Brasil de Fato PR - Edição 262

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Brasil de Fato PR 2 Opinião

Brasil de Fato PR

Paraná, 24 a 30 de junho de 2022

Cassação de Renato é uma afronta à democracia

EXPEDIENTE

editorial

A

cassação do vereador Renato Freitas, votada pela Câmara de Curitiba nesta semana, entra para a história da cidade como um marco de racismo institucional. Sem ter fundamento jurídico, a acusação de quebra de decoro parlamentar, devido à participação do vereador em uma manifestação, revela profundo desrespeito à democracia. Além disso, dá um recado

grave à população: pessoas negras, especialmente com pautas progressistas, não são bem-vindas à Câmara de Curitiba. Os opositores de Renato aproveitaram-se de notícias falsas para pedir sua cassação. A participação do vereador, em 5 de fevereiro deste ano, no ato em defesa da vida de pessoas negras, que se deu em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e que teve continuidade,

Pessoas negras, especialmente com pautas progressistas, não são bemvindas à Câmara de Curitiba de forma pacífica, dentro da igreja, foi usada como argumento para a perseguição. O vereador já indicou que

agirá para reverter a decisão ilegal. Mas, independentemente disso, todo o procedimento tomado pela Câmara até aqui representa um golpe contra o próprio sistema eleitoral. Uma afronta à decisão de milhares de curitibanos que elegeram Renato como seu representante no Legislativo Municipal. Contra o racismo, pela democracia e em respeito às eleições, é preciso defender Renato e seu mandato!

SEMANA

opinião

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 262 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Luiz Ferreira ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira, Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr

Questão urbana hoje: por que lutamos? Pedro Carrano,

Jornalista e militante da União de Moradores e do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD)

A

Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016

s lutas por moradia no Paraná passaram por vários momentos na História recente. Das ocupações nos anos 80, em Curitiba, a partir do êxodo do campo e da busca de trabalho na capital, chegando às atuais ocupações devido à crise econômica, sanitária e ao alto custo de vida. Por isso, a principal luta dos movimentos urbanos neste momento é para que

não haja despejos forçados em 2022. As lutas por demanda sempre se chocaram contra o problema estrutural da ausência de políticas públicas robustas, da especulação imobiliária e da destinação das piores regiões para moradia dos trabalhadores. Diante disso, mecanismos como o Estatuto das Cidades (2001) não puderam ser aplicados na prática. Programas importantes como o Minha Casa Minha Vida, de acordo com estudos de Pedro Arantes e Mariana Fix, não atingiram os trabalhadores com menos de três salários

mínimos. Neste sentido, fica o aprendizado para o próximo período: o investimento em programas que façam parcerias com os movimentos populares, para geração de trabalho. Só em Curitiba estima-se mais de 450 assentamentos irregulares, com cerca de 50 mil casas. Ao mesmo tempo, fala-se em 46.898 imóveis vazios e 2.566 lotes vagos somente em Curitiba. No Paraná, a Conferência Popular de Habitação, organizada em 2022, ajudou na compreensão da ineficiência das companhias de habitação de economia mista; o au-

mento da criminalização por parte da PM; e os desafios ao perceber que, hoje, diferente dos anos 80, a base social das ocupações é conformada por migrantes e trabalhadores informalizados. Com isso, há três desafios centrais nos territórios: 1) A formação de militantes populares que estão surgindo nas novas áreas; 2) A unidade entre os movimentos urbanos no estado e no Brasil, uma luta hoje fragmentada 3) A construção e a luta por ferramentas de trabalho e geração de renda como espaço de construção e organização popular.


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