Exclusiva: O tom do sertão
CHITÃOZINHO E XORORÓ E muitas surpresas neste abril musical!
Nº 102 | Abril | Ano 09 | www.revistabrazilcomz.com | Revista Grátis
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DEPARTAMENTO JURÍDICO Civil Divórcio no Brasil e na Espanha Regime de Alimentos Exequatur Reclamação de danos Homologação de Divórcio no Brasil Penal Assistência na “Comisaría” Centro Penitenciário Cancelamento de antecedente penal e policial “Extranjeria” Arraigo Social Arraigo Familiar Arraigo sem contrato Renovação do NIE Recurso Expulsão Arraigo por autônomo Comunitária Nacionalidade Espanhola Reagrupação Familiar Laboral Demissão “Finiquito” Conciliação
Tel: 91 451 5021 Cel: 657 159 836
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DEPARTAMENTO DE INTERCÂMBIO Seguro de saúde Cursos de espanhol Alojamento DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO Solicitamos, legalizamos e traduzimos: Antecedentes penal Certidão de Nascimento Éditos (Edictos) Declaração de Solteiro Declaração de Residência Inscrição Consular Declaração Consular
NACIONALIDADE ESPANHOLA CASAMENTO ARRAIGOS TROCA DE CNH BRASILEIRA REAGRUPAÇÃO FAMILIAR HOMOLOGAÇÃO DE ESTUDOS
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PROVAS AGENDADAS
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STAFF
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DIRETORA Renata Barbalho director@revistabrazilcomz.com
SUMÁRIO
abril
EDIÇÃO, REDAÇÃO E REVISÃO Fernanda Sampaio Carneiro editor@revistabrazilcomz.com
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FOTOGRAFIA Fernanda Sampaio Carneiro DESIGNER GRÁFICO Luana Priuli designer@revistabrazilcomz.com ATENÇÃO AO CLIENTE sac@revistabrazilcomz.com
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COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Bruna Cavalcanti, Dr. Samuel Couto Cabral, Mayra Mendes, Geovane Mascarenhas, Paulo Medford Brandão, CCBE, Mônica Barbosa, Luana Priuli, Adriana Rivas, Gerson de Almeida, Mac Gyver Castro, Mirian Dutra e Kledir Ramil. DEPARTAMENTO COMERCIAL DE MADRI madrid@revistabrazilcomz.com CONTATO DA REDAÇÃO revisor@revistabrazilcomz.com
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ESPAÇO DO LEITOR ENTREVISTA COM A EMBAIXADORA MARIÂNGELA REBUÁ NOSSA CAPA: CHITÃOZINHO E XORORÓ DÃO O TOM DO SERTÃO O SERTANEJO MORA EM MADRI: RENAN LOPES CARLA GUIMARÃES LANÇA O LIVRO “PECES QUE LLUEVEN DEL CIELO” GASTRONOMIA COM MARCELO FERNANDES E O “CLOS”, RESTAURANTE ESPANHOL EM SÃO PAULO AUMENTA O SOM: LANÇAMENTOS MUSICAIS DO BRASIL NOTA 0, NOTA 10 SEMANA SANTA EM MADRI VOCÊ SABE A ORIGEM DO DIA DA MENTIRA? É PRIMAVERA! CONHEÇA A “QUINTA DE LOS MOLINOS” ALGUNS DOS TRINTA PARTIDOS POLÍTICOS BRASILEIROS ENTREVISTA COM A CANTORA SIMONE SAMPAIO CRÔNICA COM KLEDIR RAMIL
A Revista BrazilcomZ não se responsabiliza pelas opiniões, posições religiosas e/ou políticas dos nossos colaboradores e anunciantes. Reservamos o direito de admissão de anúncios. A Revista BrazilcomZ não se responsabliza pelo cancelamento de eventos e shows na “Agenda Cultural” ou qualquer outra seção, bem como falsas informações de anunciantes e colaboradores. Todas as nossas publicações não podem ser utilizadas para fins comerciais, nem reproduzidas parcial ou integralmente sem prévia autorização por escrito da direção. Tiragem: 15.000 exemplares Depósito legal: M- 13588- 2009 ISSN 2341- 3026 Errata Edição 101- março Pág, 29: na segunda foto, coluna direita (alto), onde lê- se “sr. Vicente Ferraz”, leia- se “sr. Francisco Gallo”.
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CARTAS
102 abril
CARTA DA
EDITORA
Essa edição está bastante musical: nossa capa, com uma das maiores duplas do Brasil, Chitãozinho e Xororó, além de Renan Lopes, músico sertanejo em Madri e também a cantora de “dance” Simone Sampaio, que nos contou a sua experiência de “imigrante retornada”. Temos também uma entrevista com a escritora Carla Guimarães, que acabou de lançar o excelente “Peces que llueven del cielo”. E descobrimos tesouros literários brasileiros “escondidos” em Madri. Contamos como foram as manifestações populares no Brasil, temos um artigo especial sobre os partidos brasileiros e uma extrevista exclusiva com a embaixadora Mariângela Rebuá, que faz um excelente trabalho na SEGIB, órgão de cooperação internacional. Apresentamos os novos colaboradores: o historiador Paulo Medford, que fala sobre a imigração espanhola no Brasil, Luana Priuli sobre moda, Adriana Rivas e suas viagens maravilhosas e Geovane Mascarenhas, professor e diretor de teatro. Espero que curtam essa edição que foi feita com muito carinho e sempre pensando em levar o melhor à comunidade brasileira na Espanha.
CARTA DA
DIRETORA
Abril, plena primavera na Espanha, outono no Brasil e tempos de convulsão política e social na nossa terra. Incerteza política, muitas manifestações populares e confusão geral. O que desejamos é que tudo seja realizado com base na lei e Justiça, sempre democraticamente, pelo bem de toda a população. Confiamos na Justiça e na sua independência. Nossa matéria de capa, uma entrevista exclusiva com uma dupla ícone da música sertaneja, Chitãozinho e Xororó, que nos atendeu com muito simpatia, agradecemos a atenção e gentileza. Fechando esta edição nº 102, houve um terrível atentado terrorista em Bruxelas com explosões no aeroporto e metrô, que deixaram 31 falecidos e cerca de 250 pessoas feridas. Nossos pêsames às famílias por mais esse ato inaceitável do terrorismo islâmico. Apesar de todos esses acontecimentos tristes, desejo que desfrutem das flores e do bom tempo, feliz primavera!
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OPINIÃO DO
LEITOR
O que disseram os nossos leitores sobre a edição de março... # Parabéns! Curtia nos anos 80 alguns sucessos dessa banda, mas penso que ler sobre uma grande escritora já vale essa e muitas outras edições da revista! (Adriano Kuraiem, no Facebook) # Muito obrigado pelo profissionalismo de vocês e pela experiência nova de ser entrevistado e contar parte da minha vida com intuito de animar as pessoas que enfrentam dificuldades similares. Muito obrigado!!! (Angelo Márcio, no Facebook) # Viva Nélida!!! (Lya Luft, escritora brasileira, no Facebook) # Parabéns! Nélida Piñon, simplesmente fantástica! (Erisvaldo Carvalho, no Facebook)
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ONDE CANTA O SABIÁ
O BRASIL EM PÉ DE GUERRA? No dia 13 de março houve uma grande manifestação popular em todo Brasil contra o governo e contra a corrupção no país, mas também houve quem apoiasse Dilma Rousseff. Veja algumas imagens:
Rio de Janeiro Manifestação em Copacabana contra a corrupção e pela saída da presidenta Dilma Rousseff (Tânia Rêgo/ Agência Brasil)
Rio de Janeiro(Tânia Rêgo/ Agência Brasil)
Rio de Janeiro - Manifestantes fazem ato em apoio ao governo da presidenta Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula, na Praça São Salvador, em Laranjeiras (Fernando Frazão/Agência Brasil)
São Paulo - Manifestação na Avenida Paulista, região central da capital, (Rovena Rosa/Agência Brasil)
Porto Alegre - (Daniel Isaia/Agência Brasil)
Porto Alegre- Também houve uma contramanifestação dos que apoiam o governo e consideram o pedido de impeachment da presidenta um golpe contra a democracia. (Daniel Isaia/Agência Brasil)
Brasília - Manifestantes foram à Esplanada dos Ministérios (José Cruz/Agência Brasil)
São Paulo - Manifestação na Avenida Paulista, o mosquito também foi o protagonista. (Rovena Rosa/Agência Brasil) 9
ONDE CANTA O SABIÁ 2
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA TOMA POSSE E É DESTITUÍDO DO CARGO DE MINISTRO DA CASA CIVIL NO MESMO DIA O ex- presidente Lula foi nomeado Ministro da Casa Civil no dia 16 de março em Brasília, e no mesmo dia, logo após a cerimônia de posse junto à presidenta Dilma Rousseff, foi publicado no Diário Oficial da União em edição extra, às 19h, a suspensão da nomeação do recém empossado ministro, ordem emitida pelo juiz Itagiba Catta Preta Neto.
Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada comemora com Lula, o ministro mais fugaz da história do Brasil. O seu mandato não durou um minuto. No dia anterior, foi divulgada uma conversa telefônica entre Lula e Dilma. O juiz Sérgio Moro, responsável pelo inquérito da operação Lava Jato, decidiu quebrar o sigilo telefônico (inconstitucional), pois tal conversa pode ser indício de que a posse de Lula seria para dificultar a ação da Justiça, já que está sendo investigado por corrupção e lavagem de dinheiro.
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Dilma: “Alô.” Lula: “Alô.” Dilma: “Lula, deixa eu te falar uma coisa.” Lula: “Fala, querida. Ahn?” Dilma: “Seguinte, eu tô mandando o ‘Bessias’ junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!” Lula: “Uhum. Tá bom, tá bom.” Dilma: “Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.” Lula: “Tá bom, eu tô aqui, fico aguardando.” Dilma: “Tá?!” Lula: “Tá bom.” Dilma: “Tchau.” Lula: “Tchau, querida.”
A cerimônia de posse foi tensa e conturbada. Manifestantes indignados protestavam do lado de fora, e dentro da sala, o deputado federal Major Olímpio gritou “vergonha!”, gerouse um tumulto e o político foi retirado do recinto. Na noite do dia 17 de março, Lula emitiu uma carta aberta clamando por justiça. Justiça, simplesmente justiça, é o que espero, para mim e para todos, na vigência plena do estado de direito democrático. Você pode ler a carta na íntegra no site do Instituto Lula: www.institutolula.org
CELEBRIDADES
PRESO POR RACISMO O HOMEM QUE ATACOU TAÍS ARAÚJO NO FACEBOOK O anonimato na internet já não é mais escudo para os covardes e para a impunidade. Foi preso no dia 16 de março em Brumado, na Bahia, Tiago Zanfolim Santos (26), que será julgado por crime de racismo contra a atriz Taís Araújo e a jornalista Maju, outra vítima da quadrilha de Tiago. A operação foi executada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em conjunto com a polícia da Bahia. Tiago trabalhava em uma loja de informática e há indícios de que a quadrilha também cometia crimes de pedofilia. Foram presos outros 11 elementos em várias cidades brasileiras.
O POETA E ATOR EDUARDO TORNAGHI Com certeza você lembrará dele: foi um dos grandes galãs da Rede Globo, teve grandes papéis em 22 novelas, além de 15 filmes. Eduardo deixou a TV por escolha própria, quis mudar de vida, sentia- se incompleto mesmo tendo sucesso, beleza e dinheiro. Quis fazer algo pelo outro (e dessa forma, para si mesmo), deixar alguma marca no mundo. É professor de teatro para crianças carentes. Eduardo hoje é poeta, recita seus poemas na “Pelada Poética”, na Praia do Leme, no Rio de Janeiro. Escreveu o livro “Matéria de Rascunho” e participa do Humanos Direitos, um projeto formado por atores, principalmente. Uma alma sensível e rara. Se você quiser comprar o livro de Eduardo, entre em contato pelo Facebook: www.facebook.com/eduardo.tornaghiii
Eduardo Tornaghi hoje com 63 anos. “Na vida a gente tem que escolher entre ter ou ser”. (Eduardo Tornaghi)
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AGENDA CULTURAL ABRIL
A COR DO SOM O músico baiano Armandinho Macêdo, filho de Osmar Macêdo, idealizador do trio- elétrico, estará em Madri nos dias 11 e 12 de abril. O músico também faz parte do grupo “A cor do som”. No dia 11 de abril, às 17h, o evento acontecerá na Casa do Brasil com um “workshop” sobre o chorinho com os temas: • A origem dos carnavais da Bahia e a invenção do trio- elétrico • Fabricação do bandolim e da guitarra baiana • Afinação e forma de tocar ambos instrumentos • Atualidade e novos conceitos da música brasileira Casa do Brasil Avenida Arco de la Victoria, 3 – Madrid
No dia 12 de abril, Armandinho se apresentará na sala Galileo Galilei em Madri, às 21h, com o show “El choro más alegre del Brasil”.
CAETANO VELOSO E GILBERTO GIL EM BARCELONA Caetano e Gil participarão do Guitar BCN 2016 no dia 2 de maio, às 21h em um show acústico, só voz e violão. Palau de la Musica Catalana C/ Palau de la Música, 4-6- Barcelona
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foto: Felipe Oliveira
Sala Galileo Galilei Calle Galileo, 100 Madrid
NOVOCINE: CINEMA BRASILEIRO NA ESPANHA A Novocine traz o cinema brasileiro para toda a Espanha. Fique de olho na programação no site: www.novocine.es
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PARKINGS PÚBLICOS: Plaza mayor, Descalzas Reales y Plaza de Oriente. 13
A embaixadora Mariangela Rebuá de Andrade Simões e a SEGIB
Com uma extensa carreira diplomática, a embaixadora Mariangela Rebuá de Andrade Simões (Rio de Janeiro), é uma mulher admirável: economista com pós- graduação em Relações Internacionais (Columbia- Nova York), trabalhou muitos anos na área de Meio Ambiente, foi representante do Brasil na Convenção de Diversidade Biológica e ajudou a negociar o protocolo de biossegurança sobre a polêmica questão dos transgênicos. Foi cônsul- geral em Caracas, trabalhou na área de Energia, entre outros. Agora é secretária- adjunta na Secretaria Geral Ibero- Americana. A embaixadora foi eleita por unanimidade para assumir o cargo na SEGIB. Por: Fernanda Sampaio e Renata Barbalho
A embaixadora nos recebeu na sede do organismo internacional em Madri e nos apresentou a instituição:
“Esse ano está completando 25 anos das cúpulas ibero- americanas, a Secretaria foi criada em 2005, mas antes disso já existia uma instituição que gestionava toda a cooperação ibero- americana e que acompanhava essas cúpulas presidenciais.” “O nosso trabalho aqui é, sobretudo, acompanhar a implemen14
tação e realizar... nós fazemos todo um trabalho de cooperação com os países ibero- americanos. Somos 22 países compostos pela América Latina, Portugal, Espanha e Andorra. Nós criamos um tecido importante de cooperação Ibero- americana que tem feito um trabalho em diversas áreas: coesão social, temas de participação cidadã, gênero, educação, saúde,
trabalho, assistência social, inclusive nós temos quatro organismos que trabalham nesse sistema ibero- americano: Seguridade Social, a Organização Ibero- americana de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, a Organização Ibero- americana da Juventude e temos a Conferência de Ministros da Justiça.” “Na Área de Seguridade So-
cial, nós temos um acordo no qual o Brasil faz parte e que é muito importante para as pessoas, para os brasileiros que estão trabalhando aqui e que pagam a seguridade social aqui e com esse acordo do qual o Brasil ratificou, quando as pessoas voltarem ao Brasil, elas têm o direito de pedir a contagem desse tempo, a contribuição que foi realizada durante o tempo que trabalhou aqui. Isso é muito útil para todos os brasileiros que estão na Espanha. Esse é um dos exemplos do nosso trabalho aqui. O trabalho que estamos realizando é com as pessoas, por isso nós temos no Brasil diversos ministérios setoriais, que têm vários programas, junto com a comunidade Ibero- americana. Nós temos uma área de cooperação, que tem projetos com todos os países iberoamericanos nas principais áreas do conhecimento: da educação, coesão social, cultural, saúde, igualdade de gênero, seguridade social, trabalho, são todas as áreas que afetam direto ao cidadão, nesses projetos os países participam diretamente pelos seus ministérios e têm milhares de pessoas envolvidas e o Brasil tem participado em 25 dos 28 programas, além da cooperação. O Brasil é o país que mais participa de projetos. Para vocês terem uma ideia, na área de Inovação Social no ano passado (de 15 a 29/11) realizou- se no Rio de Janeiro o “Laboratório de Inovação Social” com jovens, foram dez projetos premiados. Esses jovens trabalharam durante mais de um ano nesses projetos e houve uma seleção dos melhores. A maioria são jovens que trabalham
com projetos sociais de penetração nas áreas mais carentes dos seus países, então temos feito esse trabalho nas favelas para conectar as pessoas, para dar um incentivo na produção de produtos culturais e sociais. O projeto que venceu o “Laboratório”, além dos outros nove, foi um aplicativo para alertar sobre o mosquito da dengue. Eles estão em contato agora com a “Fundação Oswaldo Cruz” para ver se esse projeto pode ser utilizado agora nessa epidemia, não sei se podemos falar em ‘epidemia’, mas a OMS disse que é uma emergência.” “A Cúpula Ibero- americana 2016 ainda não tem data específica, provavelmente, será em outubro ou novembro e os três temas escolhidos: ‘juventude, empreendimento e educação’. Nós estamos fazendo vários painéis, vários laboratórios de trabalho sobre esses temas e a juventude é fundamental, nós estamos trabalhando com a Organização Ibero- americana da Juventude, estão sendo realizados nos países conferências regionais de jovens que irão levar à reunião de Ministros da Juventude que será este ano. Além da Cúpula, nós temos várias reuniões ministeriais sobre esses temas todos que nós tratamos. Vamos ter reuniões com ministros da Saúde, de Segurança Social e Trabalho, de Ministro da Juventude, foros empresariais, cada reunião dessa leva decisões e resultados para a reunião presidencial, para a cúpula.” “Já está em andamento um projeto de mobilidade acadêmica para os jovens de baixa renda co-
nhecerem outros países, conhecerem outros sistemas de ensino, para criar mais vínculos entre os estudantes e as pessoas da região visitada, parecido com o ‘Erasmus’ na Europa, com a intenção de criar 200 mil bolsas até 2020.” “O Brasil nos últimos 12 anos aumentou muito o acesso à universidade para jovens carentes, muitas famílias tiveram o primeiro membro a entrar em uma universidade.” “Estamos também implementando ações de empreendedorismo, outro tema da cúpula, nós vamos fazer uma plataforma de empresas multilatinas, empresas da região.” “A formação em práticas dentro das empresas da região e fazer com que a empresas forneçam estágios, uma facilitação dessa mobilidade. Estamos juntando isso com Educação e Inovação.” “Temos também projetos culturais, como a Ibermedia. Temos aqui uma cooperação multilateral, com resultados muito positivos.” “Vamos ter uma plataforma de saúde digital, que possa ter acesso às informações de saúde, como na Espanha que tem um sistema de saúde digital. Além de uma rede de combate entre todos os países contra o vírus Zika.” Como vocês puderam observar, a SEGIB está atuando junto à população para melhorar as condições de vida e trabalho dos povos iberoamericanos. Para mais informações, acesse o site da SEGIB: www.segib.org
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A dupla sertaneja ícone do Brasil, Chitãozinho e Xororó:
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Ainda temos muitos sonhos e objetivos para conquistar”
Por: Fernanda Sampaio Carneiro
A dupla de irmãos paranaenses de Astorga, José Lima Sobrinho (05/05/1954) e Durval de Lima (06/06/1957), já vendeu 37 milhões de discos, lançou 37 álbuns inéditos, recebeu três prêmios Grammy, já foi enredo de escola de samba, fez inúmeras parcerias com outros artistas, apresentou programas na televisão, virou documentário e programas especiais na TV, entre muitas outras coisas. Chitãozinho e Xororó popularizaram o sertanejo através do rádio em uma época em que esse gênero ainda tinha um alcance limitado. Xororó é pai de Sandy e Junior, que dispensam apresentações, cada um agora com suas carreiras solo. Sandy, casada com o músico Lucas Lima, deu um lindo netinho a Durval e Noely, o pequeno Theo, nascido em 24 de junho de 2014. Chitãozinho é pai de Allison e Aline, do seu primeiro casamento, e de Enrico, filho que teve com a atual esposa, Márcia Alves. Chitão é avô de Manuel, filho de Aline, que também é cantora, e de Anne, filha de Allisson. Veja o que nos contaram nessa entrevista exclusiva para a BrazilcomZ. 16
(F.S.)– Vamos começar pelo último disco, “Tom do sertão”, um dos mais bonitos da história da MPB, com composições de Tom Jobim, interpretações e arranjos belíssimos. Como surgiu a ideia desse tributo? O que vocês costumam ouvir fora o sertanejo? Xororó: O projeto nasceu de uma vontade que sempre tivemos em tocar Tom Jobim. Em casa sempre ouvimos as músicas dele, inclusive a Sandy sempre gostou muito de cantar. Eu dividi com o Chitão sobre essa vontade, ele adorou a ideia e sugeriu o nome, “Tom do Sertão”. Chitãozinho: Nós procuramos ouvir um pouco de tudo, para nos mantermos atualizados, de Roberto Carlos a Mumford and Sons. E não temos preconceitos com estilos musicais. (F.S.)– Vocês continuam fiéis às origens, não perderam a essência sertaneja e com tantos anos de carreira. Como vencer modismos e tantas ondas sem perder a majestade? Chitãozinho: A música como um todo, a cada dia que passa, ganha novos horizontes, e isso é muito bom. Procuramos sempre inovar e nos atualizar, mas tomamos cuidado para não perder a nossa essência e identidade. (F.S.)– A carreira artística, apesar de gratificante, suponho que não seja só um “mar-de-rosas”, imagino que houveram muitas renúncias e sacrifícios. Qual é o melhor e o pior de carregar o títu-
lo de “umas das melhores duplas sertanejas do Brasil”? Xororó: Sem dúvidas já passamos por muito momentos difíceis, mas o nosso trabalho é a nossa satisfação e é muito gratificante ter nosso público nos acompanhando. A alegria transmitida por eles sempre nos impulsiona a cantar e sempre buscar o melhor de nós mesmos. (F.S.)– Chitãozinho e Xororó é uma dupla unanimidade, mesmo quem não gosta de sertanejo reconhece o valor dos artistas. São respeitados e queridos, desprendem simpatia e carisma. O segredo é não entrar em muitas polêmicas, fora a qualidade musical? Chitãozinho: Acredito que conquistamos o nosso público e o nosso espaço graças a muito esforço e dedicação. A nossa parceria dá certo porque sempre batalhamos juntos com o objetivo de sermos reconhecidos pela nossa música. (F.S.) Em março, vocês fizeram quatro shows seguidos praticamente, nos dias 4, 5, 7 e 9. Como vocês cuidam da voz e do corpo para aguentar tantos shows? Chitãozinho: Fazemos muita preparação vocal, e lógicamente, também não nos descuidamos com alimentação e exercício físico. (F.S.) Vocês já fizeram parcerias com diversos artistas, mas um momento que achei incrível foi a participação dos Bee Gees em um disco de vocês, com a música “Words”. Como foi? Existiu um encontro em pessoa ou foi uma participação virtual?
Chitãozinho: Gostamos de fazer parcerias, inovar na música e mostrar o nosso trabalho. A parceria com Bee Gees foi uma esperiência inesquecível. Nós tocamos junto com eles em Miami e Las Vegas. (F.S.) Como é o processo de escolha das letras? Quem costuma escolher? E o processo de composição? Parece que os dois assinam, mas quem é o poeta da dupla? (risos) Chitãozinho: Costumamos dizer que temos um “casamento musical”, escolhemos em conjunto. (F.S.) Chitãozinho e José, Xororó e Durval são “personagens” diferentes ou já não dá para diferenciá- los? Xororó: Não somos personagens, somos as mesmas pessoas dentro e fora do palco. É algo que faz parte da nossa essência. (F.S.) E já têm previsão de novo disco para 2016? O que será que vem de novo por aí?! Xororó: Estamos no momento focados na gravação do DVD do nosso projeto com Bruno e Marrone, mas este ano reserva muitas surpresas, aguardem que logo teremos mais novidades. (F.S.) Depois de mais de 40 anos dedicados à música, falta algo ainda por realizar? A dupla tem algum sonho por cumprir? Xororó: Ainda temos muitos sonhos e objetivos para conquistar. Com o tempo vamos realizando.
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1 Xororó no programa Altas Horas 2 No Altas horas com os Titãs
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Estamos no momento focados na gravação do DVD do nosso projeto com Bruno e Marrone, mas este ano reserva muitas surpresas, aguardem que logo teremos mais novidades.” (Xororó)
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1 Chitãozinho, esposa e filho 2 Chitão, filho e neto
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Andei, andei, andei Até encontrar Este amor tão bonito Que me fez parar Neste pedaço de chão No coração do sertão Encontrei meu lugar (“Coração sertanejo”)
Chitãozinho
Ai quem me dera sabiá Também ter asas pra voar E ver do alto a natureza Perceber toda beleza A razão do teu cantar Ai quem me dera o sabiá Ter o teu canto e arrancar Essa tristeza do meu peito De um amor que não tem jeito (“Eu e o sabiá”)
Coração vazio Essa é a sensação, Que fiquei a ver você querendo ir embora... Peixe sem o rio Seca no sertão Deserto sob o sol bravil rasgando o peito a fora. (“Um minuto sem você”)
Xororó
Mãe eu lembro tanto a nossa casa E as coisas que falou quando eu saí Lembro do meu pai que ficou triste E nunca mais cantou depois que eu parti. (“Fogão de lenha”)
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MUNDO CIÊNCIA
VOCÊ JÁ OUVIU FALAR NA
ONCOLOGIA MATEMÁTICA? Mac Gyver Castro
Professor e Pesquisador do Departamento de Radiologia e Biomedicina do Unichristus
Costumo dizer que para a ciência progredir de forma eficiente ela tem de ser necessariamente multidisciplinar. Por exemplo, no campo da medicina, para entendermos bem o desenvolvimento de uma doença, não nos basta ter conhecimento sobre a fisiopatologia dos órgãos, principalmente quando se trata de uma doença de difícil controle e entendimento, como o câncer. Não por acaso surgiu a Oncologia Matemática, uma área multidisciplinar que utiliza conceitos físicos e equações matemáticas para entender a desordem na proliferação e morte celulares que resultam no crescimento do tumor e metástase.
A oncologia matemática, meus caros, integra profissionais de diversas áreas e, por isso, tem sido uma ferramenta poderosa na luta contra o câncer. A união coerente entre os conhecimentos sobre a fisiopatologia do câncer e equações matemáticas constrói um estável e poderoso alicerce chamado de Modelo Matemático, que, além de permitir o teste de hipóteses dos pesquisadores, dá sustentação para o entendimento da evolução da doença. Essa ferramenta poderosa tem duas ramificações, (1) a Oncologia Computacional, que utiliza técnicas computacionais, conceitos de bioinformática e estatística para extrair informações de um grande número de dados, e (2) a Oncologia Física, que considera os tumores como um sistema complexo de onde se pode extrair leis biofísicas para quantificar e, até mesmo, prever a progressão tumoral. Diversos estudos já foram publicados nessa área e os resultados são impactantes clinicamente. Por exemplo, Kieran Smallbone1 e colaboradores, do Centre for Mathematical Biology, da Universidade de Oxford, desenvolveram um modelo matemático 20
tridimensional do crescimento tumoral para avaliar a acidose na interação entre populações de células normais e tumorais. Esse estudo tem relevância para oncologia pois os tumores humanos têm como característica comum o pH ácido e isto impacta na progressão do tumor e na resposta à terapia. Já Friboes2 e Sinek3 apresentaram como resultados dos seus estudos a quantificação da barreira de difusão de drogas como explicação da má resposta à quimioterapia. De um outro lado, Macklin4 e colaboradores, por exemplo, conseguiram prever o crescimento e o tamanho do tumor, resultados que têm uma importância clínica na área da cirurgia e da imagem. O que podemos extrair de tudo isso? Que unindo diferentes áreas do conhecimento podemos compreender problemas e vislumbrar soluções jamais antes imaginadas. A multidisciplinaridade leva, necessariamente, ao progresso da ciência e, no final das contas, ao bem-estar do ser humano. [1] – Smallbone K, et al., 2005. The role of acidity in solity tumour growth and invasion. J Theor Biol. [2] – Sinek, J. P et al., 2009. Predicting drug pharmacokinetics and effect in vascularized tumors using computer simulation. J Math Biol. [3] – Frieboes H, et al., 2009. Prediction of drug response in breast cancer using integrative experimental/computational modeling. Cancer Research. [4] – Macklin P et al., 2010. Agent-based cell modeling: application to breast cancer. In: Cristini V and Lowengrub J, Multiscale Modeling of Cancer: An Integrated Experimental and Mathematical Modeling Approach. New York: Springer.
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A NOSSA VOZ
O sertanejo mora em Madri: Renan Lopes
Não é só a pinta e a atitude de popstar, Renan canta, compõe e toca violão como os grandes da música sertaneja. Um sertanejo em Madri? Sim!
Por: Fernanda Sampaio Carneiro
A simpatia e o sotaque gostoso convidam a uma boa prosa, não pôde ser em uma roda de viola no campo, nem em um rodeio no interior do Brasil, conversamos em plena Plaza de Callao, no centro de Madri, em meio à multidão curiosa e apressada, que parava para observar o moço de camisa aberta, apesar do frio de março, com o seu violão. Conversei com Renan Lopes, nome artístico de Claudecir Pereira de Souza ( Ji- Paraná- Rondônia, 17/05/1977), imigrante na Espanha desde 2004. Veja. 22
(março/2016). Jonathan tinha um caso com a própria madrasta, Patrícia ameaçou contar ao pai do assassino e foi morta por isso, fato comprovado durante o julgamento. As autoridades espanholas e brasileiras não auxiliam as famílias com ajuda financeira em caso de falta de recursos para repatriação e/ou enterro do imigrante brasileiro, nem em casos trágicos de assassinato. No Brasil sim, muitas prefeituras realizam enterros gratuitamente.
Renan veio para a Espanha à convite de um amigo que propôs um trabalho em uma casa de shows, que nunca chegou a se realizar. Tocou vinte dias no metrô e foi assim que conseguiu o seu emprego atual, o de pintor de carros. O cantor também tem habilidade com a marcenaria, construiu uma cama tecnológica, que poderia estar em qualquer showroom de móveis criativos.
Renan tem um lado solidário que o faz ajudar bastante os conterrâneos em dificuldades. Recentemente, participou de uma feijoada solidária realizada na “La Catedral Eventos”, em Madri, em prol da pequena Isabela, que precisa de um tratamento caro, só possível na Tailândia. O cantor organizou também a arrecadação de fundos para o funeral e repatriação do corpo da brasileira de Campo Grande, Patrícia Souza Leal (28), assassinada a facadas, no dia 14 de janeiro de 2014, em Madri. O namorado de Patrícia, o dominicano Jonathan Lopes, foi julgado e condenado pelo crime
Renan inspira- se em Leandro & Leonardo, Chitãozinho & Xororó e Zezé di Camargo & Luciano. Apesar de amar a música, o cantor não é muito otimista em relação à profissão em Madri, não considera que seja suficientemente valorizada, os cachês são muito baixos, o que o fez desistir algumas vezes.
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Quando você não é valorizado, a sua auto- estima vai lá pra baixo.” (Renan Lopes) 23
O músico tocou pela primeira vez na capital espanhola no restaurante da “Dona Nena”, um lugar que sempre tocava, agora ele só apresenta- se em eventos.
O cantor é pai de uma menina de seis anos, é religioso, frequenta uma igreja em Madri que o faz sentir- se mais forte e equilibrado. Renan fica triste com a desunião da comunidade brasileira na Espanha e lança um recado:
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Eu gostaria que fôssemos mais unidos, que houvesse mais união, que não deixassem a ‘vontade do euro’ subir à cabeça, que fossem mais humildes com as pessoas, é o que falta aqui.” (Renan Lopes)
Em memória de Patrícia Souza Leal, do amigo Renan Lopes e da equipe BrazilcomZ.
Se você quiser contratar Renan Lopes para fazer a sua festa sertaneja na Espanha, entre em contato pelo e-mail: renanlopes_stg@hotmail.com ou pelo telefone: 619 55 51 79. 24
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CURIOSIDADES
O PAÍS MAIS FELIZ DO MUNDO: DINAMARCA A Organização das Nações unidas (ONU) publicou no dia 16 de março o “Relatório mundial da felicidade”, que pesquisou em 156 países o nível de bem- estar e satisfação de suas populações. O país mais feliz é a Dinamarca, na Europa e o mais triste é Comores, uma ilha africana. O Brasil ficou na 17ª posição, Portugal na 94ª e a Espanha no 37º lugar.
HOTEL DE GELO NA SUÉCIA O seu nome Ice Hotel e foi fundado em 1989. Fica na cidade de Jukkasjärvi a 200 km ao norte do Círculo Ártico. Todos os anos ele tem que ser reconstruído, porque, claro, derrete. No hotel há também quartos quentinhos, caso sua experiência gelada não seja tão agradável. (www.icehotel.com)
CAFÉ: ALÉM DE SER DELICIOSO TEM VÁRIAS OUTRAS UTILIDADES O site Ecosalon dá várias dicas de como você pode reaproveitar o café utilizado: esfoliante para a pele, creme anti- celulite (misture o café com óleo de coco e massageie o local), eliminador de mau cheiro da geladeira, como adubo, para acabar com o cheiro de alho e cebola das mãos, para espantar gatos do jardim (é só espalhar alguns grãos em locais que não queira que os felinos façam xixi), tintura de cabelo, repelente de pulgas, entre outros. (www.ecosalon.com)
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EM VERDE E AMARELO
Uma das melhores escritoras brasileiras escreve em espanhol Carla Guimarães Texto e fotos: Fernanda Sampaio Carneiro
Carla Guimarães (Salvador, 1975) imigrou para a Espanha em 2001 com o sonho de conhecer outros lugares e idiomas. Formada em Comunicação Social pela Universidade Católica de Salvador, doutora em “Teoria, História e Prática do Teatro”, pela Universidade de Alcalá de Henares, é jornalista na agência EFE, colabora com o El País, além de ter feito roteiros para a televisão. Escreveu obras para o teatro e dois romances: “Los últimos días de carnaval”(2013) e acabou de lançar “Peces que llueven del cielo” (2016), originalmente escritos em espanhol.
Carla na Livraria La Central (Callao)
Carla era uma jovem aventureira. Pegou um mapa, escolheu alguns destinos, Estados Unidos, Itália, Espanha e acabou decidindo por este último, porque o namorado ganhou uma bolsa de estudos no país, vieram os dois.
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“Eu vim de uma classe média alta no Brasil para ser imigrante ilegal na Espanha. Aqui eu descobri o valor de construir a vida de baixo para cima. A série de dificuldades que o imigrante enfrenta para conseguir os papéis, a forma como é tratado, como se isso fosse quase um delito, um crime, por você não ter um pedaço de papel. É incrível como tratam os imigrantes aqui. Eu sofri na pele as dificuldades, o preconceito por ser brasileira, no entanto, eu sou uma brasileira privilegiada, porque eu vim pra cá com uma bagagem, universitária, com mais facilidade para aprender o idioma.“ (Carla Guimarães) Foi nessa fase complicada, que Carla começou a escrever “Peces que llueven del cielo”, ela tinha muita saudade do Brasil: “eu tinha muita saudade de uma ideia que eu tinha do Brasil que sempre carregava comigo, que era o Brasil da minha infância, talvez seja a época mais idílica da nossa vida.” Mas não terminou, ficou inacabado. Carla escreveu em espanhol, porque pensava que se quisesse trabalhar na Espanha no seu ofício, teria que dominar a língua para ter mais oportunidades. O livro ficou sem acabar, porque ela considerava que estava ainda na fase de “luto migratório”, não conseguia cortar os laços com o Brasil. Alguns anos depois, voltou a escrever, mas foi sobre outra coisa, acabou escrevendo uma história sobre o carnaval, “que não é nada pessoal”. Ela conta como é o carnaval de Salvador durante seis dias, “quase como uma cronista”.
Carla na Livraria La Central (Callao)
A soteropolitana vive da escritura na Espanha, seja na imprensa ou na ficção, Carla conseguiu o seu espaço com muito esforço, perseverança, estudo e trabalho:
O assunto da imigração toca muito profundamente a escritora, inclusive utilizou o tema na sua tese de doutorado. Estudou escritores espanhóis e como abordaram o assunto da imigração nas suas obras. O processo criativo em Carla começa com assuntos que a motivam e tocam pessoalmente, e a partir daí começa a pesquisar. Carla escreveu uma obra para teatro sobre a história de uma atleta da Somália que chegou em último lugar nas Olimpíadas de Pequim. Essa atleta acabou falecendo durante a travessia em um barco clandestino à Europa. Uma história real. Outra história curiosa: antes de prestar vestibular, a conselho do pai (Sérgio, agrônomo), saiu por diversas faculdades para assistir aulas e assim poder decidir com mais propriedade qual carreira seguir. Assistiu uma aula de Botânica, outra de Direito e entrou em uma aula no Instituto Médico legal, onde estavam realizando uma autópsia em um indigente. “A experiência foi terrível”. Carla passou mal na saída. “ Era um homem negro, muito magro e tinhas as unhas pintadas de vermelho. Quem era esse homem?”. Essa história acabou virando literatura, está em “Os últimos
dias de carnaval”. “Peces que llueven del cielo”, título que veio de uma expressão que a mãe da escritora utilizava: “Quando chover peixes do céu”. A obra trata da história de uma jovem personagem que passou da infância à adolescência nos anos 80, junto com o Brasil, que passou da ditadura à democracia provocada pelo movimento civil “Diretas já”. Os nomes dos personagens são reais e a profissão da protagonista é o mesmo da escritora, esses fatos remetem à ideia de uma obra autobiográfica, mas a autora afirma “é ficção”. Apesar do começo difícil, Carla hoje está completamente integrada e feliz no país que escolheu para viver. Tem a dupla nacionalidade e foi na Espanha que conseguiu o primeiro trabalho, a independência, além do sonho de poder viver da escrita. Você pode encontrar a obra de Carla Guimarães, “Peces que llueven del cielo” nas melhores livrarias da Espanha. Uma obra recomendadíssima!
Guimarães, Carla “Peces que llueven del cielo”, Ambulantes, Madrid, 2016. 29
EDITAL DE CASAMENTO
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Para publicar o seu edital de casamento, escreva para: director@revistabrazilcomz.com
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GASTRONOMIA
A boa gastronomia espanhola em São Paulo: “Clos”
Por Fernanda Sampaio Carneiro
O paulistano Marcelo Fernandes é um “restauranter” proprietário de quatro restaurantes de comida internacional em São Paulo: o Kinoshita (japonês), o Attimo (italiano), Mercearia do Francês (francês) e o Clos. Sobre este último ele nos falou especialmente, já que é especializado em gastronomia espanhola. O “Clos”, restaurante especializado em gastronomia española na capital paulistana. Como surgiu a ideia desse restaurante e o porquê desse nome? M.F.– O Clos interpreta e nasce de algumas viagens que fiz na Espanha. Impressionado com a cozinha espanhola, cores e o modo de se alimentar, fiz do Clos uma maneira pessoal de mostrar a Espanha em São Paulo. O nome “Clos” é uma homenagem à demarcação de vinhedos, onde para o produtor, encontra-se lá o melhor do seu “terroir” para que as uvas se desenvolvam e delas saiam espe32
taculares vinhos. Ao entrar no Clos Restaurante você se depara com uma alta parede de pedras o que faz remeter aos Clos que geralmente são murados. Quem são os clientes habituais do Clos, mais brasileiros ou frequentam os imigrantes espanhóis? M.F.– Embora recebermos uma grande demanda de espanhóis, turistas ou já residentes no Brasil, temos um público variado, com grande frequência brasileira, francesa e japonesa em especial.
Qual é o conceito e quais são as especialidades do Clos? M.F.– Temos hoje no Clos uma cozinha espanhola contemporânea. Uma leitura própria de como preparar pratos com ingredientes espanhóis como o saboroso jamón, mas sem deixar de fora as inúmeras possibilidades de ingredientes brasileiros, sazonais e de pequenos produtores. Os peixes, frutos do mar e legumes são especialidades por aqui. Marcelo, qual é a sua relação com a Espanha, você sempre visita o país?
M.F.– Tenho um carinho especial pela Espanha e espanhóis, todos os que conheci foram hospitaleiros. Fui algumas vezes e já estou programando um breve retorno para prestigiar alguns restaurantes, conhecer novos fornecedores e provar na ‘raiz’ os produtos que trabalhamos no Clos. Qual é o prato estrela do Clos, qual você recomenda? M.F.– Considero a entrada ‘Lula e alho-poró grelhados, jamón, castanha do Pará e agrião’ com muita identidade e sabor ímpar, que, aliás, pode ser apreciado na terraza do restaurante, parte da casa que ultimamente tenho frequentado bastante, é arejada, ao ar livre e possui música ambiente. Também ressalto o “Polvo grelhado, funcho, creme de pimentão vermelho e consommé de camarão com toque cítrico”, ambos são bons pedidos para começar! Você especializou- se na alta cozinha internacional, mas e a gastronomia brasileira, não entra nos seus planos? M.F.– Com certeza. Tenho esse projeto aguardando uma oportunidade para nascer!
O Clos é citado na “Guia Michelin de São Paulo & Rio de Janeiro”, o único restaurante espanhol de São Paulo com uma estrela. Qual é o diferencial do Clos, por que você acha que o restaurante entrou para esse conceituado guia gastronômico? M.F.– A receita está na atenção no dia-a-dia, o cuidado com os detalhes, hospitalidade e treinamento da equipe, ambiente e claro, uma comida maravilhosa. Vejo o destaque no guia como uma grande motivação e a certeza de estarmos caminhando no rumo certo. Sem dúvida é resultado de um comprometimento em conjunto com todos os colaboradores que lá estão. E na Espanha, quais são os seus restaurantes e pratos preferidos? M.F.– Tive bons momentos em restaurantes estrelados, assim como em casas menores e familiares, boa parte deles com identidade e atenção ao que fazem, e quanto aos pratos, gosto dos clássicos como a paella e o jamón, mas prefiro me surpreender com criações e releituras dos chefs espanhóis.
Lagostim com barriga de porco laqueada, creme nabo, limão confit e espinafre. Clos Rua: Domingos Fernandes, 548 – São Paulo www.closrestaurante.com.br 33
AUMENTA O SOM!
Veja os recentes lançamentos musicais no Brasil
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MPB “Um lado meu que você não conhece”, de Manu Lafer e Dori Caymmi:
“Ela”, álbum de estreia da carioca Clara Gurjão:
“O perfume da memória”, de Oswaldo montenegro, é a trilha sonora do filme homônimo, que também será lançado esse ano.
Samba
Sertanejo
Pique novo, grupo de pagode do Rio de Janeiro:
“Na praia”, da dupla paulista de sertanejo universitário:
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NOTA OBAMA EM CUBA DEPOIS DE 88 ANOS
A nossa nota zero vai para a lamentável situação que o nosso Brasil vem enfrentando. O país dividido, desunido, faz com que os reais problemas fiquem para segundo plano. Menos polêmicas, mais honestidade e trabalho, mais ação é o que pedimos ao governo brasileiro e também para a oposição! O IBGE informou no dia 3 de março, que o PIB (produto interno bruto, que mede a riqueza do país) caiu um 3,8% e a economia voltou ao nível de 2011.
A melhor notícia de março, sem dúvida, foi a histórica visita do presidente americano Barack Obama a Cuba, país que vive um regime ditatorial. Depois de 88 anos, finalmente, um presidente americano volta a pisar em solo cubano. Obama chegou com a primeira dama, Michelle Obama, e as filhas, no dia 21 de março e ficaram até o dia seguinte, para tentar selar acordos econômicos e diplomáticos com Raúl Castro, que está mais aberto ao diálogo que o seu predecessor e irmão, Fidel Castro.
CRISE POLÍTICA E SOCIAL NO BRASIL
NOTA
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A NOSSA HISTÓRIA
IMIGRAÇÃO ESPANHOLA NO BRASIL,
POR ONDE ANDAM OS HISPANO-BRASILEIROS?
Paulo Medford Brandão Historiador e pós- graduando em Educação
A
imigração espanhola no Brasil ocorreu nos séculos XIX e XX, grande parte veio para trabalhar nas lavouras de café em São Paulo, mas muitos também migraram para centros urbanos, dedicando-se ao comércio. Não há dados oficiais, mas estima-se que 4,4 milhões de brasileiros sejam descendentes de espanhóis, o que seria equivalente a 9% da população brasileira. Segundo o jornal espanhol El País, existe cerca de 10 a 15 milhões de brasileiros com descendência espanhola, considerando- os indivíduos já bastante miscigenados. Mas não há dados oficiais, apenas estimativas, pois o IBGE não pesquisa no censo a ancestralidade de cada individuo há décadas. A imigração espanhola é pouco conhecida entre os brasileiros, que durante todo período escolar possui mais conhecimento da imigração italiana, portuguesa e alemã. No século XIX a situação agrária na Espanha ficou insustentável, obrigando milhares de camponeses pobres a buscarem melhores condições de vida nas Américas. O Brasil fica atrás apenas da Argentina e Cuba, como países que mais receberam imigrantes espanhóis no mundo. A vida dos espanhóis no Brasil foi muito difícil no século XIX e começo do século XX, pois não eram aceitos pela elite brasileira, que os consideravam inferiores aos anglo- saxões e germânicos. Sendo os italianos o único grupo latino bem- vindo ao Brasil, e os portugueses vieram para manter a unidade lusitana no país. Inicialmente, os espanhóis viviam na miséria, analfabetismo e rejeição, o que 36
fez muitos deles imigrarem de volta à Espanha ou países do Prata, como Argentina e Uruguai, mas a imensa maioria continuou no Brasil, e com o tempo foi prosperando e contribuindo com o desenvolvimento do país ao longo do século XX. Os principais estados de destino dos imigrantes espanhóis foram São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Em São Paulo, dedicaram-se às lavouras de café, e mais tarde, ao comércio, em sua maioria foram originários de Andaluzia. No Rio de Janeiro e Bahia, grande parte dedicou-se ao comércio e eram originários da Galícia, sendo que na Bahia, foi o maior grupo de imigrantes presentes no estado, deixando como herança, clubes de futebol, hospitais, escolas, institutos, etc. A região da Galícia possui algumas curiosidades interessantes, localizada no noroeste da Espanha, fala o dialeto galego, muito semelhante ao português, o que facilitou a sua integração com os brasileiros. Na Galícia há grande número de pessoas loiras, menos comum no restante da Espanha, isso ocorre principalmente porque foi uma região mais isolada, ocupada pelos povos bárbaros, do grupo germânico, na época da queda do Império Romano, no século V; essa região não foi ocupada pelos Árabes na Idade Média, ficando etnicamente mais intacta que o restante da Espanha, onde houve muitas mudanças ao longo dos séculos. Por conta das características da população, o brasileiro, principalmente da região nordeste, passou a usar o termo ‘’galego’’ para designar qualquer pessoa de cabelos loiros, como os alemães ficaram concentrados na região sul, o fenótipo loiro ficou mais comum no nordeste e no Rio de Janeiro por conta dos galegos da Galícia. Entre as personalidades brasileiras de descendência espanhola, estão as cantoras Gal Costa, Ivete Sangalo e Carla Perez; as atrizes Daniela Escobar, Luciana Gimenez e Tania Khalill, a apresentadora Fernanda Lima; o empresário André Sanchez e o ex-político Mario Covas; entre outros.
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A tradição católica na Espanha:
A Semana Santa Por Fernanda Sampaio Carneiro
Catedral de Almudena
De acordo com o Centro de Investigações Sociológicas (2015), 68% dos espanhóis declaram- se católicos. A Catedral de Almudena é a igreja principal de Madri, a santa que leva o seu nome é a padroeira da cidade. Acompanhamos a “Procissão de ramos” no domingo (20/03), simbolizando a entrada de Jesus em Jerusalém e o processo de “salvação da humanidade” que dura sete dias, até o domingo de Páscoa. Veja.
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As irmandades. Participam da procissão várias irmandades, como “La Hermandad de La Borriquita” e “Los Estudiantes”, cada qual com sua maneira particular de vestir-se. Os fiéis acompanham a procissão com ramos de alecrim, palmeira e oliveira.
A procissão foi acompanhada pela banda de cadetes “Jesús Rescatado” com um repertório belo e solene.
Diferente do que acontece normalmente no Brasil, a multidão não reza nem canta ladainhas, o silêncio é absoluto.
Jesus Cristo montado em um burrinho simbolizando a entrada em Jerusalém, o início do seu calvário, a “via crucis”, crucificação, morte e ressurreição. 39
Residentes da “Calle Bailén” observando a procissão.
O traje dessa irmandade chama atenção. A procissão seguiu para a “Calle Mayor”, começou a chover, mas seguiram adiante.
Na manhã do dia 20 de março, o arcebispo de Madri, monsenhor Osoro realizou uma missa e deixou um recado aos fiéis:
O andor é bastante pesado, são necessários vários homens para carregá- lo. Os militares também participam da procissão (e tiram “selfies”).
“Nunca, nunca deixem que roubem Deus de vocês, e nem deixem que esse mundo exclua a Deus”.
Quer conhecer a Catedral de Almudena? Calle Bailén 10. 28013. Madrid. informacion@catedraldelaalmudena.es www.catedraldelaalmudena.es
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ESPANHA FÁCIL
NACIONALIDADE ESPANHOLA POR RESIDÊNCIA. QUANDO PODEREI SOLICITÁ-LA? O código civil espanhol em seu artigo 22, estabelece: 10 anos de residência: Casos gerais. 5 anos de residência: Refugiados e asilados. 2 anos de residência: Estrangeiros de países ibero- americanos, Portugal, Guiné Equatorial, Andorra, Filipinas e Sefarditas. 1 ano de residência: 1- Nascidos em território espanhol; 2- O que não exercitou a faculdade de adotar a nacionalidade espanhola; 3- O que esteve sujeito à tutela, guarda de um cidadão espanhol ou instituição espanhola durante ao menos 2 anos consecutivos, inclusive se continua estando nesta situação no momento da solicitação. 4- O que tiver, no mínimo, 1 ano de casamento com cidadã(o) espanhol(a), e não estiver separado legalmente. 5- O viúvo(a) de espanhol(a), desde que no momento em que faleceu não constasse separação legal. 6- O nascido fora da Espanha de pai ou mãe, avô ou avó, que fossem espanhóis de origem. Importante comentar que em todos os casos descritos acima a residência deve ser legal, continuada e imediatamente anterior ao pedido de nacionalidade espanhola.
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DE CAFÉ POR BARCELONA
HOJE O CAFÉ É NO MUNDO MÁGICO
DE PUDDING Mônica Barbosa
professora e blogger www.decafeporbarcelona.com
Sabe aquele lugar onde criança pode ser criança e um adulto, mesmo sem querer ser criança, acaba sendo? Pois é, ele existe, está em Barcelona e se chama Pudding. Não sei dizer quantas vezes estive em Pudding. Sei que muitas vezes fui com amigas e outras muitas com a família, mas em todas, sem exceção, eu me maravilhei como se entrasse ali pela primeira vez. É impossível ficar indiferente à decoração do lugar; seu teto revestido de vermelho e branco me lembra o mundo do circo, suas paredes pintadas com motivos de uma floresta encantada fazem com que o meu imaginário infantil renasça e os cogumelos gigantes fazem com que nos sintamos dentro da história de Alice no País das Maravilhas. Um globo terrestre, livros e jogos em uma grande mesa na parte de baixo do local completam esse ambiente divertido e mágico. Para começar, eu gosto muito da maneira como eles tratam as crianças, todas as vezes que fui com meu filho não faltaram papel, lápis de cor ou um jogo para distraí-lo. Criança se cansa rápido dos lugares, come e já quer ir embora, e nem sempre é possível continuar conversando ou saborear um pouco mais o teu lanche se não há alguma coisa que a distraia. Mas ali temos um golpe de ar, podemos estar mais relaxados, porque esse é, sem dúvida, um espaço Child-friendly. Sempre recomendo para
amigos ou conhecidos com filhos e posso dizer que até agora todos gostaram muito. E sobre o tema comida, esse é outro ponto forte de Pudding. Seus bolos, sanduíches e quiches são deliciosos, novas receitas regularmente são testadas para agradar e surpreender sempre ao cliente e além disso, oferecem produtos sem glúten. Os celíacos agradecem. Diante de tantas saborosas opções, não sofra se você duvidar na hora de escolher o que pedir, afinal, não é o único que precisa de alguns minutos de concentração antes de fazer o pedido. O melhor a fazer é voltar outras vezes e assim ir provando tudo que fazem por ali. Também gosto muito da política que eles têm que é a de comprar os ingredientes para suas receitas com provedores locais e assim fomentar a economia local. Outro ponto positivo para Pudding. Além de um ótimo lugar para um encontro entre amigos, para estar tranquilo lendo um livro, Essa cafeteria é também uma opção para pais que buscam atividades interessantes para os pequenos da casa. Oficinas de idiomas, competições de xadrez, concursos de desenho, festa de halloween são algumas das atividades realizadas nesse espaço. Sem contar, que também, é possível organizar uma festa bem criativa de aniversário com temas que fogem bastante aos já batidos Frozen ou Super-heróis, no seu lugar as opções podem ser, entre outras, Sherlock Holmes ou Harry Porter. Pudding Barcelona Calle Pau Claris, 90 Teléfono: 93 676 10 25 www.puddingbarcelona.com
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PSICOLOGICAMENTE
FAZER SÓ O QUE SE PODE
CONTAR
Dr. Samuel Couto Cabral
Teopsicoterapia.samuel@gmail.com
S
e fosse preciso, você contaria ao seu melhor amigo, a sua mãe, ao seu pai, ao seu esposo(a) tudo o que fez e continua fazendo? Evidentemente cada um de nós tem um mundo particular, confidencial, privativo e de integridade pessoal. Todos esses valores, indiscutivelmente, precisam ser cuidados, mantidos e respeitados. Mais ou menos 25% de nossa vida pessoal é o nosso território confidente, secreto e que ninguém pode invadir e não tem o direito de interferir. Mesmo assim, não nos dá liberdade de fazer o que queremos, do jeito que fazemos e que não podemos contar. É muito duro e feio dizer a você, porém vou te dizer: “Se você fizer alguma coisa que não pode contar é porque você não presta.” Evidentemente, não vamos sair por aí contando a todos tudo o que fizemos, mas se for preciso contar, podemos. Muitas pessoas se gravassem tudo que fizeram durante um só dia, certamente ficariam com vergonha e se sentiriam humilhadas por elas mesmas. Não são poucas as pessoas que vivem em uma constante gangorra, em uma turbulência interna e externa, não têm paz, deixaram a alegria escapar, se escondem da gente por causa de condutas e atitudes que fizeram e que nunca poderão contar. Às vezes as pessoas destroem sua credibilidade e integridade pessoal com atitudes destrutivas. Não podemos fugir da realidade de que o mundo atual está formado por uma sociedade muito informada, porém, pouco educada. Percebemos que já está instalada na sociedade uma carência de refazer o caráter humano, rever e recuperar os bons princípios que ficaram esquecidos lá atrás.
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Vivemos um momento certo e muito oportuno de tomar consciência e se dispor a repassar, moldar, reestruturar e refazer por completo o nosso caráter e formar um novo manequim que reflita ao mundo uma imagen cujo perfil é de um MANEQUIM GENTE elegante por dentro e por fora reformatado com novas condutas. Coisas que não podem ser contadas caracterizam- se por atitudes venenosas que deformam a sua reputação e roubam de você a paz, a amizade, bons amigos(as) e sua saúde. Fazer coisas que não podem ser reveladas devastam valores pessoais, enfermam e desestabilizam seu futuro. Afinal, como solucionar este dilema, que é deixar de fazer o que não pode contar? Isto se soluciona fazendo tudo o que se pode contar e deixar de fazer tudo o que não pode ser contado. Planeje uma soma gradativa de boas atitudes que desmancham a fileira de atitudes que geram coisas que não podem contar. Substitua uma coisa pela outra…isto é, o que chamamos de auto- remanejamento levando você mesmo ao encontro de boas atitudes, fazendo continuamente o bem a si mesmo através de ações pessoais que se pode contar. Salve a sua própria pele com as suas próprias mãos usando a sua inteligente a favor de si mesmo. Vai dar certo, é só começar a fazer tudo que pode contar.
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COM SABOR E SAÚDE
ADOÇANTES, VOCÊ SABE O QUE SÃO?
Mayra Mendes May Nutricionista e pós-graduada em Nutrição e Obesidade.
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les estão presentes em muitas casas, mas aposto que a maioria das pessoas não sabe muito bem sua composição, origem, e perigos. Pensando nisso, escrevo esse artigo para esclarecer todas esas dúvidas. O que são os adoçantes? Também conhecidos como edulcorantes, eles são substâncias de baixo valor calórico (alguns tem zero caloría) e proporcionam o sabor doce. Além disso eles podem ser classificados em dois tipos: artificiais e naturais. Os adoçantes artificiais são produzidos através de processos industriais específicos. Entre os mais conhecidos estão o aspartame, o ciclamato e a sacarina. O aspartame é provavelmente o pior deles. É um produto relativamente novo e seu consumo é proibido para àqueles com fenilcetonuria e contra-indicado porque causam efeitos colaterais. Amplamente estudado, seu consumo já foi relacionado ao aparecimento de cáncer. Outra observação é que o aspartame perde o sabor quando submetido a temperaturas superiores a 120 °C. Seu poder adoçante é 200 vezes superior ao da sacarose, ou seja, é necessário uma dose 200 vezes menor que a dose de açúcar. O ciclamato é 50 vezes mais doce que o açúcar e segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), pode produzir câncer, mutações e alergias. Os ciclamatos estão proibidos em alguns países como os Estados Unidos, Japão, Inglaterra e França. Seu uso é contraindicado para grávidas. Outro adoçantes proibido em alguns países é a sacarina, pois acredita-se que seu consumo seja prejudicial à saúde. Assim como o ciclamato, não é aconselhável o seu uso por mulheres grávidas.
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Já os adoçantes naturais são aqueles extraídos diretamente de plantas ou adquiridos através de processos biotecnológicos. Entre eles estão a frutose, que é o açúcar encontrado nas frutas. É muito utilizado por diabéticos e também na fabricação de produtos para diabéticos. Como os demais adoçantes, seu consumo deve ser controlado. A glicose, que é um componente da sacarose e é o açúcar mais utilizado pelo corpo para a produção de energia. A sacarose ou açúcar de mesa, é obtido da beterraba ou da cana-de-açúcar. E como não citar um dos açúcares mais polémicos? A lactose nada mais é que do que o açúcar do leite, porém possui baixo potencial de dulçor. Outra opção que vem ganhando popularidade últimamente é a Stevia. A Stevia é um adoçante natural que muitos desaprovam por ter um sabor característico (e um pouco desagradável), mas graças aos seus beneficios para a saúde (especialmente para os diabéticos), ela tem ganhado adeptos. As melhores opções são o açúcar mascavo e o mel, que são muito mais saudáveis nutricionalmente falando, porém podem provocar o mesmo aumento de glicose que o açúcar refinado causa, além de engordar. Mas, se usados com moderação, são bons substitutos do açúcar branco refinado, na hora de adoçar algum alimento ou bebida. Sempre recomendo as fontes mais naturais possíveis e meu conselho é realmente a redução do consumo e não a substituição do açúcar comum por um adoçante, na tentativa de ser mais saudável. E quanto aos adoçantes artificiais, eles realmente não devem ser consumidos. Se você é consumidor de algum dos adoçantes artificiais citados acima, considere uma mudança de hábitos.
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UM ESTRANHO NO CINEMA
NO MEIO DO CAMINHO TINHA
UM URSO Gerson de Almeida comentarista de cinema.
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té onde você iria para realizar uma vingança? Aliás, até que ponto valeria a pena viver para realizá-la? Vale a pena jurar o resto dos seus dias à concretização dessa promessa? Em O Retorno (The Revenant), apesar das três perguntas serem propositalmente idênticas, Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) descobriu que não: a vingança está fora de suas mãos, por mais perto que esteja de ser realizada. Depois de quase ser esquartejado por um urso, quase perder a voz, que por pouco não lhe foi arrancada junto com sua cabeça, ter o filho assassinado, rastejar por mais da metade do filme usando o casaco de pele que molhado chegava a pesar 50kg, ser perseguido por índios sedentos de sangue, dormir dentro da carcaça de um cavalo, (depois de ser deixado para morrer!), Glass fez da sede de vingança a vontade de viver. Se, depois dessa atuação que dispensa – com todo mérito! – adjetivos como “convincente”, “esplêndido” e até o “magnífico”, DiCaprio não ficasse com a estatueta (só o urso pode tirá-la de suas mãos), deveria mandar Hollywood às favas! Enfim, levou. A fotografia é maravilhosa e, depois de saber que tudo foi rodado com luz natural, fica nítido o porquê Emmanuel Lubezki pôde ganhar o terceiro Oscar consecutivo, algo inédito e mais que merecido (conseguiam filmar pouco mais de uma hora por dia, as paisagens são deslumbrantes). Figurino e caracterização são espetáculos à parte. Quem olha pra Tom Hardy, ainda que na tela, teme sua ambição desenfreada e seu olhar diabólico. O antagonista 48
à altura das exigências; como em todos os personagens, é característica, semblante por semblante, a dificuldade que é enfrentar as agruras da natureza e a estupidez humana. Não há o que comentar da direção de Iñárritu. Tão centrado no que queria filmar, contratou um meteorologista para ajudar nas locações. O que se vê na telona confirma o excelente trabalho. Detalhe: o filme tem poucas falas, dada sua extensão. Nenhum personagem parece ter sido vacinado com agulha de vitrola... (Ouviu Tarantino?) Os personagens passam muito do que sentem e intuem em olhares e gestos desesperados. O próprio Di Caprio, na cena em que vê o filho ser esfaqueado por Fitzgerald (Tom Hardy), me fez crer que fosse mesmo um caçador do século XIX pai daquele índio com qual se comunicava praticamente por sussurros. Agora minha atuação favorita: De quem?! Do urso! Não sei como o Peta pode se envolver, mas o bola de pelo merece prêmio (nem foi indicado. Quanta injustiça! Ninguém se arvora boicotar a cerimônia em defesa da maior atuação animal desde o tubarão de Spielberg e da baleia de John Houston?). As cenas do ataque foram tão impactantes, a ferocidade do animal foi tamanha que, caso o filme se reduzisse àquela sequência, a Academia teria problemas coma a premiação, pois não diminuiria em nada a grandiosidade da película.
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NOSSOS DESTINOS
Adriana Rivas
Blogger de viagens www.oladobomdetudo.com
O MAIOR PARQUE DE TULIPAS DO MUNDO
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eliciosos dias primaveris aqui no hemisfério norte. E as flores, essas maravilhas, são as protagonistas da estação mais colorida das áreas de clima temperado, como é o caso da maioria dos países europeus. Amendoeiras pincelam a paisagem com tons que vão do branco ao rosado. Margaridas indiscretas brotam de gramados graciosamente negligenciados. Por outro lado, jardins cuidadosamente planejados exibem novas cores e formas, exemplificando a união perfeita entre a exuberância da natureza e a elegância do trabalho humano. Para estes dias, uma sugestão de passeio é visitar o Keunkenhof, situado na pequena cidade de Lisse, na Holanda. Este, que é o maior parque de tulipas e outras flores de bulbo do mundo, está a 30 minutos em trem da cidade de Amsterdã e só abre na primavera, por motivos óbvios. Durante o restante do ano, porém, não se enganem, o trabalho é árduo e quase artesanal, dando origem a jardins cheios de encanto. O local que hoje é um nascedouro de milhões de flores, no passado foi jardim do castelo da condessa Jacoba van Beieren, de onde eram colhidas ervas para abastecer a cozinha da sua residência. Vem daí o nome do parque, que significa “jardim da cozinha” ou horta, em holandês. Aqueles que têm fascinação por essas flores tão adoráveis e de origem turca (o nome tulipa vem da palavra turbante) certamente vão se extasiar. E não é exagero! De todas as cores e variedades, as belezinhas brilham em conjunto
com seus primos jacintos, narcisos, dálias e outras plantas. Cada ano há um mosaico de motivos figurativos. Outra tradição é o esperado rio de jacintos. Um suntuoso caminho de centenas e centenas de jacintos de cor azul inspira os visitantes a imaginar ali o leito de um rio. Tulipa é uma flor que é belíssima sozinha e, junto com outras da mesma cor, tem o poder de colorir extensas áreas de terra e formar bonitos desenhos ou simplesmente compridas faixas que pintam o horizonte. Quem deseja conhecer esse fantástico parque pode se hospedar em Amsterdã e, dali, pegar um trem para o aeroporto Schiphol, onde há uma parada de ônibus especialmente para quem quer fazer uma visita ao parque. No posto de vendas, em frente à parada, há a possibilidade de se adquirir um combo ida+entrada+volta por 29 €, segundo o site oficial. O parque é magnífico. O clima é muito tranquilo e de alegria. Totalmente adaptado e acessível a cadeirantes, é comum ver muitas pessoas dando seu passeio em suas cadeiras de rodas. Gente de todas as idades passa ali um tempo muito agradável. E quem tem cãozinho de estimação pode levá-lo desde que este esteja na guia todo o tempo. Os cachorrinhos podem acompanhar suas famílias por todo o parque, menos nos restaurantes. Os únicos cachorros que podem entrar em qualquer lugar são os cães-guias, claro. Este ano o Keukenhof fica aberto até 16 de maio. Depois, só na próxima primavera. Boa viagem! Maiores informações no site: keukenhof.nl
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1º
: l i r b de a
a r i t n e a da M
Você já parou para pensar qual é a origem desse dia? Teve gente que pesquisou sobre o assunto, veja:
Di
“Tudo começou quando o rei da França, Carlos IX, após a implantação do calendário gregoriano, instituiu o dia primeiro de janeiro para ser o início do ano. Naquela época, as notícias demoravam muito para chegar às pessoas, fato que atrapalhou a adoção da mudança da data por todos. Antes dessa mudança, a festa de ano novo era comemorada no dia 25 de março e terminava após uma semana de duração, ou seja, no dia primeiro de abril. Algumas pessoas, as mais tradicionais e menos flexíveis, não gostaram da mudança no calendário e continuaram fazer tal comemoração na data antiga. Isso virou motivo de chacota e gozação, por parte das pessoas que concordaram com a adoção da nova data, e passaram a fazer brincadeiras com os radicais, enviando-lhes presentes estranhos ou convites de festas que não existiam.Tais brincadeiras causaram dúvidas sobre a veracidade da data, confundindo as pessoas, daí o surgimento do dia 1º de abril como dia da mentira. Aproximadamente duzentos anos mais tarde essas brincadeiras se espalharam por toda a Inglaterra e, consequentemente, para todo o mundo, ficando mais conheci52
da como o dia da mentira. Na França seu nome é “Poisson d’avril” e na Itália esse dia é conhecido como “pesce d’aprile”, ambos significando peixe de abril. No Brasil, o primeiro Estado a adotar a brincadeira foi Pernambuco, onde uma informação mentirosa foi transmitida e desmentida no dia seguinte. “A Mentira”, em 1º de abril de 1848, apresentou como notícia o falecimento de D. Pedro, fato que não havia acontecido. Walt Disney criou uma versão para o clássico infantil Pinóquio, dando ênfase à brincadeira, mostrando para a criançada o quanto mentir pode ser ruim e prejudicial para a vida das pessoas. Ziraldo, um escritor brasileiro da literatura infanto-juvenil, também conta histórias sobre as mentiras, através do tão famoso personagem, o Menino Maluquinho. Em “O Ilusionista”, Maluquinho descobre o mal provocado por roubar, fingir e mentir. Pregar mentiras nesse dia é uma brincadeira saudável, porém o respeito e o cuidado devem ser lembrados, para que ninguém saia prejudicado, afinal, a honestidade é a base para qualquer relacionamento humano.” Fonte: BARROS, Jussara de. "Dia da Mentira – 1º de Abril"; Brasil Escola.
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O ESTILO BOHO CHIC
The Plumas
Helena Pereira de Queiroz
por Luana Priuli @luanapriuli
A paulista Helena Pereira de Queiroz, estudante de arquitetura, mora há 6 anos em Madri. Desde adolescente desenvolve inúmeros trabalhos artesanais: pinturas, esculturas de argila e as famosas pulseirinhas de miçanga. O projeto THE PLUMAS começou em Madri. “Foi aqui que eu vi que devia tentar fazer isso ir mais longe. Eu no Brasil sempre usava brincos de penas, temos uma casa fora de São Paulo (Vale do Paraíba), e catava penas que encontrava pelo caminho, e muitas vezes sem saber o que fazer com elas, outras vezes eu fazia um enfeite pro cabelo ou o típico brinco de pena de um lado só, mas eram momentos de inspiraçao que vinham e iam.” Após algumas pesquisas, Helena descobriu o earcuff, demorou algum tempo para produzir um brinco nesse estilo (resultado na página ao lado, com penas de pavão que ganhou de uma amiga). “Um ano depois eu resolvi usá-lo em uma manifestação e as mulheres começaram a me perguntar onde eu comprei, então na verdade as primeiras foram feitas sob encomendas, eu prefiro trabalhar assim.” Existe uma preocupação na escolha dos materiais: “Achei uma loja em Madri que vende penas de aves de dentro da Espanha, e ela tem um tipo de denominação de origem que garante que as penas não são de animais de criadouro, consegui isso por um preço muito justo e fico muito feliz com os resultados, mas sempre estou buscando novos fornecedores.” 54
MODA
O
processo criativo é personalisado, voltado para as escolhas dos clientes, e o tempo de produção pode variar muito. “O importante é eu olhar pro trabalho final e dizer em voz alta “nossa esse eu quero pra mim.” Os apliques de cabelo foram recém lançados. O próximo desafio é fazer uns cocares, para um grupo de música. “Me parece um trabalho incrível, estou super nervosa, quem sabe para a primavera e verão não tenhamos cocares ao invés de flores de plásticos na cabeça?!” Os brincos podem ser comprados ou encomendados pela página no facebook THE PLUMAS e na lanchonete Sabor Tapioca em Lavapiés. O preço está na faixa de 7 euros. “Como eu e o capitalismo sofremos de uma crise existencial profunda, eu ainda aceito trocas, acho que o mais importante é todo mundo sair feliz, e ganhando.” Agradecimentos: Fotos: Luciana F.Silva (cargocollective.com/lucianafsilva) Locação: Liber Arte Cantina Cultura Madrid
modelo earcuff com penas de pavão
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FOTÓGRAFO: ADOLFO GOSÁLVEZ MODELOS: TATIANE DOS SANTOS, SUSANA MANGLANO E LILIS RODRÍGUEZ ESTILISMO: MÓZ MODA MAQUILLADORA: MARYORIE TICSE
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FALANDO EM LITERATURA...
TESOUROS LITERÁRIOS
“PERDIDOS” EM MADRI
Fernanda Sampaio Carneiro Editora BrazilcomZ e mestre em Literatura Comparada
Nos sebos espalhados pelo mundo é possível encontrar verdadeiras joias literárias: livros raros, autografados, primeiras edições, tudo isso carregado de recordações de pessoas e épocas. Veja alguns desses tesouros que encontrei em uma livraria discreta em um bairro de Madri (Quintana), longe do burburinho do centro. A “Salambó” (título de um livro de Gustave Flaubert) funciona há 20 anos e é administrada pelo casal de antropólogos Beatriz Miguel Azcarraga e Enrique Rontomé Notario. Veja: Na Salambó existe um exemplar de “Bahia: imagens da terra e do povo”, de Odorico Tavares (Timbaúba, 1912 Salvador, 1980), um intelectual pernambucano que era radicado na Bahia. A edição é de 1951, entre suas páginas estão uma foto antiga, convites de eventos, recortes de jornais e anotações do seu antigo dono, além de estar autografado pelo autor, isto tudo a torna mais rara (e cara). Esse livro ainda não tem preço, a dona da livraria está investigando quanto vale cada elemento. O dono do livro era um espanhol mandado ao Brasil na época da ditadura espanhola. Beatriz também não permite revelar o seu nome, pois quer manter a privacidade da família que vendeu a coleção do já falecido proprietário. Só quem comprar irá saber. 58
Outro livro valioso é o do escritor austríaco Stefan Zweig (Viena, 28/11/1881 - Petrópolis, 23/02/1942), “Brasil: país de futuro”, primeira edição de 1941 e autografado para Helena Ferraz seis meses antes da morte de Stefan e sua esposa Lotte, que suicidaram- se no Rio de Janeiro aonde moravam, tudo indica, por não suportarem ver a Europa dominada pelo nazismo. Há também um cartão autografado junto com o livro.
A livreira madrilenha Beatriz Miguel escreveu um livro chamado “Las navajas de afeitar púnicas de Ibiza”, sobre arqueologia. Do ofício atual, ela diz que “não é fácil, cada vez menos os jovens lêem, a maioria das pessoas que frequentam a livraria são adultos de meia idade para cima. Vender livros de segunda mão raros é mais lucrativo, mas também mais arriscado.”
A “Salambó” vai estar na “39ª Feria del Libro Antiguo y de Ocasión”, de 30 de abril a 17 de maio no “Paseo de Recoletos”, em Madri. Essa é uma feira tradicional de livros usados. A livraria também é virtual, os livros citados (exceto o de Odorico Tavares) estão à venda no site. Outra joia literária é esse exemplar de “Pierrot e Arlequim”, do escritor e artista plástico português Almada Negreiros (Trindade, São Tomé e Príncipe, 07/04/ 1893 - Lisboa, 15/06/1970), autografado, primeira edição de 1924, em perfeito estado.
Livraria Salambó Calle Prudencio Álvaro, 34- 28027- Madrid T: 91367 46 65. www.libreriasalambo.com 59
CCBE
El Senado brasileño abre el yacimiento petrolífero Presal a la inversión externa • Retiran la preferencia que tenía la empresa pública Petrobras para gestionar al menos el 30% de cada reserva. FIRJAN espera creación de nuevos negocios y empleos El Senado brasileño ha aprobado el proyecto de ley que retira a Petrobras la preferencia sobre las reservas de la capa Presal, el gran descubrimiento petrolífero brasileño. Hasta ahora, estaba estipulado por ley que la empresa pública gestionaría como mínimo el 30% de cada yacimiento. Ahora esa participación mínima desaparece, facilitando la entrada de nuevos actores. También se termina con la obligatoriedad de que Petrobras sea la única responsable de la “conducción y ejecución, directa o indirecta, de todas las actividades de explotación, evaluación, desarrollo, producción y desactivación de las instalaciones de explotación y producción”. En opinión de los senadores que votaron a favor (40 frente a 26) de esta medida, Petrobras no va a ser capaz de afrontar en los próximos años la gran cantidad de inversiones que se necesitarán para avanzar en la explotación de estos yacimientos, y es preferible abrir el campo para otras empresas interesadas. Según la Federación de Industrias de Río de Janeiro, el cambio de la normativa es “un paso importante para retomar las inversiones y los empleos en el mercado del petróleo y el gas, que hoy se enfrenta a una grave crisis”. La FIRJAN calcula 420.000 millones de dólares en inversiones hasta el año 2030. Este estudio de la Federación también incluye una recaudación por parte de los gobiernos estatales de la zona valorada en 390.000 millones de dólares. Una parte de ese valor hace referencia al pago de royalties a cada uno de los estados productores. Estos royalties también están siendo causa de debate en el parlamento. Hay propuestas para que la cantidad obtenida mediante esa vía se destine exclusivamente a financiar la sanidad y la educación.
A cinco meses de las Olimpiadas: ajuste de presupuesto y saneamiento de las aguas La cuenta atrás hacia la inauguración de los Juegos Olímpicos sigue su curso y el mega evento del año cada vez está más presente en los medios de comunicación y en el día a día de la población carioca. En las últimas semanas se han anunciado recortes presupuestarios que afectan al número de voluntarios que trabajarán en la organización (pasan de 70.000 a 50.000) e incluso en alguna infraestructura de apoyo como el graderío flotante que iba a ser instalado en la Lagoa para presenciar las pruebas de remo. El Ayuntamiento de Río de Janeiro también se encuentra inmerso en campañas para la eliminación de posibles focos del mosquito Aedes aegypi, transmisor de Dengue y Zika. Respecto a la polémica calidad del agua de la Bahía de Guanabara (las pruebas de vela tendrán lugar en la Marina da Glória), el Consorcio Aqualogy Brasil - Labaqua, perteneciente al grupo SUEZ a través de Agbar, está realizando desde junio de 2015 y hasta después de la Olimpiada de Río de Janeiro la ejecución del proyecto de Monitoreo y Control de la Calidad de la Bahía de Guanabara. El objetivo de este contrato es actuar sobre el 80% de las fuentes de aguas negras que contaminan la bahía en la que se disputarán las pruebas olímpicas de vela, por encargo de la Secretaria de Estado de Medio Ambiente del estado de Rio de Janeiro. En concreto, el proyecto permite la implementación de un plan de control ambiental para las 150 industrias de mayor potencial contaminador de la bahía. De igual modo, también fija un plan de control para la reducción de la contaminación por hidrocarburos y mercurio en determinadas áreas altamente afectadas por actividad industrial irregular. 60
CÁMARA DE COMERCIO BRASIL-ESPAÑA Royal Air Maroc, nuevo patrocinador del Santos Uno de los equipos de fútbol más famosos del mundo, el Santos F.C., cuna de estrellas como Pelé o Neymar, llevará estampado durante todo este año el patrocinio de la aerolínea Royal Air Maroc. El contrato es de un año, renovable por otros dos. La compañía marroquí, que actualmente vuela a São Paulo, y que forma parte del Comité de Turismo CCBE, prosigue de esta forma su campaña de promoción y marketing en Brasil. El acuerdo ha sido anunciado en las oficinas del club paulista por el presidente Modesto Roma Jr y su director de marketing, Eduardo Rezende. “Estamos entrando en una nueva etapa donde el Santos consigue atraer a socios internacionales. Royal Air Maroc, aerolínea oficial del club, va a estampar su marca en nuestra camiseta y eso es un orgullo para nosotros. Queremos dar las gracias al CEO Mundial, Driss Benhima, al vicepresidente Habiba Laklalech, al director en Brasil, Mehdi El Yaalaoui y al Ministro de-Transportes marroquí Aziz Rabbah”.
Sigue avanzando el proyecto de tren bioceánico entre Perú y Brasil pasando por Bolivia El proyecto de tren bioceánico lleva tiempo en las agendas de algunos grupos de inversores americanos, europeos y asiáticos. China era el principal país interesado en esta infraestructura que podría plantar cara al Canal de Panamá. Desde Perú hasta el sudeste brasileño. La última alternativa la ha ofrecido el presidente boliviano, Evo Morales, que ha recordado a los interesados que si la red ferroviaria pasa por Bolivia el desafío será más corto y más barato. Además de China, hay más países interesados. El Secretario de Estado del Ministerio de Transporte e Infraestructura Digital de Alemania, Rainer Bomba, ha estado estudiando el proyecto durante las últimas semanas. “Muchas empresas germanas medianas, así como la multinacional Siemens y la principal empresa ferroviaria alemana, Deutsche Bahn, buscan ser parte del Corredor Ferroviario Bioceánico Central”, dijo a su vez Judith Eckert, de la Asociación Empresarial para América Latina, según declaraciones recogidas por el medio alemán Deutsche Welle. Otra empresa interesada es la suiza Molinari. La propuesta europea abarcaría la construcción de la infraestructura, así como la venta y mantenimiento de las locomotoras y demás material. Las dimensiones del proyecto son enormes, con un coste aproximado de US$10.000 millones. Eso sí, también tendrá que enfrentarse a lógicas restricciones medioambientales.
Berlín como objetivo de la industria cinematográfica brasileña El cine brasileño ha vuelto a presentar sus mejores credenciales en la Berlinale, uno de los festivales cinematográficos más importantes de Europa, y que en Brasil es tomado como referencia principal de su industria desde hace más de una década. Las cintas mostradas este año han sido Mãe só há uma, de Anna Muylaert; Antes o tempo não acabava, de Sérgio Andrade y Fábio Baldo; Curumim, de Marcos Prado; Muito romanico de Melissa Dullius y Gustavo Jahn; Das águas que passam, de Diego Zon, y Ruína, de Gabraz Sanna.
“Peces que llueven del cielo”, segunda novela de la bahiana Carla Guimarães La autora bahiana Carla Guimarães, residente en Madrid desde hace más de una década, acaba de lanzar su segunda novela, “Peces que llueven del cielo” (Ediciones Ambulantes, 2016). Guimarães, periodista, dramaturga y guionista, repasa en su nuevo trabajo, a través de los ojos de su joven protagonista y su vida familiar, una época (1984-1994) en la que Brasil pasó del régimen militar a la democracia, y destacaron la lucha indígena, el Movimiento de los Sin Tierra y el proceso de impeachment del presidente Collor de Melo. 61
É primavera! Oficialmente, a primavera chegou no dia 20 de março na Espanha. Na terra de Cervantes há um ditado que diz: “En la primavera, la sangre altera”. A sabedoria popular não mente: depois de um longo inverno, os dias começam a ser mais longos depois do equinócio de primavera. Durante a estação mais verde do ano, as pessoas ficam mais alegres e deixam para trás a melancolia dos dias cinzas. Por: Fernanda Sampaio Carneiro
Todos os anos no “Parque Quinta de los Molinos” em Madri, entre os meses de fevereiro e março, florescem as 6000 amendoeiras proporcionando um espetáculo belíssimo da natureza.
O Parque é considerado patrimônio histórico, ele foi idealizado pelo arquiteto (e dono) César Cort Botí (Alcoy, Alicante, 1893 - Alicante, 1978) que criou um jardim mediterrâneo com flores, muitas variedades de pinheiros e amendoeiras. Antes os 28 hectares pertenciam ao Conde de Torrearias, que cedeu as terras em troca de um trabalho do arquiteto. 62
Na “Quinta de los Molinos” há lugares para piquenique, moinhos, lago, ponte, grutas, fontes, uma quadra de tênis gramada, aparelhos para ginástica, parque infantil, uma casa chamada “Casa do Relógio” e um palacete.
As amendoeiras geram flores brancas e rosas.
O acesso ao parque é muito fácil, fica em plena “Calle Alcalá” no distrito “Ciudad Lineal”. Normalmente, é bem mais tranquilo que outros parques da cidade. Recomendamos o passeio!
La Quinta de los Molinos Endereço: Calle de Alcalá, 541 Horário: de 6.30 a 22 h. Metrô: Suanzes (Linha 5) (fotos: Fernanda Sampaio Carneiro) 63
IMPOSTOS
NOVIDADES FISCAIS PARA O ANO
2016
Abaixo, enumeraremos as principais novidades fiscais para o ano 2016 para pessoas físicas e jurídicas:
Para pessoas físicas: 1. A luz e o gás diminuem 0,7% e 3,3%, respectivamente, comparando com o ano de 2015. 2. As pensões sobem apenas 0,25%, enquanto que a base mínima de cotização para autônomos sobe 1%, bastante desproporcional, não? Com relação à idade de aposentadoria, alarga- se um pouco: para aposentar- se será necessário ter 65 anos e 4 meses e ter trabalhado/cotizado, minimamente, 36 anos. 3. O salário mínimo subirá 1% atingindo o valor de 655,08 euros.
Para pessoas jurídicas: 1. O imposto de sociedades passa de 28% para 25%. Com relação às pequenas empresas, na Espanha chamamos de “pymes”, se mantêm a 20%, se são empresas de nova criação permanecerá em 15%. 2. As retenções aos redimentos do capital imobiliário e mobiliário, ganâncias de patrimônio, direitos de imagem diminuem de 19,5% para 19%.
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4. Com relação à cota de autônomos que se paga à seguridade social, a base mínima de cotização que paga 80% dos autônomos atualmente, sobe 1% de 884,40 a 893,10 euros mensais, passam a pagar de 264,44 a 267,04 euros no ano 2016. Ou seja, um autônomo em dezembro de 2016 pagará 372 euros a mais com relação ao ano 2015. Com relação a autônomos societários sobe até 318 euros. A base máxima de cotização sobe também 1%, de 3.606 para 3.642 euros. 5. Hoje em dia não sabemos quem governará Espanha, no plano de governo de Ciudadanos, Podemos e PSOE incluía uma cota progressiva à seguridade social, onde os autónomos pagariam proporcional aos seus ingresos, haja vista um autônomo não receber um valor fixo todo mês em seus ingressos, e aqueles que não atinjam o salário mínimo estarão exentos.
PELOS PALCOS
DA LITERATURA
AO PALCO
Geovane Mascarenhas Diretor, ator e professor de teatro (Bahia)
P
São cinco espetáculos que fazem parte do repertório do Conto em Cena, são eles: Noiva da morte e O justo – Nelson Rodrigues; A Cartomante – Machado de Assis; Amor – Clarice Lispector e em maio, estreia A hora e a vez de Augusto Matraga – Guimarães Rosa. As concepções são uma marca registrada da direção e do Grupo que retira as imagens da obra, dando um dinamismo cênico junto à interpretação e ao cenário capaz de conquistar até mesmo os mais jovens, conectados ao agitado mundo globalizado.
ara Clarice, “Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados. Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas”. Numa alusão à estética na escrita da autora, sabe-se da sua obra que ela tem o foco no inconsciente dos personagens, seus questionamentos e sua intimidade são o mais importante. Então como transpor esse universo subjetivo dos personagens de Clarice para o teatro? Esse foi o maior desafio do Grupo Conto em Cena que, desde 2009, monta encenações a partir de contos de grandes autores da literatura brasileira. A proposta começou a partir de uma oficina da técnica de dramaturgia corporal, onde o diretor percebeu no gênero narrativo, um excelente ponto de partida para construção das imagens no palco. O Grupo partiu para a encenação do conto Noiva da morte de Nelson Rodrigues, retirado da coletânea de contos “A vida como ela é...” Com a proposta fundamentada, o segundo desafio foi a montagem de Machado de Assis com A Cartomante, um dos espetáculos mais assistidos na Bahia. O elenco é composto por atores que atuam na área da educação e a atriz Mônica Cruz, que também é professora de literatura, celebra o projeto que a seu ver: “ proporciona ao público, uma viagem coletiva na representação que desenvolve a partir das unidades de ação, tempo e espaço no palco e com a contribuição mágica dos elementos do teatro, como iluminação e sonoplastia. (fotos: Tomáz Coelho)
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POLÍTICA NA PAUTA
OU TUDO
OU NADA
Bruna Cavalcanti Jornalista e politóloga.
Não é apenas o governo da presidente Dilma Roussef que está em jogo. Também está em jogo a própria consolidação democrática do Brasil e a solidez das nossas instituições
A
pós o final da ditadura, em muitos países de América Latina, grandes intelectuais e cientistas políticos começaram a se preocupar e a escrever sobre temas relacionados à transição política que ocorria naquele momento e sobre a democracia e a consolidação da mesma. Muitos como Juan Linz, Samuel Huntington e Leonardo Molino, tentavam entender qual seriam os elementos necessários que consolidariam o regime democrático de um país e quanto tempo, após o fim dessas ditaduras, o regime democrático de um país poderia ser considerado de fato estabilizado.
Para Leonardo Morlino, por exemplo, uma democracia estaria consolidada quando, entre outras coisas, há uma ampla aceitação das estruturas e normas existentes para a resolução de conflitos e a aceitação e conhecimento, cada vez maior, do apoio ao compromisso institucional. Em um livro publicado em 2005, intitulado de “Democracias y democratizaciones”, Morlino considera que a legitimidade ou apoio a um regime, por parte da sociedade ou das elites políticas, poderia levar um país a ter uma consolidação democrática mais forte ou mais débil. Foi com base nessa definição que há dois anos durante um evento na Universidade de Salamanca, perguntei ao próprio Molino qual a avaliação que ele fazia, naquela época, do regime democrático brasileiro e se já seríamos, de acordo com ele, uma democracia 66
consolidada ou não. Sem pensar duas vezes, ele me disse que sim, já que via muita solidez e compromisso com as instituições. No entanto, não sei se ele teria a mesma opinião avaliando a instabilidade democrática pela qual passa o Brasil nesse exato momento. A atual situação democrática brasileira é tão instável que fica praticamente impossível prever o que pode acontecer no país nas próximas semanas. Com uma justiça completamente seletiva, que julga alguns e se esquece de outros que também estão sendo constantemente citados nas investigações sobre corrupção realizadas pela Polícia Federal, os protestos ganham as ruas e aumentam ainda mais a preocupação com a polarização política que tomou conta do país desde o fim das eleições de 2014. Se por um lado há muita especulação sobre uma possível renúncia da atual presidenta Dilma Rousseff, também há a certeza de que tirá-la não será uma tarefa fácil. E isso se torna concreto quando olhamos não apenas para a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil, mas principalmente para o amplo apoio que o mesmo recebeu nas ruas. Ou seja: no atual vale-tudo brasileiro, o que fica cada vez mais claro é que, no tudo ou nada da política, há uma ampla maioria que ainda defende, sobretudo, as instituições, o Estado democrático do direito e a própria democracia que nos custou tanto conquistá-la no nosso recente passado autoritário.
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Brasília, a capital federal
Por: Fernanda Sampaio Carneiro
Você conhece os partidos
políticos do Brasil? Embora pareça o contrário, no Brasil não há só o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) de Aécio Neves. Há outras trinta e três “opções” que você deveria conhecer (ou não?). No Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estão registrados trinta e cinco partidos políticos no Brasil e mais vinte em vias de criação. Os partidos são identificados por cores: os vermelhos são de esquerda, os azuis são de direita, os que têm vocação ecológica são os verdes. Veja alguns: 68
Democratas (DEM, antigo PFL) Presidente Nacional: José Agripino Maia (Mossoró, 1945).
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) Presidente Nacional: Cristiane Brasil (Rio de Janeiro, 1973). Partido de centro- direita getulista ou varguista (culto à figura de Getúlio Vargas). Cristiane Brasil é filha do ex-deputado federal Roberto Jefferson, que foi condenado há 10 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, o “mensalão”. Sua pena foi reduzida para 7 anos em regime semi- aberto, e no ano passado, para regime aberto. Cristiane Brasil foi detida em outubro de 2014 por fazer boca-de-urna para Aécio Neves. Os cariocas elegeram Cristiane vereadora três vezes consecutivas e uma vez deputada estadual. No ano de 2015 interveio 16 vezes na Câmara dos Deputados. Não apresentou nenhuma proposta, suas intervenções foram para homenagear e reverenciar a memória de Getúlio Vargas, outras para criticar ações do governo e uma chamativa: Inconstitucionalidade da Medida Provisória nº 664, de 2014, que estabelece novas regras para concessão do auxílio-doença e da pensão por morte. Apresentação de emendas à matéria. Essa nova lei que entrou em vigor em março de 2015, endureceu as regras para a concessão de pensões por morte e doença. Quer saber detalhes? Acesse: www.previdencia.gov.br
Partido de centro- direita com ideias neoliberais contrárias ao socialismo, baseia- se na liberdade e propriedade privada. Para os liberais não deve haver privilégio racial ou social, todos devem receber trato igualitário perante a lei, ainda que sejam minorias massacradas. Esse tipo de política derivou em termos como o capitalismo selvagem, onde o dinheiro está acima das pessoas, do bem- estar social e dos trabalhadores. José Agripino Maia está sendo investigado por corrupção em inquérito aberto em 2015: O pedido da PGR [Procuradoria Geral do Estado] é resultante de investigações da Operação Lava Jato, que apura desvio de recursos e corrupção na Petrobras. De acordo com o pedido, as investigações apontaram que o senador combinou pagamento de propina com executivos da OAS, uma das empreiteiras alvo da Lava Jato. O dinheiro teria sido desviado da obra do estádio Arena das Dunas, em Natal. (globo.com, 06/10/2015)
Partido Popular Socialista (PPS) Presidente Nacional: Roberto Freire (Recife, 1942) O advogado Roberto Freire era do Partido Comunista do Brasil (PCdoB, e antes, do PMDB), já foi candidato à Presidência da República e agora é deputado federal eleito por São Paulo. No ano passado houve uma polêmica com Freire, que foi acusado de agredir fisicamente no Congresso a deputada federal Jandira Feghali, do seu ex- partido PCdoB (há fotos que circulam na Internet, a agressão não fica muito clara). Das propostas enviadas ao Congresso pelo político, algunas viraram leis, como a instituição da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar as organizações criminosas, do tráfico de armas. (fonte: www.camara.leg.br) Em 2012, Roberto Freire teve o seu nome envolvido no escândalo do Mensalão, nada foi provado contra ele. Hoje é acérrimo opositor do Partido dos Trabalhadores, ao contrário do seu ex- partido que é aliado do PT.
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O Brasil pretende ser um país laico (aquele que politicamente não advoga por nenhuma religião), mas isso na prática não acontece, já que não há impedimento para que os partidos misturem suas crenças pessoais com a política do país.
Partido Social Democrata Cristão (PSDC) Presidente Nacional: José Maria Eymael (Porto Alegre, 02/11/1939). Conservador, o lema do partido é “Compromisso com a família”, que não concorda com as famílias que sejam formadas por homossexuais. O empresário Eymael foi candidato à presidência da República e era o mais rico dos candidatos, “Em 8 anos, patrimônio de José Maria Eymael cresce 1.625%”, manchete do Diário do Poder (julho- 2014), continua: “Eymael declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 17 milhões. A soma dos bens dos outros dez candidatos à presidência alcança R$ 6,4 milhões. Eymael teve uma evolução de 446% em seu patrimônio em comparação com as eleições de 2010, quando declarou possuir R$ 3,1 milhões. O número fica ainda mais impressionante se comparado com a eleição de 2006, quando o candidato declarou possuir R$ 986 mil, de 2006 a 2010 o salto foi de 1.625%.”
Partido Trabalhista Cristão (PTC) Presidente Nacional: Daniel Sampaio Tourinho (Jequié, 11/05/1947) Em matéria do jornal “O Globo” (06/2013) intitulada “Com verba pública do fundo partidário, políticos empregam parentes em legendas”, Daniel Tourinho é citado como um dos que empregam a família no seu partido (cinco membros) com dinheiro público.
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A rainha do Dance Music na Bahia e a ex- imigrante:
Simone Sampaio
A “Madonna baiana”, a cantora e compositora Simone Sampaio (Feira de Santana, 23/01) imigrou para a Espanha na década de 90, nos contou como foi viver nas Ilhas Canárias e a sua experiência de recomeçar no Brasil. Simone veio para a Espanha de uma forma curiosa, acompanhe a sua interessante história de vida e carreira musical. 75
Como e quando surgiu o desejo de cantar? Quando foi a sua estreia? S.S.– Lembro- me de ainda muito pequena ouvir os discos de Elvis, Elton John, Donna Summer, Chico e Elis, entre outros. As melodias e as interpretações me fascinaram. Aos 4 anos de idade disse para minha mãe que queria ser cantora. Venho de uma família musical, meus tios se reuniam em casa para rodas de violão.Tenho uma tia que cantou anos na noite nos Estados Unidos. Minha avó materna, que hoje tem mais de noventa anos, ainda canta com voz cristalina. Essa influência aliada ao apoio dos professores Cinira e Gil Ribeiro do Colégio Santo Antônio, me incentivaram. Aos 14 anos tive minha primeira banda, cantávamos em teatros e festivais. Aos 17, comecei nos bares, e minha mãe tinha que ir junto, porque eu era menor de idade. O seu estilo, o “dance music”, consegue sobreviver bem na terra do axé? Como foi conquistar um espaço para esse tipo de música?
Muitos imigrantes pensam em voltar para casa. Entre a indecisão, temores e dúvidas, muitos vão ficando, mas outros decidem colocar fim à “aventura” de morar no exterior com os seus objetivos cumpridos e outros com a mala carregada de decepções, há experiências de todos os tipos. 76
S.S.– Quando voltei da Europa, passei um período em Feira de Santana, depois fui morar em Salvador no ano 2000. Decidi fazer o estilo Dance. Eu já vinha cantando Dance na Micareta de Feira de Santana. Em Salvador algumas pessoas tentaram me desencorajar, diziam que eu tinha que cantar axé. Não dei ouvidos. Comecei cantando no bar Quereres para duas mesas. Em menos de dois meses o “boca a boca” aconteceu e tivemos casa lotada todas as sextas- feiras por dois anos! Era engraçado, eu cantava no palco e às vezes ia para sacada do bar (que ficava num casario antigo no Pelourinho) para cantar para as pessoas na calçada que queriam entrar e não conseguiam. Logo vieram o Festival de Verão de Salvador, Rádio Baazar, Rock in Rio Café, Festival de Inverno de Lençóis, Festival de Inver-
no de Vitória da Conquista, entre outros. O público GLS também tinha um carinho especial por mim. Fiz várias casas GLS, sempre com um público muito bom e extremamente fiel. Conheci Edson Cordeiro e fizemos uma turnê intitulada Extravadance. Foi um período maravilhoso! Em 2003 saí com um trio independente no Carnaval. A receptividade foi tão boa que decidimos no ano seguinte montar o Bloco Dance, o primeiro a sair nesse estilo na história do Carnaval de Salvador, conforme matéria da revista “Isto É” e “Jornal A tarde”. Colocamos 3 mil pessoas no Bloco. Fui indicada como revelação do Carnaval pelo troféu Dodô e Osmar. Logo saí na Veja sendo chamada de “Madonna baiana”. Bem, então, acho que dá pra viver de música que não seja axé na Bahia sim!
Além de cantar e dançar, você também é compositora. A letra de “Egoísta” é autobiográfica? Eu já limpei vidros/ eu fui nanny/fui garçonete, joguei/quase dancei/mudei o meu cabelo/deixei meu país/voltei meio sem graça”. S.S.– Isso! É sim e fala claramente da época em que vivi na Espanha em meados dos anos 90. Morei três anos em Fuerteventura. Fui camareira, garçonete, babá e pela noite cantava nos hotéis com um grupo alemão. Essa experiência me marcou e aí fiz a música. Quando e como surgiu a ideia de imigrar para a Espanha? Foi uma difícil decisão deixar a carreira e família para empreender essa “aventura”? S.S.– Não foi nada pensado não, foi até meio louco... Eu estava cantando num show de aniversário do Clube Espanhol em Salvador. Sortearam uma passagem para Madrid e minha mãe ganhou. Ela me deu a passagem de presente e fui passear. Quando cheguei na Espanha reencontrei um namorado, que estudou comigo no Colégio Santo Antônio. Ele era filho de espanhóis e estava na Espanha fazendo a “mili”. Reatamos e nos casamos na província de Gran Tarajal, em Fuerteventura. Conhecí praticamente todas as Ilhas Canárias e também Madrid, cidades galegas e outras. O que foi o melhor e o pior de viver na Espanha? Como te trataram os espanhóis? S.S.– Foi uma experiência única! O melhor? Reforçou meu entendimento do mundo como ser humano. Meus pais sempre me ensinaram a respeitar as pessoas indistintivamente, mas a vivência em Canárias trabalhando pesado, braçais, diferentes do que eu teria no meu país, ajudou
muito a reforçar isso. Eu acordava ainda de madrugada, limpava cerca de 16 apartamentos por dia. Era uma rotina exaustiva, mas gratificante. E eu era muito jovem. Ali aprendi muito a admirar o povo espanhol, que não tem preguiça, nem firula, faz o que tem que ser feito. Isso deixou marcas profundas em mim. Até hoje, mesmo estando num hotel ou em minha casa, não saio sem arrumar a cama. Fui muito bem tratada na Espanha. Tenho uma amiga muito querida aí, uma galega que se chama Fina. Nos falamos sempre. Outros, infelizmente, acabei perdendo o contato. O pior foi perder um amigo baiano que conhecemos em Fuerteventura, João. Depois que ele sofreu um acidente de carro, nos deu uma tristeza tão grande que resolvemos voltar ao Brasil para visitar as famílias. O casamento desandou um ano depois, nos separamos e eu fiquei um tempo sem voltar aí. Estive de férias no final dos 90 em Alicante, lugar lindo! Mas minha vida já tinha começado a tomar outro rumo no Brasil com a formação da banda decidi ficar por aqui. Como é regressar para casa? Essa é uma questão que inquieta muitos imigrantes que desejam voltar. S.S.– Fiquei somente três anos fora, mas quando voltei ao Brasil achei tudo meio estranho (risos), e como me adaptei muito facilmente ao estilo de vida dos espanhóis, a readaptação ao meu país foi lenta. Eu amo o Brasil, existem coisas maravilhosas aqui! A família e os amigos, mas senti e ainda sinto falta de muitas coisas boas que percebi na organização da Espanha como nação. O Brasil passa vez ou outra por momentos surreais na política e embora essa “novela” de corrupção seja antiga, o povo está muito cansado de ser feito de bobo. Tem horas que, sinceramente, com tanta instabilidade na política e na economia, e a insegurança nas ruas,
que tenho tido vontade de sair daqui, mas ainda tenho fé que melhore.
queposso possodizer dizer OOque aoimigrante imigranteque que ao pensaem emvoltar voltaré:é: pensa decidacom comcalma, calma, decida venhapassar passarféfévenha riaseetentar tentarver verse se rias podese sereadaptar. readaptar. pode Pensareepesar. pesar. Pensar (SimoneSampaio) Sampaio) (Simone Você é mãe de Sophia, sua única filha. Como está sendo a experiência da maternidade? S.S.– A melhor coisa que aconteceu na minha vida e a mais trabalhosa! No sentido físico e emocional. Ser mãe é como estar numa montanha russa! Ricardo e eu já estávamos juntos há cinco anos e aí chegou a vontade de ser mãe. Quando ela nasceu, bateu meio que um desespero, não sabia o que fazer com aquele ser tão frágil, tão pequenininho...fui aprendendo aos poucos e continuo até hoje. Ela me ensina coisas todos os dias. Entende melhor do que eu como mexer no computador...kkkkk e com apenas dez anos de idade sabe argumentar muito bem sobre o que quer da vida. Entendo e respeito a decisão de algumas pessoas de não terem filhos, mas para mim, a chegada de Sophia foi um divisor de águas.
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Além de cantora, você também é empresária. Acabou de inaugurar um espaço cultural e gastronômico em Feira de Santana. Conte sobre ele: S.S.– Esse era um sonho antigo. Como minha família tinha um sobrado que estava fechado, Ricardo Bonelli e eu o reformamos, decoramos e construímos nós mesmos o balcão e as mesas com pallets e material de demolição. Chama- se Criôlo Culinária e Arte. É uma petiscaria pequena e charmosa, com iluminação suave e luz de velas. Abrimos por dois meses em estilo soft opening para os amigos opinarem sobre o cardápio e tudo mais. Agora estamos quase inaugurando oficialmente. Terá música ao vivo no happy hour, mas tudo muito bem selecionado, inclusive estou preparando um show acústico, que se chamará Dance Lights e cantarei lá de vez em quando. É nossa intenção também promover saraus e encontros artísticos, mostras de fotografia, lançamentos de livros. É um lugar romântico e para desacelerar. Vale a pena imigrar? Você faria de novo? Que conselho você daria para os brasileiros que sonham em morar na Espanha? S.S.– Vale! Aprendi muito mais sobre a cultura hispânica, que eu já admirava desde a infância, aprendi muito sobre hotelaria e falo fluentemente o espanhol até hoje. E sim, faria!
O conselho que dou para quem pensa em morar na Espanha ou em qualquer outro país, é estudar, se aprimorar na profissão para que possa ficar legalmente. (Simone Sampaio) (Fotos: Priscila Prade) 78
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MIRIAN DUTRA
GAUDÍ
E SUAS CURVAS
Mirian Dutra Jornalista
Alguém já notou que não há nenhuma construção do mestre Gaudí com esquinas?! Era o mestre das curvas! Deliciosas curvas que mudaram uma cidade, Barcelona não tem esquinas. Quem se inspirou em quem? Nas obras, edifícios de Gaudí você relaxa com as curvas. Estranho comportamento da nossa mente. Escadas com um corrimão delicioso, não te chocam! Os dragões em cima dos edifícios te dão até descanso. Atreveria- me a dizer: as curvas mais sensuais criadas por Gaudí. A casa Batlló é o exemplo das curvas. Atualmente um ator representando Gaudí recebe grupos de adultos e crianças para contar a história da casa e suas curvas. As crianças adoram, descobrem a casa sem perigos. Fico imaginando o que passaria pela sua cabeça... A imagem que tenho dele é de um senhor preocupado em soltar suas asas, criar. A Sagrada Família, cheia de pedaços de pedra, é redonda. Agora está virando um edifício sextavado, mas sem esquinas. Os portões espalhados pela cidade também são curvados. Uma cabeça reconhecida pelo Patrimônio Histórico, muito sensual!
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KLEDIR RAMIL
JOGOS
OLÍMPICOS
Kledir Ramil
Gaúcho, músico e escritor
N
unca participei de uma Olimpíada.
Culpa da minha professora de piano que, quando eu era garoto, me proibiu a prática de “esportes primitivos” como basquete, vôlei e futebol. Não aguentei aquele regime de clausura, dei um cartão vermelho pra ela e fui à luta. No sentido figurado, já que eu não tinha estrutura física para o judô, o boxe ou o tae kwon do. Comecei praticando ping-pong, hoje conhecido como tênis de mesa. Infelizmente peguei um chinês pela frente e fiquei humilhado. Tentei a corrida de obstáculos, mas tropecei. Na ginástica acrobática, torci o pescoço. Experimentei o salto com vara e quebrei um braço. Para patinação eu não tinha equilíbrio. Para equitação, não tinha cavalo. Fui parar na piscina. Foi um fiasco. Era inverno e naquele tempo não havia piscina térmica. Fiquei congelado, o que paralisou a maioria dos meus neurônios. Segundo exames recentes, continuam inativos. Mesmo neurologicamente lesionado, tentei o salto de trampolim. No primeiro mergulho de cabeça sofri uma concussão cerebral que terminou por liquidar os poucos neurônios que haviam sobrado. Só dois ficaram funcionando, em modo emergencial: o Laurel e o Hardy. Foi mais ou menos nessa época que me inscreveram no conservatório, pois começava a dar mostras de que não levava jeito para o esporte. Mesmo com o descrédito de todos, continuei insistindo. Desiludido com a natação, que além da função cerebral havia aniquilado com a minha reputação, resolvi tentar tiro ao alvo e arco e flecha. Quase fui linchado por
colocar em risco a vida das pessoas. Eu havia perdido a concentração, uma das sequelas da experiência aquática. Fiz um teste para o levantamento de peso e fiquei abaixo do índice feminino. O professor musculoso ficou rindo da minha cara. Tem gente que não tem psicologia mesmo. Um adolescente precisa de apoio, senão periga seguir pelo “mau caminho”. Foi o que aconteceu. Comprei um baralho, enfiei a cara no jogo de pôquer e não parei mais. Experimentei sinuca, totó, dados, dominó e todo tipo de jogos de azar e tabuleiro: víspora, damas... Fui parar no xadrez. No jogo, não na prisão. Como dizia Millôr Fernandes, parafraseando Bernard Shaw: “Jogar xadrez desenvolve muito a capacidade de jogar xadrez.” Eu estava perdido. Quando chegou o Natal, pedi uma bola de futebol e me deram um violão. O técnico do time da escola me incentivou dizendo que eu tinha um dom. Para a música. Foi aí que eu me dei conta que o violão chamava a atenção das garotas. Chutei o balde e me dediquei como um atleta ao estudo do instrumento. Cheguei a ganhar disco de ouro. É o meu consolo. Disco de ouro é quase como uma medalha. Só não dá pra pendurar no pescoço.
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ENDEREÇOS
& telefones úteis Casa do Brasil Avenida Arco de la Victoria, 3, 28040 Madrid Tel.: 34 914 55 15 60 www.casadobrasil.es
Guarda Civil –Proteção cidadã Tel.: 062 www.guardiacivil.es “Cruz Roja” Emergências Tel.: 901 222 222
Cámara de Comercio Brasil- España Avda. Arco de la Victoria, 3, Casa do Brasil, CP 28040– Madrid Tel.91 455 1560 (ext. 407) www.ccbe.es
Ministério da Educação Atenção ao cidadão Los Madrazo, 15. 28014 Madrid Tel.: 910 837 937 e 060 www.mecd.gob.es
Espanha Fácil Empresa líder no setor de prestação de serviços aos brasileiros na Espanha, sendo turistas, estudantes ou residentes. Calle Nuñez de Balboa, 35A, 5A Oficina 3, 28001– Madrid Tel.: (34) 914515021 www.espanhafacil.com
Fundación Cultural Hispano-Brasileña Palacio Maldonado– Plaza de San Benito, 1 - 37008 Salamanca www.fchb.es
Ministério de Relações Exteriores Serviços de assuntos consulares e de imigração: Tel.: 91 379 17 00, 91 379 16 55, 91 379 79 64 / 65, 91 394 88 54
Para todos os tipos de emergência Todo o país, tel.:112
Embaixada do Brasil em Madri Calle Fernando El Santo, 628010 - Madrid Tel.: (34) 91 700 4650 www.madri.itamaraty.gov.br
Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Brasil) Para o utilizar o serviço na Espanha, ligue para 900 990 055, discar opção 1 e, em seguida, informar (em Português) o número 61-3799.0180
Instituto Cervantes Calle Alcalá, 49– 28014– Madrid Tel.: 91 436 76 00 www.cervantes.es
Consulado-Geral do Brasil em Madri Calle Goya 5/ 7 – (entrada pela galeria comercial) –2º andar– 28001 - Madrid Tel.: (34) 917021220 www.cgmadri.itamaraty.gov.br Consulado do Brasil em Barcelona Avenida Diagonal, 468, 2º– 08006 Barcelona www.brasilbcn.org
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Assistência às vítimas de violência de gênero (Espanha) Tel.: 016 ou 900 116 016 www.violenciagenero.msssi.gob.es Polícia Nacional Tel.: 091 www.policia.es
Governo da Espanha Complejo de la Moncloa, Avda. Puerta de Hierro, s/n. 28071– Madrid www.lamoncloa.gob.es Prefeitura de Madri Atenção ao cidadão, tel.: 010 www.madrid.es Prefeitura de Barcelona Pl. Sant Jaume, 1, 08002– Barcelona Tel.: +34 934 02 70 00 www.ajuntament.barcelona.cat
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