Iniciativa
A Assistência Médica Internacional pensou e a produção e a distribuição nacional disseram que sim: o projecto SOS Pobreza mobiliza os vários actores a favor de uma causa comum – a luta contra a pobreza em Portugal, traduzido num cabaz de produtos à venda no Continente, Leclerc, Jumbo e Pingo Doce
Distribuição acolhe SOS Pobreza A Assistência Médica Internacional (AMI) é bem conhecida de todos, pelas acções humanitárias que desenvolve aquém e além-fronteiras, um trabalho a que a candidatura do seu fundador e presidente, o médico Fernando Nobre, à presidência da República, acabou por emprestar também visibilidade acrescida. Mas agora há mais uma razão para o grande público ouvir falar e, sobretudo, contribuir para a causa social a que a instituição se dedica. É que a Fundação AMI acaba de lançar o projecto 40 Julho/Agosto de 2012
SOS Pobreza, uma inovação na sua intervenção de combate à pobreza no nosso País. A face visível do projecto é uma gama de produtos de consumo básico precisamente com o rótulo SOS Pobreza – azeite, óleo alimentar, arroz, farinha, água, sumos de fruta, ice tea, fruta da época, batatas, cenouras, guardanapos e papel higiénico têm em comum o facto de pertencerem a esta marca solidária e sustentável. Têm igualmente em comum o facto de serem todos produtos
A associação não está a pedir às pessoas que comprem produtos a mais para dar: “Estamos apenas a pedir que nas suas compras procurem produtos SOS Pobreza para consumo próprio”
nacionais. E estão nas prateleiras de supermercados e hipermercados das insígnias Continente, Jumbo, Leclerc e Pingo Doce, parceiros da AMI neste projecto que concretiza a sustentabilidade em três vertentes: a económica, a ambiental e a social. A secretária-geral da AMI, Luísa Nemésio explica, que a génese desta iniciativa assenta, antes de mais, numa preocupação de sempre da instituição – a sua independência financeira. Mas há outra preocupação que está STORE MAGAZINE
sempre subjacente - “lutar por uma sociedade e por um mundo mais sustentável”. Nesta balança pesa ainda um terceiro factor, mais conjuntural - a situação de crise e a crescente pressão social: tornava-se, explica, “premente conseguir mais financiamento para a duplicação de respostas diárias a dar nos centros sociais da AMI”. Nasceu assim o SOS Pobreza, que assenta em três pilares: o respeito pela sustentabilidade das empresas e produtores envolvidos; a primazia à produção nacional, com o consequente benefício ambiental no que toca ao transporte de bens; uma fonte de financiamento para a AMI, sem sobrecarregar os doadores, sejam eles o Estado, as empresas ou os indivíduos. A ideia foi – segundo Luísa Nemésio – muito bem recebida por todos. Diz mesmo que, “para além dos produtores e fornecedores de serviços, todos eles nacionais, este projecto não seria possível sem alguns dos maiores distribuidores a nível nacional, que o acolheram em condições especiais”. E diz mais: “A verdade é que o projecto conseguiu juntar empresas concorrentes”. Chegar aos consumidores é naturalmente a meta. E, para isso, é preciso promover os produtos. Mas não está prevista uma campanha de comunicação específica. O que está a acontecer é que, em dias específicos, voluntários da AMI estarão nos pontos de venda a informar e sensibilizar os clientes. E, a propósito, Luísa Nemésio deixa claro que a associação não está a pedir às pessoas que comprem produtos a mais para dar: “Estamos apenas a pedir que nas suas compras procurem produtos SOS Pobreza para consumo próprio”. A confiança em relação à adesão do público é elevada. Alicerça-se, desde logo, na percepção de que, “tradicionalmente, os consumidores reagem bem a produtos inovadores”. É – argumenta a secretária-geral da AMI - o caso dos produtos SOS Pobreza, “produtos nacionais cujo lucro reverte totalmente para o combate à pobreza em Portugal”. STORE MAGAZINE
O SOS Pobreza assenta em três pilares: o respeito pela sustentabilidade das empresas e produtores envolvidos; a primazia à produção nacional, com o consequente benefício ambiental no que toca ao transporte de bens; uma fonte de financiamento para a AMI, sem sobrecarregar os doadores
Luísa Nemésio reconhece que estes produtos são “ligeiramente mais caros” do que os de marca própria, mas – ressalva – “também é verdade que quando se opta por um produto SOS Pobreza se está a optar por muito mais do que um mero produto de consumo e esse está a pagar um preço justo, o que implica contribuir para a sustentabilidade dos produtos nacionais”. O projecto viu a luz do dia em tempos difíceis. Mas não foi pensado para a crise, até porque há dois anos que estava a amadurecer. Mas – sublinha a secretária-geral da associação – “infelizmente o fenómeno da pobreza não é passageiro e, embora se esteja a agravar de forma agudizada neste momento de crise, não é transitório e implica um combate a longo termo”. Daí que o SOS Pobreza não tenha prazo de validade: “Continuará enquanto representar uma forma de financiar projectos de combate à pobreza”. Os produtos, esses, para já estão à venda nas insígnias já referidas. Mas a ideia é crescer e estar disponível em todos os comércios, grandes ou pequenos. O limite é a capacidade logística e de produção dos fornecedores. Também a mensagem é intemporal: “Água faz bem e ajudar também”.
Luísa Nemésio, secretária-geral da AMI “Para além dos produtores e fornecedores de serviços, todos eles nacionais, este projecto não seria possível sem alguns dos maiores distribuidores a nível nacional, que o acolheram em condições especiais”
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