Foto: Lula Marques
RIO GRANDE DO SUL
Vaza Jato
Copa do Mundo
As revelações que colocam Moro de cabeça para baixo
Como os jogos na TV podem ajudar na afirmação do futebol feminino
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25 de junho a 09 de julho de 2019 distribuição gratuita brasildefato.com.br
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Ano 1 | edição 16
Foto: Marcelo Ferreira
A JUVENTUDE QUE DESAFIA O GOVERNO AVISA QUE CONTINUARÁ NAS RUAS Lideranças de milhares de estudantes que saíram às ruas nos dias 15 e 30 de maio e na Greve Geral de 14 de junho prometem prosseguir com as mobilizações. Querem repetí-las para defender a universidade pública e gratuita, sob ameaça de redução de recursos pelo governo Bolsonaro. Páginas 4 e 5
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OPINIÃO
PORTO ALEGRE, 25 DE JUNHO A 09 DE JULHO DE 2019
ARTIGO | Informação contra a desinformação
CHARGE | Santiago
Taís Seibt *
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internet não inventou o boato e a mentira nem as teorias da conspiração, mas tem ajudado a disseminar esse tipo de conteúdo – e assim minar a confiança nas instituições. A desintermediação, ou seja, o acesso “direto” ao que o presidente, o jogador de futebol e o comediante famoso diz ou pensa, via redes sociais, infla críticas nem sempre embasadas à imprensa – aquela que manipula, distorce ou apenas esconde. O que a Globo não mostra, está no WhatsApp. O presidente é meu “amigo” na rede social. Rede é relação, relação pressupõe confiança. E assim transferimos credibilidade a mensagens que recebemos de quem confiamos. Minha tia não teria porque mentir. Muito menos o presidente. Se ele disse, deve ser verdade. Quanto aos jornalistas, nem sei quem eles são. São todos ingênuos ou mal intencionados. Estão
“O que mais ele pode fazer?” EDITORIAL |
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gens com procuradores da República no Telegram, Moro construiu uma farsa. Sob as luzes, posava de paladino da justiça. Nas sombras, trabalhava para sabotá-la. A Lava-Jato custou a devastação da indústria nacional, a explosão do desemprego, a criminalização da política, o colapso da soberania e a ascensão do neofascismo. Tudo com a complacência das cortes superiores e a cumplicidade da mídia corporativa. Moro aliou-se a uma das partes, a acusação, contra a defesa. Como um árbitro que, numa partida de futebol, discutisse táticas, jogadas e a escalação de jogadores com o técnico de uma das equipes visando prejudicar o adversário. E sempre posando de imparcial. Nos estádios, isto se chama “roubo”. E todas as torcidas sabem muito bem – e gritam – o nome de quem age assim. E ele – como Moro – nada pode fazer.
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CONSELHO EDITORIAL Danieli Cazarotto, Cedenir Oliveira, Fernando Fernandes, Ezequiela Scapini, Ronaldo Schaefer, Milton Viário, Frei Sérgio Görgen, Ênio Santos, Isnar Borges, Cláudio Augustin, Maister Silva, Fernando Maia, Neide Zanon, Edison Terterola, Mariane Quadros, Carlos Alberto Alves, Daniel Damiani, Vito Giannotti (In Memoriam) | EDIÇÃO Katia Marko (DRT7969), Marcos Corbari (DRT16193), Ayrton Centeno (DRT3314) e Marcelo Ferreira (DRT16826) | REDAÇÃO NESTA EDIÇÃO Ayrton Centeno, Marcos Corbari, Fabiana Reinholz e Marcelo Ferreira. | DIAGRAMAÇÃO Marcelo Souza | DISTRIBUIÇÃO Alexandre Garcia | IMPRESSÃO Gazeta do Sul | TIRAGEM 25 mil exemplares
Alfabetização digital não é simplesmente dar acesso a internet. É preciso compreender como funciona esse ecossistema: como é a estrutura dessa rede, quem (e o quê) está por trás das informações que recebemos diariamente, porque não podemos confiar em tudo o que recebemos – mesmo das pessoas em quem mais confiamos.
A POIO
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pergunta acima é de Glenn Greenwald. “Ele”, na frase é o ex-juiz Sérgio Moro. A resposta, parece, é “nada”. A não ser que o hoje ministro resolva usar a força bruta contra quem, toda semana, põe a nu mais um pedaço da sua indecorosa nudez. O que não evitará que a lama do submundo da Lava-Jato continue escorrendo dia após dia. “Moro mentiu e sabe que temos as provas”, diz o jornalista de The Intercept Brasil. Está explicado. Moro está condenado a ser supliciado como supliciou centenas de pessoas, aí incluídos inocentes, culpados, suspeitos, acusados, condenados e suas famílias. É o peixe fisgado que se debate no anzol. Que o pescador puxa, sujeita e concede linha. Para novamente puxá-lo. Incansavelmente. Sendo verdadeiras, como aparentam ser, as trocas de mensa-
sempre contra este ou aquele. Prefiro confiar nas minhas fontes – e manter as minhas crenças inabaláveis. Eis a essência da “pós-verdade”: emoções e crenças pessoais são mais importantes do que fatos objetivos para formar opiniões. Por isso, pouco importa apontar verdades ou mentiras. Compartilhamos opiniões prontas, com as quais concordamos a priori, sem questionar os fatos. Pode ser que sua tia não tenha intenção de mentir para você, mas ela pode estar desinformada. Os jornalistas também nem sempre ajudam. Chamadas sensacionalistas e palavras mal colocadas favorecem interpretações precipitadas. Às vezes tudo isso é proposital. É impossível saber sem antes questionar. São as perguntas, não as respostas, que abrem o caminho do conhecimento. De onde veio essa informação? Essa informação é atual? É uma informação de segunda mão? Foi isso mesmo que saiu na fonte original? Quem é essa fonte? O que ela representa? Quais são seus interesses? Alfabetização digital não é simplesmente dar acesso a internet. É preciso compreender como funciona esse ecossistema: como é a estrutura dessa rede, quem (e o quê) está por trás das informações que recebemos diariamente, por que não podemos confiar em tudo o que recebemos – mesmo das pessoas em quem mais confiamos. Isso é coisa para discutir em comunidade, de acordo com a realidade de cada comunidade. A comunidade deve ser a primeira conexão.
*Jornalista, doutora em Comunicação pela UFRGS e professora da Unisinos
VAZA-JATO:
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PORTO ALEGRE, 25 DE JUNHO A 09 DE JULHO DE 2019
denúncia revela atuação de Moro e Dallagnol para condenar Lula Foto: AFP
O ex-juiz Sérgio Moro colaborou de forma secreta e antiética com os procuradores da operação para ajudar a montar a acusação contra Lula. É a denúncia do portal de notícias The Intercept Brasil, que publicou diversas reportagens explosivas sobre a operação Lava-Jato e o papel político que o atual ministro da Justiça Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol exerceram por meio das investigações da força tarefa. AYRTON CENTENO*
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PORTO ALEGRE (RS)
s revelações mais recentes exibem diálogos do procurador Deltan Dallagnol e Moro agindomais uma vez em parceria e procurando resguardar o então juiz perante o STF. Antes as conversas mostraram Moro instruindo indevidamente os procuradores no processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele os aconselhou a removerem uma procuradora, Laura Tessler, das audiências. Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima satisfizeram a vontade do então juiz. Apesar disso, ouvido no Senado, na semana que passou, Moro negou ter orientado a substituição. O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, de The Intercept, afirmou que Moro mentiu. “Ele era o promotor-chefe quanto fingia ser juiz neutro: uma fraude enorme", escreveu Greenwald no twitter. "Em outras palavras – prosseguiu -- muito pouco do que o ministro Moro disse ao Senado ontem foi verdade (...) Ele sabe o que ele fez, e ele sabe que temos todas as provas disso. O que mais ele pode fazer?", indagou. Antes, The Intercept revelou que Moro poupou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nas investigações da Lava-Jato. Nos diálogos com Dallagnol no aplicativo Telegram, o juiz alegou que investigar o recebimento de recursos de caixa 2 por FHC iria “melindrar” alguém “cujo apoio é importante”.
Nos diálogos, Moro se manifesta contrário à investigação de FHC, a quem chama de "apoio"
As reportagens, produzidas a partir de arquivos inéditos obtidos por uma fonte anônima, mostram discussões internas e atitudes altamente controversas, politizadas e legalmente duvidosas da Lava Jato. Uma parte dos arquivos secretos revela que os procuradores da Lava Jato tramaram para impedir que o PT ganhasse a eleição presidencial de 2018, bloqueando ou enfraquecendo uma entrevista pré-eleitoral com Lula com o objetivo explícito de afetar o resultado da eleição. Outro ponto levantado pelas reportagens revela a insegurança do próprio Dallagnol em relação a acusação que levou Lula à prisão em abril do ano passado. “Ele [Dallagnol] estava inseguro justamente sobre o ponto central da acusação que seria assinada por ele e seus colegas: que Lula havia recebido de presente um apartamento triplex na praia do Guarujá após favorecer a empreiteira OAS em contratos com a Petrobras”, mostra a reportagem. Em outro momento, a matéria aponta que Moro e Dallagnol foram muito além do papel que lhes cabia
Moro se contradiz Os vazamentos de conversas têm provocado reações contraditórias em Sérgio Moro. O atual ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro (PSL), adotou primeiramente a estratégia de minimizar a relevância das reportagens, sem colocar em xeque a veracidade do material. No dia seguinte aos primeiros vazamentos, o ex-juiz disse que suas falas foram “retiradas de contexto” e que “não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado”. Em entrevista ao Estadão, ele apresentou duas argumentações paralelas. A primeira dá a entender que as mensagens divulgadas pelo The Intercept poderiam ser falsas. "Não posso reconhecer a autenticidade dessas mensagens", disse. "Não sei, por exemplo, como é que atribuíram aquelas mensagens a Moro, de onde que veio isso, esse Moro, da onde que veio o Deltan [Dallagnol, coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato no Paraná]". No entanto, na mesma entrevista, o ex-juiz volta a sustentar a hipótese de que as conversas carecem de contexto e relativiza a importância das mensagens trocadas com integrantes da Lava Jato. "Se os fatos são tão graves como eles dizem que são, até agora não vislumbrei essa gravidade", completa.
enquanto juiz e procurador. Em diversas conversas privadas, Moro sugeriu ao procurador que trocasse a ordem de fases da Lava Jato, cobrou agilidade em novas operações, deu conselhos estratégicos e pistas informais de investigação, antecipou
Lula: “Moro e Dallagnol são mentirosos, deviam estar presos” Em entrevista à emissora TVT, gravada após a divulgação das reportagens do portal The Intercept nas últimas semanas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a condução de seu caso pelo então juiz Sergio Moro. “Ele (Moro) estava
condenado a me condenar porque a mentira havia ido muito longe”, disse. Para Lula, tanto Moro quanto o procurador Deltan Dallagnol são “mentirosos” e disse que o procurador “deveria ter sido preso”. O ex-presidente expressou também estar se-
ao menos uma decisão, criticou e sugeriu recursos ao Ministério Público e deu broncas em Dallagnol como se fosse um superior hierárquico dos procuradores e da Polícia Federal. *Com informações do Brasil de Fato RJ Foto: Ricardo Stuckert
reno. “A máscara vai cair. O que vai acontecer, eu não sei”, e completou: “Eu estou mais tranquilo hoje, por que a minha tranquilidade é daquele que sabe que é honesto. Que sabe que Deus sabe que eu sou honesto. O Moro sabe que eu sou honesto”. Lula: "Moro sabe que eu sou honesto"
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PORTO ALEGRE, 25 DE JUNHO A 09 DE JULHO DE 2019
RESISTÊNCIA | “Não sairemos das
ruas”, prometem os estudantes
Fotos: Carol Ferraz | Sul21
A juventude, que tomou as ruas em maio, não vai abandoná-las. É o que prometem as lideranças estudantis engajadas na defesa da universidade pública e gratuita. AYRTON CENTENO
PORTO ALEGRE (RS)
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ão sairemos das ruas, não pararemos de passar em salas de aula, nas paradas dos ônibus para dialogar com todo mundo, avisa Marina Lehman, diretora de cultura da União Nacional de Estudantes (UNE). “Em julho, a UNE vai realizar seu 57o Congresso Nacional, em Brasília, numa movimentação clara de enfrentamento”, agrega Vitor Martinez, do Levante Popular da Juventude. “As mobilizações não iniciaram no dia 15 e nem terminaram no dia 30”, reforça Vitória Cabreira, presidente da União Metropolitana de Estudantes Secundaristas de Porto Alegre, a UMESPA. “Iremos pra rua até o governo recuar sobre os cortes e garantir mais investimento na educação”, diz Vitória. Acrescenta que 11 de agosto é Dia do Estudante, data em que historicamente os alunos se manifestam. “Vão ocorrer grandes mobilizações, como foram em 2018, quando a UMESPA colocou 15 mil estudantes nas ruas de Porto Alegre em defesa do meio-passe estudantil”, recorda.
“Chamam de `balbúrdia` o que é pensamento crítico” Para Tirza Ferreira, coordenadora do DCE da UFRGS,
O bom humor é uma das características das mobilizações dos jovens pelo país
as mobilizações “cada vez serão maiores! A luta está só começando! A indignação dos estudantes e dos trabalhadores vêm aumentando e podemos perceber como isso tem se transformado em luta unitária e coletiva”, analisa. Jessica da Silva, do Levante, diz que os atos servirão “para lembrar o governo Bolsonaro que o país é do povo, é nosso, e que estaremos nas ruas para barrar todos os ataques aos direitos conquistados a duras penas pelos trabalhadores”. Felipe Eich, da União Estadual de Estudantes (UEE–Livre) concorda: “Queremos aglutinar nada vez mais gente em defesa da educação”. Gerusa Domingues Pena, da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), adverte: “Qualquer passo que esse governo der (contra a universi-
Ataques de Weintraub e Bolsonaro inflamaram os protestos
dade pública) a gente vai estar preparada”. Além dos cortes de recursos e das ameaças, os ataques do ministro Abraham Weintraub, da Educação, e do presidente jogaram gasolina no fogo nas manifestações. Weintraub disse que as universidades eram “uma balbúrdia” e Bolsonaro chamou os estudantes de idiotas. “A universidade (pública) produz mais de 95% das pesquisas científicas brasileiras!”, reage Tirza. “Flui conhecimento crítico e cultura”. Marina pondera que chamam de “balbúrdia” aquilo que é “ação e pensamento crítico”.
“Vociferações que expressam medo” Para Jessica, Bolsonaro persegue a universidade visando “entregar os recursos, a força de trabalho e o conhecimento produzido no país aos interesses do capital”. Vitor enxerga as declarações como “vociferações que expressam apenas medo”. Felipe observa que, para contestar o menosprezo do governo, criou-se no Facebook a página “O que faz a federal”. Ali, alunos e professores mostram as pesquisas que desenvolvem em diversas frentes da ciência. “Eles chamam de balbúrdia – interpreta Tirza -- porque têm medo do potencial revolucionário que nós carregamos dentro das universidades”.
Sete momentos em que a juventude fez história Não se conta a história recente do Brasil sem a participação dos estudantes. O fervor de suas manifestações perpassa os últimos 80 anos. Algumas evidências:
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Combate ao nazi-fascismo - Em 1942, estudantes ocuparam o clube Germânia, no Rio, considerado reduto de simpatizantes de Hitler e Mussolini. O prédio seria transformado na primeira sede da UNE.
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O Petróleo é Nosso – Nos anos 1950, a UNE engajou-se na defesa do petróleo brasileiro e na luta para a criação da Petrobras.
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Campanha da Legalidade – Com a renúncia do presidente Jânio Quadros em 1961, os estudantes defenderam a posse do vice João Goulart, juntando-se à resistência ao golpe militar em articulação.
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Golpe de 1964 – A primeira medida dos golpistas foi metralhar a sede da UNE que, tornada ilegal, passaria à clandestinidade.
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Ditadura - Com os sindicatos sob intervenção e os partidos extintos, os estudantes eram maioria nas mobilizações contra a ditadura até 1968. Com o AI-5 e o fechamento completo do regime, foi do estudantado que vieram os quadros da luta armada.
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Fora Collor - Secundaristas e universitários fizeram as primeiras passeatas pela saída do então presidente.
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Em defesa da Educação – Milhares de estudantes saíram às ruas de centenas de cidades nos dias 15 e 30 de maio de 2019 em protesto contra o governo Bolsonaro.
PORTO ALEGRE, 25 DE JUNHO A 09 DE JULHO DE 2019
“Um mundo sem ódio e sem fascismo” Marina Lehman é diretora de cultura da UNE e militante da Marcha Mundial das Mulheres. Com 25 anos, formou-se em jornalismo em janeiro de 2019, na Unisinos. Quer fazer teatro - tem matrícula trancada na UERGS. Começou a militar em 2013, quando participou de um congresso da UNE. Foi algo que “furou a minha bolha sobre a questão da importância de governos que implementem um projeto de investimento na educação”, relata. No mesmo ano, aconteceram as Jornadas de Junho. “Ali eu entendi a necessidade de estar organizada politicamente e militando ativamente”, diz. Mas ainda não conseguiu ter uma opinião definitiva sobre os prós e contras daquele movimento. No seu mundo ideal, todas as pessoas teriam direito “não somente ao pão, mas também à poesia”. Porém, no Brasil de hoje, o país ideal seria “aquele onde Moro, Bolsonaro e família e tudo o que pensam os que os defendem, o ódio, o fascismo e o retrocesso... não existissem”.
“Defender a educação é defender o futuro” Aos 18 anos, a paulista Vitória Cabreira preside a UMESPA, a União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Porto Alegre. Lembra que, em 2018, a entidade colocou 15 mil estudantes nas ruas em defesa do meio-passe estudantil, direito que o prefeito Nelson Marchezan Jr. pretende cancelar. Estreou na militância com a defesa de que os ganhos do Pré-Sal fossem encaminhados à educação. “Defender a educação é defender o futuro do país”, acentua. Quer estar na universidade em 2020 “e continuar na militância lutando por uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos”. Sonha com a emancipação da mulher e a garantia de salário igual por trabalho igual. E quer ver o Brasil como “um país livre que valorize o seu povo e a sua cultura”.
“Um Brasil com a cara e as cores do povo” Jessica Pereira da Silva milita no Levante Popular da Juventude e cursa Economia na UFRGS. “Percebi a importância da luta política durante as manifestações de 2014 contra o aumento da tarifa e em defesa do transporte público”, situa. Com o Levante atua na organização da juventude da periferia, do campo e da universidade. “Daqui há alguns anos, pretendo seguir neste caminho como economista, contribuindo nas formulações políticas e econômicas sobre a realidade brasileira”. Aspira viver num mundo “em que as nações convivam sob os valores internacionalistas, de solidariedade e respeito pela auto-determinação e soberania dos povos”. Gostaria também de ver o Brasil com “igualdade social, racial e de gênero, que tenha a cara e as cores do povo brasileiro”.
“A universidade pública carrega toda a pesquisa nas costas” Aos 22 anos, Felipe Eich estuda economia na UFRGS onde ingressou através das cotas da escola pública. Partiu para a militância ainda secundarista e brigando por melhor transporte público. No grêmio estudantil, deu-se conta da importância de ser politicamente ativo. ”A partir de então, comecei a me engajar e participar desses espaços no movimento ”. Quando a universidade passou a ser ameaçada pelo governo Bolsonaro, juntou-se ao movimento para defendê-la. “A universidade dá a perspectiva de mudar a nossa vida”, comenta. “Quando se fala em país soberano, desenvolvido, que gera riqueza, emprego e renda, a gente vê o papel que a pode cumprir. É o motor do desenvolvimento da pesquisa. A universidade pública carrega nas costas toda a pesquisa do país”, justifica.
Por uma universidade aberta para os pobres Dezenove anos, Gerusa Domingues Pena inicia suas aulas na UFRGS no segundo semestre de 2019. “Vou começar a estudar Direito agora, eu uma menina pobre, preta...” Estudante da escola Protásio Alves, de Porto Alegre, ela ingressou na universidade como cotista. Engajou-se na política estudantil no ensino médio em 2016, durante a ocupação das escolas. Era a batalha por melhores condições de ensino. Uniu-se primeiro aos movimentos feminista e antirracista e, dali, avançou para o debate mais amplo. “Aquele foi o ano do golpe, quando tiraram a presidenta Dilma”, relembra. “Enquanto mulher e estudante negra comecei a me reconhecer, assumir minha identidade”. Para Gerusa, a universidade deve permanecer aberta e gratuita para que “mais pessoas assim como eu, filhas de trabalhadores, possam ingressar nela e ter uma nova perspectiva”.
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“Nossos sonhos não cabem nessa sociedade” Aluna de Licenciatura em História, a mineira Tirza Ferreira, 20 anos, é coordenadora geral do DCE-UFRGS. Militante da UJC, a União da Juventude Comunista, iniciou a militância política no CHIST, o Centro de Estudantes de História/UFRGS. “Nossos sonhos não cabem nessa sociedade!” afirma. No CHIST, entendeu que a luta individual era insuficiente. Foi difícil porque quebrou “a lógica individualista em que somos formados”, interpreta. “Mas foi incrível porque deu muito sentido à minha vida. Ser organizada significa não estar sozinha. Hoje eu não termino em mim mesma, sou extensão de uma luta de décadas!” Seu projeto é ser professora mas continuar na luta. “Sou militante comunista, então minha militância acontece nos espaços políticos onde atuo, em casa, nos meus relacionamentos amorosos, familiares e com minhas amizades”. Um sonho? “Sonho com um mundo, como dizia Rosa Luxemburgo, onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”.
“Fazer transformações a partir da mobilização” Ana Paula Souza dos Santos, 21 anos, cotista de renda e da escola pública, estuda Matemática na UFRGS. Despertou para o ativismo em 2013, no ensino médio, quando foi às ruas contra o aumento da tarifa do transporte público. E também em favor de mais recursos para as escolas. Daí, ampliou seus interesses. Notou que muitos colegas, cada vez mais cedo, deixavam a escola para trabalhar. “Aprendi que era importante, junto com os colegas, organizar a escola pra gente mostrar que nos importávamos com a educação. E que podíamos fazer transformações a partir da mobilização”.
“Universidade é o passe pro desenvolvimento” Filho de sindicalista e de uma ex-militante estudantil, Vítor Martinez, 20 anos, cursa direito na UFRGS. Pretende advogar para “agir na manutenção dos direitos democráticos conquistados a ferro e sangue durante os períodos de exceção”, argumenta. “Pra que a memória daqueles que tombaram não seja esquecida e sua luta não tenha sido em vão”. Milita no Levante. Quer uma cidade que funcione, tempo livre para estudar, construir relações mais humanas e fraternas. A universidade é “o passe pro desenvolvimento” e a pública representa “um bastião da soberania nacional, na situação de desmonte do Estado que o neoliberalismo nos impõe”.
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MINERAÇÃO | Comunidade se organiza e
resiste à implantação da Mina Guaíba no RS Foto: Catiana de Medeiros
A empresa Copelmi responsável pela mineradora, pretende implantar a maior mina de carvão a céu aberto do Brasil, a menos de 15 quilômetros da capital gaúcha. A comunidade local promete resistência ao projeto. FABIANA REINHOLZ
PORTO ALEGRE (RS)
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om uma extração de 166 milhões de toneladas de carvão a partir de 2023, a empresa promete a criação de 1.154 empregos diretos e 3.361 indiretos, e também o aumento da arrecadação de impostos. Por outro lado não debate os impactos sociais e ambientais. Entre eles aquele que colocará em risco uma das maiores produções de arroz orgânico da América Latina, feita pelo assentamento agroecológico Apolônio de Carvalho, assim como a desapropriação de mais de 100 famílias do condomínio Guaíba City.
queline Argolos, do assentamento Apolônio, onde vivem 72 famílias. Denise da Silva Cardoso, de 36 anos, moradora do Guaiba City, também diz não à mineradora. “Nasci e me criei lá, estou criando meus filhos, sou a terceira geração da família que vive aqui e por isso sou totalmente contra essa mina, porque é lá que eu construí a minha casa, minha vida”, defende Denise.
Ferramenta de luta Há em andamento no Estado do RS 166 projetos de mineração. Diante dos impactos que esses projetos de Assembleia Popular denunciou a ameaça da megamineração no estado mineração podem trazer ao meio ambiente nos próxido condomínio Guaiba City mos anos, mais de 50 entiPara debater os impactos mineração, sobretudo a de e do assentamento Apolônio, dades lançaram no dia 18 das mineradoras e da extracarvão, do lado de uma agria Copelmi alega que as famíde junho, em Porto Alegre, ção mineral, o Movimento cultura camponesa, que lias que vivem nessa região o Comitê de Combate à Medos Trabalhadores Rurais nesse caso, especificamennão têm qualidade de vida, gamineração no Rio GranSem Terra (MST) e o Movite, produz orgânicos em que não moram bem onde de do Sul. A iniciativa é mento pela Soberania Pograndes toneladas. “O que estão. “Estamos contraponcomposta por entidades pular na Mineração (MAM) está inscrito nessa região, a do o que o Cristiano Weber, ambientalistas, sindicatos, realizaram no dia 11 de jutentativa é que aqui vire da empresa, diz, que não teassociações de moradores, nho, durante todo o dia, a uma grande fronteira minemos uma vida digna. Nós temovimentos populares, núAssembleia Popular da Miral do RS. Temos quatro mos uma vida digna, somos cleos de pesquisas de unineração. grandes projetos avançados felizes, produzimos alimenversidades e cidadãos e ciPara o coordenador do que vão daqui até São José tos para nós e comercializadadãs preocupados com os MAM, Márcio Zonta, é indo Norte’, aponta Zonta. mos o excedente”, pontua Jaimpactos ambientais. compatível a indústria de De acordo com moradores
ECONOMIA SOLIDÁRIA | Resistência é a palavra de Evento mantém viva a semente do Fórum Social Mundial reafirmando que “Um outro mundo e uma outra economia são possíveis e necessários” MARCOS CORBARI
SANTA MARIA (RS)
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Feira Mundial do Cooperativismo e Economia Solidária (Feicoop), de Santa Maria, já tem data marcada para sua 26ª edição (11 a 14 de julho de 2019) e está reforçando a convocatória para que o evento seja abraçado como uma iniciativa de resistência frente o delicado momento em que as políticas públicas de fomento à ecosol estão sendo aniquiladas. A coordenadora do evento, Irmã Lourdes Dill, relembra que a Feicoop “é um grande espaço de articulação, deba-
te, comercialização justa e troca de experiências entre os empreendimentos da economia solidária, agricultura familiar camponesa, associações de catadores e catadoras, povos indígenas, organizações populares, associações, cooperativas, empreendimentos solidários do meio urbano e rural, reunidos sob a metodologia autogestionária do Fórum Social Mundial”. Ao longo dos quatro dias mais de uma dezena de eventos paralelos são reunidos sob a bandeira da solidariedade militante, cujo sentido se explica pelas palavras de Irmã Lourdes: “Aqui vamos muito além da resistência frente a exclusão social e o desemprego, a ecosol aponta para uma nova prática econômica, para a reinvenção do nosso sentido de coletividade, para a superação desse sistema que aí está”. Para a re-
Foto: arquivo Feicoop
ordem na Feicoop 2019
Estão previstos mais de uma dezena de eventos paralelos
ligiosa, é o momento de se provar que um outro mundo e uma outra economia são possíveis e necessários, constituindo-se a partir do trabalho cooperativado, autogestionário, com gestão participativa entre homens e mulheres que constroem o bem viver. O Jornal Brasil de Fato RS foi lançado na Feicoop em julho de 2018 e este ano esta-
rá novamente em Santa Maria para comemorar seu primeiro ano de circulação. O evento será no sábado, dia 13 de julho, às 18h. Para saber mais sobre a Feicoop, acesse o site www. esperancacooesperanca. org e acompanhe todas as informações sobre o evento pela fanpage do BdF/RS no Facebook: www.facebook. com/brasildefators .
Apoio popular é necessário! Faça parte da mobilização popular para garantir que a Feicoop permaneça ativa, mantendo vivo o ideal do FSM. Os interessados em ajudar podem acessar a campanha da Cáritas/RS e fazer a sua doação a partir de R$ 30,00 (recurso necessário para custear a participação de uma família no evento) pelo site https://caritasrs.colabore.org/Feicoop/.
PORTO ALEGRE, 25 DE JUNHO A 09 DE JULHO DE 2019
CULTURA & LAZER
HUMOR
HORÓSCOPO ÁRIES (21/3 A 20/4) Cuidado com a procrastinação. É muito perigoso procrastinar neste momento porque é central que tudo seja bem planejado e executado. O presente tem mais haver com o espaço do que com o tempo, haja.
TOURO (21/4 A 20/5) Este momento exige firmeza nas ações. Tome cuidado, pois é momento de ser autoridade e não autoritário. Para isto, faça articulações políticas firmes e coerentes. Você pode ser um grande protagonista da história.
GÊMEOS (21/5 A 20/6) Seja inspiração. Por mais desanimo que a conjuntura atual do país cause, este é um momento de você ser aquela pessoa 'pra cima', que analisa a conjuntura com cautela e consegue projetar esperança mesmo quando tudo parece perdido.
CÂNCER (21/6 A 22/7) Se puder, leia 'Psicologia das Massas' de Freud. O céu astral está te dizendo que é momento de você influenciar o coletivo e pra isto é preciso entender qual deve ser teu posicionamento neste momento e agir de maneira precisa.
LEÃO (23/7 A 22/8) Filosofia é tua palavra de ordem neste momento. Reflita e debata sobre as questões abstratas que em sua opinião influenciam a vida concreta. A dialética neste momento é uma ferramenta muito importante para isto.
VIRGEM (23/8 A 22/9) Cuidado com tua saúde. É momento de olhar para dentro tanto no sentido físico quanto espiritual. Lembre que não há nenhum remédio melhor que uma alimentação saudável. Livre de agrotóxicos e de boa procedência.
LIBRA (23/9 A 22/10)
GRAFAR
É necessário entender para agir. Tua análise da realidade deve estar vinculada a um método coerente, o materialismo histórico está aí pra isto. Quanto mais lucidez nas problematizações você tiver, mais você vai avançar.
ESCORPIÃO (23/10 A 21/11) Cuide de quem caminha contigo. Lembre da velha frase de Ernest Hemingway: "Quem estará nas trincheiras ao teu lado? ‐ E isso importa? ‐ Mais do que a própria guerra". Esta frase é sobre ter confiança e paciência.
SAGITÁRIO (22/11 A 21/12)
TIRINHA | Rango (Edgard Vasquez)
Você é um agitador(a) nato(a) e a agitação neste momento que o país enfrenta tem um papel fundamental. É momento de ir pra rua e usar tua simpatia para construir uma linguagem clara e popular para conversar com o povo.
CAPRICÓRNIO (22/12 A 20/1) Momento de usar sua diplomacia. Ser teimoso ao defender seus posicionamentos nem sempre demostra personalidade. É importante deixar os outros agirem da forma como lhes convém. Se quiser influencia-los, use a pedagogia.
AQUÁRIO (21/1 A 19/2)
TIRINHA | Armandinho (Alexandre Beck)
Cuidado com decisões e atitudes dúbias. Você sempre deve deixar claro sua opinião diante das questões que se apresentam. Sua vida social estará em evidência e deixar tudo nítido ajuda os outros a enxergarem bem também.
PEIXES (20/2 A 20/3) Atenção para não idealizar demais. O mundo ideal está um pouco distante, mas é preciso entender em que pé anda o mundo real para que nós saibamos onde e como agir para transforma-lo a favor da classe trabalhadora. Mateus Além Pisciano, jornalista, comunicador popular e militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Tem mais facilidade em guardar o mapa astral do que o nome das pessoas.
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ESPORTES
PORTO ALEGRE, 25 DE JUNHO A 09 DE JULHO DE 2019
O Brasil descobriu o futebol feminino. E ele é precário
DESIGUALDADE |
A Copa do Mundo de Futebol Feminino está rompendo preconceitos e mostrando sua grande potencialidade comercial. Apesar da derrota pra França e da desclassificação, tudo indica que o futebol feminino no Brasil recebeu o maior impulso de sua história. MARCELO FERREIRA PORTO ALEGRE (RS)
O
s recordes de audiência da primeira vez que a seleção brasileira de mulheres tem seus jogos exibidos na TV aberta mostra que o que falta não é interesse do público, mas investimento na modalidade. Apesar disso, o cenário é de completa falta de estrutura, colocando a luta pela igualdade de gênero em pauta no mundo. Para falar sobre isso e outros temas relacionados à mulher no futebol, conversamos com a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Silvana Goellner, doutora e especialista em gênero, esporte e futebol feminino. Confira trechos da entrevista (disponível na íntegra no site do Brasil de Fato RS).
Realidade profissional no “país do futebol” “A gente não pode falar no país do futebol como futebol feminino profissional, pois existe ainda uma grande lacuna para que o futebol feminino seja profissionalizado. Há várias dificuldades, a maior delas é o investimento dos clubes, Federações e Confederações. Enquanto os homens têm 10 campeonatos, as mulheres têm três. Como a gente quer que o futebol de mulheres tenha visibilidade e qualidade se elas muitas vezes não têm a chance de jogar? Muitas atletas não têm contrato de trabalho, não têm plano de saúde, não têm estrutura nos clubes. As vezes falta até uniforme, banheiro,
"Essa copa está sendo revolucionária nesse sentido: finalmente a mídia de uma forma geral percebeu que existe futebol de mulheres nesse país"
vestiário, assessoria médica. Também tem a questão salarial, no Brasil que elas não tem um rendimento mensal. Muitas vezes elas são contratadas por temporada e somente nos períodos de campeonatos. Não há nunca a segurança de que elas possam viver da modalidade.”
A primeira Copa pela TV aberta “Essa visibilidade é estratégica e fundamental para que a modalidade comece a se expandir. A audiência está sendo ótima, além do esperado, isso significa, sim, que há interesse. Acho que esse passo nessa Copa do Mundo está demarcando. A gente vê empresas investindo na publicidade com atletas como Cristiane, Marta, Andressa Alves, e isso é fundamental, algo que não existia até então. Essa copa está sendo revolucionária nesse sentido: finalmente a mídia de uma forma geral percebeu que existe futebol de mulheres nesse país. Quando se fala em país do futebol, ele não é só de futebol dos homens, ele também é das mulheres.” Luta pela igualdade de gênero “Lutar pela igualdade de gênero no esporte é fundamental. Perceber que existe
uma desigualdade, que não é por habilidade técnica, mas é por gênero, é o primeiro passo. E não se dá só no esporte, essa desigualdade está em grande parte das profissões as mulheres recebem menos no Brasil porque são mulheres. A desigualdade de gênero está colocada, ela é estruturante da nossa sociedade. Talvez a gente necessite de um futebol mais feminista do que um futebol mais feminino. Feminista no sentido de mostrar que as mulheres jogam tão bem, que a modalidade precisa ser estruturada minimamente e avançar nesse processo. O futebol de mulheres foi proibido por 40 anos, como outras modalidades esportivas, então essa proibição fez com que a gente tivesse um delay muito maior, então a gente tem um longo processo pela frente.”
O futebol também é delas “Na medida em que o nosso país se identifica como sendo o país do futebol, sendo ele o esporte mais popular, que mobiliza todo o imaginário esportivo do país, igualdade de gênero significa sobretudo a representatividade das mulheres, que esse espaço também pode ser delas. Não podemos depender da Marta para isso. Ela é uma figura fundamen-
tal, mas como ela tem muitas outras jogadoras que ajudam e constituem esse futebol brasileiro. É claro que ela é incomparável em termos de todas as conquistas que tem, mas eu gostaria que fossem valorizadas as mulheres que vieram antes, as que jogam hoje e as que ainda jogarão. É interessante pensar que a Marta se produziu fora do país, na Suécia, nos Estados Unidos. Não se constituiu aqui essa grande atleta que ela é, mas em países onde tinham campeonatos, salários, condições para se tornar uma atleta. Quantas outras Martas podem estar escondidas no nosso país sem a possibilidade de se desenvolver por falta de estrutura da modalidade, e não pela falta de talento?”
“É um momento especial. A gente tem que aproveitar. Valorizar mais. A gente pede tanto, pede apoio, mas a gente precisa valorizar. É lógico que emociona. O momento emociona, eu queria estar sorrindo, ou chorando de alegria. Eu acho que é esse o primordial.” (Marta, 6 vezes eleita melhor jogadora do mundo)
Lutar pela igualdade de gênero no esporte é fundamental. Perceber que existe uma desigualdade, que não é por habilidade técnica, mas é por gênero, é o primeiro passo.