14 de dezembro de 2021 distribuição gratuita brasildefato.com.br
Fotos: Ayrton Centeno / BdF-RS
RIO GRANDE DO SUL
ENTREVISTÃO COM FERNANDO MORAIS “TEMOS QUE ELEGER O LULA E TOMAR DE VOLTA O PRÉ-SAL” PÁGINAS 4 E 5 /brasildefators
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Ano 3 | Número 32
Foto: Altemar Alcântara
FORA 2021!
ESTÁ PARTINDO O ANO QUE FEZ O BRASIL SOFRER COM PESTE, FOME, DESTRUIÇÃO, VIOLÊNCIA E DESGOVERNO. PÁGINA 6 Foto: Jorge Leão
SALVE, 2022! ESTÁ CHEGANDO O ANO EM QUE VAMOS BRIGAR POR MUDANÇA, DEMOCRACIA E RESPEITO. PÁGINA 3
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EDIÇÃO N O 32 - 14 DE DEZEMBRO DE 2021 - W W W.BRASILDEFATORS.COM.BR
Opinião
O que podemos esperar de 2022? PAOLA CARVALHO *
▶ Dezembro chegou e estamos prestes a finalizar mais um ano do nosso calendário. Para muitas pessoas, a sensação deve ser a de que sobreviveu. Impossível não olhar com um pouco mais de esperança para 2022. Mas o que efetivamente podemos esperar do próximo ano? No caso do Brasil, esses impactos foram ainda mais profundos. Fechamos 2021 com o saldo de mais de 615 mil mortos pela covid-19. Os números negativos não param por aí. O relatório “Síntese de Indicadores Sociais: Uma análise das condições de vida da população brasileira 2021”, publicado em novembro pelo IBGE, revela o que já constatamos nas ruas: a pandemia evidenciou desigualdades. Jovens, negros e mulheres foram e continuam sendo os mais impactados. São eles basicamente que engrossam as fileiras dos 14 milhões de desempregados, 5,1 milhões de desalentados e 7,8 milhões de desocupados, além de 20 milhões de extremamente pobres. A inflação alcançou a casa dos dois dígitos e fez com que o poder de compra do trabalhador fosse reduzido em 11%. Como se não bastassem todos estes números e índices desoladores, ainda temos o Auxílio Brasil - equivocado em sua origem e propósitos. Criado para enterrar o programa Bolsa Família, com uma história de 18 anos, premiado e reconhecido internacionalmente, teve seu fim eminentemente eleitoral em uma tentativa clara de deixar a marca do governo Bolsonaro na área social. Mas o que temos visto até agora é uma marca capenga e improvisada, como o próprio governo, que foi implantado e já cometeu os mesmos erros do auxílio emergencial. Não foi falta de aviso, pois nos últimos meses uma das minhas tarefas pela Rede Brasileira de Renda Básica foi servir como in-
CHARGE | Santiago
A INFLAÇÃO ALCANÇOU A CASA DOS DOIS DÍGITOS E FEZ COM QUE O PODER DE COMPRA DO TRABALHADOR FOSSE REDUZIDO EM 11%. terlocutora entre os beneficiários que tinham direito, mas tiveram dificuldades para receber o benefício não por falha deles, mas do cadastro único. Apontamos todos os gargalos e todos os erros. Parece que pouco efeito teve para corrigir os problemas. Enquanto isso, centenas de famílias que viam no Bolsa Família a única fonte de recursos e projetam sobre o Auxílio Brasil a esperança de sobrevivência continuam esperando. Esperando a vontade política, esperando a ação de quem, na realidade, pouco se importa com o que passa além dos portões do seu palácio. Vale lembrar, que se compararmos o Auxílio Emergencial de 2021 com o proposto no Auxílio Brasil, teremos pelo menos 29 milhões de famílias sem nenhuma assistência. 24 milhões de famílias foram automaticamente excluídas porque eram inscritas pelo aplicativo e 5,3 milhões que estão no cadastro único, já sabem há anos o que é ficar numa fila de espera. No RS, se tivemos 2,8 milhões de famílias atendidas em 2020, baixamos para 1,6 milhões em 2021 e agora somente as 402.266 famílias que migraram do Bolsa Família. São mais de 1,2 milhões de famílias gaúchas em completo abandono. É preciso esperançar! Mas acima de tudo, refletir sobre os impactos das escolhas que foram feitas! * Diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica
www.brasildefators.com.br (51) 98191 7903 redacaors@brasildefato.com.br /brasildefators @BrasildeFatoRS brasildefato.rs CONSELHO EDITORIAL Danieli Cazarotto, Cedenir Oliveira, Frei Sergio Görgen, Saraí Brixner, Enio Santos, Neide Zanon, Ademir Wiederkehr, Luiz Muller, Télia Negrão, Diva da Costa, Grazielli Berticelli, Bernadete Menezes, Gelson José Ferrari, Salete Carollo, Ronaldo Schaefer, Vito Giannotti (In memoriam) | EDIÇÃO Ayrton Centeno (DRT3314), Katia Marko (DRT7969) | REDAÇÃO NESTA EDIÇÃO Ayrton Centeno, Katia Marko, Marcelo Ferreira, Walmaro Paz e Pedro Neves | DIAGRAMAÇÃO Marcelo Souza | DISTRIBUIÇÃO Ronaldo Schaefer e Saraí Brixner | IMPRESSÃO Gazeta do Sul | TIRAGEM 25 mil exemplares.
Editorial
O que a História vai nos cobrar
▶ O ano que está chegando é pródigo em datas estimulantes. Datas que avançam no rumo da civilização contrastando com o presente de retrocessos que vivemos. O que já faz com que olhemos para os próximos 365 dias com esperança. Além dos 200 anos da Declaração da Independência, 2022 vai marcar os 100 anos da fundação do Partido Comunista e da Semana de Arte Moderna, que colocou de ponta-cabeça e deu novos rumos à cultura. E os 100 anos de nascimento de dois grandes brasileiros: Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. Pode-se citar, também, os 40 anos do resgate do voto para eleger os governos dos estados. Aconteceu quando a ditadura já estava no leito de morte onde ainda agonizaria mais três anos. Há outras datas, menos retumbantes, mas igualmente inovadoras. Vinte anos passados, o MST aprovou a participação igualitária de gênero em todas as suas instâncias e atividades. E os 10 anos de fundação do Levante Popular da Juventude. Sem contar a jornada extraordinária, 25 anos atrás, de milhares de trabalhadores sem terra que, em três colunas saídas de São Paulo, Minas e Mato Grosso, chegaram a Brasília na Marcha Nacional por Reforma Agrária, Emprego e Justiça. São momentos do passado que flagram caminhadas na rota do futuro. É o que a História nos cobrará em 2022: um movimento em direção à soberania, à ciência, à democracia, à igualdade, à tolerância, ao emprego, ao respeito ao ser humano. E o banimento definitivo da submissão, do atraso, do preconceito, da estupidez, do negacionismo e da desigualdade.
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OLÁ, 2022!
É o ano em que vamos brigar por mudança, democracia e respeito “O QUE ESPERA PARA O RIO GRANDE E O BRASIL EM 2022”. ESTA FOI A PERGUNTA QUE FIZEMOS PARA GAÚCHOS, GAÚCHAS, BRASILEIROS E BRASILEIRAS. VEJA AS RESPOSTAS: EU SOU UM INCORRIGÍVEL OTIMISTA. NESTE ANO QUE ESTÁ FINDANDO, FUI CURADOR DO FESTIVAL DE BRASÍLIA E O NÚMERO DE FILMES QUE SE APRESENTOU PARA COMPETIR FOI ENORME. APESAR DA PANDEMIA E DO PANDEMÔNIO PROVOCADO PELO GOVERNO NECRÓFILO, OS CINEASTAS CONTINUARAM TRABALHANDO. ENTÃO, PARA 2022, EU ESPERO FORÇA, CORAGEM E FÉ. CONTINUAR TRABALHANDO. É ISSO. SÍLVIO TENDLER - CINEASTA AO LONGO DOS DOIS ÚLTIMOS ANOS, O RIO GRANDE DO SUL OBTEVE OS PIORES RESULTADOS DE INCIDÊNCIA E DE MORTALIDADE POR COVID DO QUE A MÉDIA BRASILEIRA. PARA 2022, ESPERO O ENFRENTAMENTO DA INDIFERENÇA SISTÊMICA E DA NECROPOLÍTICA EM CURSO, COM MELHOR RESPONSABILIDADE GOVERNAMENTAL E MAIOR COMPROMISSO COM A VIDA. ALCIDES MIRANDA - MÉDICO, PROFESSOR DE SAÚDE COLETIVA NA UFRGS. A LUTA PELA REFORMA AGRÁRIA NÃO ESTÁ DESCONECTADA DA LUTA GERAL DA CLASSE TRABALHADORA. NÃO TIVEMOS MAIS NENHUMA ÁREA DE ASSENTAMENTO DEMARCADA. AS POLÍTICAS PÚBLICAS QUE DIALOGAVAM COM O TEMA DA REFORMA AGRÁRIA FORAM ACABADAS. A LUTA PELA REFORMA AGRÁRIA EM 2022 VAI ESTAR NESSA MESMA PERSPECTIVA DE LUTA POLÍTICA. A REFORMA SE COLOCA COMO CONTRAPONTO A ESSE MODELO DO AGRONEGÓCIO, SOBRETUDO NO TEMA MAIS DELICADO QUE TEMOS SOFRIDO, QUE É O TEMA DA FOME.” CEDENIR DE OLIVEIRA – COORDENAÇÃO ESTADUAL DO MST UNIÃO, PARA QUE POSSAMOS SOBREVIVER DIANTE DAS AMEAÇAS DOS NOSSOS DIREITOS. ODIRLEI FIDÉLIS - CACIQUE KAINGANG DA ALDEIA VÃN KA, DE PORTO ALEGRE
ESPERO UM 2022 DE PLURALISMO, INFORMAÇÃO DE QUALIDADE, LIBERDADE DE EXPRESSÃO POR TODA PARTE, LIBERDADE DE OPINIÃO, MUITO DEBATE E PRINCIPALMENTE ARGUMENTO E CONTRA-ARGUMENTO, OU SEJA, TRIUNFO DO CONTRADITÓRIO, POIS É DO CONFRONTO DE IDEIAS QUE SURGE A COMPREENSÃO COMPLEXA DO MUNDO. JUREMIR MACHADO DA SILVA JORNALISTA E ESCRITOR PENSO QUE, ENQUANTO NÃO EXISTIREM FORÇAS POPULARES ORGANIZADAS, MOBILIZADAS E CONSCIENTES DA NECESSIDADE DE LUTAR RESOLUTAMENTE PELOS LEGÍTIMOS INTERESSES DOS TRABALHADORES, CONTINUAREMOS REFÉNS DAS JOGADAS POLÍTICAS DAS CLASSES DOMINANTES. ANITA PRESTES – HISTORIADORA EMBORA ESPERE QUE SEJAM REDUZIDAS AS BARREIRAS DAS DESIGUALDADES SOCIAIS, TENHO CONSCIÊNCIA DE QUE ISSO PASSA PELO FIM DO GOVERNO BOLSONARO E A ELEIÇÃO DE UM NOVO PROJETO POLÍTICO, DEMOCRÁTICO E SOCIALMENTE JUSTO, EM QUE AS MULHERES SEJAM MAIS PROTAGONISTAS. TÉLIA NEGRÃO – JORNALISTA, INTEGRANTE DO LEVANTE FEMINISTA CONTRA O FEMINICÍDIO NÓS, MBYÁ GUARANI, ESPERAMOS QUE NO PRÓXIMO ANO NOSSA NAÇÃO SEJA RESPEITADA. PORQUE NÓS TEMOS DIREITO DENTRO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NOSSA AUTONOMIA. VIVEMOS COMO A GENTE ENTENDE E PRECISAMOS QUE ISSO SEJA RESPEITADO PARA MANTER NOSSA CULTURA, PRESERVANDO A NATUREZA E O MODO DE SER GUARANI. ANDRÉ BENITES - CACIQUE GUARANI DA ALDEIA TEKOÁ KA AGUY PORÃ, DE MAQUINÉ (RS) QUE A DEMOCRACIA CONSIGA RESISTIR A ESSES CONSTANTES ATAQUES A ELA DESFERIDOS NOS ÚLTIMOS TEMPOS. QUE AS PESSOAS QUE TÊM SE ACORDADO, CONTINUEM BEM ESPERTAS EM RELAÇÃO A ESSE PROCESSO E TENHAM FORÇA E O DISCERNIMENTO CORRETO PARA DESENVOLVER PROCESSOS DE FORTALECIMENTO DA DEMOCRACIA. D. SILVIO GUTERRES BISPO DE VACARIA/RS A COMUNIDADE LGBTQIA+ PRECISA CONECTAR CADA VEZ MAIS SUA LUTA CONTRA QUEM PREGA AS POLÍTICAS NEOLIBERAIS QUE VÊM SE IMPONDO POR GOVERNOS DE DIREITA. DEFENDER UM ESTADO DEMOCRÁTICO CONTRA O ESTADO MÍNIMO. NOSSAS PAUTAS TERÃO MAIS RESPOSTAS COM UM ESTADO QUE INCLUA A TODES NUM PROCESSO DE CIDADANIA PLENO. CÉLIO GOLIN - MILITANTE DO NUANCES - GRUPO PELA LIVRE EXPRESSÃO SEXUAL
OBS. – O SITE DO BR A SIL DE FATO R S E S TÁ PUBLICA NDO UM A REL AÇÃO M A IS A MPL A DA S OPINIÕE S E E X PEC TATI VA S PA R A 2022. CONFIR A EM W W W.BR A SILDEFATOR S.COM.BR
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Entrevista - Fernando Morais
“Não basta eleger o Lula. É preciso ter uma bancada que o ajude a governar”
Fotos: Ayrton Centeno, Brasil de Fato RS
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UMA CONVERSA COM O AUTOR DE OLGA, CHATÔ, OS ÚLTIMOS SOLDADOS DA GUERRA FRIA E, AGORA, DA BIOGRAFIA DE LULA AYRTON CENTENO E KATIA MARKO PORTO ALEGRE / RS
▶ Após nove livros, quatro deles adaptados para o cinema, o mineiro de Mariana, Fernando Morais, 75 anos, está lançando o primeiro volume da biografia de Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda carregando as sequelas da covid-19 - que o fez abandonar um velho companheiro de todos os momentos e de todas as fotos, o charuto Morais discorre aqui sobre, claro, Lula, e também sobre Michel Temer, Alberto Fernández, Roberto Requião, Julian Assange e a conversão do seu antigo partido, o MDB, em uma “máquina de ganhar dinheiro”. Adianta ainda uma história que vai estar no segundo volume da jornada de vida do metalúrgico que virou presidente.
Brasil de Fato RS - Como foi construir a biografia do Lula? O que os brasileiros vão ver nessa biografia? Fernando Morais - Era um projeto que eu vinha namorando desde a época do ABC. E ele pulando fora. Quando foi eleito presidente, pulou fora. Quando foi reeleito, pulou fora. Sempre achei que eu tinha uma situação privilegiada pra escrever sobre o Lula. Nunca me filiei ao PT. Muita gente acha que ele só topou fazer o livro depois que veio o câncer e que, portanto, teve uma clareza da finitude humana. Mas foi antes. O câncer apareceu em outubro e ele me ligou em julho. E aí começou. O projeto era um livro que começasse na prisão dele em 1980 e terminasse com ele entregando a faixa pra Dilma. Ocorre que veio o golpe e eu tava do lado do Lula. Assisti tudo. E aí falei com ele e o editor: ´Não dá pra publicar o livro como a gente tinha combinado. Essas coisas que eu tô vendo acontecer aqui do lado de dentro. Proponho tocar o livro até quando a gente decidir`. E acabamos decidindo fazer em dois volumes. Terminei esse
O jornalista e escritor m
O MDB VIROU UMA MÁQUINA DE GANHAR DINHEIRO volume, já retomei o trabalho, e publico o segundo volume depois das eleições, em junho de 2023. BdF RS - E toda essa história até as eleições vai entrar? FM - Tudo, o golpe, a prisão. Fui várias vezes à prisão em Curitiba. Não podia levar gravador. Tinha que anotar em pedacinho de papel, enfiar na cueca, na calça. Independentemente de quem ganhe, o livro sai em junho de 2023. Ele não leu nada. Em nenhum momento ele falou: ´Ah, eu gostaria de ver tal trecho`. Nada, nada, nada.
BdF RS - Tu já fostes candidato a governador pelo PMDB. O que levou o MDB a se transformar nessa coisa de figuras minúsculas como Temer, Baleia Rossi...? FM - O MDB era o guarda-chuva da frente democrática dando guarida a, pelo menos, três correntes marxistas: o PCB (o Partidão), o PCdoB e o MR8, o antigo 8. O doutor Ulysses dizia ´se a gente não der lugar pra essa gente fazer política aqui, eles vão pra cadeia`. O MDB que sucedeu à ditadura descobriu que não era só um partido, mas uma máquina de ganhar dinheiro, de nomear apadrinhados. Talvez seja impossível contar
BdF RS - Confiança total... FM - Isso é bom e é mal porque até hoje não sei se ele gostou. Dei o livro na hora em que estava embarcando pra Europa. Ele foi, voltou e não falou nada. Outro dia falei com ele por telefone: ´Presidente, a imprensa tá me apertando aqui, querendo saber o que o senhor achou do livro. Com todo o respeito, tenho respondido que o senhor não falou nada. Então, se gostar, eu prefiro. Agora, se não gostar, eu não vou virar seu desafeto por causa disso porque não escrevi pro senhor, escrevi pros meus leitores`. Fernando Morais: "Se Lula não tiver a maioria, não consegue (nem) dar nome de rua".
"Requião era o q
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mineiro Fernando Morais, 75 anos, está lançando o primeiro volume da biografia de Luiz Inácio Lula da Silva
TEMER DEVERIA INCINERAR A CARTA QUE MANDOU PRA DILMA nos dedos de uma mão, ainda que seja a mão do Lula que só tem quatro dedos, gente hoje do MDB que se possa dizer: ´esse é um companheiro, um cara comprometido com o Brasil, com os pobres...` BdF RS - Dos últimos era o Requião. FM - Me roubou a palavra. Roberto Requião era o exemplo do que restou
que restava do antigo MDB", diz o ex-emedebista Morais
do antigo MDB. Fui sobrevivendo ali por inércia até o dia em que o Temer dá o golpe na Dilma e eu pico em pedacinhos minha ficha de filiação do PMDB com enorme orgulho. BdF RS - Mas o Temer parece ser a reprodução fiel do MDB de hoje, né? FM - Convivi com ele por 30 anos e o que se sabia do Michel Temer? Que (havia) umas histórias meio obscuras. Mas as pessoas dizem que político é ou ladrão ou é homossexual ou é corno. O que se sabia é que era um constitucionalista, sujeito respeitoso, formal. Tive relações cordiais com ele. Agora, a vaidade humana e a cobiça são virtudes que eu não quero para os meus amigos ou para mim. Ele não resistiu. Veio com mimimi, com choradeira. Aquela carta dele pra Dilma, ele devia incinerar. Parece de uma virgem traída pelo namorado: ´Ai, você não me ama mais, estou em segundo plano, você não me dá importância…` Ora, isso não é coisa de um vice-presidente. Já sinalizava que ia dar uma cama de gato na presidente. Três dias antes dele aderir (ao golpe) fui à casa dele. Eu não acreditava, talvez por ingenuidade, um pouco por esperança. Liguei e falei: ´Tô muito preocupado, Michel, e a gente se conhece há muito tempo, e me dou à ousadia de pedir uma conversa com você.` Passei a tarde conversando com ele e
saí convencido de que o golpe ia ser na semana seguinte. Não deu outra. Uma passagem me deixou muito preocupado. O Boulos tinha liderado uma passeata e eu comentei: ‘Viu o que aconteceu ontem? O Boulos, sem televisão, sem dinheiro, botou 20 mil pessoas na rua e foi lá chacoalhar as grades do Palácio dos Bandeirantes. Está preparado pra que isso pipoque pelo Brasil inteiro com o MST, CUT, movimentos sociais?’ Com um olhar divino, olhando alto, ele disse: ‘A Constituição tem remédio para tudo. Você sabe que a Constituição criou a Força de Segurança Nacional, que é para esses casos’. Ou seja, ele estava se preparando para reprimir qualquer manifestação que viesse contra o golpe. Saí de lá destruído. No meio do caminho, parei numa padaria, pedi um café e reconstituí a conversa que vai aparecer no segundo volume do livro sobre o Lula. O Congresso Nacional é uma bolsa de valores. Não basta o Lula ganhar a eleição. É preciso ganhar e ter um Congresso Nacional que permita, no limite, que a gente convoque uma constituinte. Pra tomar de volta o pré-sal, a Eletrobras. Recomendo aos leitores que deem uma ciscada no Nocaute, o blog que eu fiz, que pago pra manter aberto. Vão ver a entrevista que fiz com Julian Assange. O Assange conta com nome, sobrenome, apelido e endereço que o postiço, o Temer, mandou gente aos EUA pra tratar com a ExxonMobil e com a Chevron a fragmentação do pré-sal. Chanceleres, José Serra, que é o autor do projeto de lei que racha o pré-sal, e depois o Aloysio Nunes - Jesus, o cadáver do velho Prestes deve estar chacoalhando na sepultura já que o Aloysio foi do partido, trabalhou com o Marighella... É fundamental insistir: não basta
O CONGRESSO NACIONAL É UMA BOLSA DE VALORES
AS PESSOAS TÊM QUE ABANDONAR A VAIDADE E BOTAR O PAÍS NA FRENTE eleger o Lula. É preciso eleger o Lula e ter bancadas que o ajudem a governar. Se ele não tiver a maioria, não consegue (nem) dar nome de rua, praça, escola. BdF RS - Há pouco houve a eleição da Xiomara Castro em Honduras, a mulher do Manuel Zelaya, primeiro caso do chamado golpe brando na América Latina. Isso pode sinalizar algo, porque temos eleições no Chile... FM - Pode sim. Lula deve ir à Argentina conversar com a (Cristina) Kirchner e com o (Alberto) Fernández para ajudá-los (NR. - Lula foi à Argentina no dia 10/12). O Fernández era candidato numa eleição dificílima e ele larga a campanha, vem à Curitiba, vai no xadrez do Lula e sai com um boné Lula Livre na cabeça. Esse sujeito, apesar de ter aquela cara de gerente de banco, tem caráter. Agora, nos estados, é preciso que as pessoas abandonem a vaidade e ponham os interesses do país na frente. Não temos carabina, não temos dinheiro, não tem mais URSS. Temos que lutar com o que temos. É o Brasil de Fato, são as redes sociais. São a nossa arma. E enfrentar as fakes news. Pra matar a fake news na raiz é com a verdade. BdF RS - Fernando Morais é um personagem da história assim como todos das biografias que escrevestes. Vai sair uma autobiografia do Fernando Morais? FM - Não! A minha história não tem a menor importância. Tem importância a dos outros. OBS. – Uma versão mais longa e detalhada da entrevista será publicada no sábado, dia 18/12, no site do Brasil de Fato RS.
ELE ESTAVA PREPARADO PARA REPRIMIR A REAÇÃO CONTRA O GOLPE
"Pra matar a fake news na raiz é com a verdade", ensina Fernando Morais
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XÔ, 2021!
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Veja aqui alguns dos motivos para a gente mandar o ano velho embora ESTAMOS TERMINANDO UM ANO DURÍSSIMO PARA O BRASIL. ALÉM DA PANDEMIA, O QUE MAIS O IMPACTOU EM 2021?
A PANDEMIA FOI O QUE MAIS IMPACTOU. MAS, ALÉM DA PANDEMIA, O “PANDEMÔNIO”. TODOS OS DIREITOS HUMANOS FORAM ALVO DESSE GOVERNO ULTRA NEOLIBERAL DE EXTREMA DIREITA. A GENTE TEVE QUE ENFRENTAR O NEGACIONISMO E O MOVIMENTO ANTIVACINAS. SE HOJE TEM UMA GRANDE PARTE DA POPULAÇÃO VACINADA, FOI PORQUE HOUVE MUITA LUTA. FERNANDO PIGATTO - PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE 2021 FOI O ANO EM QUE OS RICOS FICARAM EXPONENCIALMENTE MAIS RICOS E OS POBRES ABSURDAMENTE MAIS POBRES. MAS TAMBÉM FOI O ANO EM QUE RETOMAMOS AS RUAS, AS MOBILIZAÇÕES NACIONAIS EM DEFESA DE NOSSAS PAUTAS MAIS CARAS E FORJAMOS UMA UNIDADE NACIONAL NO COMITÊ FORA BOLSONARO. MAURI CRUZ - ADVOGADO, MEMBRO DO CONSELHO INTERNACIONAL DO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL
O QUE MAIS ME IMPACTOU FOI CONSTATAR QUE AS ELITES BRASILEIRAS E O GOVERNO FEDERAL E, NO CASO AQUI, O GOVERNO ESTADUAL, NÃO TÊM NENHUMA PREOCUPAÇÃO COM A REALIDADE DO POVO BRASILEIRO. AMARILDO CENCI - PRESIDENTE DA CUT/RS A DOR DAS FAMÍLIAS VITIMADAS PELA COVID E A FOME ME CAUSARAM MUITA TRISTEZA. MAS SEMPRE ME SENSIBILIZA MUITO A FORÇA DA SOLIDARIEDADE QUE BROTA NA SOCIEDADE, ESPECIALMENTE NAS COMUNIDADES E MOVIMENTOS SOCIAIS. NA REDE CÁRITAS, A FALTA DE COMIDA NO PRATO DE INCONTÁVEIS FAMÍLIAS FOI E SEGUE SENDO UM DOS ENFOQUES MAIS FORTES DA NOSSA ATUAÇÃO. ROSELI PEREIRA DIAS - ASSESSORA DA CÁRITAS A PANDEMIA ESCANCAROU TODAS AS VULNERABILIDADES SOCIAIS EXISTENTES AO LONGO DE CINCO SÉCULOS. POLÍTICAS PÚBLICAS QUE JÁ ERAM INSUFICIENTES FORAM SUCATEADAS. A FALTA DE ACESSO À SAÚDE LEVOU À MORTE VÁRIOS PARENTES INDÍGENAS. E A INSEGURANÇA ALIMENTAR TAMBÉM MATOU. ALICE MARTINS - INDÍGENA EM CONTEXTO URBANO, COORDENADORA DO CENTRO DE REFERÊNCIA INDÍGENA AFRO/RS IMPACTANTE FOI A FORMA GENOCIDA COM A QUAL O GOVERNO FEDERAL TRATOU A PANDEMIA, A POPULAÇÃO POBRE, CORTANDO GASTOS, ATRASANDO A CHEGADA DAS VACINAS. DEPOIS DESCOBRIMOS QUE TINHA A VER COM CORRUPÇÃO. MAS TAMBÉM O CRESCIMENTO DA EXTREMA DIREITA E OS ATAQUES À DEMOCRACIA. JORGE BRANCO - SOCIÓLOGO
AGÔ, AGÔ A TODAS E A TODOS. FICOU NO MEU OLHAR O PAÍS QUE HABITAMOS, OS RETROCESSOS, AS PERDAS. A VERGONHA DENTRO DE CADA TRABALHADOR QUE PERDEU A DIGNIDADE DE TER A COMIDA NA MESA. A DOR DA PERDA QUE MARCOU FAMÍLIAS INTEIRAS, TIRANDO A ESPERANÇA PELA FALTA DE CREDIBILIDADE NAQUELE PODER QUE NÃO SE COMPROMETEU COM A HUMANIDADE TRABALHADORA DESTE PAÍS. IYA VERA SOARES - IYALORISÁ. INTEGRA O FONSANPOTMA E O CONSEA RS
A IRRESPONSABILIDADE DE REPRESENTANTES DA POPULAÇÃO, AGINDO DESCARADAMENTE CONTRA A POPULAÇÃO. VEREADORES DE PORTO ALEGRE FRAUDANDO NORMAS DE REPRESENTATIVIDADE. DEPUTADOS ARTICULADOS COM O GOVERNADOR PARA DESTRUIR NOSSA LEI DOS AGROTÓXICOS, PRIVATIZAR SERVIÇOS PÚBLICOS. SENADORES E DEPUTADOS MANCOMUNADOS COM O PRESIDENTE DESTRUINDO BIOMAS. O QUE MAIS ME IMPACTOU, DIANTE DISSO TUDO, FOI NOSSA ACEITAÇÃO SUBMISSA DESTA REALIDADE. LEONARDO MELGAREJO - AMBIENTALISTA
O DERRETIMENTO DA DISTOPIA BOLSONARISTA EM UMA POÇA DE DESEMPREGO CRÔNICO, INFLAÇÃO E PILHAGEM DO PATRIMÔNIO ESTATAL, QUE EVIDENCIA, PARA QUEM ABRIR OS OLHOS, O QUE A POLÍTICA DO GUEDES REPRESENTA, E DEVOLVE MILHÕES DE CIDADÃOS À CARESTIA, À MISÉRIA E AO ABANDONO. MUITO TRISTE.. NEI LISBOA - MÚSICO
O QUE MAIS NOS IMPACTOU EM 2021 FOI O AUMENTO DA DESIGUALDADE SOCIAL, A FALTA DE PERSPECTIVA, A SENSAÇÃO DE ESTAR NUMA NAÇÃO À DERIVA, COM INFLAÇÃO GALOPANTE, A FOME CRESCENTE, O DESEMPREGO E A DESINFORMAÇÃO PROPOSITAL. MARIA DA GRAÇA DA SILVA - MILITANTE DO COMITÊ DE COMBATE À FOME/ LOMBA DO PINHEIRO
OBS. – O SITE DO BR A SIL DE FATO R S E S TÁ PUBLICA NDO UM A REL AÇÃO M A IS A MPL A DA S AVA LI AÇÕE S SOBRE O A NO QUE E S TÁ ACA BA NDO. CONFIR A EM W W W.BR A SILDEFATOR S.COM.BR
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Humor
Expectativas para 2022 P OR CA RLOS CA STELO ▶ Meu Deus, que ano! – disse a barata. ▶ No Brasil, mais cedo ou mais tarde, todo
mundo vira muambeiro. ▶ Está próximo o dia em que o medo vai começar
a ter medo. ▶ 2021 foi um ano terrível. Mas, aos poucos
vamos voltando à vida anormal de antes. ▶ Anote: ainda vamos ter que sair todos do país
pelos fundos. ▶ Há uma Uzi no fim do túnel. ▶ É pra frente que se desanda. ▶ Esse ano vou pedir ao Papai Noel um habitat
novo. ▶ O futuro é uma caixa cheia de ossos. ▶ Não compre hoje aquilo que você continuará
sem dinheiro para comprar amanhã.
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L AERTE AROEIR A
L AERTE
EDGAR VA SQUES
ALE X ANDRE BECK
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Brasil de Fato, a comunicação sob a ótica da classe trabalhadora Após 18 anos do lançamento de sua versão nacional, o sistema Brasil de Fato cresce e se consolida no estado onde “nasceu” KATIA MARKO E PEDRO NEVES PORTO ALEGRE - RS ▶ A classe trabalhadora precisa construir a sua comunicação. Essa constatação é assinalada pelo economista João Pedro Stédile, dirigente do MST e Via Campesina, na entrevista que ilustrou a primeira edição do jornal Brasil de Fato em sua versão impressa no Rio Grande do Sul, em julho de 2018. “Um dos pilares de uma participação democrática da população na vida política da sociedade é a necessidade dela ter acesso a informações verdadeiras sobre a realidade e os contornos da luta de classe”, arremata. Esse foi o norte buscado por um coletivo plural, formado por jornalistas, comunicadores populares, ativistas sociais, sindicalistas e representantes de movimentos populares que congregaram forças para viabilizar a versão regional do jornal que, há 18 anos, foi lançado justamente no estado, durante o III Fórum Social Mundial. Na luta por uma sociedade justa e fraterna, a democratização dos meios de comunicação é fundamental. Por isso, o Brasil de Fato existe para contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais no país. Após 3,5 anos de intenso trabalho, o Brasil de Fato RS se consolida como uma fonte confiável de notícias, com um retrato das lutas sociais do nosso estado. Também tornou-se um importante canal de divulgação da cultura produzida no RS. Com a necessidade do isolamento, encaramos o desafio do trabalho em home office e investimos na produção de notícias diárias no site www.brasildefators. org.br. Com a equipe de sete jornalistas, sendo três editores, e uma pessoa responsável pelas Redes Sociais, em 2021 publicamos
mais de 2100 matérias e artigos, além de quase 400 colunas.
CRESCIMENTO NAS REDES SOCIAIS
Com a nossa página do Facebook (facebook.com/brasildefators), já ultrapassamos a marca de 4,4 mil curtidas, transmitindo nosso conteúdo para mais de 107 mil usuários neste ano, com picos de até 8 mil pessoas em um único dia. Já na nossa página do Instagram (instagram.com/brasildefa to.rs), alcançamos quase 50 mil pessoas neste ano, com picos de 2, 3 e até quase 4 mil pessoas por dia! Isso representa um crescimento nesta rede maior que 500%! Em ambas as redes, nossa audiência é majoritariamente feminina (56% no Face e 58% no Insta). No Instagram, estamos perto de um público um pouco mais jovem: Quase 40% da audiência tem menos de 35 anos. Enquanto isso, no Face, cerca de metade do nosso público tem mais de 45 anos. Estas pessoas nos acessam principalmente de Porto Alegre, mas também de outras grandes cidades do estado: Pelotas, Santa Maria, Caxias do Sul, Viamão, São Leopoldo, Canoas e Novo Hamburgo, além de uma importante audiência vinda de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). Com o nosso Whatsapp (51981153396), mantivemos informados cerca de 15 grupos regionais e temáticos, de diferentes regiões do estado, além de uma lista com mais de 250 contatos que solicitaram receber nosso boletim diário "RS em Foco", de segunda à sexta, além de um especial de final de semana, aos sábados.
A ECONOMIA SOLIDÁRIA ESTÁ VIVA DANIELA VAN DER STRAETEN PIMENTEL * A Economia Solidária se fortaleceu enquanto estratégia de produção e sociedade na década de 1990 e pode ser potência para superação das crises as quais vivenciamos. A pandemia está assolando vidas. Diversos empreendimentos econômicos solidários que até fevereiro de 2020 conseguiam seu sustento financeiro por meio do trabalho coletivo, zeraram suas receitas, necessitando de auxílio para alimentação e muitas vezes encontrando no endividamento uma forma de sobrevivência momentânea. Mas como estão as políticas públicas voltadas para a Economia Solidária? Perdeu-se. Perdemos no Estado do RS e no Brasil: secretarias, conselhos, processos de certificação, apoio para feiras, leis esquecidas. A Economia Solidária está sendo banalizada e desmoralizada pelos nossos governantes. Mas o povo não é fraco e as pessoas que acreditam na solidariedade não baixam a cabeça para o descaso, e sim, enfrentam e lutam! Foi nesse espírito que a Comissão Organizadora Estadual da 23º Feira Estadual de Economia Popular Solidária do RS, mais uma vez organizou, planejou e fez acontecer. A mesma aconteceu entre os dias 20 de novembro e 4 de dezembro de 2021 no Largo Glênio Peres no Centro de Porto Alegre. Com todos os cuidados que ainda são necessários, já foi possível sentir que resistimos e continuamos a fazer da vida o bem mais precioso. Foram 21 municípios participando, mais de 1250 pessoas diretamente engajadas, comercializando artesanatos, confecções, alimentação e produtos da agricultura familiar. Espaço autogestionário, solidário, impulsionado pelos fóruns municipais e estadual, com atuação de diversas entidades de apoio e de representação, mais uma vez abre alas para a produção e consumo justo e solidário. Nessa sintonia, a Rede Ideia (rede de colaboração de empreendimentos solidários) também se movimenta, com mais de 100 empreendimentos solidários, conseguiu se articular mesmo a distância. A Loja Virtual Rede Ideia está em processo de construção, as formações continuaram, espaço para diálogos e olhar para os sentimentos, novas parcerias surgindo e outras retomando e muito timidamente 2021 se encerra com sentimento de recomeço. * Supervisora administrativa da Avesol