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Com alta de coronavírus, MP questiona matriz de risco usada pela Prefeitura Tendência de crescimento de casos em Curitiba vem desde a última semana Ana Carolina Caldas
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uritiba chegou a mais de 11 mil casos ativos de pessoas com coronavírus na terça, 24, com crescimento contínuo da contaminação na última semana. Mesmo com esses dados, a Prefeitura manteve a bandeira amarela, que significa risco médio. Por conta disso, o Ministério Público do Paraná questionou a administração, na Justiça. Na petição, o MP pede a análise do mérito de ação civil pública para que o município, enquanto durar o estado de emergência da pandemia, oriente-se a partir de matriz de risco adequada. Para o MP, a matriz atualmente utilizada vem se mostrando ineficaz na prevenção e adoção de providências resolutivas para o enfrentamento da pandemia, sobretudo porque não permite a identificação eficiente de possíveis ameaças e vulnerabilidades causadoras dos riscos sanitários, não indica PUBLICIDADE
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Paraná, 26 de novembro a 2 de dezembro de 2020
os métodos de cálculo e de avaliação desses riscos, não estabelece ordem de prioridade a ser levada em consideração nesses cálculos e avaliações de risco e tampouco permite explicitar as providências e ações de controle propostas a partir da metodologia seguida. O MPPR também argumenta que “o Município de Curitiba vem trilhando caminho
contrário ao proposto pelas autoridades sanitárias do Estado do Paraná e pelos referidos conselhos (Conselho Nacional de Secretários de Saúde e Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde)” e tal ordem de coisas tem estimulado a diminuição do isolamento social entre a população, o que aumenta os riscos de propagação do coronavírus. Giorgia Prates
“Agrinho” leva ideologia do agronegócio a escolas públicas do Paraná Lia Bianchini Desde 1996, escolas públicas do Paraná possuem em seu cronograma de ensino materiais do programa “Agrinho”, com foco especial à educação do meio rural. Resultado de parceria entre a Federação da Agricultura Paraná (Faep), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-PR) e o governo do Estado do Paraná, o programa ostenta, em seu site, o título de “maior programa de responsabilidade social do Sistema FAEP”. No entanto, na visão de educadores do campo, o Agrinho é a principal expressão do projeto educacional do agronegócio nas escolas do campo e da cidade. A denúncia fez parte da VIII Jornada de Pesquisas da Questão Agrária no Paraná, do Observatório da Questão Agrária no Paraná, vinculado à Universidade Federal. Para Valter Leite, do setor de Educação do MST, o Agrinho vem fazendo, há 24 anos, um “amplo processo de instrumentalização da escola pública para promover a idealização do agronegócio”. “[Os materiais do Agrinho] ocultam a violência que os agrotóxicos ocasionam à vida humana e ao meio natural, dizendo de uma
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possível racionalização do uso de agrotóxicos e possibilidade de conciliação do agrotóxico à saúde humana”, explica. A problemática vem desde a criação do programa, em 1995, tendo como uma de suas principais idealizadoras Patrícia Lupion Torres, filha do latifundiário e ex-deputado Abelardo Lupion. Entre os patrocinadores do programa há grandes empresas que vendem agrotóxicos, como Bayer e Syngenta. O Observatório da Questão Agrária solicitou dados recentes sobre a abrangência do programa, em agosto de 2020, mas a Secretaria de Educação ignorou. “É preciso constituir uma força unificada na produção de materiais para contrapor o ‘Agrinho’, fazer chegar às escolas do campo e da cidade materiais sobre agroecologia integrada a um projeto de sociedade que preserva e valoriza os povos do campo e da floresta”, afirma Valter Leite.