Brasil de Fato PR - Edição 214

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Esportes | p. 8

Coronavírus vence Copa América vem pro Brasil

PARANÁ

Ano 5

Brasil | p. Editorial | p.6 2

Paraná | p. 4

Cultura | p. 7

Gol do povo

Pandemia nos ônibus

Refugiados em livros

Bolsonarismo começa a perder a partida

Prefeitura nega contágio. Índices são piores que média do Brasil

Autoras paranaenses fazem coleção

Edição 214

3 a 9 de junho de 2021

distribuição gratuita

www.brasildefatopr.com.br

o çã lga u v Di

Giorgia Prates

Milhares de “Fora, Bolsonaro” Curitiba tem grande ato por impeachment, vacina e comida no prato CAPA | p. 5


Brasil de Fato PR 2 Opinião

O povo nas ruas, nosso artilheiro EDITORIAL

M

esmo com a pandemia do coronavírus, centenas de milhares de brasileiros tomaram as ruas para se opor à política irracional de Bolsonaro. A conclusão de quem estava na rua: quando o governo é mais perigoso que o vírus, apenas a resposta do povo pode virar o jogo. Os primeiros sinais da derrota bolsonarista, nessa partida, foram dados pela brutal repressão em capitais, como no Recife. Em outras, houve prisão de manifestantes que exercitavam sua liberdade de expressão. Foi o que ocorreu, dois dias após, em Goiânia. Nestes casos, a revisão do lance

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Paraná, 3 a 9 de junho de 2021

A informação foi muito mal recebida pela opinião pública e já se alcunha o evento como Cepa ou Cova América deu razão ao time do povo. Outra estratégia diversionista foi a Copa América de futebol no Brasil, após a recusa de Colômbia e Argentina. A informação foi muito mal recebida pela opinião pública e já se alcunha o

evento como Cepa ou Cova América. Mais um campeonato que o bolsonarismo corre o risco de perder. O ápice da confusão imposta pelo governo foi derrotada no vergonhoso depoimento da médica Nise Yamaguchi, na CPI da Covid. Demonstrando nada saber sobre infectologia ou saúde pública, parece ter sido expulsa sem nem ter entrado em campo. Mas, mesmo com todas as estratégias diversionistas que o governo tentou, nada pode anular o gol de placa nas manifestações em mais de 200 cidades. O povo nas ruas é que é nosso artilheiro.

SEMANA

Eleições no Peru: um sopro de esperança popular no coração dos Andes

OPINIÃO

Soniamara Maranho,

integrante da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens

Pedro Carrano,

integrante da direção nacional da Consulta Popular

E

m 6 de junho, o povo peruano vai às urnas, no segundo turno de uma eleição polarizada entre a esquerda, com o professor, sindicalista e filho das greves de 2017 do magistério, Pedro Castillo, à frente nas pesquisas, com um programa democrático, nacional e popular, contra a candidatura de extrema-direita de Keyko Fujimori, filha de Alberto Fujimori, preso neste momento por crimes contra a humanidade. A aplicação do programa neoliberal, do Tratado de Livre Comércio com os EUA e mais 20 diferentes acordos com outros países, cobra o seu preço. Hoje, no Peru, 21,8% das crianças e adolescentes são obrigados a trabalhar. Não há um patamar de leis trabalhistas consistente. Existem 2,7 milhões de analfabetos, numa população de 32,5 milhões, 84% das vítimas de analfabetismo são mulheres. Neste momento, a esquerda peruana se aglutina em

torno da chance de vitória de Castillo, do partido Peru Libre, que tem como uma das bases sociais as Rondas Camponesas, comunidades camponesas, organizadas com jurisdição própria, críticas ao limite e caráter de classe do Estado, porém conscientes do papel que Castillo pode cumprir ao chegar ao governo – ainda que tenha pela frente o mesmo desafio dos governos bolivarianos na Venezuela, Equador e Bolívia: avançar na direção do poder e combater um Estado com pesada herança colonial. Depois de uma onda de golpes e retomada de governos de direita, desde 2015, a atual crise econômica, política e sanitária que se agrava na América Latina tem movido as peças do xadrez e produzido revoltas e movimentos de massa, caso da Guatemala, Haiti, Colômbia, Equador, Chile e Paraguai. Ao lado da retomada do governo na Bolívia, da Constituinte chilena, uma vitória de Castillo significaria mais uma situação em que a luta de massas conflui para a chegada da esquerda ao governo. Contribui também para um cenário necessário de isolamento do governo neofascista de Bolsonaro.

EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 214 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Soniamara Maranho e Rubens Bordinhão Neto ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com


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Paraná, 3 a 9 de junho de 2021

Geral

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QUE DIREITO

FRASE DA SEMANA

“É uma vergonha... É um tapa na cara dos brasileiros”

PR ainda recomenda Cloroquina

Disse o narrador de futebol da Globo Luis Roberto sobre o Brasil sediar a Copa América de futebol, depois de Colômbia e Argentina se negarem a fazer a competição por causa da Covid-19. E complementou: “O país que demorou 9 meses para responder a carta da Pfizer (oferecendo vacinas) responder em 10 minutos que vamos fazer a Copa América é inaceitável... Divulgação

NOTAS BDF

Por Frédi Vasconcelos

Discussão delirante

Contradições de Nise

A médica Luana Araújo (foto), que seria nomeada chefe da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 e acabou sendo “desnomeada” pelo governo Bolsonaro, disse em depoimento à CPI: “Todos nós somos favoráveis a uma terapia precoce que exista. Quando ela não existe, não pode ser uma política de saúde pública. Essa é uma discussão delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente”, afirmou, referindo-se ao “tratamento precoce” com Cloroquina e outras drogas.

Na CPI também foi ouvida a médica bolsonarista e defensora do tratamento precoce Nise Yamaguchi. Ela negou que fosse conselheira do Bolsonaro ou que fizesse parte de um comitê de aconselhamento paralelo, embora a agenda do presidente relate encontros pessoais com a médica. Ela também negou que tenha participado da tentativa de alterar a bula da Cloroquina por decreto presidencial, embora o fato tenha sido confirmado pelo presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres. A CPI deve fazer uma acareação entre eles.

Borda da Terra plana Para ela, é inadmissível que ainda exista uma discussão sobre esse assunto. “Quando eu disse, há um ano, que nós estávamos na vanguarda da estupidez mundial, infelizmente, eu ainda mantenho isso em vários aspectos. Nós ainda estamos aqui discutindo uma coisa que não tem cabimento”, afirmou. Ela ainda fez ironia com aqueles que acreditam na teoria de que a Terra é plana. “É como se estivéssemos discutindo de que borda da terra plana vamos pular. Não tem lógica”, disse.

Agência Senado

O uso de Cloroquina em pacientes com coronavírus tem sido questionado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado e por médicos que atuam no combate à pandemia. O próprio Ministério da Saúde recuou e já retirou da página oficial as orientações sobre a aplicação do medicamento para o tratamento. No entanto, o governo do Paraná segue com a recomendação de uso da Cloroquina em seu site oficial. Se você entrar no site do governo do Paraná, a nota “Uso da Cloroquina como Terapia Adjuvante no Tratamento de Formas Graves da Covid-19 (versão 1) ainda está lá, orientando, “a critério médico, o medicamento Cloroquina como terapia adjuvante no tratamento de formas graves da Covid-19, em pacientes hospitalizados, sem que outras medidas de suporte sejam preteridas em seu favor”. A recomendação “não recomendável” é criticada pelo deputado estadual Requião Filho (MDB). Para ele, o estado atua com incompetência, negligência, imprudência e/ou imperícia. “Quando o uso da Cloroquina é refutado pela OMS, pela ciência e até mesmo pelo seu maior garoto propaganda, o governo federal, manter as recomendações para seu uso no site do estado do Paraná só pode ser por incompetência, negligência, imperícia ou imprudência”, destaca o deputado.

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Quem mandou atirar? Passados dias do ataque da Polícia Militar de Pernambuco a manifestantes do 29M no Recife, o governo do Estado não disse ainda quem mandou atirar bombas e dar tiros de borracha que feriram várias pessoas, algumas com perda de visão. O governador suspendeu militares e houve a renúncia do chefe da corporação, coronel Vanildo Maranhão, mas a questão de quem deu a ordem ainda não foi respondida.

É ESSE? Rubens Bordinhão Neto

A CPI da Covid vai acabar em pizza? Em abril foi instalada CPI para apurar ações e omissões do governo federal na pandemia. Trata-se de uma importante iniciativa do Legislativo no exercício do seu dever constitucional de fiscalizar o Poder Executivo. Mas uma CPI apenas pode apurar e investigar, não imputar responsabilidade ou julgar. Contudo, isso não quer dizer que vai acabar em pizza. Tudo depende do seu relatório final. Se o relatório apontar que o presidente cometeu crimes de responsabilidade, caberá ao presidente da Câmara dos Deputados abrir processo de impeachment. É possível ainda que se conclua pelo cometimento de crime comum, aí o relatório será enviado à Procuradoria-Geral da República para inquérito e denúncia no Supremo. Além desses trâmites, a CPI tem também efeitos políticos importantes, porque compila e coloca em evidência os erros governamentais que nos trouxeram à crise sanitária e recessão econômica. Prova disso são as reiteradas pesquisas que demonstram insatisfação com o governo federal, além das manifestações do último 29 de maio, que reuniram centenas de milhares de brasileiros. Ainda é cedo para dizer se acabará em pizza ou não, certo é que a CPI pode ser mais uma peça no quebracabeça do impeachment de Bolsonaro, ou, ao menos, da sua deposição pela via eleitoral. Rubens Bordinhão Neto Advogado, da Rede de Advogadas e Advogados Populares


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A COVID-19 ANDA DE ÔNIBUS EM CURITIBA

Giorgia Prates

Prefeitura nega que transporte aumente casos. Mas taxa de mortes de motoristas é o dobro da nacional

“C

uritiba não possui aglomerações nos ônibus, apenas em casos pontuais, e não tem provocado um aumento das infecções por Covid’’. Foi com essa declaração que o presidente da Urbs, Ogeny Maia Neto, respondeu a vereadores em sessão da Câmara Municipal. Ele foi convidado para prestar esclarecimentos em relação a um estudo divulgado pela Prefeitura juntamente com o Sindicato das Empresas do Transporte Coletivo (Setransp). De acordo com a Prefeitura, ‘’o rastreamento, o Centro de Epidemiologia da Secretaria cruzou o banco de dados dos testes positivos para Covid-19 com os CPFs dos usuários do cartão-transporte da Urbs’’. O estudo

foi apresentado na semana em que o presidente da Associação Comercial do Paraná, Camilo Turmina, questionou a adoção da bandeira vermelha em Curitiba e o fechamento do comércio, falando do papel dos ônibus no avanço da pandemia na capital. “O ônibus é lugar latente de coronavírus. 50% de ocupação dos ônibus é de 4 pessoas por metro quadrado. Não tem como enxugar gelo. Não parem o comércio, comércio é vida. Comércio é emprego e renda”, criticou. Trabalhadores sofrem De acordo com dados do Sindicato dos Cobradores e Motoristas de Ônibus de Curitiba (Sindimoc) até o fechamento desta matéria, cerca de 62 trabalhadores morreram por conta da Covid-19. O dado revela o dobro da taxa Giorgia Prates

Gabriel Carriconde

de óbitos proporcional ao número total, de 0,4, e a média nacional é de 0,2. Para o presidente do Sindicato, Anderson Teixeira, os trabalhadores estão diariamente expostos. ‘’Temos solicitado à prefeitura vacinas e EPIs para nossa base, e na medida do possível estamos sendo atendidos, mas não garante total proteção’’, conta. Estudo da Prefeitura? Para especialistas, vereadores, trabalhadores e usuários, o estudo da Prefeitura não é conclusivo. Para o usuário Luis Gustavo de Oliveira, 23, que mora na Fazendinha e trabalha em Araucária, não houve redução nos principais entroncamentos, e nos horários de pico os ônibus continuam cheios. ‘’Eu não me sinto seguro, mesmo que eles façam a limpeza, eles não param durante o dia, e pessoal sem máscara no ônibus é normal’’, revela. O vereador Dalton Borba (PDT) enviou questionamentos para a Prefeitura em relação ao transporte. O parlamentar questiona a base de cruzamento de dados entre Urbs e Saúde. ‘’Sabe-se que há um grande número de assintomáticos ou com sintomas leves, que acabam não realizando testes e que também são usuários do transporte público. Esse número de pessoas não pode interferir nos resultados obtidos e não houve a conside-

ração destes na metodologia realizada’’, questiona. Para o infectologista e epidemiologista Moacir Pires Ramos, a literatura científica sobre o transporte coletivo e a pandemia foi feita apenas em países da Europa, Ásia e América do Norte, com estruturas mais avançadas e disponibilidade para usuários. Pires afirma que a possibilidade de infecção dentro do ônibus, sem o respeito ao distanciamento de mais de 1 metro e uso de máscara com boa vedação, é enorme. ‘‘Se existe aglomeração dentro do ônibus, a falha é do sistema, se não existe distanciamento de 1 metro 1,5 metro é aglomeração’’. O infectologista ainda critica a metodologia da pesquisa. ‘’E será que o cartão transporte consegue garantir a identificação e o cruzamento com os dados da Saúde? O período de incubação é de 2 a 7 dias, mas pode ser estendido de 10 a 14 dias, então eu posso estar no transporte hoje e apresentar só até daqui 10 dias, e utilizar o cartão de outro”. Pires Ramos defende ainda que para Curitiba ter um lockdown “de fato”, como feito na Europa, o transporte coletivo deveria ser paralisado. “Transporte urbano deveria ser só para trabalho essencial. Ônibus serviria só para isso, e você deveria se identificar e avisar para onde irá se deslocar”, reflete.


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Paraná

Moradores da periferia de Curitiba têm dificuldades de acesso à vacina contra Covid-19 Vereadora enviou sugestão à Prefeitura de busca ativa de pessoas em áreas de vulnerabilidade social Lia Bianchini

Ana Carolina Caldas

Q

uando a Prefeitura de Curitiba anunciou o início da vacinação para pessoas com comorbidades, estimou-se a existência de 300 mil pessoas. Nesta semana, a Secretaria Municipal de Saúde encerra essa etapa com 70 mil pessoas vacinadas, número bastante inferior ao estimado. Uma das causas levantadas por lideranças de comunidades de Curitiba e também pela vereadora Carol Dartora é a falta de acesso à informação sobre datas, procedimentos e locais de vacinação. Grande parte dos moradores de áreas de maior vulnerabilidade social não tem telefone ou internet. Há ainda quem não dispõe de recursos para ir até os locais de vacinação, já que

a vacinação não está ocorrendo em todos os postos de saúde. Uma liderança comunitária do bairro CIC, que não quis ser identificada, relata que as pessoas da sua comunidade não sabiam o que eram comorbidades, algumas não tinham acesso ao aplicativo da Prefeitura e muitos sequer compreendiam os procedimentos para entrar nessa fila. “Tive

que ir de casa em casa falando, dizendo para irem se vacinar. A maioria não sabia o que era ‘comorbidade’, eu tive que explicar. Muitos que tinham as doenças listadas tiveram dificuldades para conseguir uma declaração médica. São muitos os que se encaixam nesse grupo e não conseguiram se vacinar”, relata. A liderança também informou que nenhum agente da saúde

esteve na comunidade para fazer a busca ativa para a vacinação. Ivan Pinheiro, morador da Ocupação da Ferrovila, no bairro Novo Mundo, e integrante da União de Moradores e Trabalhadores – UMT- , informa que há em sua região também dificuldades de acesso à informação e aos locais de vacinação. “Foram fechadas unidades de saúde e centralizou em uma só, da Regional Fazendinha. É longe para muitos, acaba tendo aglomeração. Aqui também o pessoal que tem comorbidades achou complicado todo o procedimento. Foram tentar marcar consulta no posto para conseguir a declaração, mas muitos não conseguiram sequer a consulta e não se vacinaram,” conta.

Vereadora propõe busca ativa em áreas de vulnerabilidade Com essa situação, que se repete em outros bairros, a vereadora Carol Dartora (PT) enviou à Prefeitura pedido para uma nova diretriz municipal unificada para a divulgação da vacinação de forma regionalizada e também que se realize a busca ativa das pessoas em áreas de vulnerabilidade social. “Apesar da fala da secretária de Saúde sobre a busca ativa, ainda

tem sido insuficiente, uma vez que grande parte dessa população não tem telefone nem internet. Em razão disso, muitos moradores da periferia não se vacinaram, seja pela falta de informação ou pela ausência de recursos para se deslocarem.” Carol tem realizado visitas às regionais e constatado presencialmente o problema e sugeriu à secretaria de

Saúde que a divulgação seja regionalizada, com comunicação massiva, com carros de som, faixas, outdoors e, principalmente, a busca ativa das pessoas que ainda não se vacinaram. O que diz a prefeitura Em nota ao Brasil de Fato Paraná, a Secretaria Municipal de Curitiba afirmou: “As pessoas com comorbi-

dades atendidas pelo SUS estão sendo avisadas pelo APP que elas têm direito à vacina e devem procurar os pontos de vacinação. As unidades de saúde também estão fazendo a busca ativa desses pacientes, ligando para eles. Nos casos extremos, em que não há telefone, profissionais das unidades de saúde podem ir até o endereço dos pacientes.”

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VACINAÇÃO

Curitiba começa vacinação por idade dos 59 aos 18 anos Na quarta (2/6), Curitiba abriu a vacinação contra Covid-19 por idade. Serão contemplados, neste primeiro momento, todos os residentes que completarão 60 anos de idade até 31 de dezembro de 2021 – quem tem 60 anos completos ou mais já foi imunizado durante a fase de vacinação dos idosos. Será do mais velho para o mais novo, na faixa entre 59 a 18 anos, na medida em que forem sendo disponibilizadas doses pelo governo federal. Há 18 pontos de vacinação contra a Covid-19 na cidade, funcionando das 8h às 17h. Para se vacinar, será necessário apresentar um documento com foto, comprovante de residência de Curitiba e levar uma caneta. A Secretaria de Saúde pede que as pessoas que não sejam pacientes do SUS curitibano preencham antecipadamente o cadastro na plataforma Saúde Já, pelo aplicativo de celular ou pelo site www.saudeja.curitiba.pr.gov.br. Aponte a câmera do seu leitor de QR Code para a imagem ao lado

Rodrigo Fonseca | CMC


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Mais de 7 mil pessoas dizem: “Fora, Bolsonaro” Ato em Curitiba fez parte de manifestações que ocorreram pelo país pela saída do presidente, por vacina no braço e comida no prato Redação

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ais de 7 mil pessoas foram para a rua, no 29 de maio, para gritar: Fora, Bolsonaro. O ato, que fez parte de um dia de manifestações por todo o país, também reivindicou a aceleração da vacinação de toda a população brasileira e a volta do auxílio emergencial de R$ 600 para quem está desempregado e passando fome. Com todos os cuidados para evitar a contaminação pelo coronavírus, os manifestantes se concentraram a partir das 15h na Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba, e, depois, seguiram em passeata até a Praça Osório/Boca Maldita, também no centro da capital, em cerca de 4 horas de manifestação. Vejam a reportagem fotográfica da manifestação por Giorgia Prates. PUBLICIDADE

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Cultura 7

Livro sobre refugiados escrito por paranaenses alcança mais de 130 mil alunos

Divulgação

A obra “Layla, a Menina Síria” será distribuída nas escolas públicas do país Ana Carolina Caldas

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e um encontro num evento sobre direitos humanos em Curitiba, a jornalista Cassiana Pizaia, a psicóloga Rima Awada e a bibliotecária Rosi Vilas Boas se uniram para criar a Coleção infanto-juvenil “Mundo sem Fronteiras” e trazer à tona o tema de crianças refugiadas. Com emocionantes histórias protagonizadas por jovens, a coleção tem o propósito de expandir o universo dos leitores, permitindo que conheçam outras realidades e desenvol-

vam empatia. O livro “Layla, a Menina Síria”, a primeira obra dessa coleção, chegou a mais de 130 mil crianças e jovens de escolas públicas pelo Programa Nacional do Livro e Material Didático. “Laila” é um mergulho na maior crise imigratória do século 21 pelos olhos e sentimentos de uma menina síria, que viu seu país se transformar num campo de guerra. Segundo a autora do livro, Rima Zahra, o foco foi desmistificar os preconceitos em relação a migrantes refugiados. “Realizamos conversas e pesquisas e

Quadrinhos curitibanos A Biblioteca Pública do Paraná acaba de lançar o livro “Narrativas Gráficas Curitibanas: 210 Anos de Charges, Cartuns e Quadrinhos”, do quadrinista, curador e pesquisador José Aguiar. Com 360 páginas e centenas de ilustrações, a obra de referência resgata a memória gráfica local e seus reflexos na cultura nacional, por meio de documentos, biografias e depoimentos.

Mapeamento Desde o possível primeiro chargista brasileiro (João Pedro, o Mulato) até a intensa atividade independente atual, o livro mapeia boa parte da produção artística da cidade entre 1807 e 2018. “A partir de autores e personagens em sua maioria desconhecidos fora de Curitiba, é possível acompanhar a evolução não somente do traço ou da imprensa, mas da própria sociedade”, diz o autor.

Bibliotecas públicas A edição impressa, com tiragem de mil exemplares, será distribuída para bibliotecas públicas de todos os municípios paranaenses, além de universidades, gibitecas e pontos de cultura do Paraná e de outros estados. Uma versão digitalizada também está disponível para download gratuito. O lançamento será em 4 de junho, às 19h, com transmissão pelo canal youtube.com/BibliotecaPR.

descobrimos pessoas com histórias inspiradoras, de muita coragem e resiliência. Mas, infelizmente, ainda existe uma narrativa global que retrata pessoas refugiadas e migrantes como problemas e ameaças à segurança nacional, ordem social e herança cultural. São narrativas que causam o fortalecimento de fronteiras e promovem respostas hostis. “São muitos mitos em torno dessa população fragilizada que chega aqui em busca de um recomeço”, conta Rima. Na história baseada em

fatos e experiências reais, Layla leva os leitores pelas ruas de pedra de Alepo, na Síria, revelando um mundo de cores, sabores e culturas que encantam. E segue sua trajetória por caminhos,

fronteiras, mares e desertos em busca de paz e esperança em um novo país, o Brasil. Para aquisição, está disponível na loja virtual da Editora do Brasil e à venda em diversas livrarias.

DICAS MASTIGADAS

Caldinho de feijão A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Reprodução

Ingredientes 1 colher (sopa) de azeite ou óleo; 1 dente de alho orgânico amassado; 1 cebola orgânica picada; 1 talo de salsão cortado em cubinhos; 2 xícaras (chá) de feijão orgânico cozido (caldo e grãos); 2 xícaras (chá) de água Modo de preparo Em uma panela, aqueça o azeite (ou óleo) e refogue o alho e a cebola. Acrescente o salsão e misture muito bem. Junte o feijão e misture. Transfira o conteúdo da panela para um liquidificador, acrescente um pouco de água e bata até ficar homogêneo. Passe por uma peneira e devolva à panela. Cozinhe até ferver e o caldo engrossar, mexendo de vez em quando.


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ELAS POR ELA Fernanda Haag

Patrocinador exclusivo A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou na última terça-feira (1), novo patrocinador para a Seleção Brasileira Feminina. É um marco histórico para a modalidade, pois será a primeira vez que há um patrocinador exclusivo. A Neoenergia – do setor elétrico e filial brasileira da empresa espanhola Iberdrola – apoiará as seleções de base e adulta e o Brasileirão Feminino A1, através dos “naming rights” e, por isso, o torneio passará a se chamar Brasileirão Feminino Neoenergia. A empresa tem experiência com o esporte feminino, pois patrocina a Liga Iberdrola e conta com mais de 330 mil atletas apoiados em vários países e modalidades. O contrato de patrocínio vai até 2024 e ainda prevê a exibição da marca no uniforme de treino, ações promocionais, placas de publicidade no gramado dos jogos e ações nas redes sociais. Aline Pellegrino, diretora de competições da CBF, falou para as Dibradoras sobre o significado da parceria: “Estamos num momento de transição e começamos a zerar aqueles 40 anos de proibição. Agora estamos com competições, com melhorias técnicas, aumento das equipes, a gente está começando a enraizar o futebol das mulheres no Brasil.”

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8 Esportes

Copa Covidão da América ocorre no melhor país para o vírus Campeonato acontece no país com mais mortes e infecções na América do Sul Frédi Vasconcelos

A

Argentina, antiga sede, com cerca de 78 mil mortos e 3,8 milhões de infectados, desistiu da Copa Covidão da América 2021. A Colômbia, com 89 mil mortes e 3,4 milhões de casos, e fortes protestos políticos, também desistiu. Mas o vírus comemorou bastante quando foi confirmada a nova sede num tal de Brasil, o pior país no combate à pandemia na América do Sul, com 465 mil mortes (e aumentando a cada dia), 16,5 milhões de infectados e vacinação atrasada. Nenhum lugar melhor para que possa se reproduzir tranquilamente. As sedes já foram escolhidas, serão dez times distribuídos por Mato Grosso, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Goiás. Três sedes no Centro-Oeste, de forte eleitorado bolsonarista e pertinho para que o presidente possa assistir às partidas e, se quiser, aglomerar mais um pouquinho e ajudar a disseminar o vírus. A outra sede é daquele estado cujo governador, que tomou pos-

se no lugar de outro cassado, também reza pela cartilha bolsonarista. Aliás, pode sobrar até algum lucro para as milícias. Sobre os argumentos de que todos serão vacinados, que virão “apenas” 65 pessoas por delegação e que serão adotados os mesmos procedimentos dos outros campeonatos, vale recordar que virão jogadores que atuam em todas as partes do mundo, facilitando a viagem de novas cepas, a contaminação que

Subir de divisão no ataque

Caiu a ficha

Por Cesar Caldas

Por Marcio Mittelbach

Quer por convicção própria do treinador, quer por imposição da diretoria, jogar defensivamente foi característica do Coritiba sob a rédea da quase dezena de técnicos contratados nas últimas três temporadas. Os times foram armados assim até pelos que tinham histórico propositivo de jogo em clubes anteriores. As nove competições disputadas no período descortinaram: esse tipo de postura tática e de movimentação dos atletas em campo fracassou. Clamorosamente. Espera-se da nova diretoria a não-intervenção nessa seara. Pelo que se lê na imprensa de seu país, o treinador paraguaio Gustavo Morínigo tem por hábito engendrar sistemas esquemáticos que priorizam o ataque. Seus times só se acastelam na fronteira defensiva quando não têm a posse da bola. Nesses momentos, há cerrada marcação, inclusive pelos homens de frente. Na Série B, só se sobe de divisão subindo ao ataque.

Bastaram 90 minutos de Série C para que a torcida paranista tivesse a exata noção do desafio que o Paraná tem pela frente. Diferentemente de 2012, quando retornamos à elite do estadual com certa tranquilidade, para sair da terceirona em 2021, o tricolor precisa se desdobrar. Sem qualificar o elenco, não vai dar. Uma possível solução é o acordo com um investidor, aprovado nesta semana pelo Conselho Deliberativo do Clube. O contrato não é aquela maravilha, mas nos permitiria mais que dobrar a folha salarial. O problema é que ainda restam muitos entraves até que isso signifique dinheiro em caixa e reforço em campo. Cada um tem uma explicação para a situação em que nos encontramos. É um direito e até um dever nosso opinar sobre a vida do Clube. Agora, se tem gente que ainda não entendeu que a hora é de deixar as convicções de lado e ajudar o Paraná Clube da forma que pode, a hora é essa!

acontece até hoje em times brasileiros, apesar dos protocolos. Para quem acredita que jogadores vão se cuidar, é bom lembrar do agora aparente titular da seleção brasileira, Gabigol, flagrado numa casa de jogos clandestina em plena pandemia. E outros jogadores que participaram de festas e aglomerações. Se o projeto é disseminar ainda mais o vírus, o presidente, a Conmebol e a CBF estão fazendo o seu melhor e devem ganhar de goleada. Lucas Figueiredo

3 jogos, 3 taças diferentes em disputa Por Douglas Gasparin Arruda

Entre quinta-feira e domingo, três jogos importantes vão movimentar a torcida rubro-negra. Pelo primeiro jogo da terceira fase da Copa do Brasil, o Athletico enfrenta o Avaí, nesta quinta, fora de casa e com o desfalque de Abner, que se apresenta à seleção olímpica. O uruguaio David Terans, recém-contratado e que entrou bem na estreia contra o América MG, também está fora, barrado pelo departamento médico. No domingo, dois jogos em sequência. Pela A2 do feminino, jogo decisivo contra o América MG, às 15h, no CT do Caju. Faltando apenas 2 partidas para o fim da primeira fase, o Furacão só depende de si para seguir adiante na competição. Caso vença em casa, pode até brigar pela liderança do grupo contra o Vasco. Em Caxias, pela 2° rodada do Brasileirão, enfrenta o Juventude, às 18h15.


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