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Professores vivem cotidiano de ataque à saúde mental
Adriane ainda cita problemas relacionados à falta de estrutura das escolas e profissionais. “Eles ampliaram as vagas, mas não ampliaram as condições estruturais do espaço, então hoje tem escola especial que não tem quadra coberta, para que possam ocorrer atividades com os estudantes. Outra questão também é estrutura de profissionais, para além dos professores. Tem escola hoje em que há três profissionais de limpeza com uma estrutura grande, para estudantes que precisam mais de perto dessa questão da higiene”, critica.
Outro lado Para tentar resolver o problema da falta de agentes educacionais, a Prefeitura de Curitiba enviou um projeto de lei, aprovado nesta semana, na Câmara de Vereadores, que abre cerca de mil vagas, de nível médio, para atuarem nas unidades de ensino. A Prefeitura de Curitiba foi procurada para saber a respeito das críticas do Sismmac. Até o fechamento desta matéria, não houve resposta.
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Desvalorização e sobrecarga de trabalho estão entre fatores que favorecem adoecimento
Lia Bianchini da rede pública e 39,7% de professores dos anos iniciais. Professores da região Sul do Brasil têm maior percentual de avaliação negativa da própria saúde mental. Como agravante, 44,6% dos educadores afirmaram não contar com nenhum suporte profissional para lidar com problemas relacionados à saúde mental.
Salas superlotadas, ausência de profissionais de apoio para os estudantes de inclusão, falta de valorização profissional e de carreira. Esses são alguns dos fatores que contribuem para a piora da saúde mental de professores, segundo relatos obtidos pelo Brasil de Fato Paraná
K*, uma professora que preferiu não ter seu nome divulgado, conta que o dia a dia na sala de aula a fez desenvolver transtorno de ansiedade. “Fui me sentindo deprimida, outras vezes irritada...até desencadear crises de ansiedade, cheguei a achar que estava infartando, num primeiro momento. Só aí fui buscar tratamento. Hoje gasto horrores com isso: remédios, psicólogo”, conta.
O sentimento de desgaste mental causado pela profissão é sentido de forma geral entre professores. A pesquisa “Saúde Mental dos Educadores 2022”, realizada pela Nova Escola, aponta que 21,5% dos professores consideram sua saúde mental “ruim” ou “muito ruim”. A pesquisa foi realizada com 5 mil profissionais da educação de todo o Brasil, sendo 84,6%
K conta que não existe apoio profissional nas escolas de Curitiba para profissionais com questões de saúde mental. “Muita gente já naturalizou nosso adoecimento mental, como se fosse parte inerente da profissão, viver estressado, cansado se tornou normal. Só depois que adoecemos é que fazem algo: encaminhar para a saúde ocupacional”, relata.
O trabalho como profissional do magistério tem um agravante, segundo a professora: a ideia de vocação ou amor à profissão, que deveria superar qualquer tipo de problema que exista no cotidiano. “Parece que admitir que o trabalho nos adoeceu seria um sinal de desamor, reflexo do discurso maternal que ainda cerca a Educação das crianças pequenas”, afirma. Na avaliação da professora, a prevenção do adoecimento mental de professores tem uma única saída: melhorar as condições de trabalho.