PARANÁ
Ano 5
Edição 219
8 a 14 de julho de 2021
distribuição gratuita
www.brasildefatopr.com.br
Pressão por todos os lados
Esportes | p. 8
Enfim, um grande jogo Brasil e Argentina fazem final da Copa América
Atos Fora, Bolsonaro em todo o país, reprovação nas pesquisas, governo investigado. Bolsonaro em queda livre CAPA | Págs. 2, 3 e 5 Giorgia Prates
Brasil | |p.p.67 Cultura
Ciência para crianças Projeto da UFPR quer despertar interesse no aprendizado
Opinião | p. 2
Julho das pretas Neste mês, acontece o Dia Internacional da Mulher Negra
Cidades | p. 4
Lideranças jovens Nova geração disputa espaço em associações de bairros
Brasil | p. 5
“Até a morte” Indígenas combatem projeto que põe suas terras em risco
Brasil de Fato PR 2 Opinião
A “espiada” da CIA sobre o Brasil e a América Latina
EDITORIAL
O
s escândalos de incompetência e corrupção no enfrentamento à Covid-19 têm aprofundado os abalos ao governo Bolsonaro. Em meio à crise política, William J. Burns, diretor chefe da CIA, veio ao Brasil após passagem pela Colômbia. Sem divulgação dos assuntos tratados, reuniu-se com o alto escalão militarministerial do governo: Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Walter Braga Netto (Defesa) e Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil). No misterioso encontro, esteve presente também Alexandre Ramagem, in-
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Em meio à crise política, William J. Burns, diretor chefe da CIA, veio ao Brasil após passagem pela Colômbia terventor de Bolsonaro na Agência Brasileira de Inteligência, que caracterizou o encontro como uma visita “simbólica”. A presença de Burns no Brasil gera dúvidas sobre o significado deste fato geopolítico, sobretudo se con-
sideradas as pesquisas eleitorais que indicam a vitória de Lula em 2022, as recentes vitórias de partidos de esquerda no Peru e na Bolívia, além da instauração da Assembleia Constituinte no Chile, presidida pela professora indígena mapuche Elisa Antileo. Os territórios do Brasil e da Colômbia são pontos de apoio estratégicos do poder imperialista dos EUA sobre as nações da América Latina. E agora esta visita, recepcionada por um governo alinhado aos interesses estadunidenses. O que a CIA anda novamente espiando por aqui?
SEMANA
Julho das pretas: mulheres negras pela libertação OPINIÃO
Carol Dartora,
Vereadora de Curitiba, primeira mulher negra eleita para a Câmara Municipal da capital do Paraná. Professora de História, mestre em Educação, militante da Marcha Mundial das Mulheres e do Movimento Negro, secretária da Mulher Trabalhadora e dos Direitos LGBTI+ na APP-Sindicato
N
este mês, inauguramos uma data que, apesar de ainda se manifestar muito timidamente no cenário político brasileiro, representa um sopro na luta antirracista e pela vida das mulheres negras: o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha, e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Lélia Gonzalez nos diz que “Ao reivindicar nossa diferença enquanto mulheres negras, enquanto amefricanas, sabemos bem o quanto trazemos em nós as marcas da exploração econômica e da subordinação racial e sexual”. Quando afirmamos que mulheres negras são atingidas pela violência e pela discriminação de forma multiplicada, estamos falando justamente de processos do colonialismo patriarcal que tornam nós,
Reprodução
mulheres negras, subalternas ao machismo, racismo e à violência que acomete o povo negro. O Julho das Pretas é um mês em que podemos discutir as fissuras das desigualdades social e de raça do Brasil pela perspectiva de pessoas que estiveram à margem desde a fundação do país, mas que mesmo assim são figuras tão indispensáveis para ultrapassarmos as barreiras sociais que nos impedem de valorizarmos e garantir a liberdade para as vidas negras. A luta das mulheres negras perpassa o fim do genocídio contra o nosso povo e uma luta constante para que findem-se as estruturas violentas que nos mantêm em situação de subordinação. É para que as mulheres negras alcancem sua libertação, que os caminhos da juventude negra se estendam às universidades e não se encerrem tão precocemente pela violência, e para que o povo brasileiro como um todo possa atingir uma real e efetiva democracia, com igualdade e dignidade para todas e todos e com políticas sociais que nos permitam garantir a equidade racial e de gênero.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 219 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Carol Dartora ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com
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FRASE DA SEMANA
A Câmara Municipal de Curitiba aderiu ao projeto “Mudamos”, que possibilita a apresentação de projetos populares de forma virtual. Basta ter uma ideia na cabeça e encaminhar a sua demanda para analisepl@mudamos.org que ela será analisada, segundo a equipe de comunicação da CMC. De acordo com a Câmara, a possibilidade de apresentar e coletar assinaturas virtuais foi possibilitada por uma parceria com o ITS Rio, que estuda o impacto e o futuro da tecnologia no Brasil e no mundo, desenvolvendo o aplicativo para cumprir a lei complementar 118/2020, proposta pelo vereador Marcos Vieira, do PDT. Em Curitiba, os PIP necessitam de apoio de 5% dos eleitores da cidade. O vereador Professor Euller (PSD) se coloca à disposição para ajudar nas propostas. A iniciativa permite que os cidadãos assinem projetos em qualquer parte do país, como a proposta “Lei do Rio Limpo”, apresentada por Marcos Juliano Ofenbock, e que pretende “exigir medidas múltiplas e amplas para a realização da limpeza dos rios da cidade de Curitiba, melhorando o sistema de saneamento, monitorando o sistema de esgoto”. A iniciativa já colheu 2 mil das 3 mil iniciais. O objetivo final são 65 mil assinaturas.
Questionou em seu Twitter o humorista Gregorio Duvivier, referindo-se a uma gravação em que uma cunhada de Bolsonaro declara que seu irmão foi demitido pelo presidente, quando era deputado, porque não devolvia todo o dinheiro combinado do salário.
Privatização via Sedex O governo Bolsonaro tem imposto à sociedade uma política de indiferença com a morte de mais de 527 mil pessoas, pautas conservadoras e um programa de aprofundamento da entrega de empresas públicas. No caso dos Correios, há interesses de empresas gigantes da logística como FedEx, Amazon, entre outras, passando pela brasileira Magazine Luiza. Divulgação
NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos
Já apelou Com todas as pesquisas mostrando que perde as eleições no segundo turno e algumas apontando que não passa do primeiro num embate com Lula, Jair Bolsonaro ameaçou não aceitar o resultado das urnas. Em entrevista à Rádio Guaíba na quarta, 7, disse que o “nosso” lado pode não aceitar o resultado.“ Bravata ou estratégia à la Trump, a bobagem foi lançada.
O que disse “Eles vão arranjar problemas para o ano que vem. Se esse método continuar aí, sem inclusive a contagem pública, eles vão ter problema, porque algum lado pode não aceitar o resultado. Esse lado obviamente é o nosso lado, pode não aceitar esse resultado. Nós queremos transparência. […] Havendo problemas, vamos recontar”, afi rmou Bolsonaro em entrevista à rádio Guaíba, de Porto Alegre. Agência Brasil
Projeto de iniciativa popular na ponta dos dedos
Alguém sabe onde tá o cunhado? Aquele que não “devolvia” a rachadinha inteira pro Jair?
Delírio O presidente chegou a dizer que não há credibilidade nas urnas eletrônicas e, sem provas, afirmou que houve fraude nas eleições de 2014, que Aécio Neves (PSDB) teria ganhado. “Nosso levantamento, feito por gente que entende do assunto, garante que sim. Não sou técnico de informática, mas foi comprovada fraude em 2014”, disse Bolsonaro. A tática de acusar sem provas as eleições não funcionou para Trump, nos EUA. Mas é necessário ver o que acontecerá no Brasil caso Bolsonaro ainda esteja na Presidência em 2022.
Sem resposta Há 1211 dias da morte de Marielle continua a pergunta: Quem mandou matar a vereadora? E a resposta parece cada dia mais longe (ou não?). Na quarta, 7, a Polícia Civil do Rio de Janeiro anunciou a quarta troca do delegado encarregado das investigações. Assumiu Henrique Damasceno, responsável pelo caso Henry Borel. Nas redes, o Instituto Marielle Franco questionou: “Trocaram o delegado do caso Marielle pela 4° vez. Já são mais de 3 anos sem respostas! Por que tantas trocas no comando das investigações? Por que tanta demora?”
Interesses Grandes corporações estão interessadas em privatizar os Correios para se apropriarem da expertise, capilaridade e eficiência da estatal, que hoje é indispensável até mesmo para a iniciativa privada. Depois da privatização criminosa da Eletrobras, agora o presidente da Câmara, Arthur Lira, adianta para julho a perspectiva de privatizar uma empresa lucrativa, com carteira de serviços ampla e voltada às necessidades reais do povo brasileiro.
Preço maior A quebra do monopólio dos Correios no setor postal deverá elevar o preço dos serviços para a população. Em regiões de pouco acesso, caso da Amazônia, os Correios representam inclusão bancária, vacina e remédios. Entre os serviços, é importante listar o contrato com o Ministério da Educação (MEC) na entrega de todos os livros da educação básica e o transporte e distribuição das provas do Enem.
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Jovens assumem a condução de associações de moradores em tempos de pandemia Esbarram, porém, em cultura personalista, submetida à Prefeitura e sem participação efetiva do povo Pedro Carrano, com reportagem fotográfica de
Giorgia Prates ssociações de moradores são um espaço de referência, assistência e organização nos bairros. Muitas, porém, têm limitações: a falta de independência em relação à Prefeitura, a figura de um mesmo presidente durante décadas ou simplesmente estar abandonada, situação que se agrava durante a pandemia. Diante da crise econômica e necessidade de apoio nos bairros, a juventude passou a buscar atuar e influir nos seus rumos. É o caso da associação de moradores Moradias Sabará, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), marcada pela condução de jovens desde 2004. Hoje, um coletivo de ao menos seis moradores atraem a comunidade a partir de atividades culturais. Com vínculo com a universidade e o movimento popular, colocaram a mobilização cultural como bandeira prioritária. “Tínhamos que atuar nesta área, não existe cultura na periferia além das linguagens já próprias do grafite, do rap. Agora, faltava um teatro, um cineclube, mudar um pouco a linguagem”, afirma Diego Torres, jornalista e integrante da associação. Antes disso, Torres aponta que o espaço da associação estava abandonado e depredado, o que, em parte, é de responsabilidade da Prefeitura. “A Prefeitura
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faz um pouco isso de propósito, para eles parece que é melhor que um espaço seja derrubado do que valorizado”, lamenta. Ao lado de dias culturais, cineclube e outras ações realizadas, a meta agora após a pandemia é formar um grupo que agregue a nova geração e as lideranças mais antigas, buscando um equilíbrio. Associação abandonada Danielle Santos (foto), 39 anos, estudante de Serviço Social, desempregada, moradora de conjunto habitacional na vila Santa Efigênia, no bairro Barreirinha, indica que a Associação Comunitária do Santa Efigênia (Acase) representa os mo-
radores da região, mas está abandonada desde 2018, relato que se confirma pela página nas redes sociais. Danielle sente a falta da atuação da entidade. “Está muito abandonada, há pessoas que precisam e não têm como recorrer. É necessário também para melhorias do bairro”, diz. A Acase organiza moradores de um conjunto habitacional construído pela Cohab. Daniele afirma que falta as-
sistência para a população, sobretudo a idosa, ao lado de ausência de espaços públicos para a juventude. Ela recebe respostas da presidente da associação, porém sem encaminhamentos ou soluções. “Queremos reunir uma juventude que está animada para fazer esses trabalhos, para movimentar”, expõe. A reportagem, até o momento, não conseguiu resposta no contato com a coordenação da Acase.
Mais espaços nos conselhos Um dos mais novos presidentes de associações de moradores, Fabrício Rodrigues, 30 anos, não enxerga o trabalho da juventude nas associações como uma tendência. Ele é um filho da ocupação das vilas Maria e Uberlândia, onde vive desde criança, no bairro Novo Mundo – mais um complexo de áreas que foi urbanizada, mas não regularizada. “Ainda estamos na exceção. Vejo briga das pessoas mais velhas para ficar ou para entrar. A pessoa abriu a associação e continua por décadas, nunca ninguém questionou e quis entrar”, coloca. É fato que, nos anos 1980, a migração para a capital gerou importantes movimentos de bairro, ocupações e associações de moradores, como ensina o livro “Movimento Popular e Transporte Coletivo em Curitiba”, de Lafaiete Santos Neves. Desde então, porém, esses espaços enfrentaram o esvaziamento e tentativa de aparelhamento da Prefeitura. Rodrigues aponta que as associações deveriam, por exemplo, participar dos conselhos, não apenas a Federação das Associações de Moradores de Curitiba e Região (Femoclam). “O problema é que consolida uma cultura. Não é o líder comunitário quem representa, e sim a Femoclam”, critica. Em tentativa de ligações e envio de perguntas por WhatsApp, a reportagem não recebeu respostas da Femoclam.
MEDIDAS PARA RETOMAR UMA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES Liderança comunitária da Ferrovila e estudante de Direito, Ivan Carlos Pinheiro afirma que, no caso de uma associação que está inoperante, centralizada por uma única pessoa, é possível tomar as seguintes atitudes:
1. Chamar assembleia com o máximo de moradores para convocar eleição de nova associação. Essa seria a principal opção. 2. Em último caso, fazer denúncia ao Ministério Público.
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Milhares de pessoas ocuparam as ruas em Curitiba por “Fora, Bolsonaro”
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Giorgia Prates
Sábado, 3 de julho, teve atos contra o presidente em todos os estados do Brasil Redação
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m todo o Brasil foram realizados atos pedindo o impeachment do presidente Bolsonaro pelos crimes cometidos contra a vida e a omissão na gestão da pandemia. Os manifestantes em todos os cantos do país também pediram vacinação em massa, auGiorgia Prates
xílio emergencial de 600 reais, entre outras reivindicações. Esse foi o primeiro ato após o pedido unificado de impeachment, protocolado na Câmara dos Deputados, na quarta, 30. No Paraná, um dos estados em o atual presidente mais teve votos nas eleições de 2018, em várias cidades aconteceram manifestações por “Fora Bolsonaro”. Em Curitiba, cerca de 15 mil pessoas foram às ruas protestar contra os governos federal e estadual. Após o ato público, manifestantes percorreram as ruas do centro da capital do Paraná. A manifestação foi organizada pelas Frentes Brasil Popular, Povo sem Medo, várias entidades, movimentos sociais e partidos políticos. No ato público, várias falas se revezaram de representantes da juventude, dos professores, sindicatos, indígenas, artistas, da luta por moradia, entre outros.
Giorgia Prates
Indígenas preparam “luta até a morte” contra o projeto que “acaba” com suas terras PL 490, aprovado na CCJC, muda demarcação e legaliza mineração em reservas Frédi Vasconcelos
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os últimos dias houve diversas manifestações de indígenas contra a aprovação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados, CCJC, do projeto de lei 490, que praticamente acaba com a demarcação de terras indígenas. Para novas titulações, seria necessário aprovar lei num Congresso dominado por ruralistas, latifundiários, madeireiros e mineradoras. Mais que isso, passa por cima de leis de proteção existentes e procura legalizar a mineração nos territórios indígenas,
com previsíveis danos à preservação ambiental e ao modo de vidas dos povos originários. Eloy Jacintho, professor e militante do movimento indígena e da etnia Guarani Nhandewa, esteve no acampamento em Brasília e nas manifestações contra o projeto e relata que a palavra de ordem entre os indígenas era: “Lutar contra esse projeto até a morte. A gente luta ou o ‘tratoraço’ vai passar, acabando com todos os direitos indígenas”, afirma Como lembra Paulo Porto, que lida com a questão indígena há mais de 30 anos, esse é um ataque
ao que é central, a territorialidade. “Se o projeto passar é uma tragédia que não dá para descrever. Nunca vi um ataque tão organizado, tão feroz, tão criminoso aos direitos desses povos. Nós temos um inimigo de morte instalado no Planalto”, afirma. Paulo também considera que o governo Bolsonaro está em seus “estertores”, mas ainda paga contas a ruralistas e outros grupos reacionários que o elegeram. Já Maira Moreira, advogada popular e coordenadora do Programa Cerrado da Terra de Direitos, destaca que o projeto é inconstitucional e um ataque da bancada ruralista
aos direitos indígenas. O projeto já tramita há vários anos, mas na versão atual também permite a possibilidade de ampliação de práticas extrativas nesses territórios, como a mineração. “O PL anda no Congresso sem nenhuma consulta pública, sem consulta aos povos indígenas, o que passa por cima da Convenção 169 da OIT”, destaca. Saiba mais sobre o PL 490, assista ao debate no Brasil de Fato Entrevista no Facebook do BDF-PR
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Legislação de uso medicinal da maconha avança, para alívio de pacientes Projeto do deputado Goura tramita na Assembleia, mas medicação sofre preconceito
Divulgação
Gabriel Carriconde
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cannabis sativa é uma planta cultivada em diversas partes do mundo, suas folhas têm pelos granulosos, que nas espécies femininas possuem uma resina que provoca reações psicoativas, contudo, também pode auxiliar no tratamento de diversas doenças com acompanhamento médico. O uso é envolto em polêmicas e controvérsias, por conta da atual política de repressão do estado a drogas ‘’proibidas’’. Apesar do debate, médicos garantem que seu uso medicinal auxilia em diversos tratamentos, e pacientes comprovam sua eficácia. No parlamento estadual, um projeto de lei do deputado Goura (PDT), que visa a garantir o acesso a medicamentos e produtos à base de canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC), derivados da cannabis, teve parecer favorável na Comissão de Constituição e Justiça. Durante a mesa sobre usos e
legislação da cannabis, realizada no encontro do Fórum Paranaense de Cannabis Medicinal, Goura destacou a importância de leis que regulamentem a adoção da terapia também no Sistema Único de Saúde. “O uso da Cannabis tem que ser analisado sem obscurantismo e nem negacionismo. Há muita ignorância nesse tema. Estamos falando de vida e saúde”, reflete o deputado. Além da participação do pedetista, políticos, cientistas e médicos também estiverem presentes nas discussões.
Caso do neurocientista Sidarta Ribeiro. Escritor, professor titular e vice-diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, relatou os benefícios do uso medicinal da planta. ‘’Nos últimos avanços da ciência na análise dos efeitos dos canabinóides, foi levando ao estado atual do debate, essa discussão está sendo superada, pois os efeitos terapêuticos positivos da cannabis vêm tendo resultados promissores em doenças como mal de Parkinson, dores neuropáticas, epilepsia entre outras’’.
‘’A cannabis ajudou meu filho’’ Divulgação
Maria Aline Gonçalves, 40 anos, doutoranda em Engenharia Elétrica (Unesp), é mãe do pequeno Vítor, de 10 anos de idade. Seu filho nasceu prematuro, e por conta do parto da prematuridade acabou tendo problemas decorrentes, como a síndrome de West, um tipo raro de epilepsia, chamada de “epilepsia mioclónica”, que causa cegueira e espasmos. Contudo, apesar de ser uma síndrome que desaparece na infância, pode piorar no decorrer do tempo, no caso do menino, virou uma Síndrome de Lennox-Gastaut (SLG), um tipo raro de epilepsia da infância, caracterizado por convulsões frequentes, de diversos tipos, que geralmente não melhoram com medicamentos anticonvulsivantes.
“Meu filho tomou diversas medicações que resolveram até um tempo, com a piora da síndrome, a medicação não segurou mais, e começou a ter crises convulsivas. Não achava remédios que podiam ajudar, quando, por intermédio de uma outra mãe, tive contato com o tratamento à base da maconha”, relata. Maria Aline ainda conta que após a adoção da medicação, com o uso de um óleo à base de canabidiol, ele teve várias melhoras no seu diagnóstico. “Logo no primeiro dia vi o impacto, meu filho começou a dormir bem, o que já achei um milagre, após 45 dias de tratamento, ele parou as crises, e comecei a tirar os alopáticos que provocavam vários efeitos colaterais”.
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Federal divulga projeto de ciência para crianças e lança livro digital A iniciativa é do curso de Química da UFPR e pretende levar ciência a comunidades Ana Carolina Caldas
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Livro digital Os conteúdos, disponíveis em redes sociais e no blog do projeto, agora também podem ser encontrados num livreto digital. A personagem Bertha e seu melhor amigo, Otto, procuram en-
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Cineclubes de Londrina
Na programação do Sesc Paraná, na quinta (8), da 1h30 às 20h30, o jornalista e pesquisador Fagner Bruno falará sobre a cultura dos cineclubes em Londrina desde os anos 1930 e como foram importantes para a formação de grupos que influenciaram nosso cenário cultural recente, sobretudo o cinematográfico. O evento é gratuito, no site https:// www.sescpr.com.br/
Seleção na Unila
A Universidade de Integração Latino-Americana, Unila, abriu duas novas seleções para cursos de graduação em 2021: para indígenas aldeados de nove países da América do Sul (inscrições até 21 de julho) e para refugiados e portadores de visto humanitário (inscrições até 30 de julho). Para as duas modalidades, as inscrições são gratuitas e on-line.
Reprodução | UFPR
renomado cientista e astrônomo Carl Sagan dizia: “Toda criança começa como um cientista nato”. Não há idade mínima para o interesse pela ciência e é justamente com esse propósito que o projeto de extensão “Ciência & Criança” trabalha. Criado em 2020, o projeto de extensão nasceu para contribuir com a divulgação de ciência no cenário de distanciamento social. O grupo da Universidade Federal do Paraná produz e disponibiliza gratuitamente materiais atrativos para crianças com idade entre 2 e 6 anos (ensino infantil), como animações, histórias, experimentos, músicas e jogos “online”. O projeto também prepara material de suporte para ser utilizado como ferramenta por professores e responsáveis abordarem temas do cotidiano relacionados à ciência.
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tender mais sobre o que forma tudo o que existe. Com o uso de diferentes recursos, como histórias, experimentos, jogos e música, o livro estimula o contato de crianças com a ciência. A obra “Os pequenos e incríveis blocos de montar do universo!” está disponível gratuitamente no blog do projeto: https:// cienciaecriancaufpr.blogspot.com “Pensando em comunidades e famílias que não tenham acesso à tecnologia, adaptamos o conteúdo audiovisual que foi produzido durante o primeiro ano do projeto em formato de livro, para que mais pessoas possam acessá-lo.
Ainda não possuímos recurso para impressão, mas assim que for possível, pensamos em distribuir o material impresso a comunidades carentes”, explica Tatiana Simões, coordenadora do projeto e professora do Departamento de Química da UFPR.
Para ficar por dentro Acesse o canal do YouTube, o Blog “Ciência & Criança”, ou as redes sociais (Instagram e Facebook)
Indígenas e refugiados Este é o terceiro ano em que a Unila faz seleção de povos indígenas aldeados. Até o momento, 35 indígenas já estudam na universidade. Também estão abertas inscrições para candidatos que tenham status de refugiado, sejam solicitantes de refúgio ou portadores de visto humanitário reconhecido no Brasil. A Unila conta com 40 estudantes de graduação que se declararam refugiados ou portadores de visto humanitário. Mais informações no site: https://portal.unila.edu.br/
DICAS MASTIGADAS | Assado de cenoura Re
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A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Ingredientes Meio kg de cenouras orgânicas cruas cortadas em rodelas 3 colheres (sopa) de amido de milho 2 colheres (sopa) de margarina ou manteiga Meia xícara de leite Terra Viva 3 ovos orgânicos 1 pitada de sal 1 cebola orgânica média 2 colheres (sopa) de queijo ralado
Modo de preparo Bata todos os ingredientes no liquidificador até ficar uma massa homogênea. Despeje em uma forma previamente untada e asse por cerca de 20 minutos ou até a massa ficar levemente firme. Se preferir, salpique com queijo ralado e coloque para gratinar.
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Não vale nada, não vale nada, mas tem Brasil X Argentina no sábado Copa América acaba com único jogo que pode chamar a atenção no Covidão 2021
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Frédi Vasconcelos
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egundo levantamento feito pela Rede Brasil Atual, a primeira fase da Copa América 2021, ou Covidão 2021, teve 4,4 vezes mais casos de contaminação do que gols. Até o levantamento de cerca de uma semana atrás, eram 45 gols em 20 jogos e 198 casos confirmados de Covid. Outros números também foram decepcionantes. Há prejuízos estimados entre US$ 15 milhões e US$ 25 milhões, segundo a Conmebol. Não houve público, e patrocinadores como Mastercard e Digeo preferiram não ter suas imagens associadas ao evento no Brasil. Houve queda também da audiência nos jogos no SBT. “Comparado ao campeonato realizado também no Brasil, em 2019, com transmissão da Globo, a competição sul-americana perdeu cerca de 60% dos telespectadores, com média de 15 pontos do torneio atual, ante 33 do anterior”, diz matéria no site da Rede.
O maior adversário Se o campeonato não empolgou, pelo menos a final promete chamar a atenção. No sábado (10), às 21h, duelam Brasil e Argentina, os mais tradicionais adversários da América do Sul e um dos maiores clássicos do mundo. Na semi, uma Argentina renovada, mas com Messi, só ganhou da Colômbia nos pênaltis. E o Brasil só ganhou de 1 a 0 do Peru, apenas o suficiente para o esperado jogaço da final.
Posições têm reserva, pessoas nunca Por Cesar Caldas
Em lapso de três dias, dois lutos tomaram conta do futebol: o presidente do Coritiba, Renato Follador, e o narrador esportivo Jacir de Oliveira pereceram diante da Covid-19. Consternação de pessoas sem fim. Para familiares, amigos e admiradores, os vazios deixados por ambos é impreenchível, pois a singularidade de cada um não admite substituição. Não há lugar nos corações para “banco de reservas”. A vida segue muito dolorida. O projeto de reerguimento coxa-branca, é bem verdade, foi fruto de muitas mãos, o que eleva a responsabilidade dos pares daquele gestor nato. Este colunista tinha em Jacir mais que um ex-colega de trabalho: era interlocutor querido de política e futebol desde 1998, com convergência de idéias e mútua afeição. Tá lá. E e é somente a certeza de reencontro na presença do Senhor que pode aplacar um pouco a saudade que ele deixa.
Messi versus Neymar são as atrações principais, porque o argentino ainda busca um título por sua seleção. Já o brasileiro também precisa dar muitos passos caso ainda queira um dia ser o melhor do mundo. Mas há outros bons jogadores envolvidos, como Di Maria e Aguero (mesmo jogando poucos minutos), e Richarlison e Casemiro para o Brasil. O jogo deve ser corrido, truncado, com muitas faltas, mas com talentos em campo que podem resolver.
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Gurias Furacão Fortes emoções no futebol feminino do Athletico. Só para começar, as Gurias Furacão golearam novamente a UDA, no jogo da volta das oitavas de final do Brasileirão A2 e garantiram a vaga na próxima fase. A partida foi no último sábado, 3, no CT do Caju e terminou 3 a 0 para as atleticanas com gols de Joyce, Milena e Tainá. No agregado o placar ficou 7x0 para o rubro-negro, que enfrenta o Red Bull Bragantino nas quartas de final. O primeiro confronto já é no próximo sábado, 10, na casa do Furacão. Se passar do time de Bragança, o Athletico além de chegar nas semifinais garante o acesso para o Brasileirão A1. Além disso, o Furacão participa pela primeira vez do Brasileirão Sub-18 e estará representado através de uma parceria com o Imperial Futebol Clube. Ou seja, as atletas do Imperial vestirão o manto rubro-negro e serão comandadas pela comissão técnica do clube do Mossunguê, mas sob a supervisão do departamento de futebol feminino do Athletico. A competição será realizada entre 6 de julho e 10 de outubro. Infelizmente, as Gurias Furacão perderam a primeira partida para o América-MG por 2x1, mas já se preparam para o próximo jogo contra o Internacional.
Prognóstico da “Czinha”
Levanta, sacode a poeira
Por Marcio Mittelbach
Por Douglas Gasparin Arruda
A realidade do torcedor paranista tem sido cada vez mais difícil. Primeiro tivemos que aceitar a série C. Depois, conviver com a condição de coadjuvante. Agora o assunto já é zona de rebaixamento. Depois de sete jogos disputados, o Paraná tem uma vitória, dois empates e quatro derrotas. Está na nona posição e seria um dos dois rebaixados do grupo à Série D se o campeonato acabasse hoje. Analisando o retrospecto do campeonato, 21 pontos salvam o Paraná Clube de uma nova queda. Pode ser que 15 sejam suficientes, mas é bom não arriscar. Das doze partidas que faltam, precisamos vencer cinco para não depender de ninguém. Por outro lado, oito vitórias podem dar ao Paraná a quarta posição e o direito de seguir sonhando. Sábado na Cidade de Mirassol, às 15 horas, o tricolor vai nos dizer se existe esperança na temporada ou se devemos nos contentar em evitar o pior.
As falhas individuais, especialmente o gol contra de Zé Ivaldo, foram defi nitivas para sacramentar a derrota rubro-negra na Vila Belmiro contra o Santos na terça-feira (6). A derrota não é nenhuma surpresa. Desde 2005 o Athletico não vence o Peixe fora de casa. Mas o jogo ruim do Furacão acende o alerta. O time agora parte para uma sequência de jogos importantíssima, enfrentando o Bragantino na Baixada, em confronto direto pelo topo da tabela no sábado, e logo em seguida viaja para a Colômbia, onde enfrenta o América de Cali, na terça, pelas oitavas da Sul-Americana. São poucos dias para assimilar os aprendizados, já que os revezamentos de esquemas táticos e de jogadores são armas interessantes que confundem os adversários, mas que exigem concentração máxima de todo o elenco ao mesmo tempo.