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Educação Integral sem qualidade
E os problemas vêm se agravando na educação integral, o chamado “tempo ampliado”. “Iniciei minha trajetória numa escola integral. Esse nome foi mudando ao longo dos anos.
Em muitas escolas, a Prefeitura não realizou reformas que pudessem garantir infraestrutura para atender a crianças pequenas
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Ana Carolina Caldas Uma professora, que não quis ser identificada, disse à reportagem que nunca viveu, em seus mais de 15 anos no magistério, situação como a atual. “As maiores dificuldades estão na falta de professores. Começaram os contratos PSS (professores temporários) e muitos já chegam desmotivados”, diz. Segundo dados do sindicato dos professores municipais, Sismmac, o ano de 2023 começou com um dos maiores déficits de professores. De 2017 para cá, se aposentaram 3.128 professores e, segundo o Portal da Transparência, hoje há 2.700 professores a menos do que o número necessário nas unidades educacionais. E de 2016 a 2022 não houve concursos públicos.
Ângela Maria de Castro, professora na rede municipal há 27 anos, destaca que hoje Curitiba é também uma das cidades que paga os menores salários. “Não temos hoje um plano de carreira e há defasagem salarial de
Descaso
Para a pedagoga Milaine Alves Barszcz, que está há 19 anos na rede municipal de Curitiba, a atual situação revela descaso da Prefeitura. “Os professores sempre sofreram com os governantes frente à desvalorização pro ssional. No entanto, o que ocorre atualmente é a mais intensa desconstrução da educação pública, é o sucateamento da escola. Atualmente as unidades educacionais de Curitiba são depósitos de crianças e estudantes, os poucos pro ssionais que ainda resistem tentam fazer a diferença, mas estamos sendo engolidos pela má vontade do prefeito e demais governantes”, analisa.
mais de dez anos. Curitiba é uma das cidades que menos paga, o que leva muitos professores a fazerem concurso em outras cidades”, explica. Para ela, a situação fica ainda mais complicada com o aumento de número de alunos por sala autorizado pela Secretaria de Educação. “Temos um gargalo na educação infantil, que é onde precisa ter um espaço adequado, estrutura e condições humanas para as crianças. A política adotada pela Prefeitura é aumentar ainda mais o número de alunos e turmas. Tem profissional sozinha nas turmas, que deveria ter também auxiliar, tem alunos de inclusão etc.” O Plano Municipal de Educação definiu que o limite de estudantes por profissional e por turma seria, na educação fundamental séries iniciais, de até 20 por turma. No ensino fundamental séries finais, até 25. Porém, a Secretaria aumentou para 35 e 38 crianças, respectivamente.
Outro lado Em nota enviada ao BDF-PR, a assessoria da secretaria da educação diz que o trabalho de contratação de professores é permanente no município e que os contratados começaram a trabalhar nas unidades distribuídas por todas as regionais da cidade, de acordo com a necessidade indicada pela Educação. Leia a íntegra no site www.brasildefatopr.com.br
Conforme a gente vai estudando a educação integral, sabe que esses significados não atingem a educação de uma forma ampla na rede municipal de ensino. As crianças deveriam ter um tempo de qualidade, que desenvolvessem suas habilidades em toda a sua plenitude, mas não podemos ter isso porque nas escolas de Curitiba faltam profissionais, não tem estrutura,” conta Ângela.
Já para outra professora (que não quis ser identificada), o sentimento é de frustração. “Educação integral é a gente trabalhar numa proposta que permita o protagonismo das crianças. Hoje, o que temos são turmas muito lotadas, como nunca visto antes. Fica impossível fazer o atendimento individualizado e várias outras atividades. Temos uma legislação que determina número de alunos por turma, que não está sendo cumprida”, diz.
Segundo o Sismmac, há, além da falta de profissionais, improvisação de refeitórios em várias escolas, ausência de saída de emergências e espaços alternativos para atividades das crianças, que ficam dentro da escola por mais de 8 horas. Para Diana de Abreu, presidente do sindicato, houve total falta de planejamento da gestão Greca. “Apressou-se, neste ano, a fazer a implementação do ensino em tempo ampliado e abriram-se vagas nos Cmeis. Fez isso na urgência, sem ter planejado a estrutura física, material e profissional. Temos nesses Cmeis crianças pequenas sem banheiros adaptados, refeitórios adequados, mobiliário e espaços suficientes. É uma gestão que age na urgência, com ausência de planejamento”, afirma Diana.