocês também podem vender essas pinturas. Este será o seu serviço. Após a palestra Cebu, Filipinas, 19 de janeiro de 2009 “Acho que meus discípulos não estão agindo tão bem como os discípulos de Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja. Durante sua presença manifesta neste mundo, suas discípulas, então jovens mocinhas, iam aos aeroportos, às escolas, às faculdades, praticamente a todo lugar. De alguma forma, a minha distribuição de livros também está acontecendo, mas não como na época de Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja. Seus discípulos não eram tímidos em nada, eles iam a toda parte. Meus discípulos, tanto os rapazes quanto as moças, devem pregar exatamente assim”.
Discurso no dia do advento de Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja
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Mathura, Índia, 25 de agosto de 2008 Todas as minhas filhas devem pregar [No começo de sua aula vespertina, Śrīla Gurudeva pediu a sua discípula, chamada Dāmodara-priyā dāsī, que estudava direito na universidade, falasse em sua audiência de quatrocentos devotos e convidados. Ela jamais havia falado sobre Kṛṣṇa em um fórum público como aquele daquela noite:] Śrīla Gurudeva: Dāmodara-priyā deve levantar-se e falar sobre a missão de Śrīla Bhaktivedānta Svāmī Mahārāja - o seu Prabhupāda. Fale ousadamente, explicando porque ele veio ao Ocidente, como ele viajou em idade avançada e qual era a sua missão. [Ele se volta para a discípula e diz:] Você deve falar ousadamente. Dāmodara-priyā dāsī: Eu na verdade me sinto embaraçada de estar aqui, porque olho para a audiência e posso ver tantos devotos cujo conhecimento e devoção são muito superiores ao meu. Śrīla Gurudeva: Comece com o praṇāma mantra do seu Gurudeva, depois mais inspiração brotará no seu coração. [Então, Dāmodara-prīya dāsī prestou reverências ao seu Gurudeva e a todo o paramparā, e falou por alguns minutos.] Śrila Gurudeva: Ela é advogada. Ela pode pregar a minha missão. Ela está falando sobre a alma. Sim, é isso que eu quero. Muito bem, muito obrigado. Quero que todos os meus filhos e filhas falem assim – com ousadia, pulando como leões e rosnando como leões sobre a cabeça de um elefante. [Agora Gurudeva aponta para outras devotas na audiência: “E você, e você, e você também. Não quero ninguém miando aqui como se fosse um
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gatinho tímido e medroso. Vocês devem estar prontos e prontas para pregar minha missão no mundo inteiro”.] Darśana noturno Murwillumbah, Austrália, 16 de fevereiro de 2002 Vocês podem ter o seu sustento com a distribuição de livros [Śrīla Gurudeva costumava chegar ao aeroporto duas horas antes do voo. Antes de cada voo, ele se sentava em uma das cadeiras do lobby do aeroporto enquanto os seus assistentes esperavam no balcão de check-in e providenciavam o seu cartão de embarque. Então, ele costumava dar um breve darśana aos seus discípulos que se sentavam em cadeiras próximas ou no chão do lobby em volta dele:] Śrīla Gurudeva: [Falando com três irmãs adolescentes, Gāyatrī dāsī, Gopālī dāsī e Nandinī dāsī] Vocês são todas muito qualificadas. Vocês terão que ser brahmacāriṇīs. Preguem minha missão e dediquem-se à distribuição de livros. Vamos fazer um centro de pregação aqui e vamos produzir muitos livros. Vocês podem distribuir livros e podem daí tirar lucro para o seu sustento. Vocês ainda estudam? Gāyatrī dāsī: Terminei meus estudos há cinco meses, mas pretendo trabalhar com medicina chinesa. Um médico me convidou para atender no consultório dele, mas eu ainda não lhe dei resposta. Devo trabalhar com ele ou fazer outra coisa? Qual é a sua recomendação? Śrīla Gurudeva: Não faz mal você trabalhar para ter o seu sustento, mas pregue também. Pregar é fundamental. Sua irmã caçula também deve ajudar com a pregação e a distribuição de livros.
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Não sejam ociosos Badger, Califórnia, 1 de junho de 2002 Fiquei sabendo que hoje ao meio-dia houve um ótimo nagarasaṅkīrtana. Mas apenas cem devotos participaram do nagara-saṅkīrtana – eu esperava que pelo menos quinhentos devotos tivessem ido... Não há estratégia de pregação mais importante do que nagara-saṅkīrtana e distribuição de livros. Śrī Caitanya Mahāprabhu propagou Sua missão no saṅkīrtana rāsa-sthalī em Śrīvāsa-aṅgana (a casa de Śrīvāsa Paṇḍita), a partir de onde pregou em todos os recantos da Índia. Você pode ser um sannyāsī de alta classe ou ter uma posição de bastante reputação neste mundo, mas jamais será superior a Caitanya Mahāprabhu, Nityānanda Prabhu e Haridāsa Ṭhākura. Procurem seguir os exemplos deles. Agora sou idoso e tenho problemas cardíacos; caso contrário, estaria na linha de frente do grupo de saṅkīrtana! Por isso, não sejam ociosos. Se saírem e pregarem, Śrī Kṛṣṇa, Śrīmatī Rādhikā e Śrī Caitanya Mahāprabhu virão inspirá-los. Esta ordem é para todos Caminhada matinal Munique, Alemanha, 9 de julho de 2007 Śrīla Gurudeva: Há um estande de livros aqui no festival? Brajanath dāsa: Sim. Śrīla Gurudeva: Onde? No portão principal? Brajanath dāsa: Sim, Śrīla Gurudeva.
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Devoto: Sou muito grato a seus discípulos sannyasis. Eles cuidam de mim como se eu fosse um irmão caçula. Quero perguntar ao senhor, Śrīla Gurudeva, como posso servi-lo? Śrīla Gurudeva: Cantando, lembrando e seguindo os princípios de seu Gurudeva e os meus princípios, e seguindo Śrīla Rūpa Gosvāmī. Além disso, você distribua meus livros. Preste seu serviço dessa maneira. Devoto: Muito obrigado, Śrīla Gurudeva. Śrīla Gurudeva: Esta ordem é para todos. Traduzam e distribuam Caminhada matinal Veneza, Itália, 9 de junho de 2009 Śrīpāda Vaiṣṇava Mahārāja: Apenas por sua misericórdia imotivada, Śrīla Gurudeva, podemos fazer algo neste mundo. Śrīla Gurudeva: Assim como tenho pregado em minha idade avançada, meus pregadores devem fazer a mesma coisa, e devem distribuir meus livros. Pode-se pregar com bastante sucesso pela distribuição de livros, sobretudo, livros como a Bhagavad-gītā, Jaiva-dharma e outros. Śrīpāda Vaiṣṇava Mahārāja: Traduzimos quatro outros livros para o chinês nos últimos dois meses. Śrīla Gurudeva: Que ótimo! Eles estão fazendo bastante seva. Quantos livros já traduziram para o chinês? Śrīpāda Vaiṣṇava Mahārāja: Vinte e cinco. Śrīla Gurudeva: E quanto livros no seu idioma?
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Śrīpāda Sādhu Mahārāja: Seis em lituano. Brajanath dāsa: Trinta e cinco em russo. Śrīla Gurudeva: Trinta e cinco? Brajanath dāsa: Sim, e cerca de oitenta em inglês. Cante, lembre-se de Krsna e distribua livros Caminhada matinal Veneza, Itália, 12 de junho de 2009
Devoto: Gurudeva, estou de partida hoje. Śrīla Gurudeva: Tenha minhas bênçãos, cante Hare Kṛṣṇa, lembre-se de Kṛṣṇa e distribua meus livros. (E para todos os presentes onde Gurudeva está) Essa ordem para que distribuam meus livros é para todos vocês! Leiam e distribuam Birmingham, Reino Unido, 15 de junho de 2003 Se quiserem conhecer todas as verdades fundamentais, leiam o Śrī Bhajana-rahasya e o Jaiva-dharma. O Jaiva-dharma é importantíssimo, e por isso vocês precisam tentar distribuí-lo a todos – devotos e não-devotos. Quem ler esse livro poderá tornar-se devoto puro. Eu acho o Jaiva-dharma muito importante – é necessário lê-lo antes de ler o Śrī Bhajana-rahasya. Quero que todos comprem o Jaiva-dharma e o distribuam em toda parte. Em prol de uma sociedade internacional São Paulo, Brasil, 15 de janeiro de 2010 42
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Yaśodānanda dāsa: Gurudeva, o senhor quer que haja uma sociedade organizada? E, caso positivo, por quê? Śrīla Gurudeva: Quero que tudo que esteja acontecendo agora continue após a minha partida – por exemplo, minha distribuição de livros e minha pregação pelos sannyāsīs e demais devotos. A pregação dos sannyāsīs é o fator principal. Eles devem se reunir e decidir quem vai e aonde vai. Caso contrário, vão todos acabar parando num lugar só, ao mesmo tempo. Também quero que meu Navadvīpa parikramā e Vraja-maṇḍala parikramā continuem como sempre. Para atingir esses objetivos, deve haver uma sociedade organizada. Yaśodānanda dāsa: Que papel o senhor visualiza para a sociedade na missão do Senhor Caitanya? Śrīla Gurudeva: Pregamos a respeito da vida e da filosofia de Śrī Caitanya em toda parte. Também estamos publicando muitíssimos livros! Yaśodānanda dāsa: Como o senhor quer que sirvamos à sociedade? Śrīla Gurudeva: Exatamente como estou fazendo, pregando em toda parte, publicando livros e distribuindo livros! Como começou e para onde irá Darsana Mathura, Índia, 19 de junho de 1994 Śyāmarāṇī dāsī: Antes de ir para Mumbai, o senhor nos deu uma aula sobre o décimo primeiro verso do Vilāpa-kusumāñjali. A respeito dessa aula, quero mostrar ao senhor o que Śānti dīdī fez [ela mostra algumas páginas da transcrição da conversa de Śrīla Gurudeva sobre o Vilāpa-kusumāñjali]. Este
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é o décimo primeiro verso. Ela está fazendo toda a apresentação sob o formato de livro. Śrīla Gurudeva: O que é isso? Śyāmarāṇī dāsī: [continua virando mais páginas da apresentação] Essas são as transcrições de todas as suas aulas a respeito do Vilāpa-kusumāñjali nos últimos dois ou três anos. Śrīla Gurudeva: Parece que essa transcrição pode se transformar em muitos e ótimos livros impressos, inclusive a edição impressa das minhas palestras sobre o Veṇu-gīta. Fico muito satisfeito de ver isso. Que ótimo! De alguma forma, vou concluir essa obra. Vou tentar explicar, um a um, os ślokas que ainda não abordei. Śānti está prestando um serviço muito especial. Alguém terá que fazer a revisão? Śyāmarāṇī dāsī: Sim, o material precisa de um bom editor. Śrīla Gurudeva: Acho que tenho um – Alvarnātha Prabhu. Ele editou tantos livros. Recentemente, escreveu para mim, dizendo que quer editar meus livros. “Com certeza”, disse-me ele, “sou um editor competente”. Enfim, alguém deve concluir o texto sobre o Vilāpa-kusumāñjali. Acho que os líderes da ISCKON que são contrários ao que estou fazendo vão dar um chute nos próprios pés e na própria cabeça. Faço isso para o bem deles também, mas, infelizmente, eles alimentam algum interesse egoísta. Eles pensam assim: “Ah! Se todos honrarem Narayana Maharaja, ninguém virá até nós”. Mas não é bem assim. Pelo contrário, se os devotos da ISCKON não tiverem acesso a essa classe de literatura, muitos deles simplesmente se afastarão. Candrikā dāsī: Mahārāja, eles também ficam preocupados por acharem o tema muito difícil; pensam que não são assuntos adequados para nós. 44
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Śrīla Gurudeva: No Śri Caitanya-caritāṃrta, há muitos assuntos que são mais complexos que este – não há sequer termos de comparação. O Govindalīlāmṛta também apresenta assuntos que são muito mais íntimos. Apenas pessoas qualificadas terão fé para ler semelhantes textos – as outras, não. O camelo não alcança apreciar o gosto dos brotos viçosos e tenros da manga. Só o cuco o consegue. Cucos como vocês adoram saborear o néctar de textos como o Śrī Caitanya-caritāmṛta, ao passo que camelos como eu, não! Yaśodā dāsī: Eu estava lendo algo de Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura outro dia, Gurudeva. Ele dizia que, quando a jīva está pronta para rāgānuga-bhakti, Kṛṣṇa toma providências para que ela possa se tornar independente. Śrīla Gurudeva: Para eles, ninguém deve evoluir, ou seja, todos devem permanecer numa fase incipiente de bhakti. Candrikā dāsī: Mahārāja, há alguma solução para isso? Śrīla Gurudeva: Sem solução. Eles devem estar onde estão e vocês devem evoluir – eis a solução. Para aqueles que têm śraddhā, ou fé, sempre há solução, e nada se resolve para quem não têm śraddhā. Precisamos de alguém competente para ajudar com o projeto editorial, tanto como pārama-pūjyapāda Śrīla Bhaktivedānta Svāmī Mahārāja tinha tantos discípulos perfeitos e tarimbados. Bastou ele dar algumas dicas para eles passarem a produzir seus livros. Não sou perfeito, tampouco meus assistentes o são. Apenas ela (apontando para Śānti dāsī) é perfeita. Estou muito contente de ver esse livro [o manuscrito do Vilāpa-kusumāñjali]. Se todos esses ślokas assumirem o formato de um livro, teremos uma joia deveras esclarecedora.
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Yaśodā dāsī: O senhor tem uma equipe capaz de organizar as coisas de tal maneira que tudo que o senhor falar, quaisquer palestras que der, em inglês ou híndi, seja automaticamente registrado e preparado para impressão? Srila Gurudeva: Alguém deve organizar isso. Yaśodā dāsī: Apesar de Srila Prabhupada ter partido deste mundo, há devotos organizando bibliotecas completas de seus livros, fitas cassete e tantas outras coisas. Śrīla Gurudeva: Quem dera houvesse um grupo de devotos competentes que reunissem minhas palavras, organizassem cada passo da produção de um livro e depois o imprimissem. Não tenho como organizar tudo isso sozinho – só posso falar. Esses devotos terão que se organizar, como o fizeram os discípulos jovens de Śrīla Bhaktivedānta Svāmī Mahārāja. Ramacandra dasa: Os devotos ocidentais são peritos nessa classe de atividade. Srila Gurudeva: Mas os indianos, não tanto... Tenho falado sobre este projeto há muito tempo, mas apenas Prema-vilasa se prontificou a apresentar minhas publicações em inglês. Agora, diversos devotos percebem quão é essencial preparar os livros com base nas fitas gravadas de minhas palestras. Candrikā dāsī: É por isso que Bhaktivedanta Svami Maharaja era tão eficiente. A cultura de sua missão organizou-se para que isso acontecesse. Srila Gurudeva: Vocês têm algumas ideias sobre esses projetos. Meus filhos, meus brahmacaris, não fazem ideia do que sejam. Vocês podem fazer algo porque são capacitados. Chegará o dia, quando eu já não estiver neste mundo, em que muitos se darão conta do valor de meus livros. Esse dia chegará. Quero transformar todos vocês em gurus 46
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Darsana Houston, Texas, 23 de maio de 2007 Devoto: O senhor tem algo a dizer aos devotos de Washington? Srila Gurudeva: Preguem a minha missão, dediquem-se à distribuição de livros, inspirem os devotos novatos, arrecadem fundos e tragam mais pessoas, inspirando-as a serem devotas. Preguem segundo o conteúdo do Jaiva-dharma ou qualquer outro livro. Aqueles que são capacitados podem pregar dessa maneira. Meu desejo é que minhas filhas se tornem pregadoras experientes, assim como na época de Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja. Naquela época, as jovens discípulas de Svami Maharaja pregavam em toda parte. Uma delas era Syamarani, outra, Vrndavana-vilasini, e tantas outras. Quero que todas as minhas discípulas sejam como Syamarani e preguem em toda parte. Isso é bhakti. Façam como todo o nosso guru-parampara tem feito que assim sua vida será exitosa. Sri Caitanya Mahaprabhu nos diz: “janma sarthaka kari’ kara paraupakara – tenha sucesso em sua própria vida, trabalhando para o benefício alheio”. Comece conhecendo os tattvas: visnu-tattva, jiva-tattva, mayatattva e assim por diante. Mahaprabhu também diz: “guru haya tara sarvadesa – capacite-se como guru para ser guru e pregar em toda parte: “Hare Krsna, Hare Krsna, Krsna Krsna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare”. Não comam ovos, peixe e carne; não bebam vinho, evitem jogos de azar e não fumem. Lembrem-se de Krsna e cantem Seu nome. O dinheiro não pode salvar ninguém, jamais. Pelo contrário, só causa problema. Façam algo para ter seu sustento com facilidade e utilizem o resto do tempo para pregar. 47
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Krsna-vallabha dasi: O senhor diz que devemos nos tornar gurus antes de pregar. Mas não temos como nos tornar gurus nesta vida, e por isso há pouca pregação. Como podemos conciliar isso? Não somos competentes, mas queremos inspirar os outros para que se aproximem de bhakti. Srila Gurudeva: Quero transformar todos vocês em gurus. Procurem ser gurus, não para dar iniciação, mas para pregar, que também se enquadra na categoria de guru-tattva. Em primeiro lugar, tenham bom caráter, sejam puros. Se tiverem bom caráter, poderão ensinar que todos lhes darão ouvidos; caso contrário, não. “Avaisṇava mukhodgirṇam putam hari-kathamrtam – não devemos ouvir hari-katha da boca de quem não é vaisnava puro, ou seja, alguém orientado por um guru fidedigno, seguindo-o e obedecendo-o. Abençoo todos vocês Darsana Vrndavana, Índia, outubro de 2007
Sripada Sadhu Maharaja: Srila Gurudeva, aqui estão os devotos da Lituânia. [Sripada Sadhu Maharaja apresenta cada um dos devotos, um após o outro, falando a Gurudeva de suas diversas qualidades devocionais e contribuições à sua missão. Cada devoto presta suas reverências.] Srila Gurudeva: Abençoo todos vocês. Cantem Hare Krsna, lembrem-se de Krsna, leiam e distribuam meus livros.
ALGUMAS CARTAS DE SRILA GURUDEVA
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Distribuição de livros em Govardhana Carta a Vasanti dasi Dezembro de 2005 Recebi sua carta e fiquei muito feliz ao ler seu conteúdo. Receba as bênçãos do meu coração para que sempre esteja concentrada em praticar e distribuir as glórias da devoção pura. Estou especialmente satisfeito por saber que todos vocês distribuíram muitos livros e estimularam os discípulos a ter interesse no processo de autorrealização. Por favor, compartilhe as bênçãos do meu coração com todos os devotos que estiveram com você durante esse programa. Tenho um pedido especial – que todos os devotos de nossa matha de Govardhana, sobretudo as moças e os rapazes, planejem como distribuir livros durante Ekadasi e Purnima, quando muitos religiosos realizam parikrama em volta de Sri Giriraja Govardhana. Conversem com os outros devotos sobre como montar estandes de livros no parikrama-marga. Dali, poderão distribuir milhares de livros. Quero saber quantos livros foram distribuídos e quem foi o melhor distribuidor. Por favor, passe esta minha mensagem a todos os devotos de nossa matha em Govardhana. Não se preocupe com as dificuldades Carta a Bakula Dasi de 3 de dezembro de 2008 Recebi sua carta e fiquei muito feliz com o seu conteúdo. O que você está fazendo me traz muita satisfação. Você está distribuindo livros e tentando ajudar os outros da melhor maneira possível, trazendo-os para mim
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e para nossa matha. Essa é a melhor forma de fazer atividade beneficente. Não se preocupe quando houver dificuldades e continue com determinação. Em Nova Deli, você pode trazer as pessoas novas e colocá-las em contato com Ramacandra Prabhu e com Rohiṇinandana Prabhu. Eles ocuparão essas pessoas e as ajudarão. Também fico muito satisfeito de saber que você está traduzindo meus livros para o alemão, aprendendo híndi e fazendo pinturas para ilustrarem meus livros. Receba as bênçãos do meu coração de maneira que esteja sempre ocupada em serviços devocionais puros. Agora estou nas Filipinas, gozando de boa saúde, alegremente concentrado em escrever. Espero ouvir mais a seu respeito, e sempre me traga boas novas! Abençoo os transportadores também Carta a Radha Kanta Prabhu e Visvambhara Prabhu, 2006 Recebi sua carta, com o relatório sobre a distribuição de livros, e fiquei satisfeitíssimo de saber que venderam muitos livros no mundo inteiro. Derramo as bênçãos do meu coração a todos os devotos ajudando com a publicação, a distribuição, a compra e o transporte de nossos livros. Pelos esforços e oferendas desses devotos, fico bastante inspirado a publicar cada vez mais joias transcendentais. No momento, estou para terminar de fazer a gravação do Sri Madhurya Kadambini em híndi. Ficarei muito feliz se todos os livros que foram publicados em híndi forem traduzidos para o inglês o quanto antes. Quanto aos novos livros e os títulos já esgotados, por favor, providencie para que sejam reimpressos e disponibilizados de novo.
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Por favor, peçam aos devotos que enviem seus relatórios de distribuição de livros. Quero dar uma recompensa especial aos três melhores distribuidores de livros. Todas as glórias à brhad-mrdanga! Centro de pregação de distribuidores de livros Carta a Kanhaiya-lala dasa de 6 de dezembro de 2002 Recebi sua carta e fiquei muito feliz de saber que você está tão inspirado a ajudar a desenvolver um centro de pregação em Berlim. Acho que você é capacitado como qualquer outro brahmacari. Aqueles que têm o desejo de servir e me ajudar a cumprir a missão de Sri Caitanya Mahaprabhu me são muito queridos e também muito queridos de todo o nosso guru-varga. Está fora de cogitação essa ideia de que só brahmacaris e sannyasis podem prestar esse serviço. Qualquer devoto que seja sincero, ele ou ela, está capacitado para servir – não se deve levar em consideração a questão do asrama. Contudo, é melhor que os gṛhastas vivam separados dos brahmacaris, e não no mesmo prédio. Distribuição de livros itinerante Carta a Kanhaiya-lala dasa de abril de 2004 Recebi sua carta e fiquei muito feliz ao ler seu conteúdo. É ótimo o plano de distribuir livros e pregar na Alemanha. Você pode viajar com um grupo de rapazes e Saci-devi pode ficar com outras moças em um asrama. Assim, ela poderá distribuir livros com outras devotas e vocês poderão organizar programas de nama-hatta. No final de semana, vocês poderão se reunir e fazer um programa com todos os devotos e convidados. Ficarei muito satisfeito se você puder organizar isso e se os outros puderem seguir esse exemplo. Desse modo, todos os pregadores itinerantes da Alemanha 51
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distribuirão livros e inspirarão todos os devotos locais. Estou muito feliz com a sua proposta. Receba as bênçãos do meu coração para que esteja sempre em boa companhia e que seus esforços sejam exitosos sob todos os aspectos. Espero encontrá-lo de novo quando for à Itália. Por favor, transmita as bênçãos do meu coração a todos os devotos de Berlim. Bênçãos para um distribuidor de livros Carta a Kanhaiya-lala dasa de 17 de abril de 2009 Recebi sua mensagem e fiquei muito feliz ao ler que Taruna-Kṛsna Prabhu distribuiu mais de 4.500 livros e revistas. Por favor, transmita-lhe as bênçãos do meu coração para que ele assimile o conteúdo de meus livros e distribuía cada vez mais livros ao povo da Alemanha. Todos os livros para todos Darsana no aeroporto – 16 de janeiro de 2008 Syamarani dasi: Srila Gurudeva, há certa controvérsia em relação à distribuição de seus livros. Alguns devotos dizem que só os seus livros simples e pequenos, como o Caminho do Amor, devem ir ao público, e não os livros maiores, com conteúdo filosófico mais profundo, como o Bhaktirasamṛta-sindhu-bindu e a Brahma-samhita, que são apenas para devotos. Srila Gurudeva [com os olhos bem arregalados e com muita ênfase]: Não! Todos os livros para todos! Syamarani dasi: Todos os seus livros são para todas as classes de pessoas? Sripada Madhava Maharaja: Todos os livros para todas as classes de pessoas. Sim!
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Srila Gurudeva: Todos os livros para todos, sim! Syamarani dasi: Os seus livros maiores, dizem eles, com todos os termos em sânscrito e os conceitos difíceis, poderiam muito bem estar em chinês ou qualquer outro idioma estrangeiro que ninguém conseguiria entendê-los. Srila Gurudeva: Nossos livros devem ser distribuídos para todos, quer eles sejam nastika (ateístas), astika (teístas), religiosos ou irreligiosos. Sripada Madhava Maharaja: Srila Gurudeva já disse isso antes. Distribuam todos os livros em toda parte, para todos. Srila Gurudeva: Todos! Syamarani dasi: Então, mesmo que eles não entendam a linguagem do senhor... Srila Gurudeva: Não há problema. Syamarani dasi: Eles ainda assim obtêm sukrti em seus corações? Srila Gurudeva: Sem problema. Se não entenderem, mesmo assim, conseguirão sukrti. Brajanatha dasa: Alguém mais vai absorver sukrti e vai entender. Srila Gurudeva: Se guardarem o livro, nosso propósito será cumprido. Brajanath dasa: Os livros encontrarão as pessoas certas. Syamarani dasi: A pessoa certa irá à casa daquela pessoa que comprou o livro e o lerá? Srila Gurudeva: Sim. Todos os livros em todos os idiomas
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Syamarani dasi: Brajanatha Prabhu quer traduzir seus livros para o tagalog, a língua nativa dos Filipinos. Ele pede suas bênçãos para isso. Srila Gurudeva: Sim, ele pode tentar. Quero todos os meus livros traduzidos para todos os idiomas do mundo. E também devem distribuí-los! Mesmo para as pessoas em geral Austrália, 6 de fevereiro de 2008 Balarama dasa: Gurudeva, um dos seus distribuidores de livros tem dúvida se deve distribuir os livros mais filosóficos para as pessoas em geral, ou se deve se concentrar em distribuir os livros mais simples. Srila Gurudeva: Dê os livros àqueles que os quiserem levar, sejam eles pessoas em geral ou qualquer outra pessoa. Aqueles que quiserem os livros apreciarão seu valor. Pensarão assim: “Olhe, este livro é ótimo”. Dê os livros a essas pessoas. Sripada Madhava Maharaja: Lendo os livros, mesmos as pessoas em geral se tornarão devotas. Para as gerações futuras Havaí, 11 de maio de 2002 [Pode ser que vinte anos depois de um livro ser comprado pelos pais de uma criança, essa criança, agora adulta, pegue o livro, leia-o e se torne devota. A esse respeito, Srila Gurudeva disse o seguinte no Havaí, durante o período em que traduzia o Ujjvala-nilamaṇi:] Tenho escrito sobre os humores elevadíssimos de Srila Rupa Gosvami, humores que ele experimentou por inspiração do próprio Sri Caitanya Mahaprabhu. Mahaprabhu pediu-lhe para escrever sobre os sentimentos profundos das gopis e sobre o processo pelo qual podemos conquistar 54
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sentimentos semelhantes. A maioria de vocês não está qualificada para ouvir ou ler a esse respeito, isso para não falar de seguir, e mesmo assim continuamos a escrever sobre o assunto. Caso contrário, se não fizermos isso, esses humores ficarão perdidos para o mundo. É preciso registrá-los para as gerações futuras.
Por acaso a distribuição de livros é bhakti pura? Los Angeles, Califórnia, 12 de maio de 2002 Depende da motivação de quem o faz. Sri Caitanya Mahāprabhu em pessoa distribuiu livros aos outros, logo, não pensem que a distribuição de livros é aropa siddha-bhakti [quem pratica aropa siddha-bhakti tem algum propósito seu a cumprir e, com isso em mente, oferece suas atividades e seus respectivos resultados ao Senhor, achando que o Senhor lhe satisfará os desejos]. Nunca pensem tal coisa, nunca. A princípio, Srila Vyasadeva compilou o Srimad-Bhagavatam, após o que orientou Sri Sukadeva Gosvami a pregar o Srimad-Bhagavatam em toda parte. Se a distribuição de livros é aropa siddha-bhakti, por que, então, Krsna estimula na Bhagavad-gita (18.68-69) a que se distribua esse conhecimento a todos? ya idam paramam guhyam mad bhaktesv abhidhasyati bhaktim mayi param krtva mam evaisyaty asamsayah na ca tasman manusyesu kascin me priya-krttamah bhavita na ca me tasmad anyah priyataro bhuvi “Quem ensinar este conhecimento tão secreto da Bhagavad-gita aos Meus devotos alcançará aquela elevadíssima e transcendental devoção a Mim. E, 55
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libertando-se enfim de todas as dúvidas, virá ter comigo. Na sociedade humana, ninguém Me é mais querido do que aquele que explica essa mensagem da Gita aos demais. Na verdade, jamais haverá alguém a quem Eu queira mais que tal pessoa”. Sem a Bhagavad-gita em formato de livro, como poderemos pregar? Não pensem que distribuir esse livro é aropa siddha-bhakti. Tenham fé firme nisso. Se a motivação for outra que não a de satisfazer Sri Krsna – se for de apenas ganhar dinheiro para sustentar-se em busca de prazer dos sentidos, então, isso será uma prática falsa – ou aropa siddha-bhakti. Contudo, se alguém distribui um livro para satisfazer a Gurudeva e Krsna, em benefício de todos os seres humanos e do universo inteiro, isso não é aropa-siddha bhakti – é svarupa siddha-bhakti, ou bhakti pura. Para não falar da distribuição de livros, mesmo uma pessoa que limpe o excremento de outro devoto está muito melhor posicionada que alguém que cante e se lembre de Krsna mas ao mesmo tempo critique os outros. Muitos mayavadis (impersonalistas) e sahajiyas (aqueles que equacionam a vida sexual mundana com os passamentos amorosos transcendentais de Krsna), muitos deles cantam o santo nome, o que em geral se enquadra na categoria de svarupa-siddha-bhakti. Mas qual é o fruto que eles desejam alcançar ao cantarem o maha-mantra? Eles querem fundir-se em Krsna, o que é ofensivo. Por favor, tenham isso claro em sua mente. Quando alguém distribui um livro em benefício da humanidade e para satisfazer Gurudeva, isso é bhakti. Se Gurudeva manda um discípulo limpar o excremento de outro devoto, esse discípulo sincero não tarda a prestar tal seva. Havia um devoto de nosso Guru Maharaja que lhe prestava um monte de serviço com toda a sinceridade – ele tocava mrdanga muito bem, cozinhava e lavava as roupas de Guru Maharaja. Quando esse jovem discípulo adoeceu gravemente, Guru Maharaja passou a servi-lo, cuidando 56
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dele pessoalmente, apesar de o menino ser seu discípulo. Naquela ocasião, eu disse a Guru Maharaja: “Quero ajudar ao senhor para que o senhor tenha tempo para pregar. Eu próprio vou cuidar de meu irmão espiritual”. Todo dia, eu limpava o sangue que saía de sua boca, bem como sua urina e fezes. Consequentemente, meu Guru Maharaja ficou satisfeitíssimo comigo, razão pela qual ele me abençoou com a oportunidade de vir pregar no Ocidente. Por favor, não duvidem disso. Cantem Hare Krsna e se lembrem de Krsna. Realizem nagara-sankirtana e distribuição de livros, estudem, sondem, pesquisem os livros. Apreendam a essência desses livros e procurem vivenciá-la com sinceridade. Assim, não estarão praticando aropasiddha bhakti, caso contrário, estarão, sim. Caitanya Mahaprabhu distribui livros Los Angeles, Califórnia, 11 de maio de 2003 Se distribuímos livros para nossos próprios objetivos, tais como lucro material, projeção pessoal ou reputação, isso não é bhakti pura. O devoto sincero pensa assim: “Quero que as pessoas levem esse livro e o leiam todo de modo a terem um entendimento profundo de bhakti”. Ao voltar do sul da Índia, Sri Caitanya Mahaprabhu trouxe consigo a Sri Brahma-samhita e o Sri Krsna-karnamrta e pediu a Seus devotos que usassem um colar feito com o ensinamento desses dois livros. Por que Ele fez isso? Porque há uma imensidão de verdades filosóficas conclusivas nesses dois livros. Sem conhecer os assuntos tratados nesses livros, não podemos adentrar realmente o reino de bhakti! A distribuição de livros realizada por ordem de Sri Caitanya Mahaprabhu, para satisfazer guru e Krsna, é bhakti de verdade, caso contrário, não. Tenham cuidado quanto a isso. Ao distribuir o Jaiva-dharma, por exemplo, o devoto pensa o seguinte: “Estou fazendo isso para agradar 57
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meu Gurudeva e Krsna, para que todos saibam o que está escrito no Jaivadharma”. Vocês poderão dizer às pessoas: “O Jaiva-dharma inclui tudo, do começo ao fim, tanto as verdades filosóficas básicas quanto as secretas e esotéricas, quanto ao processo de desenvolver sua bhakti. Se você quiser ler um livro só, que seja o Jaiva-dharma de Sri Bhaktivinoda Thakura. Das conclusões da Bhagavad-gita, por exemplo: saranagati (as seis classes de rendição aos princípios de bhakti), a maha-bhava (o êxtase supremo de amor das gopis), esse livro explica tudo. Você se beneficiará imensamente lendo esse livro e seguindo seus ensinamentos”. Saibam que a distribuição de livros é essencial. Sri Caitanya Mahaprabhu em pessoa distribuía livros, logo, devemos seguir o exemplo dEle. Sempre tomem cuidado para que sua distribuição de livros não seja sanga siddha ou aropa siddha-bhakti. Srimati Radhika promove a distribuição de livros Los Angeles, Califórnia, 13 de maio de 2003 [Nesta caminhada matinal, Srila Gurudeva expressa os humores de Srimati Radhika e das gopis da ala de esquerda. Ao dizer que as histórias de Krsna fazem-nos chorar de saudade dEle de dar dó e que as gopis são a evidência disso, Srimati Radhika glorifica a propagação dessas narrativas.] Jayanta dasa: Srila Gurudeva, quando realizamos nosso serviço, como podemos saber em nossos corações que estamos satisfazendo o senhor? Srila Gurudeva: Sua alma ficará feliz. Você perceberá o seguinte: “Oh! Sou tão feliz”. Quem presta serviço a Srila Gurudeva se dá conta disto. Ao ver o rosto de Gurudeva, sente sua bênção e misericórdia. Por outro lado, se o guru ou os vaisnavas não estiveram satisfeitos com você, você logo saberá, isso porque sentirá certa infelicidade. 58
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sa vai pumsam paro dharmo / yato bhaktir adhoksaje ahaituky apratihata / yayatma suprasidati “A ocupação suprema [dharma] de toda a humanidade é aquela pela qual se pode conquistar o serviço devocional amoroso ao Senhor transcendente. Para satisfazer o eu de fato, esse serviço devocional precisa ser imotivado e ininterrupto”. (Srimad-Bhagavatam 1.2.6) Em suma, o fato de nos sentirmos felizes de verdade é sintomático do serviço imotivado. [Voltando-se para Atula-krsna dasa:] Por que Valmiki escreveu o Ramayana e por que o ensinou a Lava e Kusha (os filhos de Rama) de modo que o harikatha a respeito de Rama se difundisse em toda parte? Valmiki poderia ter meditado nos passatempos do Senhor Rama só em pensamento. Por que ele escreveu o Ramayana? Atula-Krsna dasa: Ele o fez pela ordem de seu Gurudeva, Narada. Srila Gurudeva: E por que Narada lhe deu essa ordem? Atula-Krsna Dasa: Narada queria que todos se beneficiassem ouvindo esse hari-katha. Tendo presenciado todos os passatempos de Rama em seu transe, Valmiki revelou-os ao mundo. Segundo bem sabia Narada, era desejo do Senhor Sri Ramachandra que todos ouvissem o hari-katha acerca dEle. tava kathamrtam tapta-jivanam/ kavibhir iditam kalmasapaham sravana-mangalam srimad atatam/ bhuvi grnanti ye bhuri-da janah “As narrativas nectáreas a Seu respeito são a vida e alma daqueles atormentados pela saudade que sentem de Você – personalidades grandiosas e eruditas, tais como Brahma, Shiva e os quatro Kumaras, cantam-nas com frequência. Essas narrativas eliminam a aflição provocada pelos pecados 59
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passados [prarabdha (reações pecaminosas experimentadas neste corpo) e aprarabdha (reações pecaminosas a serem experimentadas em corpos futuros)]. Uma vez ouvidas, essas narrativas propiciam os bons auspícios mais elevados, sobretudo, a riqueza de prema. Aqueles que glorificam Seus passatempos vivem expandindo esse néctar, razão pela qual semelhantes narradores são com certeza os benfeitores mais generosos do mundo”. Srila Gurudeva: Sim. É por isso que Srila Vyasadeva escreveu o SrimadBhagavatam. E é também por isso que Srila Sukadeva Gosvami pregou a respeito desse livro e o distribuiu em todos os cantos. Expressando os humores de Sri Radha e de outras gopis da ala esquerda que recitaram esse verso começando com tava kathamrtam, nossos Acaryas comentam o seguinte: alguns pregadores levam o SrimadBhagavatam aqui. [Srila Gurudeva tinha sua bolsa de japa na mão enquanto falava. Nesse momento, ele colocou sua bolsa de japa debaixo do braço como se estivesse segurando um livro.] Eles pregam e distribuem o hari-katha desse livro. Ao pregarem, esclarecem que o livro é a autoridade quanto a esse katha. No humor de Srimad Radhika, nossos Acaryas comentam que semelhantes pregadores são enganadores e assassinos (bhuri-dah). Por que eles são assassinos? Atula-krsna dasa: Eles eliminam todos os nossos desejos, enredamentos e apegos materiais, o que nos impede de ficarmos neste mundo e sermos felizes ao lado de nossa família e amigos. Somos forçados a deixar tudo para trás e enlouquecer! Srila Gurudeva: Devemos, portanto, distribuir livros. Distribuição de livros não é aropa siddha-bhakti ou sanga siddha-bhakti. Se a distribuição de livros fosse uma coisa ou outra, por que, então, nossos acaryas predecessores Srila Visvanatha Cakravarti Ṭhakura e Srila Rupa Gosvami escreveram livros? 60
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Por que Srila Rupa Gosvami mandou Srila Jiva Gosvami imprimir e distribuir esses livros? E por que Mahaprabhu também o fez? Em Sua viagem ao sul da Índia, Mahaprabhu encontrou a Brahma-samhita e o Krsnakarnamrta em formato de textos manuscritos. Sabendo que aqueles livros eram autênticos, Ele os levou consigo para apresentá-los a Seus devotos e pediu-lhes que os copiassem e os distribuíssem. Deste modo, devemos harmonizar quaisquer aparentes contradições relativas à categoria de bhakti em que se enquadra a distribuição de livros. Se alguém vende livros por algum motivo, visando a lucrar e cuidar, assim, de seus assuntos mundanos, devemos chamar suas atividades de aropasiddha, caso contrário, não. Atula-krsna dasa: Srila Gurudeva, alguém poderá dizer: “Como é desejo do meu Gurudeva que distribuamos seus livros, vou fazê-lo, mas não preciso ouvir hari-katha nem ler os próprios livros”. Srila Gurudeva: Essa distribuição de livros é aropa-siddha. Você precisa conhecer o que está distribuindo, assim como Srila Sukadeva Gosvami e Lava e Kusa sabiam o que estavam falando. Vocês precisam saber o que estão dando aos outros. [Voltando-se para Prema-prayojana dasa] Entende? Prema-prayojana dasa: Sim. Srila Gurudeva: Não seja tão ousado. Não diga nada contrário aos meus ensinamentos ou aos ensinamentos de nosso Guru-varga. Prema-prayojana dasa: Eu só repeti o que o senhor disse muitas vezes, mas não todos os detalhes... Srila Gurudeva: É preciso que harmonizemos todas as afirmações contraditórias, senão, muitos devotos se sentirão desestimulados e confusos.
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Por que você põe os livros debaixo do braço e age como se fosse um “assassino”? Prema-prayojana dasa: Para fazer guru-seva. Srila Gurudeva: Em outra ocasião, eu disse o que você disse ontem à noite [que a distribuição de livros é aropa siddha-bhakti], mas que isso acontece apenas quando você distribui livros em troca de lucro material. Procure harmonizar todas as minhas orientações sobre o assunto. Brajanath dasa: Gurudeva, por acaso a distribuição de livros é uma das sessenta e quatro ramificações de bhakti [conforme a descrição do Bhaktirasamrta-sindhu]? Srila Gurudeva: Srila Narottama dasa Thakura limpava as fezes de seu Gurudeva – onde está escrito que isso é uma ramificação de bhakti? Mesmo assim, o serviço de Srila Narottama dasa Thakura é a expressão mais pura de bhakti. Prema-prayojana dasa: Por acaso a categoria de bhakti que alguém realiza depende de seu adhikara (competência)? Se semelhantes pessoas não têm bhakti-adhikara, muito menos sambandha-jñana (percepção do seu próprio relacionamento com Krsna), é possível enquadrar suas atividades na categoria de bhakti? Srila Gurudeva: Mesmo para alguém sem sambandha-jñana, as ramificações de bhakti, de tão poderosas que são, com certeza haverão de afetá-lo, tanto como acontece com o fogo. Contaram-me que uma criança, a despeito das advertências de sua mãe, pôs a mão no fogo e a queimou. A partir de então, ela nunca mais se aproximou de uma fogueira! Da mesma forma, as ramificações de krsna-bhakti são tão poderosas que mesmo uma pessoa como Ajamila transformou-se por tê-las praticado. Ajamila era tão 62
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pecaminoso que não havia pecado que ele não tivesse cometido. Valmiki também cometeu inúmeros pecados, mas o que aconteceu com ele? Ele foi tocado por Narada e se tornou perfeito! Por outro lado, se alguém criticar um vaisnava ou o ofender, isso destruirá sua bhakti. Quer alguém tenha sambandha-jñana ou não, sua bhakti desaparecerá se ela cometer ofensas. É claro que, se alguém tivesse realmente sambandha-jñana, jamais cometeria ofensas – eis um dos sintomas de alguém abençoado com sambandha-jñana. Prema-prayojana dasa: Gurudeva, quando é que alguém está preparado para praticar vishrambhena-guru-seva (serviço íntimo ao guru)? Srila Gurudeva: Quem tiver sambandha-jñana de seu relacionamento com seu gurudeva terá a seguinte convicção “Não posso servir a Krsna agora, porém, pelo simples fato de servir a meu Gurudeva, ele me abençoará com sua misericórdia para depois eu poder servir a Krsna. Não há outra opção para mim”. Assim, o discípulo serve a seu Gurudeva com essa convicção. Quando vim morar no matha, eu não tinha o menor vestígio de sambandhajñana. No entanto, entreguei meu coração e todo o afeto que eu tivera antes por minha esposa, filhos, pai, mãe e todas as posses materiais aos pés de lótus de meu Gurudeva. Quando eu lhe disse isso, ele começou a chorar, e em seguida ocupou-me em seu serviço pessoal. Eu me sentava em sua cama, lhe fazia massagem, lavava sua roupa e providenciava tudo quanto ele me solicitava. Naquela época, apesar de não ter sambandha-jñana, eu me entreguei a ele e, por sua misericórdia, agora vocês me prestam honrarias. Devoto: Gurudeva, tenho uma pergunta. Quando distribuíamos os livros de Srila Prabhupada no passado, algumas pessoas logo jogavam os livros fora, porque não conseguiam entendê-los. Há alguns livros em especial que o senhor gostaria que nós distribuíssemos para o público em geral?
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Srila Gurudeva: Procure entender o livro ou os livros que você tem distribuído. Se distribui a Gita, precisa conhecer a mensagem da Gita. Pode me dizer o significado da Gita? Devoto: O propósito da Gita é dar Krsna a todos, bem como o contato com o mestre espiritual. Srila Gurudeva: Qual é o sigificado da Gita? Qual é a essência da Gita?
Devoto: Entregar-se a Krsna por intermédio do mestre espiritual, desenvolver amor puro por Krsna.
Srila Gurudeva: Mas há mais do que isso. O significado é muitíssimo superior a isso. Você não consegue sequer imaginar o verdadeiro significado da obra. Man-mana bhava mad-bhakto. O que você entende desse sloka? Já o leu?
Devoto: Procure compreender o mestre espiritual e render-se a ele.
Srila Gurudeva: Você já leu esse verso?
Devoto: Sim, já li, mas esqueci.
Srila Gurudeva: Há dois versos importantes: o primeiro começa com as palavras man-mana bhava e o segundo, com sarva-dharman parityajya. Desses dois versos, qual expressa um sentimento superior? Sei que você não sabe responder. Man-mana bhava é superior. Cantar hari-nama e adorar a Deidade é svarupa siddha-bhakti [esforços puramente constituídos de uttamabhakti; os nove processos de bhakti, começando com sravana, kirtana e viṣṇusmaraṇa]. Se alguém age assim, mas, ao mesmo tempo, critica os demais e
comete ofensas, e se outra pessoa não realiza adoração, mas só faz limpar o banheiro de seu Gurudeva e massageá-lo, quem é superior? Prema-prayojana dasa: A segunda pessoa. 64
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Srila Gurudeva: Pois é. Uma pessoa limpa o banheiro de seu Gurudeva e lava suas roupas, e a outra pratica svarupa siddha-bhakti, processos tais como sravaṇa (ouvir), kirtana (cantar) e smarana (lembrar-se de Krsna), mas critica os outros e pensa: “Sei mais do que qualquer outra pessoa”.
Srila Gurudeva distribui livros Discurso sobre o Venu-gita Murwillumbah, Austrália, 21 de janeiro de 2001 [Srila Gurudeva costumava inspirar suas diversas audiências a comprar e ler seus livros. Essa foi uma das maneiras pelas quais ele promoveu os livros e os distribuiu:] purnah pulindya urugaya-padabja-raga / sri-kunkumena dayitastana-manditena / tad-darsana-smara-rujas trna-rusitena / limpantya anana-kucesu jahus tad-adhim (Srimad-Bhagavatam 10.21.17) Sentindo saudade de Krsna, as gopis se lamentam assim: “Oh! Vejam as moças da floresta, que nasceram em casta muito baixa e têm a tez negra. Apesar de serem pulindas, ou seja, mocinhas das tribos das montanhas, mesmo assim são tão afortunadas! Quando Krsna vai à floresta, a grama fica marcada por Suas pegadas misturadas ao pó de kunkuma. E, ao acharem essa mistura, elas pegam aquele kunkuma e o untam em seus seios. Quando fazem isso, sentem como se Krsna estivesse na companhia delas. Mas nem isso nós logramos fazer”. São ótimas as explicações de Srila Jiva Gosvami, Srila Sanatana Gosvami e Srila Visvanatha Cakravarti Thakura a respeito desse sloka, sobre o qual não discorri tanto. Na Índia, publicaram um livro meu chamado Venugita, baseado em minhas palestras acerca dos comentários desses acaryas. Se vocês quiserem saber mais, leiam esse livro. 65
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Acho que meus livros poderão ajudá-los bastante. Os comentários de Srila Visvanatha Cakravarti Ṭhakura aos versos da Gita vão orientá-los mais ainda. E a biografia de meu Gurudeva também será de imenso valor para vocês. Todos os meus livros – cerca de quarenta livros, entre eles, o Upadesamrta, o Manah-siksa, o Siksastaka e o Jaiva-dharma – haverão de ajudá-los de diversas maneiras. Procurem lê-los – isso lhes permitirá estar na companhia dos vaisnavas. Darsana Mathura, Índia, 3 de fevereiro de 1995 Visakha dasi: Estamos voltando para a Inglaterra. Qual deve ser o nosso serviço específico. O que devemos fazer? Srila Gurudeva: Cantem o santo nome com o coração cheio de sentimento, lembrem-se do que lhes ensinei, leiam os livros sobre bhakti e adorem Caitanya Mahaprabhu e Giriraja Maharaja. É necessário que vocês façam algo para o seu desenvolvimento pessoal – esse é o seu dever. Devotem cada vez mais tempo aos serviços devocionais, tais como cantar e ouvir. Quando não estiverem me ouvindo, ouçam uns aos outros. Em outras palavras, leiam um livro em voz alta para os outros ouvirem e depois conversem sobre o assunto entre si. Agora vocês têm muitos livros à sua disposição: Vilapakusumanjali, Harinama-cintamami, Caitanya-caritamrta, Bhakti-rasamrtasindhu e tantos outros. Procurem conversar sobre o tema de cada livro e, havendo alguma pergunta, escrevam para mim que eu os ajudarei. Gurudeva faz isso também Palestra noturna Califórnia, Badger, 2 de junho de 2002
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Syamarani dasi: Srila Gurudeva, o senhor disse em sua aula que o Senhor Brahma pensou ter roubado as vacas, mas na verdade foi Yogamaya quem fez isso. E nós pensamos: “Estou fazendo algo”, mas na verdade nossas atividades são realizadas por maya. Por isso, supondo que eu tenha distribuído um livro e pense: “Oh! Acabo de distribuir um livro”, quem distribuiu o livro de fato? Srila Gurudeva: Quem o distribuiu mesmo foi Gurudeva. Como é que você vai fazer isso? Você não pode fazer nada. Não consegue sequer fabricar uma folha de grama seca. O guru concede essa energia ao discípulo, porém, às vezes, o discípulo fica confuso e pensa: “Sou eu que estou agindo”. Pensar assim é errado e faz com que o discípulo caia. Todos vocês têm que tomar muito cuidado com isso. Ramacandra dasa (Nova Déli): O guru concede a oportunidade e a capacidade. Srila Gurudeva: Sim, o guru faz as duas coisas – oportunidade e capacidade. Pela graça dele, conseguimos a refeição e a capacidade de digeri-la. Srila Gurudeva promove os livros 12 de maio de 2003, Los Angeles, Califórnia Sri Jayadeva Gosvami, um maha-bhagavata de altíssima classe, escreveu o livro chamado Sri Gita-govinda (As glórias de Govinda). Quando tomou conhecimento desse livro, Caitanya Mahāprabhu fez uma cópia dele e mandou que Seus seguidores o copiassem também. Naquela época, não havia gráficas, os livros eram reproduzidos à mão. Portanto, Mahaprabhu mandou que seus seguidores copiassem o livro à mão e depois pregassem com base no conteúdo dele. Em Jagannatha Puri, todos os vaisnavas e 67
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companheiros de Sri Caitanya Mahaprabhu copiaram aquele livro à mão e desse modo fizeram um belo colar com as belas canções constantes nele. Manjari Dasi canta a primeira canção desse livro, chamada Srita Kamala, cujas palavras e significado são muito íntimos de Krsna. Uma devidasi certa vez cantava essa canção na floresta à noite. Ouvindo aquele kirtana tão doce, Krsna, sob a forma de Jagannatha-deva, abriu Sua porta. Certas pessoas podem achar que Ele é uma estátua de madeira, mas não. Saindo do templo, Ele pôs-Se a correr floresta adentro em direção àquela voz, fazendo com que arbustos espinhosos Lhe arranhassem o corpo e rasgassem Sua roupa. Antes de Ele conseguir chegar aonde estava a devidasi, ela parou de cantar, mas Ele já enlouquecera. Mesmo assim, Ele voltou para o templo e fechou a porta. De manhã, quando veio fazer mangala-arati, o pujari descobriu os arranhões em Jagannatha e Sua roupa rasgada. O pujari mandou chamar o sacerdote-mór e o rei, que, muito preocupados, perguntaram-se: “Quem poderia ter feito isso?” Eles queriam prender a pessoa responsável por aquilo, mas, é claro, o culpado era o próprio Jagannatha! Por que Jagannatha correu atrás daquela mocinha? Por ter ficado intensamente atraído por aquela canção. Manifestando-Se no sonho do rei, Jagannatha-deva explicou-lhe que havia ouvido Sua servinha cantando a certa distância e, de tão atraído que Se sentiu por aquela voz, teve o impulso de correr na direção dela. Enfim, revelou ao rei que foram os arbustos e os espinhos da floresta que Lhe arranharam o corpo transcendental. Após esse incidente, como medida de precaução, ficou determinado que só cantassem essa canção na presença de Jagannatha-deva. A partir de então, todos deveriam tomar cuidado para não cantá-la longe do templo.
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Certa vez, à noite, Sri Caitanya Mahaprabhu dirigiu-Se a Catakaparvata [região montanhosa de Jagannatha Puri, perto da praia do Oceano Índico], onde uma mocinha entoava Srita Kamala com uma melodia lindíssima. Mahaprabhu não conseguiu Se conter. Sem Se importar com quem cantava, correu em direção ao som daquela voz. Seu servo, Govinda, sabia que era uma mocinha bem jovem que estava cantando. Ele saiu no encalço de Mahaprabhu, exclamando: “Não vá! Não vá! Caso contrário, vai querer abandonar Sua vida por ter abraçado uma mulher!” Como não conseguia correr tanto como Sri Caitanya Mahaprabhu, Govinda exclamava: “Ó Prabhu, o que está fazendo? A pessoa cantando essa canção é uma mocinha muito linda! Não vá! Não a abrace!” Ouvindo aquilo, Mahaprabhu voltou a Si e disse a Govinda: “Se você não tivesse Me impedido de tocar na mocinha, Eu teria mergulhado no oceano e abandonado Minha vida”. Essa canção de Sri Jayadeva Gosvami é saturada de rasa. O Gita-govinda é um livro muito famoso. Acabamos de traduzi-lo do sânscrito original para o híndi, e lhe acrescentamos ótimas explicações. Em breve, ele estará pronto para ser distribuído em toda a Índia, bem como para os falantes de híndi no mundo inteiro. Sua edição em inglês e tantos outros títulos também estarão disponíveis em breve. Tenho trabalhado arduamente, com a ajuda de devotos muito dedicados. Sri Krsna e meu parama-pujyapada Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja me mandaram bhaktas bastante eruditos e competentes. Tenho muita sorte. Eles me ajudam, providenciando tudo. Em breve, já teremos publicado o Sri Ujjvala-nilamaṇi e outros livros maravilhosos. O Sri Bhaktirasamrta-sindhu de Srila Rupa Gosvami e o Sri Bṛhad-bhagavatamrta de Srila Sanatana, guru de Srila Rupa Gosvami, serão impressos em breve. Para quem estuda esses livros, com certeza fica bem mais fácil compreender bhakti. 69
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Srila Bhaktisiddanta Sarasvati Thakura promove a distribuição de livros
[As duas citações a seguir não são de Srila Gurudeva, mas de seu parama-gurudeva, Srila Bhaktisiddanta Sarasvati Thakura Prabhupada, que escreveu o seguinte em seu Upadesavali (guirlanda de orientações essenciais):] “Montar uma gráfica para imprimir livros devocionais e pregar organizando programas de nama-hatta constituem serviço genuíno a Sri Mayapura”. (Upadesavali – 6) [O trecho a seguir faz parte do que Srila Bhaktisiddanta Sarasvati Thakura Prabhupada disse a um coletor de impostos aposentado, chamado Sri Amarendranatha Pala Chaudhary, em Cataka-parvata, Jagannatha Puri, Sri Purusottama-dhama. Mais tarde, publicaram esse discurso em sua revista Gaudiya (ano 14, nº 37) e os discípulos de Srila Gurudeva traduziram o mesmo artigo para lançá-lo na revista Rays of the Harmonist.] “No Sri Gaudiya Matha, aqueles que pregam escrevendo livros devocionais e artigos para revistas ou jornais com certeza estão praticando krsna-kirtana. Eles o fazem por intermédio da brhad-mrdanga, a editora equipada com “agência de correio” e gráfica. Eles praticam krsna-kirtana organizando exposições. Alguns realizam krsna-kirtana por intermédio de seu próprio comportamento exemplar e ideal. Para garantir que esse krsnakirtana não se perca no éter, eles o registram e apresentam sob a forma de literatura devocional. Desse modo, no futuro, também será possível ouvir e krsna-kirtana”. [Rays of the Harmonist, Karttika 2008] 70
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[Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Prabhupada sempre enfatizava a publicação e a distribuição de livros, também glorificadas na canção escrita em sua homenagem pelo Guru Maharaja de Srila Gurudeva, Sri Srimad Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja. Na biografia de seu Guru Maharaja, Srila Gurudeva dá a seguinte explicação para o sexto verso dessa canção, chamada Srila Prabhupada Arati:] sarva-vadya-mayi ghanṭa baje sarva-kala bṛhat-mrdanga vadhya parama rasala “O krsna-kirtana, em geral acompanhado por karatala, sinos e outros instrumentos, ressoa para todo o sempre em todas as direções, contudo, na verdade, é a editora conhecida como brhad-mrdanga que distribui a rasa suprema”. O sino é muito importante ao se realizar arcana (adoração) a sri vigraha. É essencial tocar o sino, que é sarva-vadya-mayi (o somatório de todos os sons musicais), enquanto se oferecem incenso, lamparina e outros ingredientes. O papel do sino, que mantém o tilintar naquele arati extraordinário, também é singular. Esse sino transcendental é o poderoso hari-katha. Toda a vida de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura foi permeada por hari-katha – de fato, ele é a personificação de hari-katha! Seu hari-katha não parava em circunstância alguma, mesmo quando ele estava envolvido por crianças inocentes ou plantas e abelhas. Seu hari-katha era tão potente e eficaz que qualquer pessoa que o ouvia logo se sentia inspirada a praticar bhakti. Kirtana também é essencial quando se pratica arcana. Srila Jiva Gosvami escreve em seu Bhakti-sandarbha: “Yadyapy anya bhakti kalau karttavya tada kirtanakhya bhakti samyogenaiva – se alguém pratica outras ramificações de bhakti que não harinama-sakirtana deve, também, realizar 71
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harinama-sakirtana ao mesmo tempo. Em Kali-yuga, quem praticar qualquer sadhana independentemente de sankirtana não obterá fruto algum”. Logo, é essencial praticar sankirtana enquanto se realiza arcana. Sankirtana se subdivide em categorias diferentes, entre elas, nama-kirtana, rupa-kirtana, guna-kirtana e lila-kirtana. Entre essas categorias de kirtana, nama-kirtana é a melhor de todas: tara madhye sarva srestha namasankirtana. A mrdanga é outra faceta essencial do sankirtana. No entanto, a contribuição da brhad-mrdanga, a editora, é de suma importância no arati propagado por Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Prabhupada. O som da mrdanga comum é bastante limitado, porém, a literatura publicada pela brhad-mrdanga alcança todos os cantos do mundo. Esses livros sagrados entram nos corações dos sadhaka-bhaktas e fazem com que eles dancem no êxtase de harinama-sankirtana. O som da brhad-mrdanga não para jamais – brota eternamente do coração dos devotos e continua inspirando-os. Todas as glórias ao arati de Srila Prabhupada, que estabeleceu a brhad-mrdanga! “A vida e os ensinamentos de Srila Bhakti Prajnana Kesava Gosvami” – Seção 7, Srila Prabhupada Arati Srila Bhaktivinoda Thakura distribuía seus livros Em 1938, deu-se o auspicioso surgimento de Srila Saccidananda Bhaktivinoda Thakura em família respeitável e culta na aldeia chamada Viranagara, que fica perto de Sri Navadvipa-dhama na Bengala Ocidental. Ele escreveu cerca de cem livros autênticos sobre a ciência de bhakti em sânscrito, bengali, híndi, inglês e outros idiomas, estabelecendo, com isso, uma nova era para a linhagem gaudiya-vaisnava. Esse feito extraordinário restabeleceu a glória do gaudiya-vaisnavismo, em razão do que os gaudiyavaisnavas permanecerão eternamente endividados para com Srila Bhaktivinoda Thakura. 72
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Na era moderna, Srila Bhaktivinoda Thakura fez voltar a funcionar a bhakti-bhagirathi, a corrente caudalosa do poderoso rio da devoção pura, e por isso ele é famoso como o Sétimo Gosvami. Bhakti-tattva-viveka, Prefácio Palestra em Birmingham, Inglaterra – 21 de junho de 2001 Sabem o que Srila Saccidananda Bhaktivinoda Thakura fez? Apesar de ser alto funcionário do governo, magistrado do distrito de Puri, ele ia de aldeia em aldeia em nagara-sankirtana. Fundou inúmeros pontos de nagarasankirtana e nama-hatta em cada povoado da Bengala, e dizia o seguinte sobre si mesmo: “Nama-hatta jhadu-dara – sou varredor da rua de namahatta (o mercado do santo nome)”. Ele escreveu mais de cem livros. Outrora, eu pensava: “Afinal, onde estão esses cem livros?”, mas hoje em dia me dou conta de que ele escreveu mais de mil livros. Por que ele fez isso? Ele o fez por nós. Nossa riqueza está em suas canções e sua obra literária! Se você é fiel, continue cantando os kirtanas e lendo a obra de Bhaktivinoda Thakura. Mesmo que cantemos uma só de suas canções, nosso apego a este mundo desaparecerá. [A citação a seguir é de Srila Bhaktivedanta Swami Maharaja:]
Bhaktivinoda Thakura distribuía seus livros. Em 1896, ano do meu nascimento, ele enviou seu primeiro livro, Ensinamentos do Senhor Caitanya (O Senhor Caitanya – Sua vida e preceitos) para a Universidade de McGill no Canadá, e eu tive a oportunidade de ver esse livro. 15 de outubro de 1972, Vrndavana, Índia
Srinivasa Acarya distribui livros Dia do advento de Srinivasa Acarya 73
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15 de maio de 2003, Badger, Califórnia Srinivasa Acarya, diksa-discípulo de Srila Gopala Bhatta Gosvami, foi muito bem treinado por seu siksa-guru, Srila Jiva Gosvami. Ele compôs muitas melodias para os kirtanas e era tão elevado que nosso Srila Rupa Gosvami e os outros Gosvamis dependiam dele. Eles o orientaram assim: “Vá pregar na Bengala e distribua a literatura escrita por nós [Srila Rupa Gosvami, Srila Sanatana Gosvami, Srila Jiva Gosvami e os outros Gosvamis]”. Juntamente com seus companheiros Srila Narottama Dasa Thakura e Srila Syamananda Prabhu, ele acatou aquela ordem, levando os livros para a Bengala. Ao longo do caminho, uns ladrões saquearam a carroça carregada de livros. Eles pensaram ter roubado um baú cheio de joias, pois um astrólogo dissera ao líder dos ladrões: “Aquela carroça está repleta de tesouros”. O roubo enlouqueceu os três devotos de saudade do coração dos Gosvamis, manifesto como aqueles textos. Srinivasa Acarya pediu, então, a seus dois companheiros Narottama e Syamananda que fossem para a Bengala, dizendo-lhes: “Vou ficar aqui até descobrir o paradeiro desses livros”. O rei local, apesar de ser líder daqueles ladrões, também era devoto e sempre ouvia as escrituras, sobretudo, o Srimad-Bhagavatam. Havia um bhagavata-pandita em seu conselho que lia em voz alta e explicava o Srimad-Bhagavatam. Vestido em trajes bem simples, Srinivasa Acarya dirigiu-se ao rei e líder dos criminosos num dia em que palestravam sobre o SrimadBhagavatam. Sentou-se humildemente na reunião para ouvir o pandita da corte. Encerrado o discurso daquele dia, Srinivasa perguntou: “Posso fazer um comentário ao que o pandita explicou?”
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O rei disse: “Claro que sim! Ótimo. Explique-nos algo mais”. O pandita falara sobre a Gopi-gita, mas não a explicara em profundidade. Srinivasa Acarya pôs-se de pé e começou a explicá-la aos prantos, fazendo a audiência chorar também. Compartilhou as mesmas explicações de Srila Visvanatha Cakravarti Ṭhakura, Srila Sanatana Gosvami e Srila Jiva Gosvami em seus comentários ao Srimad-Bhagavatam. O rei logo se aproximou de Srinivasa Acarya e prestou-lhe dandavatpranama, implorando-lhe: “Quero receber iniciação diksa do senhor e ouvilo recitar o Srimad-Bhagavatam”. Srinivasa aceitou o rei como discípulo, após o que o rei lhe fez a seguinte oferta: “Quero lhe dar guru-daksina – posso lhe dar o que o senhor quiser”. Srinivasa respondeu: “Oh! É uma promessa? Se é, por favor, arrume um jeito de recuperar aquela carroça cheia de livros”. Ao que o rei exclamou: “Oh! Sim, ela está comigo! Ela está comigo! Meus astrólogos me disseram: ‘Três devotos de Vrndavana atravessarão a floresta com um monte de joias – mais do que joias’. E foi por isso que nós roubamos a carroça. Quando abrimos o baú, não conseguimos entender que espécie de joias eram aquelas. Agora, porém, ouvindo seu katha, sei que elas são muito mais do que joias”. Joias não podem conceder krsna-bhakti a ninguém – elas não têm como nos ajudar. Já os livros podem nos ajudar milhares de vezes mais que as joias. Vocês chegaram aqui [na missão da consciência de Krsna] apenas pela graça desses livros! Assim, salvaram-se o Sri Caitanya-caritamrta, os livros de Srila Jiva Gosvami, Srila Sanatana Gosvami, Srila Rupa Gosvami e toda a literatura dos demais Gosvamis. Assim era Srinivasa Acarya, um devoto elevadíssimo. 75
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Srila Giva Gosvami copiava os livros à mão Palestra no dia da partida divina de Srila Jiva Gosvami Oahu, Havaí, 16 de janeiro de 2002 Sri Caitanya Mahaprabhu, a Suprema Pessoa Divina, Sri Krsna, que assume a beleza e o humor intrínseco de Srimati Radhika, veio a este mundo, é claro, mas quem revelou os sentimentos mais íntimos do âmago do coração de Mahaprabhu foi Srila Rupa Gosvami. Sem a vinda de Srila Rupa Gosvami, talvez não tivéssemos tomado conhecimento da identidade de Mahaprabhu. O crédito pela publicação dos livros de Rupa Gosvami é todo de Srila Jiva Gosvami, que sempre serviu a Srila Rupa Gosvami. Ao publicar a obra de Rupa Gosvami, ele satisfez o desejo mais íntimo de Rupa Gosvami. Naquela época, era muito difícil publicar livros, porque os autores tinham que escrever os livros com suas próprias canetas, já que ainda não havia gráficas. Jiva Gosvami escreveu com sua própria caligrafia cada cópia de todos os livros de Srila Rupa Gosvami! Srila Jiva Gosvami foi a pessoa mais erudita de sua época e preservou o legado de Srila Rupa Gosvami. Por estar sempre na companhia de Rupa Gosvami, Jiva Gosvami conseguiu escrever muitos comentários segundo o rupanuga-vaisnavismo. Se não fosse por ele, todos os livros de Srila Rupa Gosvami teriam se perdido. Ele também pregou sobretudo para Sri Syamananda Prabhu, Sri Narottama Dasa Thakura e Sri Srinivasa Acarya. Procurem praticar e servir à causa da missão de Mahaprabhu como o fez Srila Jiva Gosvami.
Srila Vyasadeva, o distribuidor de livros original
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O que é vyasa? A linha que vai de um lado a outro de um círculo, atravessando o seu ponto central, chama-se diâmetro, ou vyasa. O que significa isso? Krsna é o centro de tudo e de todos, não apenas deste mundo, mas de tantos universos. Nesse círculo, encontram-se, não só este mundo, mas também tantas centenas de milhões de universos. Vyasa toca em Krsna e passa por todos os inúmeros confins da existência material. Quem é Vyasa? É todo aquele que prega as glórias de Krsna para todos e lhes ensina assim: “Vocês devem servir a Krsna – caso contrário, não conseguirão se salvar dessa interminável cadeia de nascimento e sofrimento”. Vyasa é aquele que está sempre servindo a Krsna de um canto a outro, em toda parte deste mundo material. [Singapura, 11 de fevereiro de 2001] Hoje, vamos observar Guru-puja, ou Vyasa-puja. Em primeiro lugar, é essencial saber o que é Guru-puja e Vyasa-puja. Na verdade, tanto um quanto o outro são a mesma coisa. Sri Krsna Dvapipayana Vedayasa subdividiu o único Veda em quatro. Depois, como as pessoas em geral teriam dificuldade em extrair a essência dos Vedas, ele escreveu o Brahma-sutra, ou Vedanta-sutra. No primeiro verso do Srimad-Bhagavatam, Srila Vyasadeva revela o significado do gayatri-mantra. Se ele não tivesse vindo a este mundo, tudo teria se perdido. Ele revelou o gayatri-mantra, bem como o catuh-sloki – os quatro versos essenciais do Srimad-Bhagavatam – e sua explicação revelou sobretudo maha-bhava, o amor supremo de Srimati Radhika. Ele revelou o significado do Vedanta-sutra, que é o Srimad-Bhagavatam, manifestou todos os Puranas, em especial, o Mahabharata. A essência de todos esses textos sagrados é a mesma. ...................... Srila Vyasadeva primeiro transmitiu ensinamentos a seus quatro discípulos, Jaimini, Vaisampayana, Paila e Angira [a cada um dos quais ele encarregou de disseminar um dos quatro Vedas] – e ensinou essa ciência 77
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especialmente a seu tão querido filho Srila Sukadeva Gosvami, que, além de filho, também era seu estimado discípulo. Srila Vyasadeva manifestou todo o seu conhecimento no coração de Srila Sukadeva Gosvami, que então o pregou em toda parte. Todos os acaryas, seus discípulos, bem como todo o nosso guru-parampara, são muitíssimo gratos aos integrantes da linhagem de Srila Vyasadeva. Portanto, é essencial conhecer o significado de vyasa. Imagine um círculo. Se de algum ponto de sua circunferência se traça uma linha reta que passe pelo centro até o outro lado dela, isso se chama vyasa, ou diâmetro. O diâmetro, sempre reto e cobrindo todos os 360 graus do círculo, sempre o divide em duas metades de 180 graus. Isso é vyasa.
Da mesma maneira, esse vyasa, Srila Vyasadeva, toca em todos os cantos do mundo. Srila Vyasadeva revelou a Suprema Pessoa Divina, revelou Radhika e todas as outras classes de conhecimento. Logo, temos todos uma dívida ilimitada para com Srila Vyasadeva. Todo o nosso guruparampara está endividado com ele, razão pela qual o mantra de vyasa-puja é (Srimad-Bhagavatam 1.2.4): narayanam namaskrtya / naram caiva narottamam devim sarasvatim vyasam / tato jayam udirayet “Antes de recitar este Srimad-Bhagavatam, que é o nosso próprio meio de conquista, devemos prestar respeitosas reverências a Narayana, a Suprema Pessoa Divina, a Nara-narayana Rsi, o ser humano supremo, à mãe Sarasvati, a deusa da sabedoria, e a Srila Vysadeva, o autor”.
Esse é o mantra com o qual adoramos Vyasa, que é a origem do vyasapuja. Narayanam namaskrtya. Primeiro, prestamos pranama a Narayana, que é o próprio Krsna, e depois a naram caiva. Para alguns, neste contexto, naram ca quer dizer Arjuna, e não faz mal pensar assim, mas em geral 78
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significa Nara-narayana Rsi. Em seguida, devim sarasvatim, que é Sarasvatidevi, a deusa da sabedoria. Vyasam tato jayam udirayet quer dizer “e, então, a Srila Vyasadeva.” Prestando pranama dessa maneira, podemos, então, ler ou explicar o Mahabharata, o Srimad-Bhagavatam, o Vedanta-sutra e todos os Puranas. O discípulo de verdade sabe que seu mestre espiritual fidedigno é como Krsna, conforme elucidam os sastras. Srila Vyasadeva revelou as palavras de Srila Suta Gosvami em seu Srimad-Bhagavatam (1.2.2): yam pravrajantam anupetam apeta-krtyam dvaipayano viraha-katara ajuhava putreti tan-mayataya taravo ’bhinedus tam sarva-bhuta-hrdayam munim anato ’smi “Presto pranama a Sri Sukadeva Gosvami, que tem acesso aos corações de todos os seres. Quando ele saiu de casa sem se submeter aos processos purificatórios, entre eles, a cerimônia do cordão sagrado ou o cumprimento de deveres como servir aos pais, seu pai, Vyasa, exclamou: “Ó meu filho!” Como se estivessem concentradas naquele mesmo sentimento de saudade, as árvores ecoaram em resposta à sua chamada”. Tanto como Krsna, Gurudeva é sarva-bhuta-sthitam, ou seja, está no coração de todos. Krsna está em toda parte e, de igual maneira, você não tem como esconder algo de seu Gurudeva. Você quer esconder muitas coisas, como sua luxúria e seus desejos mundanos, mas Gurudeva sabe mais a seu respeito até que o próprio Krsna, pois ele é muito próximo de Krsna. Você não tem como enganá-lo – se tentar enganá-lo, estará se enganando a si mesmo – por isso, não tente fazer tal coisa. Revele seu coração aos pés de lótus de seu Gurudeva. Assim, conseguirá aprender a agradá-lo. Parama-pujyapada Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja, que conhecia e seguia a ordem de seu Gurudeva, pregou a missão de Mahaprabhu no mundo inteiro. Ele foi a todos os cantos do mundo – nas florestas, no meio 79
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dos oceanos, no alto das montanhas e até em lugares perigosos como os pântanos! ... No dia de hoje (vyasa-puja), o discípulo ou acarya se prostra aos pés de lótus de Sri Gurudeva, a fonte de toda sorte de conhecimento para ele. Saibam que tattva-jñana, o conhecimento a respeito das verdades filosóficas consolidadas, não é suficiente. De onde brotará o humor que fará com que você chore como as gopis choravam? Srimati Radhika vive chorando, inebriada em krsna-prema. Krsna, apesar de Se lamentar e sofrer por Ela, não enlouquece tanto assim. Muitas manifestações de Radha dançam com Krsna, mas, para Srimati Radhika, há apenas um Krsna. Vyasadeva, que é o próprio Narayana, revelou-nos tudo isso. Discurso de Vyasa-puja – Alachua, Flórida, fevereiro de 2003
Não demorem Nada de deixar os livros em câmaras frias Los Angeles, Califórnia, 11 de maio de 2003 Os livros produzidos por Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja, bem como os que tenho produzido hoje em dia, devem ser impressos em grande quantidade – isso já está acontecendo. Atualmente, estamos gastando cerca de 200 mil dólares para imprimir livros – agora resta distribuí-los. Não quero que os livros permaneçam em câmaras frias. Quero que vocês todos me ajudem a distribuir livros, e vocês podem manter algum lucro para cobrir suas despesas pessoais.
Eu já disse isso muitas vezes 25 de maio de 2000 – Mawi, Havaí Também procurem distribuir os livros publicados por nós. À época de Srila Bhaktivendanta Svami Maharaja, muitos rapazes e moças costumavam
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fazer isso. Foi assim que a consciência de Krsna espalhou-se rapidamente mundo afora. Meu desejo é que isso torne a acontecer. Hoje em dia, os líderes não saem a nagara-sankirtana, hari-nama. Mas eu quero que todos os meus discípulos façam isso. Mesmo que sejam duas, três ou quatro pessoas, não há problema. Saiam com mrdanga e karatalas. Não havendo mrdanga, não há problema – levem seus karatalas. Basta vocês cantarem “Haribol, Haribol, Hare Krsna, Hare Krsna”. Quanto aos meus livros, cada devoto deve levar pelo menos dez conjuntos e distribuí-los. Eu já lhes disse isso muitas vezes. Façam isso para servir e agradar a Gurudeva e Krsna, e não parem de fazê-lo. Muito obrigado!
Ciclicamente, imprimam, distribuam e imprimam
Pela ordem e misericórdia de seu gurudeva, Srila Bhaktivendanta Svami Maharaja viajou por todos os cantos deste mundo. Ele foi aos países orientais e ocidentais, onde pregou a missão de nosso guru-parampara na linhagem de Srila Rupa Gosvami, Srila Bhaktivinoda Thakura e Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada. É admirável como, em pouco tempo, ele pregou no mundo inteiro – em florestas, em ilhas, no meio dos oceanos, no alto das colinas e em todos os outros lugares. Como lhe foi possível fazer tal coisa? Ele conseguiu tal feito porque traduziu muitos livros autorizados, tais como o Sri Caitanya-caritamrta, o Srimad-Bhagavatam e o Bhagavad-gita Como Ele É, e mandou que seus discípulos os distribuíssem em logradouros públicos – igrejas, aeroportos, supermercados e estações ferroviárias. Naquela época, belas mocinhas adolescentes pregavam em toda parte, sem nenhuma vergonha, dançando para lá e para cá, e distribuíam os livros dele. Iam aqui e acolá cantando: sri-krsna-caitanya-prabhu nityananda sri81
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advaita gadadhara srivasadi-gaura-bhakta-vrnda / hare krsna hare krsna, krsna krsna hare hare, hare rama hare rama, rama rama hare hare. Esse kirtana e os livros que Srila Svami Maharaja escreveu e distribuiu fizeramno conhecido em quase todo o mundo. Assim, em poucos anos, ele pregou sua missão em toda parte. Ele é meu siksa-guru, e eu quero que vocês façam a mesma coisa que ele fez. Além disso, meu diksa-gurudeva, Srila Bhakti Prajnana Gosvami Maharaja, mandou que eu traduzisse livros de seus idiomas originais para outros idiomas, o que venho fazendo deste então. Até agora, já se publicaram cerca de cinquenta livros. Esses textos são tanto suplementares quanto complementares aos livros de Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja. Em meu suplemento ao seu Bhagavad-gita Como Ele É, apresento os comentários adicionais de Srila Visvanatha Cakravarti Thakura. Agora, pretendo publicar o Sri Bhakti-rasamrta-sindhu, acompanhado dos comentários de Srila Visvanatha Cakravarti Thakura e Srila Jiva Gosvamipada, como um suplemento a sua obra, conhecida como O Néctar da Devoção. Além disso, o Sri Ujjvala-nilamani estará em suas mãos muito em breve. Sri Bhajana-rahasya, Sri Brahma-samhita, Sri Brhadbhagavatamrta e tantos outros livros estão enfileirados, exclamando: “Publique-me primeiro! Publique-me primeiro!” Muitos devotos têm me ajudado nesse empreendimento. Srila Svami Maharaja me providenciou a ajuda de muitos acadêmicos eruditos, inclusive eruditos em sânscrito, bengali e híndi. Ele também me enviou devotos experientes como usuários de computadores. Desejo seguir Svami Maharaja e oro para que ele me inspire de maneira que eu consiga cumprir todas essas tarefas. Quero que vocês distribuam meus livros – não os deixem mofar em câmaras frias. Quero que, ciclicamente, milhares e milhares de livros saiam da gráfica e sejam logo distribuídos e novamente reimpressos. Para todas as cidades, montanhas, hotéis e trens Caminhada matinal, Houston, Texas, 28 de maio de 2009 82
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Ramacandra Dasa: Gurudeva, o senhor pode falar um pouco sobre a importância da distribuição de livros? Srila Gurudeva: Distribuindo livros, Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja pregou no mundo inteiro. Seus livros foram de casa em casa, em todas as cidades, florestas, montanhas, hotéis, trens, livrarias, praticamente, todos os lugares. Quero que meus discípulos distribuam meus livros da mesma maneira. Meus livros devem chegar a cada lar em cada recanto do mundo. [Voltando-se para Ramacandra Dasa, Gurudeva diz:] Sou-lhe muito grato por ter distribuído tantos livros. Talvez Ramacandra seja o distribuidor de livros número um! Brajanatha Dasa: Toda vez que ele sai para distribuir livros, distribui mais de cem exemplares! Srila Gurudeva: Por que os outros não fazem a mesma coisa? Os outros também devem tentar!
SEGUNDA PARTE
Misericórdia Conjunta Srila Gurudeva e Srila Prabhupada
Meu diksa-gurudeva, Srila Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja, mandou que eu traduzisse livros dos idiomas originais para outros idiomas, e desde então tenho feito isso. Até o momento, já publicaram cerca de cinquenta livros, que são tanto suplementares quanto complementares à obra de Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja. (4 de fevereiro de 2003 – Flórida)
Srila Prabhupada distribui livros
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[Nesta segunda parte de A Alma da Distribuição de Livros, Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja, nosso querido Srila Prabhupada, fala do projeto de publicar e distribuir livros transcendentais.]
Para se livrar da contaminação Palestra sobre o Srimad-Bhagavatam, fevereiro de 1971, Índia Se você quer realmente se libertar da contaminação deste mundo material, procure estar sempre ocupado, cantando – sankirtana. Além disso, deve ler o Livro de Krsna, O Néctar da Devoção e Os Ensinamentos do Senhor Caitanya. Caso se sinta cansado de cantar, leia esses livros. Se está lendo um livro, mas quer ler outro, temos muitos outros livros à sua disposição. Por isso, se cansar de um livro, transfira sua atenção para outro livro ou cante e procure não perder um instante sequer – kirtaniyah sada hari. Por uma revolução espiritual [Prefácio à sua tradução do Srimad-Bhagavatam – Nova Déli, Índia, 15 de dezembro de 1962] Devo admitir minhas falhas ao apresentar o Srimad-Bhagavatam, mas, mesmo assim, tenho esperança de que tenha boa acolhida dos pensadores e líderes da sociedade, com base na seguinte afirmação do próprio SrimadBhagavatam (1.5.11): tad-vag-visargo janatagha-viplavo/ yasmin prati-slokam abaddhavaty api/ namany anantasya yaso ’nkitani yat/ srnvanti gayanti grnanti sadhavah “Por outro lado, aquela literatura repleta de descrições das glórias transcendentais do nome, da fama, da forma e dos passatempos do ilimitado Senhor Supremo é uma obra transcendental destinada a revolucionar a vida ímpia da civilização desorientada. Esses textos transcendentais, apesar das possíveis irregularidades em sua composição, são ouvidos, cantados e aceitos por seres humanos purificados e realmente honestos”. 84
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Torne-se autorrealizada por intermédio dos livros [Carta à srta. Nedungadi – Mumbai, Índia, 19 de março de 1975]
Cara srta. Nedungadi, Por favor, aceite minhas saudações. Acabo de receber sua carta, que li com toda a atenção. Agradeço-lhe muitíssimo por suas apreciações tão generosas. Fico-lhe muito grato por ter gostado de estudar meus livros. Muitos jovens inteligentes como você têm estudado esses livros em faculdades e universidades do mundo inteiro. Na verdade, qualquer um que procure entendê-los tornar-se-á, aos poucos, um devoto autorrealizado do Senhor Krsna. A potência original do sastra permanece nesses livros porque não lhes acrescentei nada, tampouco emiti alguma opinião pessoal quanto a seu conteúdo. Atenho-me a apresentar as escrituras, a Bhagavad-gita e o Srimad-Bhagavatam, por exemplo, como elas são. Por isso, veja só o impacto que elas exercem sobre o mundo! Por ora, temos cerca de cem centros mundo afora e cerca de dez mil discípulos totalmente dedicados. Você é bem-vinda a visitar e hospedar-se em qualquer um de nossos centros em prol de seu avanço espiritual. Temos um ótimo centro em Madras, onde você pode adquirir todos os livros.
Tornem-se membros vitalícios e leiam Palestra proferida em Mumbai, 12 de janeiro de 1973
Já publicamos cerca de vinte livros como este. Todos os membros vitalícios têm esses livros. Àqueles que ainda não são membros vitalícios, peço que façam sua adesão que lhes daremos bem mais que o valor de seu dinheiro em livros. Queremos que todos – inclusive os eruditos e os homens pensativos – leiam esses livros, o Bhagavad-gita Como Ele É, por exemplo. 85
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Esses livros têm sido muito bem acolhidos nos países ocidentais. Acabo de receber um relatório de Los Angeles, afirmando que vendemos cem mil dólares em livros nos três dias do feriado de Natal. Por isso, constatamos como nossos livros têm sido bem acolhidos nos países ocidentais. Leia-os em em voz alta Palestra sobre o Srimad-Bhagavatam, Genebra, Suíça, 3 de junho de 1974 Sravanam é mais do que essencial – sravanam kirtanam visnoh smaranam pada sevanam. Por isso, em todos os nossos centros, os devotos devem seguir esse processo. Agora temos um monte de livros! Nosso Yogesvara Prabhu é um leitor entusiasmado! Todos devem ler os livros e os outros devem ouvi-los. Isso é essencial. Da mesma maneira que agora estudamos um verso por dia, como há tantos outros versos em cada livro, vocês poderão continuar recitando-os por cinquenta anos. Agora que os livros foram publicados, vocês podem continuar lendo-os. Não vai faltar livro na sua biblioteca.
Analisem, leiam e compreendam Palestra sobre o Srimad-Bhagavatam – Melbourne, Austrália, 5/4/1972
Eles têm cantado dezesseis voltas, a administração dos templos segue seu curso rotineiro e os livros têm sido analisados, lidos e compreendidos na prática. Isso é necessário. Suponha que você saia para vender livro e alguém lhe diga: “Já leu esse livro? Pode explicar esse verso?” O que você lhe dirá? Dirá que o livro é para ela, e não para você? Dirá que só precisa do dinheiro dela e pronto? Essa seria uma boa resposta?”
Os livros são krsna-kirtana 86
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Vrndavana, Índia – 17 de março de 1974 Todos os Gosvamis se reuniram para cumprir a ordem de Sri Caitanya Mahaprabhu – escrever livros sobre Krsna, Seus passatempos, Sua lila. Eles escreveram livros de um nível de entendimento espiritual elevadíssimo. Nana-sastra-vicaranaika-nipunau sad-dharma-samsthapakau. É isso que os Gosvamis fazem. Dos sintomas dos Gosvamis, o primeiro é krsnotkirtana-gana-nartana-parau. Eles viviam atarefados, fazendo krsnakirtana. Praticamos kirtana com mrdanga e karatalas – isso também é krsnakirtana. E escrever e ler esses livros também é krsna-kirtana. Escrever, ler e conversar sobre Krsna, pensar em Krsna, adorar Krsna e cozinhar para Krsna, inclusive alimentar-se para servir a Krsna, tudo isso é krsna-kirtana.
Os livros são kirtana gravado San Francisco, Califórnia, 18 de março de 1968 Hoje falaremos dos principais sintomas desta era. O SrimadBhagavatam foi praticamente gravado. Todos os textos védicos são gravados porque alguém os ouviu. Há cinco mil anos, todos conseguiam registrar na memória as afirmações das autoridades sem precisar de livros. Naquela época, a memória era tão aguçada que todos guardavam o conteúdo dos livros na memória pelo simples fato de ouvi-lo uma só vez de seu mestre espiritual. Não havia necessidade de consultar esses conteúdos escritos. Logo, há cinco mil anos, Srila Vyasadeva gravou este texto porque ele pôde perceber que no futuro as pessoas teriam nascimentos tão baixos que não lhes seria possível guardar os conteúdos na memória. Seriam necessários os livros físicos. Outrora, esses livros eram escritos à mão em folhas de palmeira porque não havia gráfica nem tipografia. Assim, caso alguém quisesse um livro, teria de copiá-lo de alguém – esse era o sistema. 87
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Tirem os livros da caixa Palestra sobre o Srimad-Bhagavatam – 16 de janeiro de 1975 Esse é o preceito – nityam. Nityam significa “sempre”. Por isso, os membros de nossa sociedade, tanto os internos quanto os simpatizantes, sejam eles comuns ou membros vitalícios, recebem livros. Por favor, leiam esses livros com cuidado. Não pensem que, por serem membros, podem guardar os livros em um armário. Não, leiam-nos na íntegra. Nityam bhagavata-sevaya – se lemos o Srimad-Bhagavatam com regularidade, nossa contaminação material se esvai. Nasta-prayesv abhadresu nityam bhagavata-sevaya. A contaminação começa a diminuir até desaparecer de todo, quando você se insere, enfim, em sua posição constitucional original e pura, a consciência de Krsna. Bhakti-yogatah. Evam prasanna-manaso bhagavad-bhakti-yogatah. Limpando o coração, ficamos prasanna-manasah, muito jubilosos. Bhagavad-bhakti-yogatah. Por isso, deve-se praticar e estudar esse bhagavata-dharma desde o início da vida. É para isso que temos muitos livros. Enxerguem pelos olhos do sastra [Palestra sobre a Bhagavad-gita – Manila, Filipinas, 12 de outubro de 1972]
Sem o sastra, como pode alguém progredir? Por exemplo, vocês veem o Sol diariamente como se fosse do tamanho de um disco, mas, se estudarem geografia por intermédio do sastra, compreenderão que o Sol é 1.400.000 vezes maior que a Terra. Como seria possível saber disso se não se pode ir até o Sol? É possível ter tal conhecimento por intermédio do sastra, dos livros. Portanto, vocês devem enxergar as coisas pelos olhos do sastra autêntico, dos livros autênticos.
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Tudo quanto falamos sobre o planeta Lua, o Sol ou sobre Deus e Sua morada em Vaikuntha-loka, o mundo espiritual, consta na literatura védica, pois a literatura védica é autêntica. Como acatamos a literatura védica, não aceitamos livros escritos por patifes. Aquilo que os Vedas declaram, nós aceitamos sem contestação. Por exemplo: segundo prescrevem os Vedas, devemos tomar banho caso toquemos no excremento de um animal, bem como em nossas próprias fezes – esse é o sistema. Na Índia, ainda hoje, não na cidade, mas nas aldeias, logo após defecar no campo, o homem toma banho e troca de roupa para se purificar, pois esse é um preceito do sastra. Conforme uma passagem do sastra, o estrume da vaca é puro. Mas, parecerá contraditório argumentar que, para uma passagem, o excremento de um animal é impuro, e o próprio excremento também, tanto que devemos tomar banho caso toquemos nele, e questionar a pureza do estrume de vaca. Isso é uma contradição superficial, tanto que quem segue estritamente os princípios védicos aceita que o estrume da vaca é puro. Bem, se alguém perguntar por que ele é puro, levando-o para análise química, constatará que o estrume de vaca é cheio de propriedades antissépticas. O estrume de vaca foi examinado por um médico de Kolkata chamado Raj Mohan Bose, o que reafirma o fato de que o preceito védico é perfeito.
Pelas palavras do Guru Homenagem a Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada no dia de sua partida divina – Atlanta, Georgia, 2 de março de 1975 Praticamente, vim para o Ocidente como se fosse um vagabundo. Mas, eu tinha plena fé que meu Guru Maharaja estava sempre comigo. Na verdade, nunca perdi essa fé! Existem duas palavras em sânscrito: vani e vapu. Vani significa “palavras” e vapu, “corpo físico” – logo, vani é mais importante que vapu. Vapu um dia vai acabar. O corpo material vai acabar – assim é a
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natureza. No entanto, se mantivermos, se guardarmos vani, as palavras do mestre espiritual, estaremos sempre bem firmes, aconteça o que acontecer. Por exemplo: Krsna falou a Bhagavad-gita há cinco mil anos. Porém, se você guardar as palavras de Krsna no coração, a Gita estará sempre fresca em sua mente e representará uma orientação constante para você. O fato de Arjuna ter ouvido Krsna pessoalmente falar a Bhagavad-gita não significa que ele já conhecia o conteúdo da Gita. Se você aceitar a Bhagavad-gita como ela é, deverá entender que Krsna Se apresenta para você por intermédio de Suas palavras. Isso se chama percepção espiritual – não se trata de incidentes históricos mundanos. evam parampara-praptam/ imam rajarsayo viduh sabe kaleneha mahata / yogo nastah parantapa (Gita 4.2) Se você não estiver em contato com o elo original, acabará perdendoo. Contudo, se mantiver contato com o elo original, estará ouvindo Krsna diretamente. Da mesma maneira, se você mantiver intacto o elo com Krsna e com Seu representante, o mestre espiritual, com os ensinamentos das autoridades superiores, estará sempre viçoso. Assim é a compreensão espiritual. Não percam esta oportunidade Discurso no Teatro Olympia, Paris, França – 26 de junho de 1971 Cantando, vocês sentirão o quanto estão avançando em conhecimento espiritual – assim é o caminho para se entender o que é percepção de Deus. Mas, se não acreditam nesse método simples, se querem entender o conhecimento por intermédio da ciência e da filosofia, nossos livros estão à sua disposição. Cerca de uma dúzia de livros com quatrocentas páginas cada explicam a ciência de cantar o mantra Hare Krsna. Aqui estão nossa revista De Volta ao Supremo e os nossos livros, entre eles, o Livro de Krsna, O Néctar da Devoção, Bhagavad-gita, SrimadBhagavatam... Temos tantos livros! 90
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Procurem levar este assunto a sério, porque, se perdermos essa oportunidade, após a morte, não saberemos o que poderá acontecer conosco. Talvez nasçamos sob a forma humana de vida ou em corpo de animal ou árvore. Não sabemos o que será de nosso destino. Mas, se cantarmos o mantra Hare Krsna e avançarmos em consciência de Krsna, é garantido que obteremos a forma humana na próxima vida.
Srila Prabhupada inspira os outros a distribuir livros
[Comentário dos Editores: Srila Gurudeva disse a seus discípulos e seguidores: “Distribuindo livros, Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja pregou no mundo todo. Seus livros foram de casa em casa, a todas as cidades, florestas e montanhas, hotéis, trens, livrarias e praticamente a todos os outros lugares. Quero que meus discípulos distribuam meus livros da mesma maneira. Meus livros devem chegar a cada casa e cada canto do mundo”. A seguir, veremos alguns exemplos de como Srila Prabhupada pedia a seus discípulos que distribuíssem seus livros a todos.]
O dever de todos os devotos Palestra sobre o Srimad-Bhagavatam, New Vrndavana, West Virginia, Estados Unidos – 11 de junho de 1969 Eis o dever de todos os devotos: distribuir livros para que as pessoas se beneficiem ao lê-los. Como revela a canção Sad-Gosvamyastakam, os Seis Gosvamis viviam escrevendo – nana sastra vicaranaika. Lendo os livros de Srila Rupa Gosvami, vocês encontrarão muitas referências aos Puranas, aos Vedas e a outros textos sagrados. Todos os Seis Gosvamis eram eruditos elevadíssimos. Por isso, eles encaravam o exercício de escrever como dever. Verificando a lista de qualidades do devoto, constataremos que ele é poético. No caso do devoto, ser poético não significa escrever poesia, mas 91
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sim ser literato. Eles se sentem na obrigação de escrever. Os devotos querem doar, pois isso faz parte de sua natureza. Afinal, sem literatura, como podemos iluminar as pessoas em geral? Meu Guru Maharaja costumava dizer que a editora é brhad-mrdanga. Brhad significa “maior”, logo, a editora é a mrdanga maior. Por exemplo, quando tocamos a mrdanga, ela vibra e ressoa aqui pela vizinhança. Mas a nossa mrdanga, a revista De Volta ao Supremo, ressoa bem mais longe. Por isso, meu Guru Maharaja encarava a editora como brhad-mrdanga. Reparem a logomarca – ela apresenta a mrdanga como símbolo da editora. Ele gostava muito da editora, da impressão de livros. Quando era ainda bem jovem, ele deu início ao projeto gráfico. Então, fazse necessária a propaganda sobre a editora, sobre a publicação e distribuição de livros. Não se trata de algo sentimental. Consciência de Krsna não é sentimentalismo, não é um grupo de sentimentalistas dançando e cantando, não. Há uma precedência, um embasamento filosófico e um entendimento teológico. Não se trata de algo cego ou sentimentalista. Por isso, Narada aconselha a Vyasa: “Você não é apenas afortunado, também é amogha-drk – sua visão é perfeita porque você é liberto”. Nossa visão não é perfeita. Por isso, há o termo anusrnuyet na versão védica – anu quer dizer “seguir”. É preciso seguir os acaryas, entre os quais, Vyasadeva, cuja visão não enfrenta nenhum tipo de obstáculo. Há quatro classes de obstáculos para a alma condicionada: ela está fadada a cometer erros (1), iludir-se (2), enganar os outros (3) e tem sentidos imperfeitos (4). São essas as quatro imperfeições da alma condicionada. Onde quer que seja, mesmo um homem famoso está sujeito a essas imperfeições. Portanto, sem a ajuda de uma alma liberta, ninguém obtém conhecimento verdadeiro. Até os chamados cientistas, astrólogos e astrônomos têm esses quatro defeitos. Eles estudam a natureza e concluem que talvez isso e pode ser que aquilo. Suas conclusões são imprecisas porque 92
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lhes falta visão clara das coisas. E é por isso que, passado um tempo, cientistas posteriores alteram as bases do conhecimento estabelecido por seus antecessores. Contudo, segundo vocês poderão constatar, a literatura védica deixa tudo claro e fácil de compreender. Por exemplo, conforme explicam os textos védicos, há uma categorização de seres vivos. Jalaja nava-laksani – há um número preciso de espécies de vida. Há 900.000 espécies de seres aquáticos. Poderiam ter apresentado um número aproximado, 10 ou 1.000.000, por exemplo, mas não, são 900.000 espécies aquáticas. Isso porque é um cálculo preciso – amogha-drk. E como eles adquirem esse conhecimento? Pelo mesmo processo – parampara, amogha-drk. Se um ser humano liberto lhe transmitir conhecimento, tudo correrá bem.
Para solucionar todos os problemas de uma vez por todas Em homenagem à partida divina de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada – Los Angeles, Califórnia, 9 de dezembro de 1969 Quem é vaisnava, ou devoto do Senhor, dedica sua vida ao benefício alheio. Como vocês devem saber – afinal, a maioria de vocês pertence à comunidade cristã –, Jesus Cristo disse ter sacrificado sua vida por seus pecados. Assim é a determinação do devoto do Senhor. Ele não liga para seu conforto pessoal. Ele ama a Krsna, logo, ama todos os seres vivos, pois todos eles estão vinculados a Krsna. Procurem aprender a ser assim. Estar em consciência de Krsna significa tornar-se vaisnava e ter dó da humanidade sofredora. É possível compadecer-se da humanidade sofredora segundo diferentes pontos de vista. Alguns pensam no sofrimento da humanidade com base no conceito físico, relacionado ao corpo material. Por isso, procuram abrir hospitais para aliviar doenças ou distribuem alimentos em países atingidos pela fome. Apesar de essa iniciativa ser ótima, sem dúvida,
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o verdadeiro sofrimento da humanidade deve-se à falta de consciência de Krsna. Os sofrimentos físicos são temporários – não há como impedi-los. Suponha que você distribui alimentos em um país assolado pela fome – isso não resolve o problema de uma vez por todas. A verdadeira atividade beneficente consiste em invocar a consciência de Krsna em cada pessoa. Suponhamos que o filho de um homem rico esteja perambulando pela rua, esquecido da opulência e das propriedades de seu pai. Aí, alguém se apieda dele e lhe dá de comer. Não obstante, outra pessoa se aproxima dele e lhe diz: “Ó rapaz, eu conheço você. Você é filho de fulano, que é muito rico. Por que perambula assim pela rua? Venha comigo, vou levá-lo à casa de seu pai”. Então, se esse cavalheiro leva o rapaz perdido de volta para o pai, o pai fica satisfeito, o filho herda a propriedade do pai e todos os problemas de sua vida se resolvem. Da mesma maneira, desde tempos remotos, todo ser vivo tem perambulado por este Universo sob diferentes corpos e em diferentes planetas. Ele não se lembra de que pertence ao reino de Deus, que é filho direto de Krsna, que Krsna é o proprietário de tudo e que se lhe permite usufruir da propriedade de seu pai e, com isso, resolver em definitivo todos os problemas da vida condicionada à matéria. Se você enriquecer, se tiver milhões de dólares, sua pobreza estará automaticamente resolvida. Da mesma maneira, se você se torna consciente de Ksna e atua em consciência de Krsna, todos os demais problemas da sua vida condicionada à matéria se resolvem. Para todas as classes de pessoas Carta a Jadurani – New Vrndavana, West Virginia, 4 de setembro de 1972 [Srila Prabhupada responde a uma carta escrita por Jadurani Dasi com a seguinte pergunta: “Alguns devotos dizem que só devemos distribuir o seu Caitanya-caritamrta para pessoas eruditas. Isso é correto?”] 94
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“Estou especialmente contente de saber que você distribuiu 32 cópias do Bhagavad-gita Como Ele É em um só dia em Nova York. Continue assim e distribua todos os nossos livros profusamente, tantos quanto possível a todas as classes de pessoas, não apenas aos eruditos”.
Todos para todos (Introdução ao livro Krsna, a Suprema Pessoa Divina) Há três classes de homens neste mundo: as almas libertas, aquelas tentando se libertar e os materialistas. Quer sejamos libertos, quer estejamos tentando nos libertar, quer sejamos materialistas grosseiros, vale muitíssimo a pena estudarmos os passatempos do Senhor Krsna. É essencial que os indivíduos realmente libertos ouçam os passatempos de Krsna, pois esse é o assunto mais palatável para alguém liberto. Além disso, se quem está tentando se libertar ouve narrativas como a Bhagavad-gita e o SrimadBhagavatam, seu caminho rumo à libertação fica muito claro. A Bhagavadgita é o estudo preliminar do Srimad-Bhagavatam. Estudando a Bhagavadgita, tomamos plena consciência da posição do Senhor Krsna e, uma vez aos pés de lótus de Krsna, compreendemos as narrações acerca de Krsna conforme as descreve o Srimad-Bhagavatam. Por isso, o Senhor Caitanya aconselha a seus seguidores que suas atividades se resumam a propagar krsna-katha. Por ordem do Senhor Caitanya, todos devem propagar krsnakatha em todo o mundo, já que, se as almas condicionadas fustigadas pelas dores da existência material adotarem krsna-katha, seu caminho de libertação se abrirá e ficará bem claro. Este livro tem por objetivo inspirar as pessoas quanto à compreensão de Krsna e krsna-katha, pois assim lograrão livrar-se do cativeiro material. Krsna-katha também será muito atraente para os mais materialistas porque os passatempos de Krsna com as gopis, as vaqueirinhas, são exatamente como as trocas amorosas entre as mocinhas e rapazes deste 95
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mundo material. Na verdade, o desejo de sexo existente na sociedade humana não é algo inatural – esse mesmo sentimento existe na Suprema Pessoa Divina Original. Sua potência de prazer chama-Se Srimati Radharani. A atração e o envolvimento amoroso com base no sentimento sexual é um aspecto original da Suprema Pessoa Divina. Assim, nós, almas condicionadas, sendo partes integrantes do Supremo, também temos esses sentimentos, só que os temos experimentado em uma condição pervertida e diminuta. Portanto, quando aqueles que andam atrás da vida sexual neste mundo material ouvem a respeito de Krsna com as gopis, eles saboreiam prazer transcendental, embora isso pareça mundano. A vantagem para eles será que, aos poucos, se elevarão à plataforma espiritual. O Srimad-Bhagavatam afirma que quem ouvir com submissão os passatempos de Krsna proferidos pelos devotos puros será promovido à plataforma do transcendental serviço amoroso ao Senhor e a doença material da luxúria será completamente erradicada de seu coração. Em outras palavras, esse ouvir neutralizará a vida sexual mundana.
Os livros são o processo de cantar gravado Carta a Rupanuga – Mayapur, Índia, 19 de outubro de 1974 Com relação a sankirtana e distribuição de livros, ambos são kirtana. Qualquer pessoa que leia os livros também está cantando e ouvindo. Para que distinguir entre distribuição de livros e kirtana? Esses livros, eu os gravo e canto, e, depois, eles são transcritos. Esses livros são kirtanas falados, portanto, distribuir livros também é cantar. Esses não são livros comuns, eles são kirtana gravado. Qualquer pessoa que os leia também está ouvindo, logo, ninguém deve menosprezar a distribuição de livros. Se as coisas vão deteriorar, isso é outro problema, mas não culpe a distribuição de livros por isso. 96
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Se o livro chegar à mão de alguém Palestra sobre o Srimad-Bhagavatam – Los Angeles, Califórnia, 30 de setembro de 1972 Não há literatura no Universo inteiro que se compare ao SrimadBhagavatam ou que possa competir com ele, pois cada uma de suas palavras destina-se ao bem da sociedade humana. Por isso frisamos tanto que se devem distribuir livros. De alguma forma, se o livro chegar à mão de alguém, essa pessoa será beneficiada. No mínimo, ela perceberá o seguinte: “Oh! Eles têm tanto apreço pelo livro – deixe-me ver o que há nesse livro”. Aí, se ela ler um sloka, sua vida será exitosa – um sloka (um verso) ou uma só palavra. Isso é tão maravilhoso! Daí a nossa ênfase: por favor, distribuam livros, distribuam livros, distribuam livros. Uma mrdanga maior. Nós cantamos, tocando nossa mrdanga, que é ouvida nesse cômodo ou um pouco além dele. Mas a mrdanga da publicação de livros irá de lar em lar, de país em país, de comunidade em comunidade!
Se ele ler uma só linha Discurso sobre a Bhagavad-gita, Havaí, 5 de fevereiro de 1975 Estamos imprimindo muitos livros e, para podermos difundir esse conhecimento, é preciso distribuir esses livros de lar em lar, de cidade em cidade, de pessoa a pessoa. Essa literatura precisa chegar até eles. Se alguém levar um livro, pelo menos algum dia o lerá: “Deixe-me ver do que se trata esse livro que comprei outro dia”. Se ele ler uma linha, sua vida será exitosa, se ler apenas uma linha com cuidado, tal é a grandeza dessa literatura! Por isso, devemos distribuir livros. Eu dou muita ênfase à distribuição de livros, sejam eles pequenos ou grandes. Quem levar um livro desses o lerá algum dia e sairá beneficiado. Svalpam apy asya dharmasya trayate mahato [o mais insignificante avanço que alguém fizer o poupará do maior temor].
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Ninguém está à procura da consciência original, mas nós a distribuímos às pessoas diretamente: “Eis aqui a Fonte Original de tudo, Krsna”. Sua vida se transformará Carta a Bali Mardana, Los Angeles, Califórnia, 30 de setembro de 1972 Vocês devem aprender a tática de vender os livros sem irritar as pessoas. De que adiantará a sua palestra de três minutos? Mas se alguém adquirir um livro e ler uma página, sua vida se transformará.
Eu enfatizo a distribuição de livros Carta a Srutadeva, Mayapur, Índia – 24 de outubro de 1974 Essa estatística é maravilhosa. Gosto muito de receber o relatório da venda dos meus livros. Acho que isso estimula os devotos que distribuem meus livros. Aqui, em Mayapura, meu Guru Maharaja imprimia um jornal e o vendia por apenas um centavo de rupia. Sempre que um brahmacari ia a Navadvipa e vendia mesmo que poucas cópias, eu via como meu Guru Maharaja ficava satisfeito. Mesmo que o brahmacari não fosse um membro importante da Matha, meu Guru Maharaja ficava muitíssimo satisfeito. Ele pessoalmente me ensinou que os livros são mais importantes que os grandes templos. No Radha-kunda, ele me disse: “Desde que eu construí aquele grande templo de mármore no Bagbazaar em Kolkata, tem havido tantas dificuldades. Os discípulos ficam invejosos disputando os cômodos do templo. Acho que seria melhor tirar o mármore do templo, vendê-lo e imprimir livros”. Ele me disse isso pessoalmente. Por isso, eu sempre enfatizo a distribuição de livros. É o melhor kirtana, melhor do que cantar, mas é claro que o cantar não deve parar. Não obstante, a distribuição de livros é o melhor kirtana. Parei aqui
Sempre que conseguir dinheiro, imprima livros 98
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Mensagem de chegada, Los Angeles, Califórnia – 20 de junho de 1975
Eu não tenho qualificação pessoal. Tenho simplesmente procurado satisfazer meu Gurudeva – isso é tudo. Meu Guru Maharaja me pediu o seguinte: “Se você alguma vez tiver algum dinheiro, use-o para imprimir livros”. Houve um certo encontro, do qual participaram meus irmãos espirituais importantes. Isso aconteceu no Radha-kunda. Guru Maharaja me disse: “Desde que construímos o templo de mármore em Bagbazaar, Kolkata, tem havido muitas brigas. Todos ficam só pensando sobre quem vai ocupar este ou aquele cômodo. Pretendo vender esse templo e o mármore do templo, e, com o dinheiro, imprimir alguns livros”. Por isso, levo muito a sério a publicação de livros. Ele gostava muito dos livros, tanto que me disse pessoalmente: “Sempre que conseguir algum dinheiro, imprima livros”. Eis porque enfatizo sempre: onde está o livro, onde está o livro, onde está o livro? Por favor, me ajudem, esse é o meu pedido. Imprimam tantos livros em tantos idiomas quanto possível. E distribuam-nos mundo afora. Assim, o movimento da consciência de Krsna crescerá com certeza. Hoje em dia, por lerem nossos livros e observarem o resultado prático de nossas iniciativas, vários acadêmicos eruditos têm apreciado nosso movimento. O dr. Stillson Judah escreveu um livro, que talvez vocês conheçam, chamado Hare Krsna e a contracultura. É um livro muito interessante sobre o nosso movimento, O dr. Judah dá muita importância ao nosso movimento, e admitiu pessoalmente para mim: “Svamiji, o senhor tem feito algo maravilhoso. Está transformando hippies viciados em drogas em devotos de Krsna, que agora estão preparados para servir à humanidade”.
Não podemos interromper a impressão de livros 99
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Trecho de um vídeo, Los Angeles, Califórnia Ramesvara dasa: Na Índia, Gopala-krsna pediu um empréstimo de 160.000 dólares à BBT (a editora de Srila Prabhupada). Esse empréstimo seria usado para construir a segunda hospedaria, que faz parte do complexo do Templo de Mumbai. Srila Prabhupada: E como ele vai pagar essa dívida? Ramesvara dasa: Seu plano era que os templos americanos comprassem quartos nessa hospedaria. Assim, dentro de quatro ou cinco anos, eles quitariam a dívida. Por isso, quero saber se o senhor ainda aprova essa operação. Srila Prabhupada: Sim, não tenho objeção quanto a isso. Ramesvara dasa: Só há um porém, Srila Prabhupada: teremos que adiar esse empréstimo porque nos próximos três meses todo o nosso dinheiro será usado para imprimir esses dezessete livros. Srila Prabhupada: Em primeiro lugar os livros, depois o empréstimo. Não podemos interromper a impressão – isso não é possível. Tenha isso sempre em mente: não vamos nunca interromper a impressão. O dinheiro excedente nós podemos emprestar, mas nunca à custa da impressão dos livros. Se você precisa de dinheiro para imprimir livros, está fora de cogitação conceder empréstimos ou construir templos. Este deve ser o nosso princípio.
Salvem o mundo do suicídio Carta a Jayadvaita, Hyderabad, Índia – 18 de novembro de 1972 Esses livros e revistas são nossas ferramentas de propaganda mais importantes para derrotar a ignorância do exército de maya. Quanto mais produzirmos livros e os vendermos profusamente no mundo inteiro, tanto mais salvaremos o mundo da tendência ao suicídio.
Não é necessário enganar nem mentir 100
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Carta a Sri Govinda, Mumbai, Índia – 25 de dezembro de 1972 Os brahmanas são sempre verazes, mesmo diante de seus inimigos. Há mérito suficiente em nossos livros para que você, ao descrevê-los com sinceridade perante alguém, o convença a comprá-los. Procure desenvolver esta arte, e não a arte de mentir. Convença-os a doar valendo-se de sua pregação sobre a Verdade Absoluta, e não fazendo truques. Essa é uma etapa mais madura de desenvolvimento da consciência de Krsna.
Livros nas universidades Caminhada matinal, Los Angeles, Califórnia – 11 de dezembro de 1973 Srila Prabhupada: Há tantas universidades nos Estados Unidos, cada uma delas com seu departamento de estudos religiosos. Por que não ensinar a ciência de Deus aos alunos universitários? Se temos tantos livros, por que não os introduzimos nas universidades, faculdades e escolas? Por que não apresentamos aos professores e alunos um conhecimento científico tão importante? Devoto: Quando tentamos introduzir esse conhecimento nas universidades, eles costumam dizer que se trata de algo sectário. Srila Prabhupada: Sectário? Não, não. Eles não entendem. Por que dizem sectário? O que significa ser sectário? Devoto: Eles dizem que os livros representam algo sectário. Srila Prabhupada: Se estamos pregando a consciência de Deus, essa pregação não é para todos? A consciência de Deus é sectária? Ela se destina a uma única seita ou a todos os seres humanos? Devoto: A dificuldade é que hoje em dia todo ser humano comum tem o seu próprio Deus e sua própria teoria sobre a consciência de Deus. Srila Prabhupada: Não, não. Se alguém afirmar ter a sua própria matemática, isso será aceitável? Devoto: Não. 101
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Srila Prabhupada: Então, por que deixar que essas coisas continuem do jeito que estão? Essa é a nossa proposta. Se alguém disser ter sua própria matemática, isso será permitido na sociedade? Por isso, é preciso lutar, caso contrário, o que quer dizer pregar e propagar a consciência de Krsna? Tenham certeza de que todos vão discordar de vocês. Porém, se vocês pregarem, eles acabarão concordando com vocês. Isso é pregação. Não esperamos que todos concordem conosco. Todos vão discordar. Quatro ou cinco anos atrás, ninguém conhecia esses livros, e por isso não havia mercado para eles. Mas nós criamos o nosso próprio mercado. Isso se chama pregação. Nós criamos o nosso mercado. Ninguém estava morrendo pela falta desses livros. Isso é pregar. Pregar não significa que todos estão dispostos a aceitar suas teorias. Você deve, na verdade, estar preparado para o fato de ninguém aceitar suas teorias. Agora resta a sua capacidade de convencê-los. Você precisará dizer-lhes: “Sim, você tem que aceitar esse fato”. Isso é pregar. Devoto: Jaya Prabhupada! Srila Prabhupada: Eles precisam saber quem é Deus, como confiar em Deus, por que confiar nEle e qual o benefício de se confiar nEle. Todos devem ter noção dessas coisas para serem sabidos de verdade.
Coleções de livros nas universidades Carta a Brahmananda, Londres, Reino Unido – 10 de dezembro de 1969
Também estou satisfeito de ler que eles vão comprar os meus livros, de trinta a trinta e cinco unidades de livros diferentes. Essa é uma grande conquista para nós. Se pudermos introduzir nossos livros nas faculdades e universidades, isso trará bastante prestígio para a nossa Sociedade e para mim pessoalmente. Por isso, vamos fazer essa experiência.
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Encomenda de livros Palestra, Vrndavana, Índia – 10 de abril de 1975 Homens de prestígio estão comprando nossos livros. Eminentes professores universitários estão encomendando livros, até livros que ainda nem foram publicados.
Talvez vocês se esqueçam do que eu falei Discurso de chegada, Honolulu, Havaí – 3 de maio de 1976 Àqueles que aderiram a este movimento da consciência de Krsna, peço o seguinte: sigam os princípios reguladores conforme as orientações de Rupa Gosvami. Leiam os livros e os distribuam com entusiasmo. Se fizerem isso, terão prestado um serviço fabuloso. Vocês poderão se esquecer daquilo que eu falar para vocês, mas, se lerem os livros, terão uma ótima oportunidade de compreender a filosofia. Por isso, acatamos o princípio pelo qual estudamos os livros e os distribuímos. Quem ler nossos livros será beneficiado e terá sucesso na vida. Assim é o movimento da consciência de Krsna.
Para acabar com todo o sofrimento Trecho do comentário ao verso 5.25 da Bhagavad-gita A humanidade sofre por ter se esquecido de Krsna como o desfrutador supremo, o proprietário supremo e o amigo supremo. Por isso, agir com o intuito de despertar essa consciência no âmbito da sociedade humana é a atividade beneficente suprema.
O mais significativo serviço à humanidade Carta a Ramesvara, Índia – 9 de janeiro de 1973
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Educar é o primeiro passo que devemos dar para transformar esta sociedade materialista, evitando, assim, que as pessoas deslizem para o inferno. Todo ser humano decente deseja prestar serviço à humanidade. O problema é que ninguém sabe como fazê-lo. Criar hospitais, alimentar os pobres e participar da Cruz Vermelha – esses são serviços apenas ao corpo, e não ao próprio indivíduo. Servir à humanidade quer dizer compartilhar jnana, conhecimento, com as pessoas – esse é o serviço mais elevado. Por isso, estamos realizando atividades realmente benéficas para a sociedade, ensinando a todos os pormenores de nossa literatura, ensinando às pessoas quem é Deus, quem são elas e qual é o relacionamento entre Deus e elas. Dessa maneira, todos que ouvirem nossa mensagem terão a oportunidade de conquistar sua posição verdadeira como seres humanos e escapar das garras de maya. Por isso, procure compreender que é preciso disseminar a consciência de Krsna em toda parte, vendendo livros, fazendo publicidade nos jornais e na televisão, e assim por diante. Utilizando nossa energia dessa maneira, permitindo que todos tenham acesso à Verdade Absoluta, cultivamos o verdadeiro entendimento do que seja desejar servir à humanidade. Compreender é uma coisa, mas praticar o que se compreende é outra. Assim, como devotos de Krsna dedicados à tarefa prática de difundir a consciência de Krsna, já estamos inseridos na percepção mais elevada da vida. Nossa missão verdadeira está em salvar o mundo pregando a mensagem de Krsna aos outros. No entanto, a mais elevada das percepções é aquela pela qual nos salvamos a nós mesmos.
Todos vocês, procurem fazer isso com muito entusiasmo Carta a Kirtiraja, Vrndavana, Índia – 27 de novembro de 1971 Quero que todos vocês, meus discípulos, procurem dedicar-se à distribuição de livros com muito entusiasmo. 104