ENTREVISTA | 08
BRASIL | 7
EDUCAÇÃO
EVANILDO COSTA Dirigente do MST, fala sobre a situação das famílias agricultoras no campo.
MST BA
Diminuição de matrículas e fechamento de escolas preocupam movimentos
Salvador, janeiro de 2020 ano 3 edição 18 distribuição gratuita APUB
Marcel Gautherot_Acervo Instituto Moreira Salles
Bahia
POVO BAIANO COMEÇA O ANO RENOVANDO A FÉ As festividades do Senhor Bom Jesus dos Navegantes acontecem desde o século 19 em Salvador. Milhares de pessoas participam todos os anos, rezando, agradecendo o ano que passou e fazendo pedidos para o ano que chega.
CIDADES |14
SAÚDE
Aumento de novas infecções pelo HIV atinge populações vulnerabilizadas
OPINIÃO |10
MUNDO |8
CRÔNICA
OFENSIVA
De quando eu desliguei a chave do trator
O que está por trás do ataque dos EUA contra o Irã?
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OPINIÃO | 2
Brasil de Fato BA
EDITORIAL
É tempo de exercitar a solidariedade e estarmos organizados BATALHAS. Em 2020, a defesa da democracia e a batalha eleitoral serão centrais e devem envolver o máximo de lutadoras e lutadores do povo esse ano de 2019 tiN vemos pouco a comemorar. Foi um ano de
muitas dificuldades para todo o povo brasileiro. E, agora, iniciamos mais um ano cheios de expectati-
vas e sonhos. Cada um e cada uma de nós nutrimos esperanças para ter um ano um pouco melhor, para realizar algo das nossas metas de vidas. Do que depender do Brasil de Fato Bahia seguiremos denunciando todas as ações contrárias ao nosso povo e dando destaque para as conquistas que certamente teremos. Conquistas obtidas com muito suor, em meio a tempo difíceis. O governo Bolsonaro já demonstrou que não tem nenhum compromisso com o povo brasileiro, com as nossas empresas nacionais e tampouco com a nossa democracia. Mas a realidade não muda sem que, cada um e cada uma, se envolva de maneira ativa nessa mudança. É tempo de exercitar a solidariedade entre nós, os que não podem depender dos de cima para viver e construir nossos sonhos. Tempo de procurar aqueles e aquelas que não estão conformados com a realidade para, juntos, realizar alguma mudança que esteja ao nosso alcan-
so que aqueles e aquelas comprometidos com a transformação de nosso país façam da eleição um procesÉ possível so de debate de projeto para o Brasil, para construir, a estado e, sobrepartir de cada nosso tudo, para as nossas ação concreta, cidades. Será preciso derrotar as candidaoutra nação turas comprometidas com o projeto Neolina qual o que vem sendo povo esteja no beral implantado pelo gocentro, e não o verno Bolsonaro. Um que retira nosenriquecimento projeto sos direitos, nos criminaliza e mata, tenta de poucos a excluir dos espacusta de muitos nos ços de decisão do nosso país e entrega nosce. Uma mudança que sas riquezas para as emconsiga nutrir a esperanpresas e países estrangeiça de que, juntos, poderos. Para isso, o envolvimos ser mais fortes. Que mento de cada um e cada convença outros desesuma será fundamental. perançosos de que é posAs eleições não podem sível construir, a partir de ser o objetivo final para cada ação concreta, outra nação na qual o povo es- quem se comprometeja no centro, e não o en- te com a construção de riquecimento de poucos um projeto popular para o Brasil. A mudança que a custa de muitos. No ano de 2020 tere- precisamos para reconsmos eleições para prefei- truir a nossa nação precitos e vereadores. É preci- sa que o povo esteja orga-
Expediente Brasil de Fato BA O jornal Brasil de Fato circula periodicamente com edições regionais na Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Mensalmente visibilizamos as vozes, as lutas e o cotidiano do povo baiano. Contra o monopólio da comunicação, na disputa das idéias e na construção de uma comunicação popular. Conselho Editorial: Áttila Barbosa, Ivo Saraiva, Edmilson Barbosa, Gabriel Oliveira, Allan Lusttosa, José Carlos Zanetti, João Carlos Salles, Vitor Alcantara, Emiliano José, Luciene Fernandes, Elen Rebeca, Moisés Borges, Leomarcio Silva, Leila Santana, Sebastião Lopes, Beniezio Eduardo, Allan Yukio, Amanda Cunha, Lucivaldina Brito, Marival Guedes. Redação: Danielle da Gama, Jamile Araújo, Lorena Carneiro e Thais Conceição. Edição: Elen Carvalho (0005818/BA) Diagramação: Diva Braga Coordenação da distribuição: Thais Conceição Tiragem: 30.000 exemplares Escreva para nós: redacaobahia@brasildefato.com.br Rede Social: facebook.com/brasildefatobahia Contato/Publicidade: redacaobahia@brasildefato.com.br
nizado em torno de projetos e de ideias e não de pessoas. Ou as candidaturas que defendem a soberania, a democracia e os direitos do povo compreendem essa dimensão e constroem outra forma de fazer eleições, ou seguiremos caindo nas armadilhas das nossas elites que construíram o Brasil sem, e, apesar, do conjunto do povo brasileiro. Em 2020 teremos muitas batalhas. É possível que tenhamos poucas vitórias. Mas a trajetória de resistência de nosso povo não nos permite escolher o melhor período para lutar. A democracia para nós sempre foi restrita e estamos vivendo tempos de ainda maior exclusão dela. A defesa da democracia e batalha eleitoral, neste ano, terão centralidade e precisaremos nos dedicar para realizar elas com o máximo de empenho e envolvendo e formando o máximo de lutadores e lutadoras do povo para as batalhas difíceis que virão. Charge
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Salvador, janeito de 2020
FRASE do mês
mandou
Podemos entender nosso nível de humanidade pela maneira como tratamos o corpo de uma mulher Papa Francisco, em sua primeira mensagem no ano novo, que pediu fim à violência contra as mulheres.
Maria Cavins - Gab. de Assuntos Públ. da USAG Itália
Por que você curte o verão na Bahia?
u curto o verão na E Bahia porque a nossa cultura e as nossas riquezas na-
E
turais precisam ser mais do que estereotipadas, necessitam ser valorizadas. Viver o verão na Bahia é saber que vai ter praia, carnaval, mas também é realidade de vida e muito trabalho. Aqui, conciliamos trabalho com lazer. Como diz Vandal “Aqui nós temos tudo, mas não temos nada, é lazer e batalha, favela sossegada”.
u curto verão na Bahia porque é o moment o que a galera se encontra. Normalmente pra juventude, como eu e meus amigos, é quando a gente está de férias e aí pode sair, se encontrar, bater um papo. É o momento também de ir pra vários lugares, ir pra praia, tomar sol, ouvir um paredão. É o momento que o povo ocupa os espaços que são a da gente.
Maria Júlia Soares, estudante
Daniel Bispo, comunicador
Nota
SERVIÇ0S
Bruno Concha
O
GERAL l 3
Praia para todos
Projeto ParaPraia, que há seis anos promove banho de mar assistido para deficientes físicos e pessoas com mobilidade reduzida, teve início no dia 04 de março de 2019. Os banhos são promovidos através de cadeiras anfíbias e acessórios flutuantes. Os participantes recebem assistência de professores e alunos de educação física e cursos de saúde da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, além de voluntários. O ParaPraia acontece todos os sábados até o dia 15 de fevereiro deste ano, em Salvador. O encerramento será nos dias 29 de fevereiro e 1º de março, em praia da orla de Camaçari.
BEM
Grito
Educação é a saída eis jovens que cumprem mediS das socioeducativas na Fundação Casa, antiga Febem, foram premiados
na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas de 2019. Cinco garotos e uma garota, internados por roubo, tráfico de drogas ou homicídio, receberam menção honrosa na competição, que contou com 18 milhões de alunos de todo o país. As menções honrosas são a premiação mais importante da Olimpíada após as medalhas de ouro, prata e bronze.
mandou
MAL
Sergio Lima
Por que ele quer nos calar? o ano de 2019, o presidente Jair N Bolsonaro atacou a imprensa 119 vezes. O levantamento foi feito pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e considera tanto ofensas a veículos de comunicação quanto a imprensa em geral, como o presidente recentemente fez chamando os jornalistas de “raça em extinção”. Para especialistas, os ataques ameaçam a democracia e a segurança pessoal desses profissionais.
4 I CIDADES
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Aumento de novas infecções pelo HIV atinge populações vulnerabilizadas SAÚDE. Relatório da UNAIDS aponta que o contágio do vírus na América Latina cresceu 7% entre 2010 e 2018. Jamile Araújo
o Brasil, em oito N anos, houve um aumento de 21% no nú-
mero de novas infecções por HIV, de acordo com relatório da UNAIDS, Programa das Nações Unidas para o HIV/Aids. Os dados apontam que o contágio do vírus na América Latina cresceu 7% entre 2010 e 2018. Esse aumento vai na contramão da tendência mundial, em que há diminuição de casos. O relatório aponta ainda que, para diminuir o índice, é necessário focar as políticas de prevenção para os homens homossexuais e as mulheres transsexuais, que estão no grupo de maior vulnerabilidade. Segundo Manuela Brito, psicóloga e doutoranda em Psicologia Social, esse aumento não é diluído na população. “A gente tem populações chaves que são mais vulneráveis e é entre elas que está se dando o aumento. A exemplo de jovens gays, tra-
Cesar Brustolin SMCS
O HIV afeta células específicas do sistema imunológico e, quando não tratado, pode levar o organismo à incapacidade de lutar contra infecções e doenças.
senvolver a AIDS, que é a síndrome da imunodeficiência adquirida, quando a pessoa adquidoenças oportunisA descoberta re tas. e tratamento O vírus pode estar preno sangue, sêmen, imediato são sente secreção vaginal ou leite fundamentais materno. Podendo ser transmitido por meio e pode de relações sexuais sem camisinha, mãe (portaprolongar dora do vírus) para o fia vida da lho durante a gestação, o parto ou a amamentapessoa ção; compartilhameninfectada to de agulha ou seringa; transfusão de sangue; pelo HIV ou ainda instrumentos diversos (hospitalavestis e transexuais. Esse res, piercing, manicuaumento é desigual. A re) não esterilizados. A população geral conti- descoberta e tratamennua estável no número de novas infecções. Por isso, na hora de tirar a média, dá essa tendência ao aumento, mas o aumento é ainda maior nessas populações vulneráveis”, elucida. O HIV é a sigla em inglês de um retrovírus que afeta células específicas do sistema imunológico e, quando não tratado, pode levar o organismo à incapacidade de lutar contra infecções e doenças, podendo de-
to imediato são fundamentais e pode prolongar a vida da pessoa infectada pelo HIV, além de diminuir as chances de transmissão. No que se refere à prevenção, Manuela ressalta que, hoje em dia, o foco não está somente no uso do preservativo masculino e feminino e no gel lubrificante, que são os insumos de prevenção. “A gente tem a profilaxia pré-exposição [PrEP], então as pessoas que são de casais sorodiscordantes, que não usam o preservativo ou que se envolve em comportamentos mais vulneráveis, podem tomar o medicaAdair Gomes Imprensa MG
mento antirretroviral antes. Tem a profilaxia pós exposição [PEP], que são para pessoas que avaliam que ficaram em algum risco para infecção de HIV. Além dos insumos, da PrEP, PEP, também os materiais informativos fazem parte da Mandala da Prevenção. Há também o tratamento como prevenção, ou seja, se a pessoa está infectada mas com a carga viral indetectável, ela não transmite o vírus”, pontua. A psicóloga explica que todas as pessoas que descobrem a infecção pelo vírus do HIV são logo encaminhadas para tratamento. “São agendadas para o médico infectologista, psicólogo, assistente social, e dado o tratamento com medicação, que ela vai retirar em uma das farmácias que disponibilizam a medicação retroviral. Regularmente ela vai ter consulta com os profissionais quanto tempo ela precisar, além de receber as informações de serviços sociais”, conclui. Manuela afirma que a onda de conservadorismo político e moral no Brasil e no mundo é um desafio, pois esses discursos mais conservadores criminalizam e estigmatizam as pessoas que vivem com HIV. “A gente ainda precisa fazer a discussão sobre esse conservadorismo e a vulnerabilização das pessoas, e fazer uma análise de raça, gênero e classe das pessoas que estão mais vulnerabilizadas para que a política reflita, combata e enfrente essas desigualdades sociais que se refletem também nas políticas de HIV”, finaliza.
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Reformas e prisão após 2ª instância devem ser prioridades do Congresso em 2020 Congresso Nacional/Divulgação
PODER. Legislativo terá menos tempo para aprovar projetos, já que as eleições municipais encurtam o calendário parlamentar Erick Gimenes
Congresso NacioO nal terá o desafio de aprovar pautas com-
plexas em um tempo mais reduzido em 2020. Em razão das eleições municipais, o calendário de atividades parlamentares será reduzido. As discussões devem ser centralizadas na agenda de reformas econômico-tributárias, conforme indicam líderes da Câmara e do Senado. O presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), por exemplo, garantiu que a reforma tributária será prioridade no primeiro semestre do ano. Ele sinalizou que há um acordo entre Senado e Câmara para que a matéria seja aprovada. “A gente quer uma reforma que simplifique a vida das pessoas. Não adianta criar um caminho para se criar um
Congressistas esperam aprovar a reforma tributária, possível foco do primeiro semestre de 2020.
novo imposto, que não vai. [O presidente da Câmara] Rodrigo Maia já falou, eu já falei. É improvável o Senado votar alguma coisa que seja para aumentar a carga tributária dos brasileiros”, afirmou em um café da manhã com jornalistas, no fim de dezembro. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, também indicou que a reforma tributária será o debate central de 2020. Em 18 de dezembro do ano passado, ele anunciou a criação de uma comissão mista para aprovar as mudanças. “O colegiado vai contar com 15 deputados e 15 senadores e a comissão vai funcionar
durante o recesso parlamentar. É importante que a gente possa ter ainda no primeiro semestre de 2020 um novo sistema tributário”, afirmou Maia na ocasião. A líder da minoria no Congresso, deputada Jandira Feghali (PCdoB/ RJ), ressalta que, para a oposição, a reforma tributária também é prioridade máxima. “Mas não apenas uma simplificação tributária, mas uma reforma de fato, para valer, como instrumento de combate à desigualdade – no caso, uma redistribuição de renda, taxando quem tem mais dinheiro, taxando capital, dividendos e lucros, grandes fortunas e heranças. Essa é a batalha que nós
vamos fazer, central, que é a reforma tributária”, afirma. Para Jandira, há outras duas prioridades pelas quais a oposição deve lutar: a revogação do teto de gastos públicos (a chamada Emenda 95) e a manutenção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). “O teto constitucional impede, objetivamente, políticas de desenvolvimento. Sejam políticas públicas, sejam políticas de investimento de geração de emprego. [Impede] a aplicação de recursos públicos. São duas grandes batalhas estruturais, são grandes
desafios nossos no Congresso, para além de todas as batalhas de aplicação orçamentária nas diversas áreas”, diz a deputada. Veja quais são os principais projetos no Congresso para 2020:
Prisão após segunda instância Um dos temas mais debatidos no fim de 2019, a prisão após condenação em segunda instância foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, em dezembro, e aguarda avaliação do plenário. O presidente da Casa,
Salvador, janeiro 2020
6 | BRASIL Davi Alcolumbre, no entanto, não deve pautar o projeto do Senado, já que costurou acordo com líderes do Congresso para priorizar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tramita na Câmara.
Reforma tributária Existem projetos em tramitação na Câmara (PEC 45/2019) e no Senado (PEC 110/19). Com a constituição da comissão mista no fim do ano, no entanto, a discussão deve ser unificada, com contribuições do Executivo.
Plano Mais Brasil O pacote de medidas econômicas proposto pelo ministro Paulo Guedes está dividido em três PECs que tramitam no Senado – PEC dos Fundos, PEC Emergencial e PEC do Pacto Federativo. O plano deve ser apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado já em fevereiro. A expectativa é que seja aprovado no primeiro semestre.
Privatização da Eletrobras
O projeto de lei para a privatização da estatal (PL 5.877), enviado pelo governo ao Congresso em 5 de novembro do ano passado, depende de despacho do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para avançar. A expectativa é que uma comissão especial seja criada para acelerar os trabalhos.
Marco do Saneamento Em manobra de última
hora, em dezembro, a Câmara aprovou o projeto de autoria do Executivo para o novo marco legal do saneamento básico. O texto, que prevê a exploração do serviço pela iniciativa privada, foi enviado ao Senado. Deve ser votado nos primeiros meses de atividades legislativas de 2020.
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No primeiro ano, governo Bolsonaro queima 10 bi de dólares em reservas internacionais
ECONOMIA. Recorde de saída de dólares Reformulação e queda no comércio mostram desastre do Bolsa nas contas brasileiras Família
Antonio Cruz_Agência Brasil
Uma comissão especial foi instaurada na Câmara para discutir o projeto 6072/19, que reformula os benefícios a famílias em situação de pobreza. O principal ponto da proposta é revisar os beneficiários. A intenção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é reformular o programa.
Fundeb A manutenção do fundo de financiamento da educação básica no Brasil é outro grande desafio para o Congresso em 2020, já que em 31 de dezembro de 2020, o Fundeb perderá a validade. Em 2019, de acordo com dados do governo, dos R$ 248 bilhões aplicados nas escolas públicas do país, R$ 156 bilhões (65% do total) saíram do fundo. Três Propostas de Emenda à Constituição estão em análise no Congresso (PECs 15/2015, 33/2019 e 65/2019). As proposições são para, em resumo, transformar o fundo em uma política pública definitiva – e não mais um mecanismo provisório – e aumentar o valor injetado pelo governo federal.
Política econômica de Bolsonaro/Guedes piora situação brasileira.
Frédi Vasconcelos
s números finais ainda não foram publicados, mas 2019 revela um verO dadeiro desastre no setor externo para o Brasil. Dados oficiais na página do Banco Central mostram que no primeiro ano de Bolsonaro, o país quei-
mou, até novembro, mais de 10 bilhões de dólares em reservas internacionais. Eram 376,9 bilhões em janeiro, chegando a 366,3 bi no penúltimo mês de 2019. E os dados devem ser piores ainda no fechamento do ano, porque até 27 de dezembro o Brasil teve saída recorde de dólares. Só no mês, mais de 16 bilhões foram embora, a maior saída entre todos os meses já pesquisados. No acumulado do ano, até a mesma data, foram embora 43,2 bilhões de dólares, de longe o pior resultado da série histórica. Antes, o recorde eram 16,1 bilhões registrados em 1999, no governo FHC, no ano da crise cambial, no começo de seu segundo mandato. E o governo Bolsonaro está queimando reservas para fechar as contas externas e também para segurar o valor do dólar no Brasil. Investidores fogem de Bolsonaro – A balança comercial brasileira fechou 2019 com queda de 20,5% no superávit comercial em relação a 2018, o pior número desde 2015. E entre janeiro e outubro de 2019, 42,9 bilhões de dólares foram embora do sistema financeiro brasileiro. Os investimentos diretos no país também caíram. Nos doze meses até novembro de 2019, ingressaram 70 bilhões de dólares, 8,4% a menos que no mesmo período de 2018.
foram embora 43,2 bilhões de dólares, de longe o pior resultado da série histórica
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Diminuição de matrículas e fechamento de escolas em zonas rurais preocupam movimentos EDUCAÇÃO BÁSICA. Segundo Censo 2019, campo teve queda de 145.233 no número de alunos; organizações sociais denunciam fim de instituições Erick Gimenes
s escolas rurais braA sileiras estão menos frequentadas, com
ensino integral enfraquecido e majoritariamente sob o poder dos municípios, conforme aponta o Censo Escolar 2019, divulgado pelo Ministério da Educação, em 30 de dezembro. No último ano, de acordo com o levantamento, o campo teve queda de 145.233 matrículas
Marcelo Pinto/A Plateia
na soma de todas as modalidades de ensino – foram 5.195.387 registros em 2018, contra 5.050.154 em 2019. Para além dos números, há uma percepção ainda mais preocupante, não computada pelo governo: muitas escolas rurais estão fechando as portas e deixando estudantes ao relento. É o que afirma Marisa de Fátima da Luz, professora e membro do Coletivo Nacional do Setor de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Segundo ela, o último ano foi de muitos relatos de escolas desativadas Brasil afora. “O que temos observado é que ainda permanece um grau muito alto de fechamento de escolas do campo. Por isso, os movimentos sociais, as organizações, têm ampliado essa denúncia. Precisamos ampliar esse debate, essa discussão com a sociedade, para que esse número de escolas do campo fechadas possa cessar. O que temos visto é uma política que desestrutura, de um modo geral, que retira os direitos sociais e, consequentemente, gera um maior número de fechamento das escolas do campo”, expõe a professora.
Há a necessidade de avançarmos em políticas educacionais que valorizem uma formação integral do ser humano
Queda no número de alunos é reflexo do enfraquecimento de políticas educacionais por parte do governo federal, diz professora
Levantamento com base nos dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) sobre o número de estabelecimentos de ensino na Educação Básica confirma que foram fechadas quase 80 mil escolas no campo brasileiro entre 1997 e 2018, somando quase 4 mil escolas fechadas por ano. Os dados foram levantados pelos professores Paulo Alentejano e Tássia Cordeiro, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Matrículas O Censo Escolar é usado pelo governo para monitorar todas as escolas do país e, a partir dos números, destinar os recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Com menos matrículas efetivadas, menos
dinheiro é enviado às bases. Segundo o levantamento do governo federal, o ensino integral se mantém pouco acessível aos estudantes rurais. Em 2019, apenas 637.667 de 4.665.963 matrículas de ensinos médio e fundamental foram feitas nessa modalidade – o que equivale a 13,6% do total. Para Marisa, o dado é reflexo do enfraquecimento de políticas estruturantes e direitos sociais por parte do governo federal. “Há a necessidade de avançarmos em políticas educacionais que valorizem uma formação integral do ser humano. Nesta perspectiva, a modalidade de ensino integral é importante, sim, desde que seja considerada no contexto de uma formação ampla, integral e de consciência”, diz. Ainda de acordo com a pesquisa do governo, as escolas rurais estão massivamente sob o poder de
prefeituras (85% dos estabelecimentos de ensino são municipais). A municipalização tem duas faces, explica Marisa: por um lado, é boa porque aproxima a população do poder e, com isso, facilita o diálogo; por outro, dificulta o acesso a investimentos da esfera federal, de onde sai a maior parte do dinheiro que deveria ser destinado à educação. “Muito do que as famílias, sobretudo os agricultores, fazem é a tentativa de uma discussão junto ao poder público no município, onde está especificamente situado, no sentido de facilitar as reivindicações. Por outro lado, observamos o conjunto de retrocessos em termos de financiamento da política educacional na esfera federal, que é reflexo, em grande medida, dos cortes, seja no orçamento financeiro em nível nacional seja na qualidade da política educacional”, opina a educadora.
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O que está por trás do ataque dos EUA contra o Irã?
OFENSIVA. Especialistas citam briga por petróleo, influências de Israel e pretensões eleitorais como pontos chave na ação de Trump Da Redação
O
ataque dos Estados Unidos a um comboio iraniano no aeroporto de Bagdá, no Iraque, transforma em prática as ameaças agressivas contra o país persa, que
Atta Kenare/AFP/Getty Images
Bombardeio ordenado por Donald Trump causou a morte de Qassem Soleimani, considerado o general mais poderoso do Oriente Médio.
general mais poderoso do Oriente Médio, Soleimani era chefe da Guarda Revolucionária do Irã, principal figura militar do país e idolatrado pela população. Em nota, o Pentágono afirma que o ataque ocorreu porque Soleiman planejava atentados futuros contra os norte-americanos, mas não detalha a acusação. Para analistas e observadores, os motivos do assassinato são
O anúncio do Future-se gerou reações negativas por parte de reitores e associações de docentes das Instituições Federais de Ensino Superior se tornaram comuns nos discursos do presidente estadunidense, Donald Trump. Sete pessoas morreram no bombardeio, entre elas um dos principais integrantes do governo iraniano, o general Qassem Soleimani. Descrito como o
bem mais complexos e diversos. Da briga pelo controle do petróleo na região à tentativa de Donald Trump de minimizar a atenção ao processo de impeachment que ele sofre, a decisão passa também pela influência de Israel no governo dos Esta-
do país persa, mas também por parte da opinião pública norte-americana. A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, do Partido Democrata, opositor a Trump, disse que o bombardeio foi realizado sem consulta ao Congresso e sem autorização para o uso de força militar contra o Irã. Ela afirmou ainda que o ataque foi uma ação provocativa e desproporcional, que coloca em risco a vida de militares, diplomatas e outros estadunidenses. Em comunicado pela TV, o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, definiu três dias de luto no país e indicou que a morte de
Soleimani não ficará sem reação. “Todos os inimigos devem saber que a jihad de resistência continuará com uma motivação dobrada, e uma vitória definitiva aguarda os combatentes na guerra santa”. As afirmações do presidente iraniano, Hassan Rouhani, seguem a mesma linha e indicam que a resposta ao ataque está em andamento. “O martírio de Soleimani tornará o Irã mais decisivo para resistir ao expansionismo americano e defender nossos valores islâmicos. Sem dúvida, o Irã e outros países que buscam a liberdade na região se vingarão”.
dos Unidos e por uma estratégia equivocada da atuação no Oriente Médio. O professor da Fundação Getúlio Vargas Salem Nasser afirma que a explicação oficial do governo estadunidense só convence quem não tem nenhum contato com os temas do Oriente Médio. “O fato é que Soleimani era um grande inimigo dos Estados Unidos e de Israel, e muito eficiente nas ações contra esses inimigos. Ele era o cérebro por trás da articulação dos aliados do Irã em toda a região e das vitórias que o Bloco de Resistência aos EUA vinha acumulando nos últimos anos. Resolver eliminar uma figura com tal dimensão e centralidade é uma decisão que não pode ser leviana”, analisa.
Os conflitos nas relações entre Estados Unidos e Irã são históricos. Em 1953, um golpe militar apoiado pela CIA derrubou o governo democraticamente eleito que havia nacionalizado o petróleo. A ditadura durou até 1979, quando foi derrubada pela Revolução Islâmica em 1979. Igor Fuser, professor do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, explica que, a partir de então, sucessivos governos norte-americanos tentaram acabar com o regime xiita e extinguir a influência iraniana na região. “Os Estados Unidos não aceitam nenhum país do mundo que contrarie seus interesses. Eles não estão dispostos a desistir do assédio. É um assédio permanente dos Estados Unidos contra o Irã”.
Declaração de guerra
Reações
O assassinato de um membro do altíssimo escalão do governo iraniano é considerado uma declaração de guerra, não só pelos representantes
Apesar das afirmações de membros do governo iraniano de que haverá reação, a possibilidade de uma guerra total é descartada por especialistas. É unânime, no entanto, a percepção de que o ataque norte-americano vai aumentar as tensões e conflitos no Oriente Médio.
Tensões históricas por influência e petróleo
Salvador, janeiro de 2020
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Quais os caminhos da resistência nas lutas pela terra? REFORMA AGRÁRIA. Evanildo Costa, dirigente do MST, fala sobre a situação das famílias agricultoras no campo.
MST Bahia
Danielle da Gama
esta primeira ediN ção do ano, conversamos com Evanildo
Costa, da Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Bahia, sobre a realidade das lutas pela terra no Brasil e na Bahia. Confira a entrevista: Brasil de Fato Bahia: Como têm se dado as lutas no campo atualmente? Evanildo: A conjuntura que a gente está vivendo é uma tragédia. Temos 426 áreas vistoriadas em diversas fases no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já em processo de emissão de posse, outras em avaliação, todas foram paralisadas; 187 áreas ajuizadas que eles pedem para devolver a área para o fazendeiro, ou seja, não será emitida a posse; e 74 assentamentos já com emissão de posse, que o governo quer fazer seleção pública junto aos prefeitos, para que eles encaixem seus cabos eleitorais, não as pes-
Em Juazeiro, policiais federais destruíram 700 hectares de roças produtivas das famílias, explica Evanildo.
Pretendemos avançar no debate sobre a importância da reforma agrária popular, que é de onde sai o alimento saudável para o povo brasileiro soas que estão lutando pela terra. Por outro lado o governo pretende privatizar os assentamentos, com o objetivo de individualizar os assentados, porque fragmenta a luta. Com essa medida provisória que eles estão lançando, a partir da qual o fazendeiro pode se autodeclarar dono de qualquer tipo de território, isso é uma tragédia também, porque imagina um fazendeiro se apropriar de uma área do pequeno produtor, quem é que
vai provar que é o dono? E qual é o cenário na Bahia? Evanildo: Não é diferente – tudo paralisado, os fazendeiros com essa orientação do governo federal, o incentivo ao armamento no campo, estão vindo pra cima, temos muitos assentamentos que vêm sofrendo ameaças de pistoleiros, de milícias, tentando amedrontar e expulsar as famílias a troco de tiros. A gente tem feito muita resistên-
cia, mas em alguns momentos, como no caso de Juazeiro, que é uma área consolidada – desde 2007 que a gente tem um acordo [com o governo anterior] para que disponibilizem assentamentos para 1000 famílias, até hoje não foi cumprido, e este governo, com toda sua truculência, utilizou de policiais federais para destruir 700 hectares de roça produtiva, jogando as famílias na beira da pista. Em outros acampamentos a gente tem sofrido pressão para reintegrar áreas em que proprietários tinham feito acordo com o Incra e, na medida em que o governo paralisou todos os processos, os fazendeiros vêm pra cima para reintegrar. Como se organizar para resistir? E qual a importância da reestruturação fundiária? Evanildo: Nós temos tentado debater com o governo do estado, que não pode ser conivente com a situação de conflito, com a falta de compromisso do governo federal, porque tanto vai inviabilizar o processo de reforma agrária como retornar as famílias que estão produzindo para a cidade, aumentando a miséria urbana. São muitas áreas que o governo da Bahia fez parte do acordo com o governo federal, já consolidadas, em que as famílias estão produzindo há mais de dez anos. Além de discutir a questão das reintegrações de
posse, não deixar os assentados tratarem direto com a polícia, mas que o governo possa criar uma equipe de interlocução e que possa achar saída pra resolver não só a situação do fazendeiro, mas também das famílias que se encontram acampadas. A gente sabe que o governo federal não está brincando quando fala de armar os fazendeiros, então precisa ter muita cautela. Estamos num momento de resistência para não perder os territórios já conquistados e fazer lutas estratégicas para que não coloque em risco a vida de nossa militância diante de um governo que quer tratar a reforma agrária criminalizando e reprimindo a classe trabalhadora. Pretendemos avançar no debate sobre a importância da reforma agrária popular, que é de onde sai o alimento saudável, de qualidade e quantidade para o povo brasileiro – dos assentamentos e da agricultura familiar. Temos feito muitas feiras livres, de agroecologia e atos culturais. Essa disputa de ideias a gente tem que fazer para que a sociedade entenda a importância de lutar pelos seus direitos, e ao mesmo tempo defender uma distribuição de terra nesse país, que a exclusão social, a miséria só vão acabar quando houver uma grande distribuição para que as pessoas possam ir para o campo criar sua família, ter uma estabilidade de vida e desinchar a cidade.
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Salvador, janeiro de 2020
Crônica |
De quando eu desliguei a chave do trator Pedro Carrano*
oje eu resolvi falar H com vocês depois de tantos anos. Eu já sei que ninguém vai se recordar mais e que os ditos quinze minutinhos de fama já foram também ignorados faz tempo. Não tem problema não. Sim, sou eu mesmo, muito prazer, aquele tratorista que se recusou a passar com a máquina por cima dos barracos de umas dez famílias invadindo um terreno particular, ou ocupan-
do, como vocês queiram chamar. Começo dos anos 2000, ocupações bombando no campo, na cidade, e o meu gesto trouxe um monte de confusão para essa tal de opinião pública. O Jornal Nacional deu destaque para a minha empatia, quando eu chorei do alto daquele tratorzão, desci e abracei o dono de uma das casas. Eu me emocionei sim. Eu não deixei aquilo continuar não. De jeito ne-
Crônica |
nhum. Eu fiquei abraçado na frente da boca da máquina com aquela família e aquela imagem correu o mundo. O oficial de justiça me ameaçou e eu fui preso por não cumprir ordem judicial. Virei símbolo de alguma coisa, eu acho, pelo menos era o que diziam os que me reconheciam nas ruas. Diziam que a necessidade humana está acima de tudo. Só que, na sequência, tudo mudou. Os tais dos analistas dos jornais pensaram melhor e viram que o que eu fiz podia ser exemplo de alguma coisa que incomodava muito. E passaram a dizer que o meu gesto parecia bonito, mas, na verdade, eu atropelei o direito à propriedade que está expresso na Constituição - e o que
eu fiz dava margem para outras pessoas atropelarem a letra da lei. Foi isso o que eu escutei do analista da rádio. O despejo tinha que ter sido executado, e ponto final. Eu, incompetente que sou, não cumpri o meu trabalho. Tudo bem. Vida que seguiu. Não guardei mágoas. Eu. O cara do trator. O cara que não derrubou o barraco. O cara que chorou. Óbvio que a empresa terceirizada da prefeitura me fodeu e me mandou pra rua, você acha o quê. Agora eu estou aqui, querendo lançar o meu protesto. Olhando a mesma turma que disse que eu prejudicava a Constituição. Mas agora são os mesmos que dizem que tudo bem o Trump matar o general de outro país só da ideia da cabe-
ça dele. Que o Lula devia ter continuado preso sem poder recorrer. Que o Moro fez certo em se articular com o Dallagnol e tratorar, opa, esse tal devido processo legal. Que tudo bem tirar na porrada aquele presidente índio dos bolivianos. Os mesmos que agora querem despejar tantas famílias camponesas, só aqui no Paraná já foram nove despejos forçados. Quais privilégios eles querem manter, afinal? Mas o acusado de atropelar a Constituição fui eu. Justamente o cara que, olhando no fundo do olhinho daquela família trabalhadora, há uns anos atrás, justamente eu que desliguei a chave do trator. *Jorlanista e escritor
Novo velho ano novo Elandia Duarte*
ovo ano come“N çou, mas tudo continua tristemente
igual”. Ouvi isso ontem dito por uma senhora na rua quando voltava para casa, e pensei como para mim foi e é significativo o rito de passagem de ano, que afinal, nada mais é que a ritualização do decorrer dos dias. Um respiro, uma subida a su-
perfície para tomar fôlego e voltar a nadar o tempo presente. E se, “tudo continua tristemente igual”, também dialética e contraditoriamente já se mostra também tudo diferente. Porque esse respiro necessário do cotidiano caótico e sufocante ajuda a rever planos,
traçar novas rotas, reavaliar projetos, refazer caminhos. Possibilita reorganizar prioridades, buscar trazer à tona sonhos submersos e escondidos pelos dias acinzentados pelo capitalismo. De alguma forma, esse hiato nos dias, ajuda a continuar viva em nós a busca por outra forma de sociabilidade, a não sucumbirmos a dor do mundo capitalista que nos adoece e nos mata cada dia de maneira mais cruel e brutal, banalizando nossas vidas. Pode servir para lembrar, mesmo quando já se rouba da memória, o ca-
ráter sempre presente da possibilidade humana de fazer sua própria história enquanto coletividade, de se recriar através da transformação da natureza para melhoria de suas condições de subsistência. Assim como, pode marcar e evidenciar a verdade quase esquecida de que não somos o capital e por isso podemos e vamos sobreviver para além dele. Conduz para a luz a recordação que o tempo histórico não é estático, passa, ainda que lentamente, passa. E que, se estamos cada vez mais em tempos envoltos em
barbárie, também dialeticamente, estamos vizinhos da potência de uma efetivação da revolução da classe trabalhadora. Então, sim, os dias continuam tristemente iguais, mas a passagem do ano, nos deu a concretização de uma pausa, respiro, tomamos fôlego para os próximos gritos de longe tão necessários e indispensáveis, para continuarmos a nadar rumo a uma sociedade justa, efetivamente humana e emancipada. *Professora em Brejo Santo (CE)
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CULTURA | 11
Senhor Bom Jesus dos Navegantes é reverenciado pelo povo baiano
TRADIÇÃO. A festa data do século 19 e é um momento de professar a fé
Marcel Gautherot_Acervo Instituto Moreira Salles
Jamile Araújo
s festividades do A Senhor Bom Jesus dos Navegantes marcam
o final e o início do ano, e acontece em Salvador desde o século 19, com origem entre os que eram “empregados no mar”. Milhares de pessoas manifestam sua fé, participando todos os anos da festa, rezando, agradecendo o ano que passou e fazendo pedidos para o ano que chega. “Cem Barquinhos brancos / Nas ondas do mar / Uma galeota / A Jesus levar” Como canta Dorival Caymmi em “Festa de Rua”, a Galeota “Gratidão do Povo” há 128 anos realiza a procissão marítima que faz parte das homenagens ao Senhor Bom Jesus dos Navegantes e a Nossa Senhora da Boa Viagem. A abertura do tradicional festejo religioso acontece no dia 27 de dezembro, com uma alvorada com queima de fogos. A lavagem do templo é feita pela comunidade, que leva suas vassouras
para, depois do momento de oração, lavar a Igreja. Após, acontece o hasteamento da bandeira da Devoção do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, e missa com os barraqueiros e com as famílias da paróquia. No dia 28 começa o tríduo preparatório. “São três dias de muita oração e homenagens. Falamos sobre a fé, a esperança e a caridade que é o amor. O tema da festa deste ano foi “Na Gratidão do Povo navega o Anjo Bom da Bahia”, explica Verônica Magalhães, membro da Devoção do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, que organiza os festejos. “Meu senhor dos navegantes / Venha me valê!” No dia 31, logo cedo, a Galeota desce ao mar na praia da Boa Viagem e, pela tarde, é dado início a celebração com o atual arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, na Igreja Matriz da Boa Viagem. “Após a missa, a procissão marítima sai com destino
ao Porto de Salvador, dali seguimos com as imagens até a Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia. No dia 1º pela manhã, nós temos uma celebração na Basílica. E também acontece aqui na Boa Viagem para preparar as pessoas espiritualmente para a chegada do Bom Jesus”. Verônica participa das homenagens ao Senhor Bom Jesus dos Navegantes desde a infância, porque seus pais eram engajados e por ser moradora da Cidade Baixa. “Tenho quinze anos fazendo parte da Devoção ao Bom Jesus dos Navegantes como membro. Além de homenagear o Bom Jesus, a quem eu amo muito, chama atenção da população para que esse Bom Jesus dos navegantes seja esse sinal de vida e amor. A procissão traz essa imagem de Bom Jesus dos Navegantes e de Nossa Senhora da Boa Viagem como essa mãe que acolhe”.
tudo quanto é canto / cissão sai da Basílica da Muita gente vem” Conceição da Praia até o Isaac do Espírito San- pier da Capitania dos Porto, florista, diz que a pro- tos, onde as imagens emcissão é um momento barcam na Galeota Gratimuito emocionante e de dão do Povo acompanhamuita espiritualidade. “É da de centenas de barquium pedido ao Bom Jesus nhos. Desta vez, fará um dos Navegantes que nos roteiro pelo mar passanajude a vencer as dificul- do pelo Porto da Barra, dades do ano que se ini- depois retorna pela Baía de Todos os Santos até cia”, relata. Para Isaac, há um cos- a Ponta do Humaitá. “E tume realizado duran- aí a gente caminha com te os festejos que o mar- a imagem do Bom Jesus cou. “Algumas pessoas dos Navegantes e Nossa tem o costume, quando a senhora da Boa viagem, procissão sai da Concei- saudando as pessoas até ção da Praia e vai para o a Igreja, encerrando asPorto, de jogar arroz que sim com o fechamento simboliza fartura e mo- do templo. No dia 5, tem edas no mar enquanto uma procissão terrestre, está saindo o cortejo ma- que acontece aqui pelas rítimo, é muito bonito”, ruas, com as imagens do Bom Jesus, Nossa Senhoressalta. ra da Boa Viagem e esse “De toda parte vem um ano com Santa Dulce dos baticum de samba / Batu- Pobres também, percorque, capoeira e também rendo a Avenida Luiz TarCandomblé / O sol está quínio, a Praça Irmã Dulqueimando / Mas nin- ce, pela Avenida Salvador, a Baixa do Bonfim, a rua guém dá fé” da Imperatriz, chegando “A Conceição da praia / Ainda pela manhã no ao Largo da Boa Viagem”, Está embandeirada / De dia 1º de janeiro, a pro- conclui Verônica.
12 | CULTURA
O que
tu indica
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Exposição Eliana Kertész – Fartura e Abundância
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Bahia Meu País
Elen Carvalho
isposta no Palacete das Artes, a D exposição tem curadoria de Gringo Cardia e fica em cartaz até março. As
esculturas apresentam diversas emoções e facetas das mulheres esculpidas pela artista, que tem como marca as “Meninas do Brasil”, popularmente conhecidas como “as gordinhas”, localizadas na Rua Adhemar de Barros em Ondina. O público pode conferir vida e obra, a partir das diversas esculturas, além de fotos pessoais e depoimentos em vídeos de pessoas que foram próximas a ela, espalhados por três salas. O Palacete das Artes fica localizado na Rua da Graça, 284 – Graça, Salvador – BA. A exposição é gratuita e pode ser visitada de terça-feira a domingo nos seguintes horários: terça a sexta das 13h às 19h; sábado, domingo e feriados das 14h às 18h.
Reprodução.
Ilha dos Frades em próximo ao centro da Baía B de Todos os Santos, está a Ilha dos Frades. O caminho de barco
Espaço literário Hoje eu vi o mar
Hoje eu vi o mar Falei com mamãe Ouvi suas recomendações De como enfrentar esse mundo Caótico Ao tocar meus pés Sentir seu amor me subir o corpo E confortar todas as lágrimas Que me escorriam pela dureza da vida. No abraço que me deu quando Mergulhei em seu amor Mãe me recomendou paciência Para os dias que viriam Dona de uma sabedoria invejada Ela me ensinou que na calmaria que se costura as grandes revoluções Ali ainda em seus braços Agradeci por tudo que sempre me pro-
porcionou E pedi que continuasse conduzindo o meu caminhar. Antes de nos despedirmos Fiquei um tempo em silêncio E aproveitei para lhe admirar Sentir meu amor se renovar minhas energias revigoradas E o coração cheio de esperança Lhe dei um beijo de despedida e sair Esse é o momento mais difícil O de nos separar Por sorte posso vim sempre para te abraçar, transbordando de amor, mãe, felicidade completa. Hoje eu vi o mar! Sandro Sussuarana
para chegar a ilha já vale por um passeio. Mas os Frades nãoo deixam por menos: com apenas 6km de comprimento, tem praias de água limpa, cachoeira, lago, montanhas e coqueirais, vegetação típica da Mata Atlântica. Segundo contam os moradores da região, a Ilha tem esse nome porque na época da colonização dois frades teriam ido ao local para catequizar o povo tupinambá, mas o povo resistiu à ação violenta e assassinou os dois frades. Saindo de Madre de Deus, o/a visitante pode comprar uma passagem nos barcos que vão em direção a Ilha de Paramana, a baixo custo. Ainda é possível chegar a Ilha saindo de Salvador, com barcos de turismo. Aproveite as férias e boa viagem!
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Coluna de Ciências |
VARIEDADES | 13
Crônica |
Óleo de coco é bom pra quê? Renan Santos
J
á falei em outras edições que devemos desconfiar de dietas, tratamentos e substâncias milagrosas. Sempre que algo oferecer mil benefícios pra saúde, fique ligado que provavelmente se trata só de mais um modismo. Introdução feita, atendo hoje ao pedido de uma querida leitora, curiosa acerca do que a ciência sabe sobre o óleo de coco. Numa rápida busca na internet descobri que entre a lista de milagres atribuídos a ele estão: emagrecimento, ação antimicrobiana, tratamento de doenças (como Alzheimer e cardiovasculares), fortificante e hidratante da pele e do cabelo… Há estudos científicos disponíveis sobre grande parte desses assuntos. Porém, eles ainda são bastante inconclusivos. Ou seja, são necessários mais tempo e estudos para que tenhamos certezas aqui. Fato é que o óleo de coco é muito rico em gorduras saturadas, como as encontradas nas gorduras de origem animal. Isso inclusive que dá a consistência mais pastosa desse óleo em comparação com o de outros vegetais, como o de soja, milho ou oliva, ricos em gorduras insaturadas. Surpreendentemente, o coco possui bem mais gorduras saturadas do que a manteiga, a banha de porco e de boi! A Organização Mundial da Saúde desaconselha o consumo de gorduras saturadas, por sua relação já conhecida com doenças cardiovasculares e obesidade. Assim, é preferível utilizar óleo de soja ou azeite do que o de coco no preparo de alimentos. Há quem afirme o contrário. Que os tipos de ácidos graxos presentes no coco têm a capacidade de diminuir o colesterol ruim e auxiliar no emagrecimento, além de curar doenças. Frente a essa polêmica, importantes entidades como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, as Associações Brasileiras de Nutrologia, e de Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica e a Americana do Coração não aconselham o consumo frequente de óleo de coco, haja vista falta de evidências científicas sólidas sobre seus benefícios e ao risco conhecido do consumo de gorduras saturadas. Sobre a ação antimicrobiana e terapêutica, a maioria dos estudos não apontou evidências suficientes para justificar a utilização do óleo para tais
alegria é perto *Z Carota
acordar cedinho, passar um café e levar os sentidos para a varandinha de casa. o olfato e o paladar sentem o café em cada vapor e gole. sem muito esforço, o olfato ainda percebe um cheiro de banho vindo de algum lugar, pois os sabonetes e shampoos e cremes rinses e desodorantes mais baratos, porque mais fortes, socializam frescores individuais. de carona, o paladar é assanhado pelo sedutor halo de um pão dormido que, passado na chapa, desperta apetites ao léu. tato e visão contemplados com o carinho no pelo sedoso e frio do gato que vai se aquecendo aos primeiros raios de um sol que rompe azuis, laranjas, lilases, enfim, a gigantesca paleta de cores a que corresponde o céu de Brasília. não há os cinzas produzidos pelos veículos automotivos, sonegados pela propaganda para associá-los exclusivamente a status, potência e outros broxantes predicados. sem estes cinzas que também são ensurdecedores, a audição capta algumas obras executadas pela Orquestra Filarmônica da Espécie, como, alhures, o Réquiem de um casal em agressiva DR, e, acolá, numa república de estudantes, um Concerto para o Pecado em Sol Maior. tudo isso torna-se perceptível somente porque o "horário comercial", esse regime ditatorial do capitalismo, ainda não está a plenos foles, e, numa subversão medonha de valores, se está num intervalo chamado Vida. consequência natural(izada) de um sistema no qual o "mais" (em tudo e para poucos) é entendido como satisfação, não como o que é de fato: um vício, e, pois, insaciável. trabalhadores foram tornados traficantes de lucro. a Vida, para ser plena, e mesmo única, requer menos – mas com mais atenção. alegria é perto e mora nos muitos endereços do agora. boa escolha. *Z Carota é jornalista e escritor.
VARIEDADES | 14
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Amiga da Saúde
Direitos de Fato Mantenha seu CadÚnico atualizado e garanta benefícios
O
Cadastro Único para programas sociais do governo federal identifica as famílias de baixa renda que são suscetíveis a recebimento de benefícios do governo. A partir do perfil familiar e renda, é possível que a família acesse programas como a Tarifa Social de Energia Elétrica, que prevê descontos de 10% a 100% do valor da tarifa; o Telefone Popular, que viabiliza descontos nas assinaturas e franquias de minutos para ligações locais; o Bolsa Família, que prevê a concessão de benefício às famílias em condição de pobreza e extrema pobreza; ID Jovem, que viabiliza a jovens descontos de meia entrada em shows, teatros, além de passagens rodoviárias interestaduais; isenção da inscrição do ENEM e concursos, entre outros benefícios. Para fazer o cadastro, é necessário procurar o CRAS - Centro de Referência de Assistência Social para receber orientações sobre documentos e benefícios. Jonathan Hassen é advogado popular. Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173
Nossa cozinha
Mulheres idosas também podem ter prazer sexual? Porque todas que eu conheço parecem não gostar. Viviane Costa, 27 anos, bióloga.
odem ter muito prazer Viviane! Acontece que as mulheP res que hoje são idosas viveram uma época de grande repressão da sexualidade, então muitas nem sabem o que
é o orgasmo e não conhecem o clitóris. Mas quando a mulher tem oportunidade de descobrir seu corpo e tudo que ele pode proporcionar, ela pode encontrar a fonte do prazer sexual. E para isso não importa a idade, não importa se há ou não um relacionamento conjugal. A auto-estimulação é capaz de promover muito prazer e orgasmo. Ao se conhecer melhor ela também poderá ter mais prazer no relacionamento em parceria. Toda mulher pode ter prazer sexual, basta se conhecer e estimular corretamente o corpo.
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
GENGIBIRRA Gengibirra é uma bebida bem refrescante para o verão. Parece com um refrigerante e é bem fácil de fazer.
Ingredientes • 2 litros de água • 200g de açúcar refinado • 100g de gengibre picado ou ralado • 2 colheres (de chá) de fermento biológico (de pão) granulado
Modo de Preparo 1. Em uma panela coloque a água, o açúcar e o gengibre e deixe ferver. Desligue o fogo e espere o líquido amornar e adicione o fermento por cima, sem mexer. Deixe repousar por 24 horas. Coe o refrigerante em uma peneira para separar os pedacinhos do gengibre, coloque em uma garrafa pet e guarde na geladeira. Jamile Araújo
2. O tempo para consumo fica a seu critério. Quanto mais tempo guardado mais fermentado ele fica, diminuindo o açúcar e adquirindo um pequeno teor alcóolico.
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ESPORTES | 15
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PAPO ESPORTIVO |
Gestão profissional ou amadora? Empresarial ou associativa? Reprodução.
O fato é que, independente do modelo, não há garantias de que a gestão será feita de maneira profissional O fato é que, independente do modelo, não há garantias de que a gestão será feita de maneira profissional. Na sociedade individualizaDecisões técnicas tomadas por profissionais sobre que caminhos seguir ficam sempre à mercê do jogo político entre da em que vivemos – na conselheiros. qual as práticas empremais secretários, existem para todos os problemas sariais também são pautadas por decisões poos conselhos deliberati- da sociedade. vos, formados por pessoas amadoras (sem formação profissional no futebol), que muitas vezes estão dentro dos clubes desde sua criação. Assim, as decisões técnicas tomadas por profissionais sobre que caminhos seguir na gestão do futebol, na busca por novas receitas, na polítiLeonardo Calixto ca financeira e na interação clube/torcida ficam uito se tem dis- sempre à mercê do jogo cutido sobre os político entre conselheimodelos de gestão dos ros. Toda esta estrutura clubes de futebol no viciada fez o debate soBrasil. O debate, que é bre os clubes-empresa antigo, volta à tona nes- voltar com muita força. São vários os exemte momento com noplos no mundo de movos elementos, que evidelos de gestão empredenciam a forma arcaisarial em clubes de futeca com que nossos clubol. Alguns deram certo bes são geridos. e outros deram errado. Após várias tentatiAtualmente, está sendo vas por parte dos atores formatado no Congrespresentes no esporte e no Estado brasileiro de so Nacional um projecriar regras para trans- to de lei que visa à transformar essas estrutu- formação dos clubes em ras, o modelo de gestão empresas. Essa ideia é vigente ainda é o asso- apoiada principalmente ciativo. Nele, além do por quem entende que a presidente, vice e de- privatização é a salvação
FUTEBOL. Projeto de lei quer transformar clubes em empresas
M
líticas que beneficiam grupos específicos – a necessidade é de construir processos coletivos para planejar estrategicamente os passos que o futebol precisa dar para que todos os setores sejam desenvolvidos com equidade. Anúncio
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GOL DE PLACA
NA GERAL Divulgação
Divulgação
Zagueira de peso no tricolor zagueira Zizi, de 34 A anos, é a nova jogadora do Bahia. A atleta, que
defendeu o São Paulo e conquistou o título da série A-2 com o time na última temporada, tem currículo extenso e disputou a Copa do Mundo pela seleção brasileira em 2011, quando nossa equipe foi eliminada nas quartas de final. O Bahia disputa o Campeonato Brasileiro Série A-2 neste ano.
Dois passos pra vitória
De olho em Tóquio
tradicional Corrida Brasil inicia 2020 com A Internacional da São O152 atletas garantiSilvestre, realizada em São dos para as Olimpíadas Paulo, teve um final emocionante na sua 95ª edição. Faltando dois passos pra cruzar a linha de chegada, o queniano Kibiwott Kandie, 23 anos, ultrapassou o atleta Jacob Kiplimo, 19 anos, de Uganda, vencendo a corrida. Além da grande vitória, Kandie ainda quebrou o recorde da competição, realizando o percurso em 42 minutos e 59 segundos.
Notas esportivas Divulgação.
Primeira mulher a presidir Comissão
A
jonne roriz
bandeirinha Ana Paula Oliveira, ex-assistente da Fifa, vai presidir a Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol. Pela primeira vez na história, uma mulher ocupa o cargo. Ana Paula já vinha se destacando em sua carreira e ocupando posições pioneiras para as mulheres. Ela foi a primeira árbitra-assistente a atuar em finais de Campeonato Paulista e Copa do Brasil.
de Tóquio 2020. Cerca de 100 vagas ainda serão disputadas no primeiro semestre em torneios pré-olímpicos, como é o caso do futebol masculino e basquete, ou somando pontos para subir nos rankings mundiais das federações internacionais, como na natação e atletismo. Sucesso para nossos atletas!
Mulherada sebo nas canelas Rovena Rosa Agência Brasil
maior da história da competição, que já foi realizada 95 vezes. De acordo com os organizadores, 33,45% dos inscritos de 2019 eram mulheres, número que triplicou nos últimos 15 anos. Nesse ano, o regulamento da São Silvestre permitiu a inscrição de até 35 mil pessoas, 5 mil a mais que nas últimas dições.
GOL
CONTRA
LGBTfobia é cartão vermelho acervo Vitória
torcida “OrguA lho Rubro Negro”, movimento de
torcedores e torcedoras LGBTQI+ que defende inclusão e diversidade no Esporte Clube Vitória, denunciou por meio das redes sociais que recebeu ameaças e mensagens ofensivas. O movimento criou um grupo no aplicativo Whatsapp e já no dia seguinte à sua divulgação começaram os ataques virtuais. Em comunicado, o Orgulho Rubro Negro informou que medidas judiciais serão tomadas.
Assessoria / CBF.
Machismo no futebol
A
participação feminina na A Corrida Internacional de São Silvestre em 2019 foi a
pesar das promessas de transformação anunciadas pela Organização da Copa do Mundo Feminina, 2019 foi mais uma temporada de desafios para as esportistas. Vários casos são testemunhas, desde a tentativa de menosprezo de Trump com a seleção dos EUA, ao papelão feito pelo Sport Clube do Recife, que não desistiu do Brasileirão porque seria punido pela CBF.
Declaração da Semana
“É
uma derrota que dói, mas vamos voltar mais fortes, estamos no caminho certo. Torcedores da Lazio presentes hoje no estádio, tenham vergonha”. Mario Balotelli, atacante italiano, após sofrer derrota em campo e ouvir insultos racistas da torcida da Lazio durante o jogo entre Brescia e Lazio no campeonato italiano de futebol.