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Subir juro cedo para combater inflação começa a dar resultado
AfirmAção é do presidente do BC, que também considerou que o arcabouço fiscal pode ajudar a conter a alta da inflação
Opresidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira (17) que a estratégia da instituição de iniciar o processo de alta dos juros mais cedo do que em outros países começa a dar resultado, pois a inflação também começou a recuar antes na economia brasileira.
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“Enquanto uns viam a inflação como um evento transitório decorrente de restrições de oferta temporária [falta de produtos por conta da pandemia], vimos o processo inflacionário como um evento mais persistente, com importante componente de demanda [aumento de recursos na economia]”, declarou, na abertura da 1ª Conferência Anual do BC brasileiro.
Campos Neto também citou a proposta de arcabouço fiscal e disse que as medidas podem “eventualmente ajudar na missão de ancorar as expectativas de inflação” (veja mais abaixo).
Juros E Infla O
Ao defender a alta dos juros, o presidente do BC avaliou que, no caso de países emergentes com histórico de inflação mais alta, como o Brasil, esperar que todos os indicadores da economia sugerissem aumento de inflação para aplicar a medida apresentaria um “risco maior, [de] deixar a inflação mais alta e mais volátil, deteriorando assim as expectativas [projeção os anos subsequentes]”.
“Consideramos que essa abordagem proativa de política monetária [definição da Selic para conter a inflação], que levou a taxa básica de juros a um território significativamente restritivo [alto], foi oportuno. Note-se que que essa estratégia começa a dar resultado. A inflação no Brasil começou a diminuir significativamente mais cedo em comparação a outros países em desenvolvimento”, acrescentou Campos Neto.
Em abril, a inflação oficial do país subiu 0,61%. Com isso, somou 4,18% na janela de doze meses. Apesar de estar abaixo da meta de inflação para este ano, a projeção de analistas é de que a taxa avançará nos próximos meses. Isso porque sai da conta o período em 2022 em que a inflação recuou por conta da redução dos preços dos combustíveis. A projeção do mercado para 2023 é de 6,03%, acima do teto da meta.
Expectativas
Campos Neto avaliou que o processo de queda da inflação deve continuar no Brasil, porém de forma não linear (não em todos os meses). “Núcleos estão mais resilientes devido à difusão da inflação entre setores e pressões subjacentes, em componentes como serviços”, acrescentou.
O BC ainda não indicou quando terá início o processo de queda de juros. A instituição tem avaliado que o atual estágio de combate à inflação “demanda serenidade e paciência na condução da política monetária”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem disparado fortes críticas ao patamar da taxa básica da economia, por conta do impacto no nível de atividade e de emprego.
Chefiado por Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o Banco Central possui autonomia operacional para definir a política monetária com objetivo de controlar a inflação. As decisões sobre os juros são tomados pela diretoria colegiada da instituição.
ARCABOUÇO FISCAL
Sobre o arcabouço fiscal, cujo relatório foi apresentado nesta semana, Campos Neto disse que as novas regras para as contas públicas evitam “cenários mais extremos para a trajetória dívida pública”.
O presidente do BC também repetiu, entretanto, que não há uma “relação mecânica [direta] entre a política monetária e a apresentação do arcabouço fiscal”.
Na proposta de novo regime fiscal, as despesas não poderiam subir acima das receitas, e há limite para os gastos como forma de tentar evitar uma alta maior da dívida pública. A expectativa do governo é de que o relatório seja aprovado na próxima semana na Câmara dos Deputados.
O governo federal estuda proposta de devolver imposto que incide sobre a compra de alimentos e produtos da cesta básica para a população, em uma espécie de cashback.
Em entrevista ao programa A Voz do Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, disse que a proposta está em construção com a prioridade de favorecer as famílias de baixa renda, como as incluídas em programas sociais.
“A ideia do cashback é um sistema de devolução do imposto para os consumidores. Qualquer que seja o desenho do cashback irá favorecer as famílias de menor renda do que as famílias de maior renda”, disse.
Uma das propostas analisadas, conforme o secretário, é devolver o valor na boca do caixa. O consumidor receberia, por exemplo, um desconto no momento do pagamento do produto.
“Estamos estudando várias experiências internacionais, inclusive com a possibilidade de fazer direto na boca do caixa. Na hora de fazer o pagamento, já teria o cashback”, informou Appy.
O volume de vendas do comércio varejista brasileiro teve alta de 0,8% em março deste ano, na comparação com fevereiro, quando houve estabilidade. Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (17), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O varejo cresceu 1,5% na média móvel trimestral, 3,2% na comparação com março de 2022, 2,4% no acumulado do ano e 1,2% no acumulado de 12 meses.
Apesar da alta no setor, quatro das oito atividades pesquisadas pelo IBGE tiveram queda na passagem de fevereiro para março: tecidos, vestuário e calçados (-4,5%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,2%), livros, jornais, revistas e papelaria (-0,6%) e combustíveis e lubrificantes (-0,1%).
O setor de supermercados, alimentos, bebidas e fumo manteve-se estável. A alta do varejo foi puxada por apenas três segmentos: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (7,7%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,7%) e móveis e eletrodomésticos (0,3%). “Esse aumento de 0,8% representa a saída de uma estabilidade em fevereiro para um resultado que podemos considerar como crescimento. Além disso, ao observarmos os últimos três meses juntos, vemos ganho de patamar de 4,5% em relação a dezembro do ano passado, último mês de queda”, explica o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
A receita nominal do comércio varejista teve altas de 2,5% na comparação com fevereiro, 7% em relação a março do ano passado, 8,6% no acumulado do ano e 12,6% no acumulado de 12 meses.
VAREJO AMPLIADO
O volume de vendas do varejo ampliado, que também inclui ma- teriais de construção e veículos/ peças cresceu 3,6% na passagem de fevereiro para março, com altas de 3,7% na atividade de veículos, motos, partes e peças e de 0,2% nos materiais de construção.
O varejo ampliado também apresentou taxas de crescimento de 8,8% na comparação com março do ano passado e de 3,3% no acumulado do ano. No acumulado de 12 meses, no entanto, o setor apresenta queda de 0,2%.
A receita nominal do setor teve avanços de 3,4% na comparação com fevereiro deste ano, 14% em relação a março de 2022, 10,2% no acumulado do ano e 11,3% no acumulado de 12 meses.
Banco teve queda de 28% no lucro no 1º trimestre
O lucro líquido do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no 1º trimestre foi de R$ 1,7 bilhão, uma queda de 28,4% em comparação a igual período de 2022. Em relação ao último trimestre de 2022, a diminuição foi de 51%. Os dados foram divulgados na terça (16).
Os desembolsos do banco no 1º trimestre do ano somaram R$ 19,1 bilhões, 29% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, mas 44,8% abaixo dos últimos três meses de 2022. O setor da indústria foi o que mais recebeu desembolsos, um total de R$ 6,1 bilhões, seguido pela infraestrutura, R$ 5,5 bilhões; comércio e serviços, R$ 3,8 bilhões; e agropecuária, R$ 3,7 bilhões.
De acordo com o BNDES, o recuo no lucro do banco decorreu principalmente da devolução an- tecipada, em novembro de 2022, de R$ 45 bilhões do caixa da instituição ao Tesouro Nacional. “No ano passado, em novembro, o BNDES devolveu antecipadamente ao Tesouro R$ 45 bilhões, ou seja, ele devolveu antes de receber esses recursos dos clientes. Isso provocou um descasamento, destacou o diretor da área financeira do BNDES, Alexandre Abreu.
A obra custará mais de R$ 7 milhões aos cofres do GDF e está sendo executada por empresas contratadas pela Novacap