Fibra, 1

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Director: Jorge Fiel

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Mensal

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Ano I

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N.º 1

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Janeiro de 2011

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8 euros

O novo agregador das comunicações

Judite de Sousa

A RTP não pode ter visão estática Pág. 31

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“É nos momentos de crise que podemos testar e criar novas soluções: devem ser, por isso, mesmo, tempos de grande criatividade social. Quer saber como será o futuro? Trate de inventá-lo. Bob Dylan tinha razão”- palavras de Diogo Vasconcelos

“O próximo gadget é transformar qualquer objecto num gadget. Porque é que eu preciso de um equipamento para ver um filme? Posso projectá-lo na parede, posso desenhar um teclado num sofá e interagir com alguma coisa,” afirma Alcino Lavrador, 48 anos, presidente executivo da PT Inovação

Bob Dylan tinha razão

Alcino Lavrador, presidente executivo da PT Inovação

Desenhar teclado no sofá

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… mas não era a mesma coisa

Podíamos viver sem televisão por subscrição? Podíamos, mas não seria a mesma coisa. Jorge Graça (Zon), Vera Pinto Pereira (Meo), António Margato (Vodafone) e Susanna Barbato (Optimus Clix) escrevem sobre a sua oferta e de como a televisão se transformou na plataforma do admirável mundo novo


/// ARTE CONTEMPORÂNEA /// CONTEMPORARY ART OBRAS DA COLECÇÃO BESart _BESart COLLECTION

/// ENTRADA LIVRE // FREE ENTRANCE // MORADA /// ADDRESS Praça Marquês de Pombal nº3, 1250-161 Lisboa

// TELEFONE /// PHONE 21 359 73 58

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// HORÁRIO /// OPENING HOURS Segunda a Sexta_9h às 21h Monday to Friday_9 a.m to 9 p.m


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Destaques

EDITORIaL

Como uma faca de cozinha

O novo agregador das comunicações

Director-geral João David Nunes jdn@briefing.pt Director Jorge Fiel jf@briefing.pt Directora de Arte Patrícia Silva Gomes psg@briefing.pt Editor Executivo Hermínio Santos hs@briefing.pt Editor Online António Barradinhas ab@briefing.pt Directora de Marketing Maria Luís Telf. 925 606 107 ml@briefing.pt Distribuição por assinatura Preço: 85€ (12 edições) assinaturas@briefing.pt Tiragem média mensal: 2.500 ex. Depósito legal: 321206/10 N.º registo ERC: 125953 Editora Enzima Amarela - Edições, Lda Av. Infante D. Henrique, 333H, 44 1800-282 Lisboa Tel. 218 504 060 Fax: 210 435 935 fibra@briefing.pt www.fibra.pt Impressão: Sogapal, Rua Mário Castelhano, Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena

Trazemos criatividade à vida Tel: 800 844 691 – Creative Tel: 800 844 690 – Editorial portugalsales@gettyimages.com www.gettyimages.pt

Comunicação, Design e Multimédia Av. Marquês de Tomar, 44-7 1050-156 Lisboa Tel: 217 957 030 geral@motioncreator.net

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RAMONDEMELO PHOTOGRAPHY

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Sobre o poder da caixa que mudou o mundo, o falecido crítico de televisão Mário Castrim disse tudo quando escreveu: “a televisão é como uma faca de cozinha, tanto serve para cortar o pão como o pescoço do vizinho”. Neste ano zero do novo normal em que vamos ter de viver, a RTP e o serviço público de televisão vão estar no centro da agenda política e o Fibra antecipa o debate com uma entrevista a Judite de Sousa e dez perguntas judiciosas elencadas por Eduardo Cintra Torres, provavelmente o português que é o maior especialista vivo nesta matéria. Cara símbolo da RTP, Judite não se sente como uma jornalista de uma empresa pública mas não tem dúvidas: faz todo o sentido que exista uma televisão de serviço público, à semelhança do que acontece em muitos outros países da Europa: “Se é uma televisão com um canal, é uma televisão com dois canais, tal como a RTP está configurada neste momento, isso é uma outra conversa”. Eduardo começa esta outra conversa garantindo que não podemos manter o mesmo modelo de serviço público e advertindo para os perigos de limitar o debate à questão do financiamento – porque a política e a cultura de serviço público não se reduzem a números.

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COmO É TRaBaLHaR Em...

Na Microsoft o escritório está em todo o lado

“Como não há telefones fixos, há net wi fi e todos temos uma placa 3G, qualquer lugar é o meu escritório”, explica Bruno Berenguer Gonçalves, business partner em Recursos Humanos da Microsoft.. No Tagus Park, a informalidade é a regra. Os títulos académicos ficam à porta, todos trabalham em open space e 90% das pessoas tratam-se por tu. Quando passa uma chamada ou um recado à directora-geral, Inês, a recepcionista, trata-a por Cláudia. E o dress code é ligeiro, mas com bom senso e sem excessos

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aRqUITECTURa

Vodafone exibe o seu arrojo e modernidade

Os livros dizem que é a arte e a técnica de projectar e edificar o ambiente em que habitamos, organizando o espaço de acordo com critérios de estética e funcionalidade. Goethe escreveu que é música petrificada. Para a Vodafone, a arquitectura é também mais uma maneira de exibir, de forma exuberante, o seu arrojo, modernidade e carácter inovador

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PaSSEIO PÚBLICO

Garoupa gosta de mudar e evita o elevador

A directora de Comunicação e Marketing da Siemens é daquelas mulheres que não se assustam com a mudança: “Se não tenho um desafio pela frente fico desmotivadíssima. Detesto fazer por fazer. É na mudança que se aprende, que se evolui. Estar sempre no mesmo sítio, com as mesmas pessoas, as mesmas conversas, estagna-se”. “Nestes dias de Inverno, sabe-me bem estar em casa, de mantinha, a ver as séries da Fox”, confessa Joana Garoupa, 36 anos, acrescentando que apesar de não ser uma desportista militante (“por preguiça”) gosta de caminhar e evita o elevador - também em nome da sustentabilidade que é um dos valores que comunica

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SISTEmaS OPERaTIVOS

Vivemos na era dos telefones espertos

Na era dos telefones espertos, três sistemas operativos (Symbian, Android e Windows Phone 7) são analisados por outros tantos especialistas: Miguel Nuno Duarte Pedro (Nokia) Francisco Ramos Chaves (Microsoft) e Luís Godinho (Acer)

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O mUnDO à mInHa PROCURa

Granger tem um iPhone e um Blackberry

Pedro Granger, 31 anos, lagarto ferrenho e viciado em chocolate, usa um Swatch em cada pulso, tem um MacBook Pro, iphone e Blackberry, é viciado no Pacman, que joga na sua PSP, e adora ver séries como 24 e Weeds na LCD Sony Bravia que tem em casa Janeiro de 2011

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Convidado

Diogo Vasconcelos Distinguished Fellow e director do grupo de inovação estratégica global da Cisco. Presidente da APDC

O futuro? Trate de inventá-lo É nos momentos de crise que podemos testar e criar novas soluções: devem ser, por isso, mesmo, tempos de grande criatividade social. Tempos para sermos frugais nos custos, mas exuberantes na criação de novos futuros possíveis. A tecnologia não resolve problemas, as pessoas resolvem problemas. Quer saber como será o futuro? Trate de inventá-lo. Bob Dylan tinha razão “…you’d better start swimming or you’ll sink like a stone for the times they are a changing…” Bob Dylan

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Janeiro de 2011

Sou do tempo da máquina de escrever (teclado azert), do disco de vinil, da cassete e do ZX Spectum 48k, hoje peças de museu. Não foi assim há tantos anos, mas parece uma eternidade. Esse mundo terminou com a internet e com o digital. Mas as oportunidades para criar, empreender, imaginar, multiplicaram-se exponencialmente. Mudou a forma como vivemos, trabalhamos, interagimos e colaboramos uns com os outros. Anulou as distâncias, permitindo o acesso a qualquer conteúdo, a qualquer hora e em qualquer lugar. E tudo indica estarmos ainda na infância desse processo. Há 10 anos, acedíamos à Internet a 28kbps ou 56kbps. Hoje, já temos fibra casa a casa a 50 e 100 Mbps, havendo mesmo já uma oferta de 200 Mbps no mercado português. A Agenda Digital europeia, aprovada em Junho deste ano, preconiza 30 Mbps para todos os Europeus em 2020 e pelo menos metade das casas a subscrever acessos a 100 Mbps by 2020. Esta qualidade e velocidade de acesso é acompanhada por uma digitalização sem precedentes. Segundo a Universidade de Berkeley, daqui a dois anos, a informação disponibilizada na rede duplicará a cada onze horas. Em 2015, as chamadas vídeo irão gerar 400 exabytes de dados, o equivalente a 20 milhões de bibliotecas do Congresso Norte-Americano. Em 2020, cada um dos habitantes da terra terá, em média, 130 terabytes de dados (contra uma média de 28 gigabytes hoje). No futuro, é provável que venha-

“Sou do tempo da máquina de escrever (teclado azert), do disco de vinil, da cassete e do ZX Spectum 48k, hoje peças de museu. Não foi assim há tantos anos, mas parece uma eternidade. Esse mundo terminou com a internet e com o digital”

“Ao contrário do que alguns pensavam, a internet não é apenas mais um meio, é simplesmente a mais poderosa infraestrutura de mudança económica e social”

mos a ter em casa velocidades da ordem de 1Gps. Ao contrário do que alguns pensavam, a internet não é apenas mais um meio, é simplesmente a mais poderosa infraestrutura de mudança económica e social. As grandes recessões do passado foram seguidas por alterações radicais na estrutura industrial, com o surgimento de novas industrias, muitas vezes suportadas por novas infraestruturas. Schumpeter, contemporâneo de Keynes, reconheceu que algum grau de destruição criativa é simultaneamente inevitável e muitas vezes necessário para uma nova dinâmica de crescimento. Economistas desta escola mostram que uma das prioridades dos governos preocupados com o crescimento é incentivar as infraestruturas do futuro (como as novas redes de banda larga) e assegurar condições para o empreendedorismo. Esses são factores chave para assegurar que a retoma será sustentável e baseada em fortes aumentos de produtividade. Isto não é apenas válido para as empresas. Houve um tempo que os temas económicos e sociais eram vistos em separado. A economia produzia riqueza, a sociedade gastava. Na economia do século XXI, isso já não é verdade. Sectores como a saúde, os serviços sociais e a educação, têm tendência a crescer, quer em percentagem do PIB, quer como empregadores, enquanto outras indústrias têm tendência a decrescer. Em muitos países europeus, o sector social já emprega mais gente que os serviços financeiros. No longo prazo, a O novo agregador das comunicações


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inovação nos serviços sociais ou na educação será tão importante como a inovação na indústria farmacêutica ou aeroespacial. A “destruição criativa” obriga a reinventar sectores (veja-se a imprensa ou a música ou a publicidade), dada a fragmentação da oferta, a emergência de novos modelos de negócio e a passagem do poder para o consumidor.

Novos modelos A fibra óptica ­– e a banda larga móvel – fornecerão a velocidade e a simetria necessárias para disponibilizar serviços de próxima geração. Por exemplo, sessões de videoconferência em alta resolução outrora só acessíveis a grandes empresas passaram a estar disponíveis em qualquer TV, tablet ou laptop. As redes do futuro são a chave para novos empregos, novas competências, novos mercados e para a redução de custos e um investimento necessário e complementar de outras infra-estruturas, permitindo-lhes ser “inteligentes”. Mas sem novos serviços, a apetência por estas redes ficará muito aquém do seu potencial. Os grandes drivers do progresso e da mudança terão de ser a criatividade e a inovação de consumidores e empreendedores na criação de novos modelos de negócio e no estímulo a novos padrões de consumo. Um exemplo: lançado em Julho de 2008, a iPhone Apps Store disponibiliza já mais de 300 mil aplicações. É um sucesso inspirador sobre novos modelos de negócio, assentes em parcerias inteligentes, standards colaborativos e escala mundial. O sucesso O novo agregador das comunicações

“Houve um tempo que os temas económicos e sociais eram vistos em separado. A economia produzia riqueza, a sociedade gastava. Na economia do século XXI, isso já não é verdade. Sectores como a saúde, os serviços sociais e a educação, têm tendência a crescer, quer em percentagem do PIB, quer como empregadores, enquanto outras indústrias têm tendência a decrescer”

“Os grandes drivers do progresso e da mudança terão de ser a criatividade e a inovação de consumidores e empreendedores na criação de novos modelos de negócio e no estímulo a novos padrões de consumo”

do iPhone deve-se obviamente ao design, à elegância do software e à facilidade de utilização – mas deve-se ainda mais à Apple Store. Para tirarmos partido do potencial da fibra, precisamos de olhar para este modelo. Isso implica: a) plataformas de colaboração que ligam a cadeia de valor e criem um ecossistema de inovação; b) normas e standards claros e partilhados; c) um mercado aberto a todas as empresas de telecomunicações e de todos os utilizadores de fibra (para assegurar a massa crítica), d) um modelo de negócio atractivo (para remunerar os investidores em infra-estrutura e os criadores de aplicações e conteúdos).

A revolução por fazer Como aumentar a qualidade de vida dos mais séniores num país a envelhecer, onde ser idoso significa depressão, isolamento, solidão, que as soluções institucionais têm, tantas vezes, o condão de agravar? Como alterar um sistema de saúde pensado para doenças agudas e tratamentos pontuais, num tempo em que proliferam as doenças crónicas, cujo tratamento depende, em grande medida, da colaboração e empenho do próprio doente ao longo de períodos prologados? Que tipo de mudanças radicais nos modelos de serviço, podem ser introduzidas na administração pública, hoje confrontada com a necessidade de fazer mais com menos? E que novo papel deve o Estado assumir num mundo em que a lógica do “comando e controlo” é

crescentemente substituída pela expectativa de colaboração, de criação colectiva e de participação de cidadãos e da sociedade civil? Como tirar partido da capacidade e inteligência colectiva para imaginar novos futuros possíveis, novas oportunidades de solução? É preciso criar novas soluções para estes desafios sociais, o que implica inovação tecnológica e inovação social. Nos últimos 30 anos, a maior parte das reformas da Administração Pública estiveram ligadas à ideia de performance: entregar mais e melhores serviços; fazer “para” as pessoas. Quando se fala de serviços públicos, fala-se da resposta a problemas de natureza pública. E a questão que se põe é a de saber se faz ou não sentido que problemas de natureza pública sejam respondidos apenas pelos poderes públicos. Estamos aqui a falar de uma nova lógica da gestão pública, onde a ênfase passa a estar no cidadão. Face aos actuais constrangimentos económicos, os governos estão sob pressão crescente. De um lado, crescem as necessidades sociais, agudizadas pela crise. Se se acreditar que o Estado não tem o monopólio do serviço público pode-se ir mais longe e iniciar uma devolução de poder aos cidadãos. Por exemplo, em vez de uma boa parte da informação não confidencial detida pela administração pública ser fechada, de difícil acesso, deve passar a ser pública. Tornar possível que empreendedores encontrem novas e melhores formas de criar valor através da informação assente em bases de dados públicas. Há que tornar Janeiro de 2011

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Convidado

o Estado um sistema aberto, para permitir a colaboração e a criação de novos mercados. Este é um movimento que foi iniciado nos EUA em 2009 e que está em expansão, com mais sete países a disponibilizarem publicamente as suas bases de dados. Os developers estão a usar estes datasets (mais de 300 mil só os fornecidos pelo governo federal norte-americano em www.data.gov) para criar novas aplicações e novos serviços. Uma das aplicações, criada a partir dos dados orçamentais do Tesouro inglês1, é um sistema de visualização do gastos públicos que torna a informação sobre a despesa pública acessível a todos2. No Reino Unido, um estudo da Universidade de Cambridge estima que a criação dessas novas aplicações possa criar seis mil milhões de libras para a economia britânica. O Estado como plataforma aberta corresponde a um novo e radical paradigma da gestão pública. Transformar os utentes dos serviços públicos em designers de novos arranjos é complexo, mas promissor: dá ao cidadão um incentivo para inovar e fazer melhor. Criada por um médico, o Patient Opinion 3 é uma espécie de Trip Advisor para o Serviço Nacional de Saúde, pois permite partilhar experiências e é um estímulo à melhoria dos serviços, na lógica dos seus destinatários. A Kafka Brigade4 criada na Holanda é um bom exemplo de accountability: uma equipa de cidadãos visita os serviços públicos e avalia-os numa lógica de “cliente mistério”. O conteúdo gerado pelo utilizador é regra em sectores como os novos media, das redes sociais ao jogos, da Wikipedia ao jornalismo (Oh My News 5 na Coreia do Sul, conta com 67.000 cidadãos jornalistas). Imagine-se agora o potencial que o produção massificada de conteúdos/serviços pelos próprios cidadãos pode ter em áreas como o apoio social, a saúde e a educação. Isto 6

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“Face aos actuais constrangimentos económicos, os governos estão sob pressão crescente. De um lado, crescem as necessidades sociais, agudizadas pela crise. Se se acreditar que o Estado não tem o monopólio do serviço público pode-se ir mais longe e iniciar uma devolução de poder aos cidadãos”

“Há que tornar o Estado um sistema aberto, para permitir a colaboração e a criação de novos mercados. Este é um movimento que foi iniciado nos EUA em 2009 e que está em expansão, com mais sete países a disponibilizarem publicamente as suas bases de dados”

sim, configura uma administração pública 2.0, em que os cidadãos passam de consumidores a co-produtores. Tudo isso exige uma nova atitude: abertura, criatividade, confiança e capacidade para pensar de forma diferente. É um esforço para um reset criativo, que recusa a doce ilusão dos tempos modernos, a de um futuro garantido pelo Estado. Os serviços públicos serão tanto melhores quanto forem desenhados para ajudar e motivar os utilizadores a gerar os seus próprios conteúdos e soluções. É normal que a lógica de user-generated public sector se depare obviamente com a oposição dos interesses corporativos. Como lembrou Charles Leadeaber: “o problema dos profissionais é que eles precisam de perpetuar o problema para o qual pensam ser a solução.” Em suma: tivemos um Estado acima das pessoas (segurança, guerra), depois um Estado a servir as pessoas (welfare). É chegada a hora de uma terceira revolução: um Estado a criar com as pessoas (inovação social). É nos momentos de crise que podemos testar e criar novas soluções: devem ser, por isso, mesmo, tempos de grande criatividade social. Tempos para sermos frugais nos custos, mas exuberantes na criação de novos futuros possíveis. A tecnologia não resolve problemas, as pessoas resolvem problemas. O que a rede vem permitir é as pessoas em contacto entre si, sem intermediários e sem limites geográficos, mas com base em comunidades de interesse. Para terem acesso à informação e produzirem informação, para partilharem conteúdos, para realizarem acções em conjunto. Não é por acaso que as marcas mais amadas (Apple, Google, Nike, Facebook) no século XXI são aquelas que ajudam as pessoas a desenvolver o seu potencial. Quer saber como será o futuro? Trate de inventá-lo. Bob Dylan tinha razão.

“Tivemos um Estado acima das pessoas (segurança, guerra), depois um Estado a servir as pessoas (welfare). É chegada a hora de uma terceira revolução: um Estado a criar com as pessoas (inovação social)”

Notas: 1 Disponiveis em http://data.gov.uk 2 http://www.wheredoesmymoneygo.org 3 h t t p : / / w w w. p a t i e n t o p i n i o n . o rg . u k / “We want to hear your story and your ideas to help other patients, and to improve the National Health Service” 4 http://www.kafkabrigade.nl/?hl=en_US 5 http://international.ohmynews.com/about O novo agregador das comunicações


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Entrevista

Hermínio Santos jornalista hs@briefing.pt

“O grande desafio do futuro é transformar qualquer objecto num gadget”, diz Alcino Lavrador, 48 anos, presidente executivo da PT Inovação, o “braço armado” do grupo Portugal Telecom para a Inovação. Presente em 25 países, a empresa, que tem uma relação privilegiada com o meio universitário, aposta também em mercados onde a PT não está, vai manter a Vivo no seu portefólio de clientes e vê a Oi como uma grande oportunidade

Alcino Lavrador, presidente executivo da PT Inovação

nFACTOS

O futuro num gadget

Fibra | O que é hoje a PT Inovação? Alcino Lavrador | A PT Inovação tem cerca de 650 colaboradores. Além disso, temos uma rede que dinamizamos à volta da empresa e que envolve mais 500 pessoas que trabalham connosco. O novo agregador das comunicações

Temos uma relação muito profunda e forte com as universidades. Há um ecossistema que a PT Inovação montou, por um lado com os colaboradores, por outro com uma rede de pequenas empresas e os projectos com universidades (20) que nos

dá acesso a uma outra capacidade extra de investigação e desenvolvimento de serviços e produtos. Temos ainda empresas subsidiárias no Brasil, com cerca de 200 pessoas, em Marrocos, Angola e um escritório em Moçambique. Janeiro de 2011

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EnTREVISTa

Fibra | Em termos de volume de negócios para 2010, quais são as expectativas? AL | Vai ser sensivelmente o mesmo que em 2009. Pelo menos não vai descer, o que já é bom num ano em que houve retracção de consumo que se reflectiu nos investimentos dos operadores de telecomunicações, o que também nos afectou. Fibra | Quais são as principais apostas estratégicas da empresa? AL | A principal é nas pessoas, sempre. Nós tentamos criar na empresa uma cultura de criatividade e inovação. Por um lado a captação do talento faz-se muito nas universidades – os projectos que temos de investigação dão-nos a possibilidade de escolher as pessoas que podem vir a trabalhar connosco. Temos também estágios académicos que nos permitem ir identificando o talento dos que ainda estão a estudar. Em termos tecnológicos as apostas são as redes de nova geração, ultra-rápidas, as plataformas de serviços avançados e os sistemas de suporte à operação que permitem obter elevados ganhos de eficácia e eficiência aos operadores de telecomunicações. Fibra | Como é que a PT Inovação se consegue distinguir dentro do universo PT? AL | A PT Inovação tem um ADN já longo de produtos e soluções inovadoras. A inovação não se faz só aqui mas também em todo o grupo. A nossa é uma inovação tecnológica, uma orientação para produtos diferenciadores. O nosso contributo é antecipar os riscos das tecnologias, fazer experimentação de tecnologias e protótipos. Somos um “braço armado” para a inovação da PT. Fibra | Qual o volume de negócios da PT Inovação e qual a percentagem para o grupo PT? AL | Cerca de 110 milhões de euros e o trabalho para o grupo representa 45 por cento da facturação total. O resto são clientes externos à PT em Portugal mas também estamos hoje em 25 paí8

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“Em termos tecnológicos as apostas são as redes de nova geração, ultra-rápidas, as plataformas de serviços avançados e os sistemas de suporte à operação que permitem obter elevados ganhos de eficácia e eficiência aos operadores de telecomunicações”

“Nós hoje já somos fornecedores de quatro grupos de telecomunicações – PT, Telefónica, France Telecom e MTN – e todos eles são líderes nos mercados onde estão. É natural que ambicionemos ser fornecedores de qualquer operador de telecomunicações”

ses e, em alguns deles, a PT não tem qualquer investimento (Egipto, Argélia, Tunísia, Marrocos). A nossa geografia é descolada da PT. Obviamente que em todos os locais onde a PT está nós estamos presentes e somos fornecedores estratégicos de tecnologia. Fibra | A estratégia de internacionalização é para expandir ou consolidar nos mercados onde já estão presentes? AL | É consolidar onde já estamos mas África tem um grande potencial de evolução. Há países que ainda não estão a ser explorados por nós, como é o caso da África do Sul e Nigéria, países muito populosos que têm necessidades crescentes para desenvolver os seus sistemas de comunicação e nós somos candidatos a fornecer essa tecnologia. Hoje já somos fornecedores de quatro grupos de telecomunicações – PT, Telefónica, France Telecom e MTN – e todos eles são líderes nos mercados onde estão. É natural que ambicionemos ser fornecedores de qualquer operador de telecomunicações.

“Temos 20 projectos de investigação e desenvolvimento com universidades. Todos os anos lançamos desafios ao meio académico para nos propor áreas de investigação – essas áreas agora estão alinhadas com o programa Open, da PT”

Fibra | Qual é o grau de ligação ao meio universitário? AL | Há vários tipos de ligação. O primeiro é que há colaboradores da PT Inovação que dão aulas nas universidades como professores convidados ou para dar mestrados. Temos depois 20 projectos de investigação e desenvolvimento com as universidades. Todos os anos lançamos desafios ao meio académico para nos propor áreas de investigação – essas áreas agora estão alinhadas com o programa Open, da PT. Portanto, lançamos desafios sobre determinadas áreas e eles apresentam-nos ideias e nós escolhemos aquelas que nos parecem que possam ter um maior contributo para a diferenciação futura dos nossos produtos. É que nós, com as universidades, não trabalhamos para produtos imediatos, mas antes para experimentar tecnologias ou avanços da tecnologia que nós temos e que possam vir a ser incorporadas mais tarde nos nossos produtos. O novo agregador das comunicações


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Fibra | O que é que a PT Inovação tem na manga para os próximos tempos? Todos os dias são anunciados novos produtos, novos gadgets – principalmente no Meo. É a PT Inovação que está por trás de tudo isto? AL | A PT Inovação está envolvida em grande parte dessas novidades. Há uma coisa que está a acontecer e que nós temos contribuído muito para que seja reforçada: a convergência da internet, da televisão e da rede de telecomunicações. Essa vai ser a evolução constante das novidades que serão lançadas à volta do Meo, tem a ver com isso – trazer para a televisão o que hoje já se faz na internet. Transformá-la num meio interactivo, ligar-lhe um conjunto de informação que já se tem hoje noutros meios – por exemplo ver a imagem de quem está a bater à porta da rua, uma câmara que pode ver se alguém precisa de cuidados especiais, chegar a casa e ver na televisão a lista de chamadas perdidas. Também nas redes ultra-rápidas nós temos alguns equipamentos que desenvolvemos para as redes de fibra óptica. Fibra | Qual é o próximo gadget que a PT Inovação vai desenvolver? AL | O próximo gadget é transformar qualquer objecto num gadget. Porque é que eu preciso de um equipamento para ver um filme? Posso projectá-lo na parede, posso desenhar um teclado num sofá a interagir com alguma coisa. Esse é o grande desafio do futuro: transformar qualquer objecto num gadget. PERFIL

Baby, leitura e amigos Licenciado em Engenharia Electrotécnica pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Coimbra, Alcino Lavrador, 48 anos, fez todo o percurso na PT Inovação. O Brasil é uma das referências na sua vida profissional. Fez parte da equipa da Telesp Celular, então comprada pela PT, que, em 1999, criou o célebre Baby – o primeiro pré-pago lançado no Brasil e que revolucionou o mercado – e, entre 2002 e 2006, esteve na PT Inovação Brasil. Instalou-se em São Paulo

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com a família, mulher e um filho, e ali passou uma “experiência muito boa que permitiu estar mais próximo do cliente e construir uma empresa”. Viaja muito mas a única experiência que teve de expatriado foi no Brasil. Ler tudo o que puder, desde temas de gestão a policiais, e estar com os amigos são os seus hobbies preferidos. Os seus desafios são claros: deixar uma empresa mais moderna e mais preparada para as mudanças tecnológicas, que são cada vez mais rápidas.

Fibra | O que é que representa para a PT Inovação a saída do grupo PT da Vivo e a entrada na Oi? AL | A Vivo é um grande cliente nosso e portanto nós temos que dar conforto à Vivo de que há um profissionalismo na PT Inovação capaz de servir mais que um cliente no mesmo espaço. A Oi é também uma grande oportunidade, onde há muito por fazer. A Vivo é para continuar no portefólio de clientes da PT Inovação. Janeiro de 2011

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Como é trabalhar em...

A fruta, os iogurtes, as massagens, o ginásio, as pausas para jogar Xbox ou matraquilhos, tudo isto contribui seguramente para a alegria no trabalho, mas o que os 350 colaboradores da Microsoft Portugal mais valorizam é a mobilidade. “Qualquer lugar é o meu escritório”, explica Bruno

O culto do Deus mobilidade É claro que há a fruta, os iogurtes e as sandes gratuitas, as consultas de psicologia e nutricionismo, as massagens, o utilíssimo serviço de concierge, o ginásio ali à mão de semear, as Xbox e matraquilhos sempre disponíveis para uma animada e divertida pausa no trabalho, as festas, o dinheiro disponível para actividades físicas ou aulas de línguas, mas a verdade é que na Microsoft Portugal já estão um bocado fartos que as pessoas de fora achem que é por causa destas mordomias, um tudo ou nada folclóricas, que a sua companhia é a vencedora crónica do Great Place to Work e da versão nacional deste prémio promovida em conjunto pela Exame e Heidrick & Struggles. Mobilidade. Bruno Berenguer Gonçalves, business partner em Recursos Humanos, prefere apontar a mobilidade como a responsável número um pela felicidade e alegria no trabalho dos 350 colaboradores da Microsoft Portugal – um número redondo resultante da soma dos 283 que estão no quadro, 23 a prazo e 10 estagiários. A Microsoft deitou âncora há seis anos no Tagus Park, surgindo logo à entrada do lado esquerdo. À chegada à companhia, o novo trabalhador recebe uma função, um badge com a sua identificação que funciona como “Abre-te Sésamo” das portas do edifício, um smartphone com Windows Mobile (Windows 7, a partir de agora), um portátil Toshiba, uma placa 3G da TMN, e um kit de boas vindas, que inclui, entre outras coisas, uma pen com um manual de acolhimento. “Como não há telefones fixos, há net wi-fi e todos têm uma placa 3G, qualquer lugar é o meu escritório”, explica Bruno. A informalidade é a regra. Os títulos académicos ficam à porta, todos trabalham em open space e 90 por cento das pessoas tratam-se por tu. Quando passa uma chamada ou um recado à directora-geral, Inês, a recepcionista, trata-a por Cláudia. E o dress code é ligeiro, mas com bom senso e sem excessos. Quem não tem nesse dia contactos programados com o exterior, pode usar t-shirt e jeans. Mas se vai encontrarse com clientes, é aconselhável que use fato e gravata, ou pelo menos business casual – camisa, casaco e calças de fazenda, tal como trajava Bruno quando nos recebeu e explicou: “Somos Microsoft mas também somos Portugal”. 10

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Sede da Microsoft Portugal no Tagus Park

Recepção

Inês, recepcionista

Cláudia Goya, directora-geral da Microsoft Portugal

Javier Arrupea Glittin, director de marketing e gestão do negócio, Manuel Machado, provedor do cliente e parceiros, José Fernandes, director de apoio ao desenvolvimento de software, em reunião informal

Bloco de notas presente em todas as salas de reunião

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Equipa de serviços em reunião

Equipa do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Reconhecimento de Fala

Uma pausa para café numa reunião com clientes

Pausa para jogar matraquilhos

Silvana, o rosto na Microsoft do serviço Mordomias

Francisco Ramos Chaves, responsável pela área de mobilidade

Paulo Ivas e Ana Palma da área de entretenimento

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Auditório onde decorrem as reuniões com todos os colaboradores

Colaboradores do Centro Europeu de Suporte Telefónico a jogarem Kinect para a Xbox 360 no local de trabalho Janeiro de 2011

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Televisão por subscrição

Podia, mas não era a mesma coisa Em 2011, vamos disponibilizar uma profunda remodelação do nosso hardware e software, através de um novo interface – o ZON Iris. Esta nova tecnologia aproxima-se, cada vez mais, daquilo que os consumidores esperam da sua ZON Box, tanto em funcionalidades, como em facilidade de uso O mercado de televisão por subscrição em Portugal, marcado por uma forte competitividade, enfrenta todos os dias novos desafios. O consumidor, constantemente atento às novidades, é também cada vez mais exigente na qualidade e preço do serviço. É sob estas condicionantes que a ZON Multimédia tem garantido a sua liderança. A ZON é líder nacional de TV por subscrição, com uma base de clientes de cerca de 1,6 milhões. É líder europeia na prestação de serviços Triple Play, com uma base de clientes superior a 600 mil. É o maior operador nacional em redes de nova geração, com uma quota de mercado de 60 por cento. A ZON é também líder em conteúdos HD – possuímos um total de vinte canais em alta definição, bem à frente de outras ofertas do mercado. E somos o primeiro operador com conteúdos e um canal True 3D. Mas não são apenas os números que nos garantem a liderança. Um estudo publicado pela Anacom, em Novembro, veio trazer reconhecimento adicional ao nosso estatuto de liderança em tecnologia de banda larga. Somos o líder em Portugal em termos de velocidades reais na internet. Mas o que nos orgulha mais ainda é o primeiro lugar nos índices de satisfação dos nossos clientes. Num relatório da Anacom sobre o nível de reclamações registadas por operador, a ZON sobressai como tendo um dos melhores desempenhos globais do sector. A Deco reconhece igualmente a ZON como o operador com o menor número de reclamações registadas, face à dimensão da sua base de 12

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“A qualidade do nosso serviço é tão importante como o seu preço. É o factor mais importante para conquistar, manter e fidelizar clientes. Hoje, a ZON é certificada pela APCC (Associação Portuguesa de Contact Centers), graças aos elevados padrões de execução e controlo operacionais empregues nos call centers”

clientes, e em comparação com os seus concorrentes directos. Neste cenário, a preocupação permanente é continuar a prestar um serviço com fiabilidade. A qualidade do nosso serviço é tão importante como o seu preço. É o factor mais importante para conquistar, manter e fidelizar clientes. Hoje, a ZON é certificada pela APCC (Associação Portuguesa de Contact Centers), graças aos elevados padrões de execução e controlo operacionais empregues nos call centers. Por outro lado, apostamos numa oferta claramente inovadora e diferenciadora: é importante oferecer ao cliente uma experiência rica em conteúdos, mas também de fácil navegação. Por exemplo, oferecer guias de programas que permitam ao utilizador saber, facilmente, de que programação dispõe e definir as suas grelhas de favoritos; sistemas de gravação e reprodução simples; um sistema de classificação de programas que permita a cada indivíduo escolher o que quer ver; personalização de grelhas de TV que possibilitem pré-definir a escolha de canais; sistemas de procura de conteúdos. Por isso, em 2011, vamos disponibilizar uma profunda remodelação do nosso hardware e software, através de um novo interface – o ZON Iris. Esta nova tecnologia aproxima-se, cada vez mais, daquilo que os consumidores esperam da sua ZON Box, tanto em funcionalidades, como em facilidade de uso. Garante ainda a introdução no mercado de serviços avançados de entretenimento, não apenas para televisão, mas

Jorge Graça Administrador da ZON Tv Cabo com o pelouro de Produto (TV, Net, Voz e Plataformas de Serviço)

igualmente orientados à convergência funcional e de conteúdos, entre televisão e internet. Por outro lado, esta plataforma fornecerá ao utilizador uma nova experiência: introduzindo novas funcionalidades e conteúdos com uma aplicação interactiva, widgets e jogos, aumentando a qualidade do serviço. Sendo uma solução de última geração, será uma referência, tanto em velocidade como em maleabilidade, marcada pela sua facilidade de instalação e manuseamento. Esta é a nossa maior vantagem competitiva. É sabido que os marketeers recomendam que, na elaboração do claim, se faça uma análise da performance geral do produto. A popularidade do “Se podia viver sem ZON? Podia, mas não era a mesma coisa…” atesta, tão só, a realidade experimentada pelos nossos clientes, graças a uma estratégia sustentada para o sucesso da marca ZON. O novo agregador das comunicações


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A vitória da convergência A aposta na convergência total do serviço de televisão com o PC e o telemóvel (normalmente designado por “3 ecrãs”) continuará a ser um dos pilares da estratégia da Vodafone, reforçando o seu papel de liderança na inovação do serviço de televisão e revolucionando a forma de ver e aceder a conteúdos de televisão e vídeo Durante muito tempo pensou-se que convergência era poder ouvir música e tirar fotografias a partir de um telemóvel. De um momento para o outro, julgámos ter chegado ao auge das nossas aspirações mais futuristas, ao possibilitar aos utilizadores que tivessem no bolso um dispositivo único que operava as funções de três. Desde então, poucos anos se passaram e aquilo que pensámos ser na altura a vitória da convergência é agora não mais do que o banal e o indispensável. Mas agora, os operadores de telecomunicações como a Vodafone já não são meros provedores de serviços de voz. São, em simultâneo, fornecedores de outros serviços convergentes, como os de internet e televisão, e produtores de informação e entretenimento para todas as plataformas disponibilizadas. Para isso contribui o avanço das tecnologias móveis e fixas (como a fibra óptica) e dos dispositivos de comunicações que vieram possibilitar uma integração e convergência real de todos estes conteúdos, tal como se verifica hoje no serviço Vodafone Casa TV. Com a rede de fibra óptica da Vodafone, que vai até à casa dos clientes, é possível ter hoje velocidades de transmissão superiores a qualquer outra tecnologia, fazendo com que o acesso à internet seja ainda mais rápido (300 Mbps) e o serviço de televisão tenha ainda maior qualidade. Baseado na mais avançada tecnologia digital, o Vodafone Casa TV conta ainda com mais de 120 canais, 14 deles em alta definição e um de 3D, e proporciona uma experiência de televisão realmen14

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“Durante muito tempo pensou-se que convergência era poder ouvir música e tirar fotografias a partir de um telemóvel”

“Os operadores de telecomunicações, como a Vodafone, já não são meros provedores de serviços de voz. São, em simultâneo, fornecedores de outros serviços convergentes, como os de internet e televisão, e produtores de informação e entretenimento para todas as plataformas disponibilizadas”

te diferenciadora, não apenas por ter uma qualidade de imagem e zapping superior à dos outros operadores, mas também porque representa verdadeiramente uma oferta completa e integrada dos três mais populares dispositivos multimédia: a TV, a Web/PC e o telemóvel. Exemplos desta integração são o lançamento pioneiro do acesso remoto ao serviço de TV, através do telemóvel ou do PC, que permite, por exemplo, agendar (ou cancelar) gravação de séries; a disponibilização (única no mercado) do serviço de TV na Xbox 360, possibilitando aos clientes jogar ou ver televisão enquanto conversam com os seus amigos e fazem chamadas de vídeo; o lançamento pioneiro do videoclube multiplataforma, disponível na TV, no PC e no telemóvel (modelos compatíveis); o acesso personalizado na TV (único no mercado através de um login por cada elemento da família) a um conjunto de aplicações interactivas onde se incluem, entre outras, Facebook, Picasa, Farmácias, Meteorologia, Jogos da Sorte, Notícias Público, Maisfutebol, AutoPortal e Trânsito. Esta real convergência mostra que já não faz sentido criar plataformas isoladas, por muito tecnologicamente avançadas que sejam. A aposta na convergência total do serviço de televisão com o PC e telemóvel (normalmente designado por “3 ecrãs”) continuará a ser um dos pilares da estratégia da Vodafone, reforçando o seu papel de liderança na inovação do serviço de televisão e revolucionando a forma de ver e aceder a conteúdos de televisão e vídeo. O aces-

António Margato Responsável de Comunicações para a Casa da Vodafone Portugal

so a um conjunto cada vez mais diversificado de aplicações interactivas e a sua disponibilização num leque ainda mais alargado de dispositivos (fixos e móveis), terá especial destaque nos novos devices, como os tablets, que trarão um conjunto de vantagens únicas para os clientes Vodafone Casa TV. O novo agregador das comunicações


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Libertem os conteúdos televisivos Para enfrentarem os desafios de um mercado cada vez mais pulverizado, os conteúdos de televisão têm de sair da TV. Sair, fisicamente, da TV (por exemplo, para os equipamentos móveis) mas sair, também, da tradicional cultura de TV e adoptar um estilo mais próximo daquele utilizado nos computadores e que irá enriquecer as emissões lineares O ano que agora começa trará, obviamente, grandes desafios na área da televisão por subscrição, mas acima de tudo será um ano de consolidação da TV enquanto verdadeira plataforma de entretenimento, muito mais do que um simples electrodoméstico onde se podem ver canais televisivos. O Meo contribuiu e contribuirá, sem dúvida, para esta consolidação e é um caso paradigmático neste mercado pela forma como mudou os hábitos de ver televisão em Portugal. Em apenas pouco mais de dois anos, parar uma emissão em directo ou agendar a gravação de uma série completa, são gestos tão simples e intuitivos como aumentar o volume ou mudar de canal. Os clientes Meo têm hoje à sua disposição um conjunto único de funcionalidades e aplicações com elevado nível de interactividade que lhes permite ter acesso aos mais variados conteúdos quando e onde quiserem. A evolução tecnológica que o nosso país tem vivido, com o inevitável contributo da PT, com a implementação de novas redes de fibra óptica, mesmo até à casa do cliente, potenciou o desenvolvimento de novas funcionalidades e a convergência efectiva de plataformas. A experiência de televisão hoje em dia é verdadeiramente multiscreen, quer seja no ecrã televisivo, no telemóvel, no PC ou mesmo nos tablets. Já não há unidireccionalidade nesta relação e os espectadores vêm cada vez mais a “Sua” televisão como um dos seus gadgets pessoais que lhes permite o acesso aos “Seus” conteúdos preferidos. O consumo de televisão em modo 16

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18%

foi o crescimento registado nos últimos 12 meses do consumo de televisão em modo não linear (conteúdos que não se resumem aos tradicionais canais)

“Interactividade em tempo real – a possibilidade de interagir com um programa; solicitar mais informação sobre o que está a dar; possibilidade de votar nos seus favoritos ou de seleccionar ângulos de visão alternativos – será o factor diferenciador neste mercado”

não linear (conteúdos que não se resumem aos tradicionais canais) cresceu 18 por cento nos últimos 12 meses, uma tendência que irá, sem dúvida, acentuar-se durante 2011 à medida que os clientes se vão familiarizando com estas novas funcionalidades. Não podemos deixar de referir, por exemplo, que em 2010, a percentagem de conteúdos gravados e vistos duplicou, o que demonstra que os clientes planeiam cada vez melhor as suas gravações e organizam cada vez melhor a sua grelha. Este será sem dúvida o caminho a seguir, para operadores e produtores de conteúdos, que terão oportunidade de aprofundar o relacionamento com os seus clientes, permitindo-lhes o acesso permanente aos seus conteúdos preferidos numa vertente multiscreen. Para enfrentarem os desafios de um mercado cada vez mais pulverizado, os conteúdos de televisão têm de sair da TV. Sair, fisicamente, da TV (por exemplo, para os equipamentos móveis) mas sair, também, da tradicional cultura de TV e adoptar um estilo mais próximo daquele utilizado nos computadores e que irá enriquecer as emissões lineares. Interactividade em tempo real – a possibilidade de interagir com um programa; solicitar mais informação sobre o que está a dar; possibilidade de votar nos seus favoritos ou de seleccionar ângulos de visão alternativos – será o factor diferenciador neste mercado. Projectos como a transmissão de jogos do Mundial 2010, na RTP, com uma forte componente interactiva; a aplicação TVI Secret Story, com mais de 2,5 milhões

Vera Pinto Pereira Directora do produto TV da PT e responsável pelo Meo

de visualizações ou a aplicação “Ídolos”, (com a SIC) com mais de 500 mil visualizações, foram experiências pioneiras em Portugal a esse nível e têm registado níveis de adesão notáveis. O ano de 2010 foi um ano ímpar para o Meo, não só pela posição que adoptou no mercado (800 mil clientes e 30 por cento de quota) mas pela forma como se posicionou na vanguarda do desenvolvimento de soluções tecnológicas para televisão. Lançamentos como o Meo Remote (o telecomando nos telemóveis e tablets), Meo Jogos, Musicbox ou a disponibilização do videoclube numa vertente online, juntaram-se às transmissões em 3D, aos conteúdos em HD, karaoke, e aos conteúdos interactivos para crianças, tornando a televisão, num efectivo Centro de Entretenimento. O novo agregador das comunicações


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O regresso a casa e à família A nossa casa é, cada vez mais, aquilo que precisamos que ela seja. De forma simples e acessível, a casa consegue satisfazer as necessidades individuais de cada uma das pessoas que lá vive e, em simultâneo, estar à altura das necessidades colectivas de qualquer tipo de família Surpreendentemente (ou talvez não), quando já quase todos só tínhamos olhos para o que é móvel e para a democratização do dom da ubiquidade, eis que a atenção de todos (das pessoas e, consequentemente, das empresas) volta a centrar-se no que se passa em nossa casa. Pode até parecer estranho mas nós, os humanos, sempre fomos férteis em paradoxos! Numa era em que tudo evolui e se transforma à velocidade da luz – num ritmo sobretudo marcado pela estonteante evolução tecnológica – há momentos em que mais parece avançarmos em sentidos opostos. Trata-se apenas de contradição aparente... Na realidade, estamos perante as duas faces de uma mesma moeda. E, se antes, estar em casa constituía uma opção marcadamente passiva e de certa forma alienante, o cenário hoje é radicalmente diferente. Vejamos. Mais do que o nosso porto seguro, onde conseguimos um tipo especial de conforto, a nossa casa está agora ligada a uma infra-estrutura de última geração e funciona como centro de decisão, parque de diversões, escritório, local de partilha, etc, etc, etc.... E esta tendência está a ser incrivelmente acelerada pelos impactos transversais da crise económica mundial, cujo impacto é reconhecido por todos. A nossa casa é, cada vez mais, aquilo que precisamos que ela seja. De forma simples e acessível, a casa consegue satisfazer as necessidades individuais de cada uma das pessoas que lá vive e, em simultâneo, consegue estar à altura das necessidades colectivas de qualquer tipo de família, facilitando o acesso à informação e ao conhecimento, ao 18

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“Já há muito que a televisão deixou de ser aquele aparelho passivo que funciona apenas numa só direcção e que nos convidava a ter comportamentos sedentários e rotinas menos recomendáveis que nos colocavam, perigosamente, ao nível de autênticas couch potatoes!”

“A televisão que temos agora em casa assume um papel central enquanto plataforma de acesso e interacção com todo este novo mundo, que nos convida a pensar, a escolher, a interagir, a participar...”

entretenimento, ao trabalho à diversão, à socialização.... As nossas casas estão cada vez mais à altura das nossas necessidades de ligação aos outros e ao mundo! Sensível a esta realidade, a televisão já há muito que deixou de ser aquele aparelho passivo, que funciona apenas numa só direcção e que nos convidava a ter comportamentos sedentários e rotinas menos recomendáveis que nos colocavam, perigosamente, ao nível de autênticas couch potatoes! A televisão que temos agora em casa assume um papel central enquanto plataforma de acesso e interacção com todo este novo mundo que nos convida a pensar, a escolher, a interagir, a participar.... Neste enquadramento, revela-se crucial escolher bem quem “temos” em casa; pelo que a selecção do operador que nos liga ao mundo assume um papel fulcral. Desde o momento em que conseguiu antecipar-se consideravelmente no lançamento das primeira ofertas de IPTV do mercado – tanto sobre ADSL como sobre fibra – o Optimus Clix vem construindo uma oferta assente num leque pouco vulgar de vantagens diferenciadoras. Sendo neste momento o único operador verdadeiramente integrado em Portugal, consegue colocar o país ao nível dos mais avançados do mundo nesta área, garantindo aos seus clientes os serviços e as funcionalidades que mais valor acrescentam a quem procura uma experiência de televisão premium. Através de um simples comando, são satisfeitos os novos hábitos de consumo, partindo de uma oferta completa de canais de televisão (que supera a centena e meia) e de um videoclube com mais de 3 mil títulos

Susanna Barbato Directora de Marketing TV & 3P Optimus Clix

que abrangem todas as categorias e com a qualidade dos estúdios de Hollywood. Mais do que uma imagem de altíssima qualidade (que passa cada vez mais por uma grande variedade de conteúdos em Alta Definição), o cliente valoriza cada vez mais um conjunto inovador de novas funcionalidades, que vão desde a gravação e pausa de emissão até aos jogos na televisão; desde o acesso às redes sociais como o Facebook, Twitter e Wikipedia até a um vasto número de títulos de karaoke, que vão desde a possibilidade de recomeçar um programa clicando apenas na tecla Restart TV até à gravação remota a partir da internet e do telemóvel... Para suportar e manter os mais elevados níveis de disponibilidade e de acesso a estes novos mundos, a fibra óptica surge como autêntico “ovo de Colombo”. Com um custo perfeitamente suportável por uma família média, abaixo por vezes das soluções alternativas, conseguimos hoje ter em nossa casa um link de alto débito que há pouquíssimos anos só estava ao alcance das grandes empresas. Garantindo uma robustez única e oferecendo velocidades que satisfazem todas as necessidades actuais, a aposta na fibra óptica posicionase, assim, como o caminho mais seguro para quem quer estar à frente. Por isso chegamos já a mais de 200 mil. Por isso estamos já a avançar para a duplicação desta capacidade até ao final do próximo ano. Queremos garantir um lugar no futuro. Por isso voltámos a casa. O novo agregador das comunicações


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Eu sou a tua obsess達o


arquitectura

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Os livros dizem que é a arte e a técnica de projectar e edificar o ambiente em que habitamos, organizando o espaço de acordo com critérios de estética e funcionalidade. Goethe escreveu que é música petrificada. Para a Vodafone, a arquitectura é também mais uma maneira de exibir, de forma exuberante, o seu arrojo, modernidade e carácter inovador

A música petrificada do 91 Está a imaginar uma folha A4 branca amarrotada numa bola? Pois é isso que lembra, à primeira vista, o novo edifício da Vodafone no Porto que, em pouco meses, conseguiu imporse como uma referência arquitectónica da cidade, não se deixando ofuscar pelo brilho da vizinhança – partilha a Avenida da Boavista com a Casa da Música, de Rem Koolhas, e está a menos de um quilómetro de distância do Museu de Serralves, de Álvaro Siza. Em Lisboa, a Vodafone já tinha demonstrado querer que as características inovadoras que estão no seu ADN se reflectissem na arquitectura dos seus edifícios. Não desiludiu quando se tratou de concentrar num imóvel o coração da sua operação no Porto. O terreno, localizado no gaveto da Avenida da Boavista com a Rua Correia de Sá, era difícil mas as esquinas foram arredondadas pelo projecto de design arrojado e inovador da Barbosa & Guimarães que saiu vencedor do concurso de ideias. Projectado a pensar numa ideia de movimento, reflectindo assim a atitude dinâmica e activa da Vodafone, com fachadas que se desenvolvem em vários planos, com mudanças constantes de direcção, o imóvel baseia-se no conceito de um edifício em desequilíbrio, utilizando o betão armado branco para materializar esta ideia. “Com a liberdade e plasticidade que o betão armado permite, foi desenvolvido uma sistema estrutural que utiliza os planos de geometria irregular das fachadas para suportar as lajes maciças do edifício” explica José António Barbosa, o arquitecto coordenador-geral de um projecto que assenta como uma luva no desejo de um cliente de não passar despercebido na paisagem urbana. 20

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Vodafone, Porto

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“Com a liberdade e plasticidade que o betão armado permite, foi desenvolvido um sistema estrutural que utiliza os planos de geometria irregular das fachadas para suportar as lajes maciças do edifício”

José António Barbosa Arquitecto Nascido no Porto, onde se licenciou em Arquitectura (FAUP, 1993), tem 43 anos. Fundou com Pedro Guimarães, um ano após ter concluído o curso, o gabinete de arquitectura Barbosa & Guimarães, com ateliê na rua Brito Capelo, em Matosinhos, que já ganhou diversos prémios, entre os quais o Prémio João Almada 2004 (obra numa casa setecentista) e o Prémio Nacional de Paisagismo 2009 (requalificação das margens do rio Tâmega, em Chaves).

“Para a cultura da empresa e as relações entre as pessoas há ganhos evidentes em reunir toda a gente no mesmo local. Somos todos seres humanos, também temos uma parte humana. E as teorias mais recentes dizem que as decisões nunca deixam de ter componentes racionais e emocionais. Para haver um bom conhecimento entre as pessoas e as suas várias actividades, é importante haver um local de trabalho privilegiado”

António Carrapatoso Chairman da Vodafone Portugal

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arquitectura

Primeiro havia a necessidade concreta de mais e melhor espaço, uma área grande, um bom pé direito e layout próprio. Havia ainda a questão da imagem de uma grande companhia que precisava de uma sede com uma identidade própria instalada num edifício que marcasse uma zona emblemática de Lisboa. “As empresas cada vez mais têm de prestar maior atenção à qualidade do ambiente de trabalho dos seus empregados. Qualquer empresa deve ter como objectivo último a satisfação dos seus accionistas, o que passa pela rentabilização dos capitais que eles investem, mas também, a satisfação e desenvolvimento dos seus colaboradores. Para isso é também importante haver condições físicas de trabalho favoráveis”, disse António Carrapatoso, a propósito da mudança para novas instalações, construídas de raiz e por isso taylor made. O processo começou ainda a companhia se chamava Telecel, tendo a escolha recaído sobre um lote de terreno próximo da Gare do Oriente e defronte para o Pavilhão de Portugal, delimitado a sul pela Alameda dos Oceanos e a norte pela Avenida D. João II. Mais de meia centena de arquitectos e gabinetes de arquitectura fora desafiados a apresentar-se a um concurso de ideias. Das 31 propostas entregues e analisadas pelo júri, emergiu como vencedor o projecto assinado por Alexandre Burmester e José Carlos Gonçalves. “Queremos que a nova sede venha a ser, não só um dos edifícios mais emblemáticos e característicos do Parque das Nações, mas também da cidade de Lisboa”, declarou Vaz Branco (à época vice-presidente da Telecel para a área dos projectos especiais) na apresentação do projecto, no ano 2000. Hoje, dez anos depois, é claro e límpido que o objectivo foi alcançado.

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mil m²

é a área total do edifício, distribuída entre 35 mil m² acima do solo e 25 mil abaixo

Vodafone, Lisboa

“O facto de haver um local de trabalho onde as pessoas vão todos os dias e onde se encontram cria muito valor para as empresas. Esse convívio permanente, diário, das pessoas, os conhecimentos que adquirem e as conversas que têm, sejam profissionais, sejam de natureza pessoal, contribuem bastante como um valor acrescentado importante.” António Carrapatoso Chairman da Vodafone Portugal

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“O edifício tem uma grande escala de inserção no Parque das Nações, uma escala de rua com as suas envolventes, outra escala no interior pelos espaço que cria, e, finalmente, outras diferentes escalas para quem o habita. Joga nas transparências dos espaços criados como fronteiras pouco visíveis entre os seus espaços públicos e privados”

Alexandre Burmester Arquitecto

RECONHECIMENTO

Uma chuva de prémios

Nascido no Porto a 4 de Janeiro de 1957, passou a infância e a adolescência nesta cidade até que o período conturbado que o país atravessou, a seguir ao 25 de Abril, levou a família a mudar-se para o outro lado do Atlântico. Fez o curso de Arquitectura no Rio de Janeiro, entre as universidades Gama Filho e Santa Úrsula. Em 1982 regressou ao Porto, onde vive e trabalha – o atelier da A. Burmester Arquitectos Associados fica na zona ribeirinha de Gaia. Antes de ser distinguido com o Valmor pelo edifício-sede da Vodafone em Lisboa, já tinha ganho o Prémio Almada, atribuído pela Câmara do Porto para distinguir a recuperação de um edifício na rua da Vilarinha

Vizinho de dois prémios Valmor (o Pavilhão de Portugal, de Álvaro Siza Vieira, e o Pavilhão do Conhecimento, de Carrilho da Graça), o edifício-sede da Vodafone viu a qualidade da sua arquitectura reconhecida por júris de diferentes prémios, nacionais e internacionais. Óscar da Imobiliário. Em 2004, o ministro das Obras Públicas, Carmona Rodrigues, entregou à Vodafone o Óscar atribuído pela revista Imobiliário ao edifício-sede da companhia, eleito nesse ano como “Melhor Edifício de Escritórios” e “Melhor Empreendimento Imobiliário”. Dédalo Minosse. A Vodafone recebeu no Teatro Olímpico de Vicenza o prémio especial Rizzani de Eccher, na 5.ª edição dos Prémios Internacionais Dedalo Minosse, promovidos em conjunto pela revista de arquitectura L’Arc e pela Associação de Arquitectos Italianos. Valmor. A Câmara de Lisboa atribui o Prémio Valmor 2005 ao edifício-sede da Vodafone, justificando a distinção com a qualidade arquitectónica do projecto “que contribuiu significativamente para a salvaguarda do património e valorização da cidade, projectando-a como uma urbe sustentável e cosmopolita”.

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Passeio Público

Fátima Sousa jornalista fs@briefing.pt

Ela detesta fazer por fazer

Ramon de Melo

Joana Garoupa, directora de Comunicação e Marketing da Siemens, não se assusta com a mudança: “Se não tenho um desafio pela frente fico desmotivadíssima. Detesto fazer por fazer. É na mudança que se aprende, que se evolui. Estar sempre no mesmo sítio, com as mesmas pessoas, as mesmas conversas, estagna-se”

Até chegar a directora de Comunicação e Marketing na Siemens, Joana Garoupa teve uma mão-cheia de experiências. Até servir hambúrgueres e fritar batatas para conhecer melhor a marca que ia trabalhar. Tinha seis ou sete anos quando o pai lhe deu uma lição que lhe ficou para a vida. Única rapariga dos quatro filhos, sofria, com frequência, as tropelias dos três irmãos rapazes. Deles se queixava, entre lágrimas, até que um dia ouviu o conselho de que, antes de pedir a protecção paterna, deveria tentar resolver os problemas por si. Foi “um empurrão imenso”, um empurrão no caminho da autonomia mas também da ob24

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jectividade. E hoje, aos 36 anos, directora de Comunicação e Marketing da Siemens, Joana assume que, em tudo o que faz na vida, funciona por objectivos quantificáveis ao máximo. É essa objectividade que a fascina no mundo da publicidade, por onde passou num percurso profissional iniciado numa agência de comunicação, a Emirec. Licenciou-se em Comunicação Empresarial, pelo ISCEM, primeiro, porque na altura de escolher o caminho académico procurou evitar a Matemática; depois porque o perfil curricular do curso a atraiu pela abrangência de oportunidades que oferecia.

Foi no 3.º ano do curso que chegou à Emirec, para um estágio curricular que se transformou num estágio profissional, “profundíssimo e muito interessante”. A seguir, não resistiu a um anúncio de recrutamento para a McCann: enviou o currículo e ficou. Ficou também “apaixonada pelo mundo da publicidade”, de tal forma que, quando surgiu a oportunidade de se mudar para a DDB, não hesitou: “Na Emirec já tinha trabalhado uma das contas da agência, a McDonald’s, numa altura que estava a entrar em força no mercado português”. E foi aqui que teve uma das experiências mais inesperadas da sua

vida profissional: um estágio de uma semana num restaurante da marca, a servir hambúrgueres, fritar batatas, lavar fritadeiras… “Nunca na vida desinfectei tanto as mãos”, recorda. O que começou como uma imposição acabou por se revelar uma mais-valia no entendimento da marca. Ainda hoje vai ao McDonald’s, embora cada vez menos, como ainda hoje bebe água Caramulo, uma das marcas da Unicer, conta que trabalhou na etapa seguinte do seu caminho profissional, a Publicis. Mais uma vez como contacto, aquilo que designa como “o saco de batatas entre o cliente e os O novo agregador das comunicações


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criativos”. Uma posição “às vezes bastante frustrante” mas, no final, sobrava a “sensação fantástica” de perceber que tinha sabido gerir com sucesso as percepções de ambos. O resultado não era produto directo da sua acção, mas tinha o seu dedo: como na campanha do Carls e do Berg ou no restyling da Vitalis. Houve, porém, uma “marca” que Joana não conseguiu deixar. A de copy. Não porque não quisesse, mas porque não a deixaram: “Sempre que tive a tentação era trucidada…”. Depois de experimentar a Comunicação e a Publicidade não teve dúvidas: “Percebi do que gostava”. A tal objectividade que aprendeu com o pai. “Senti que era o meu mundo, que era na Publicidade que queria ficar”. Também pelo espírito de camaradagem entre as equipas, quando as noitadas para desenvolver uma campanha elevam a motivação ao expoente máximo. Não é, porém, na Publicidade que está. Lidera um departamento de Comunicação Institucional onde há mais subjectividade do que objectividade. Joana Garoupa tem uma estratégia: “Embora a minha actividade seja pouco quantificável, porque é, tento que haja forma de quantificar o que fazemos. Se tenho um blogue sobre sustentabilidade meço se tem ou não visitantes, se tenho um website meço qual a taxa de adesão…”. E não seria de esperar outra atitude numa empresa que pede resultados: é uma vantagem a Siemens ser alemã. Joana passou para o lado do cliente quando estava na Publicis. Chamou a atenção de um head hunter e acabou recrutada como manager de Comunicação Institucional na Siemens. “Assinou”, nomeadamente, os 100 anos da empresa em Portugal. Mas ainda não seria dessa vez que se fixaria: novo desafio, desta vez a Sonaecom, fê-la pôr termo a esta etapa de três anos e a fazer uma “mudança radical” na sua vida: “Vendi a minha casa e mudei-me de armas e bagagens para o Porto”. Regressou. A Lisboa e à Siemens, quando o seu antecessor O novo agregador das comunicações

Tinha seis ou sete anos quando o pai lhe deu uma lição para a vida. Única rapariga dos quatro filhos, sofria com as tropelias dos três irmãos rapazes. Deles se queixava, entre lágrimas, até que um dia ouviu o conselho de que, antes de pedir a protecção paterna, deveria tentar resolver os problemas por si

na direcção de Comunicação e Marketing, António Filipe, a convidou para o substituir, pois tinha, ele próprio, um novo desafio pela frente. Curiosamente, a McDonald’s… Aceitou: “Já tinha um carinho enorme pela marca”. Está nas actuais funções desde Novembro de 2008. O que faz correr Joana Garoupa? Para já, ter experimentado a Comunicação numa agência, a Publicidade e a Comunicação Institucional, e até já ter mudado a latitude da sua vida? É o desafio: “Se não tenho um desafio pela frente fico desmotivadíssima. Detesto fazer por fazer. É na mudança que se aprende, que se evolui. Estar sempre no mesmo sítio, com as mesmas pessoas, as mesmas conversas, estagna-se”. A Joana Garoupa a mudança não assusta. “Mas se me perguntar se quero ir trabalhar para fora, fazer uma carreira internacional, teria de digerir muito bem. É assim desde sempre, talvez porque sou muito agarrada à família”.

Profissionalmente, a sucessão de experiências foi enriquecedora: proporcionou-lhe “uma percepção de quase 360º dos vários quadrantes da Comunicação, percepção essa que agora coloca ao serviço do mundo Siemens. Um mundo com sectores de negócios tão díspares como sistemas para teatros, centrais termoeléctricas, aeroportos temporários, comboios de alta velocidade… “Mas a marca é a mesma. E acaba por ser um desafio muito engraçado conciliar tudo isso e direccionar a comunicação para os diferentes públicos”. É esta diversidade que lhe faz sentir que está a começar todos os dias. Mas com a confiança de trabalhar numa empresa que “reúne o melhor de dois mundos: o rigor e as regras dos alemães e a criatividade, a inovação e o desembaraço dos portugueses”. É, por isso, que, “sendo a Siemens Portugal pequenina no universo Siemens, consegue atrair as atenções da casa-mãe e acaba por ser piloto para uma série de projectos”.

PERFIL

A árvore, o filho, o livro

Fez um estágio de uma semana num restaurante McDonald’s a servir hambúrgueres, fritar batatas, lavar fritadeiras… “Nunca na vida desinfectei tanto as mãos”, recorda. O que começou como uma imposição acabou por se revelar uma mais-valia no entendimento da marca

Diz a sabedoria popular que a vida só se completa depois de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Ficou por saber se Joana faz profissão de fé neste adágio, mas que o quer cumprir…já começou. A árvore foi plantada numa acção da Siemens no âmbito da reflorestação do Parque Natural Sintra-Cascais. Sobre o filho, começa agora “a pensar mais a sério”. Sabe que “se pensar muito nunca é a altura certa, mas a altura está a chegar”. Quanto ao livro, não tem dúvidas: “Hei-de escrever, não sei sobre o quê nem quando, mas não hei-de acabar a minha vida sem escrever um livro”. Desde sempre que escreve. Ainda hoje mantém um diário. Útil, ainda que não exaustivo. Não sabe explicar bem por que o faz, talvez – admite – para manter algum controlo sobre o seu quotidiano. Viaja sempre com um pequeno caderno de capa preta a que confia as suas impressões dos lugares e das pessoas. África é um destino no horizonte, não que tenha uma viagem de sonho, antes uma lista. Nestes dias de Inverno, sabe-lhe bem estar em casa, “de mantinha”, a ver as séries da Fox. Já o desporto não lhe é tão simpático. Por preguiça. Correr não, caminhar sim. E evitar o elevador. Também em nome da sustentabilidade que é um dos valores que comunica.

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Sistemas operativos

Um caso sério de sucesso Com mais de 400 mil novos developers a criarem aplicações para a Loja Ovi no último ano – 92 dos quais com mais de um milhão de downloads registados – a Loja Ovi atingiu, em Novembro de 2010, o marco dos três milhões de downloads por dia. Em suma, o Symbian garante aos seus utilizadores uma experiência fantástica e divertida, e veio para ficar

O Symbian é o sistema operativo mais popular e bem sucedido no mercado dos smartphones. Suporta mais de 200 milhões de dispositivos existentes a nível mundial, bem como os 300 mil que são entregues diariamente aos nossos clientes. Maduro por natureza, o Symbian é totalmente compatível com as normas da indústria de telecomunicações e com o enquadramento competitivo actual. Além disso, é um software escalável e possui uma grande flexibilidade, de modo a tirar partido das especificações de hardware mais exigentes, permitindo alargar as funcionalidades dos smartphones a segmentos de preço mais acessíveis. Inovação constante Estamos perante um sistema operativo que está continuamente em desenvolvimento e crescimento, de forma a fazer face às exigências dos consumidores. A comprová-lo, a comunidade Symbian anunciou, em Junho de 2010, cerca de 250 novas funcionalidades e características, entre as quais destacamos, por exemplo, a elevada capacidade de resposta, através de aceleradores gráficos; a interacção com um simples toque; o scrolling suave e o pinch zoom das fotos. Por outro lado, estas inovações incluem também a introdução de múltiplos ecrãs iniciais, que podem ser totalmente personalizados através de aplicações widgets. E como se isso não bastasse, o Symbian passou 26

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“O Symbian apresenta mais-valias inquestionáveis para os developers, pois o seu código de base é totalmente gratuito, possibilitando que qualquer pessoa possa utilizá-lo para desenvolver uma aplicação. Adicionalmente, mostra-se muito eficiente na gestão dos recursos de memória, processamento e consumo de energia”

igualmente a permitir a gravação de vídeo com qualidade HD, assim como a reprodução de vídeo HD com Dolby Digital Plus, directamente num televisor de alta definição, por meio de ligação digital HDMI. E, não menos importante, é o facto de o Symbian apresentar a melhor experiência de sempre em termos de multi-processamento real de tarefas, incluindo a possibilidade de visualização de conteúdos em flash. A Nokia reafirmou o seu compromisso com a plataforma Symbian, através do lançamento de um amplo portefólio de smartphones, como o Nokia N8, o Nokia C6-01, o Nokia C7 e o Nokia E7. E as expectativas são elevadas: a Nokia espera vender cerca de 50 milhões de smartphones com a nova versão do sistema operativo Symbian! Benefícios para os developers O Symbian apresenta mais-valias inquestionáveis para os developers, pois o seu código de base é totalmente gratuito, possibilitando que qualquer pessoa possa utilizá-lo para desenvolver uma aplicação. Adicionalmente, mostrase muito eficiente na gestão dos recursos de memória, processamento e consumo de energia. Não menos importante, é o facto do Symbian facultar a instalação de aplicações de entidades terceiras, afirmando-se igualmente como a plataforma mais estável e segura do mercado. Por seu turno, a recente evolução

Miguel Nuno Duarte Pedro Formado em Engenharia Electrotécnica & Computadores no IST, com pósgraduações em E-Business, bem como em Gestão de Projectos, no ISEG. Está nos quadros da Nokia desde 2003. Actualmente exerce a função de program manager

da ferramenta de desenvolvimento de aplicações Qt, veio conferir maior eficácia e rapidez de evolução ao sistema operativo. O Qt assegura as funcionalidades das aplicações em versões futuras da plataforma e permite a realização – com maior frequência – de actualizações e melhorias destinadas aos dispositivos Nokia. Tirando partido desta oportunidade de crescimento contínuo, os developers podem encontrar, no Fórum Nokia, as ferramentas e o apoio necessários ao desenvolvimento de aplicações, que podem disponibilizar ao público através da Loja Ovi e de uma extensa base de smartphones Nokia compatíveis. Com mais de 400 mil novos developers a criarem aplicações para a Loja Ovi no último ano – 92 dos quais com mais de um milhão de downloads registados – a Loja Ovi atingiu, em Novembro de 2010, o marco dos três milhões de downloads por dia! Em suma, o Symbian – líder incontestado entre os sistemas operativos para smartphones – garante aos seus utilizadores uma experiência fantástica e divertida, e veio para ficar!

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Sistemas operativos

Romper com as convenções O Windows Phone 7 foi concebido para proporcionar ao utilizador uma experiência móvel simples, reunindo aquilo que ele mais necessita e ajudando-o a cumprir as suas tarefas de forma mais rápida. Rompe com a convenção dos actuais smartphones A partir da meia-noite do dia 21 de Outubro, os novos Windows Phone 7 passaram a estar disponíveis no país através dos operadores móveis nacionais e em lojas selecionadas. O Windows Phone 7 foi concebido para proporcionar ao utilizador uma experiência móvel simples, reunindo aquilo que ele mais necessita e ajudando-o a cumprir as suas tarefas de forma mais rápida. Rompe com a convenção dos actuais smartphones, normalmente baseados num conceito de “coleção de aplicações” nas quais o utilizador tem de entrar para efectuar uma tarefa, sair e voltar a entrar noutra para efectuar outra tarefa – se quer tirar uma fotografia tenho de invocar a aplicação da “câmara”, se quero fazer uma chamada vou aos “contactos”, se quiser ir às redes sociais invoco o Facebook ou o Live. O Windows Phone 7 apresenta um conceito diferente, optimizado para a utilização, que ajuda o utilizador a localizar e manipular rapidamente a informação, os serviços da cloud e também as aplicações, recorrendo a novos elementos, como os Live Tiles e Hubs. Para proporcionar uma experiência pessoal única, o Windows Phone 7 apresenta um ecrã inicial, Start, personalizável através de uns “botões” quadrados de informação dinâmica (designados Live Tiles), que pode ser configurado pelo utilizador em função dos seus gostos e preferências. Os Live Tiles podem apontar para uma grande variedade de entidades que estão no telefone (contactos favoritos, apontamentos, músicas, web si28

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“O Windows Phone 7 assinala ainda uma nova era nos jogos móveis, sendo o primeiro telefone a colocar nas mãos do utilizador o potencial da Xbox Live com uma respeitável oferta de títulos de premiados fabricantes. O Windows Phone 7 é ainda o primeiro a oferecer a experiência de música Zune num telefone. O utilizador pode ouvir a sua colecção de música, sincronizada através de wi-fi (ou com cabo) com o seu PC”

tes, aplicações, etc.) e que são actualizados automaticamente, consoante a evolução do conteúdo para o qual apontam. Por exemplo, um Live Tile para o e-mail irá indicar o número de mensagens não lidas desde a última vez que acedeu aquela conta de e-mail, o Live Tile para o Marketplace avisará de que há updates das suas aplicações disponíveis. Os Hubs são “centros de informação” que agregam a informação relativa ao tema a que se referem. Existem seis Hubs de origem (People, Music+Videos, Pictures, Games, Office, Marketplace), podendo os operadores móveis e os fabricantes adicionar os seus próprios Hubs. No People Hub, por exemplo, encontro toda a informação sobre os meus contactos mas também as actividades mais recentes desses contactos nas redes sociais Live e Facebook, com possibilidade de as comentar. Os novos telefones distinguemse também pelo seu design exclusivo, bem como pelas experiências integradas da Microsoft, tais como o Windows Live, Office, Xbox LIVE, Bing, Zune, entre outras. O serviço Windows Live ajuda o utilizador a gerir as suas fotografias (com espaço de armazenamento na cloud de 25 GB através do SkyDrive), o calendário, agenda, e-mail, Office, e muito mais, incluindo a possibilidade de utilizar o Find My Phone, um serviço gratuito de localização do telefone. O novo Office Mobile 2010, que vem integrado no Windows Phone 7, proporciona uma experiência de e-mail idêntica à do PC, complementada

pela possibilidade de visualizar, editar e partilhar documentos de Word, Excel e PowerPoint bem como criar notas multimédia (texto, fotos, som) com o OneNote Mobile. O Windows Phone 7 assinala ainda uma nova era nos jogos móveis, sendo o primeiro telefone a colocar nas mãos do utilizador o potencial da Xbox LIVE com uma respeitável oferta de títulos de premiados fabricantes. O Windows Phone 7 é ainda o primeiro a oferecer a experiência de música Zune num telefone. O utilizador pode ouvir a sua colecção de música, sincronizada através de wi-fi (ou com cabo) com o seu PC. Os primeiros dispositivos comercializados no País estarão, para já, à venda na versão inglesa. A versão localizada do Windows Phone 7 estará disponível no decorrer do próximo ano.

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Uma variedade de modelos, a mesma experiência

O LG Maximo 7 (E900) da LG vem com sistema operativo Windows Phone 7, oferecendo ao utilizador uma excelente experiência multimédia. O ecrã de 3,8 polegadas permite-lhe visualizar com grande conforto os filmes em HD criados no seu telemóvel (720p). Para mais informações: http://www.lg.com/pt/telemoveis/modelos/LG-E900.jsp Pontos de venda: através da Optimus e canal de retalho

O HTC HD7 possui um ecrã S-LCS táctil com 4,3 polegadas e resolução WVGA, processador Qualcomm Snapdragon QSD8250 a 1 GHz, 8GB de capacidade de armazenamento interna (sem cartão de memória inserível), memória ROM de 512MB e uma câmara com 2592х1944 píxeis, autofocus. Vem equipado com um sistema de som de alta-fidelidade dolby mobile e SRS surround, apresentando filmes com qualidade cinematográfica e permite uma experiência de jogos similar à de uma consola.

Francisco Ramos Chaves Na Microsoft desde Julho de 2004, liderou a equipa da Microsoft Business Solutions. Em Agosto de 2007, foi designado para liderar a nova divisão dedicada à mobilidade – Mobile Communications Business

Para mais informações: http://www.htc.com/europe/product/hd7/overview.html Pontos de venda: canal de retalho

O HTC 7 Mozart tem um ecrã LCD táctil de 3.7 polegadas e resolução WVGA, processador Qualcomm MSM8250 a 1GHz, 576MB de memória RAM, 8GB de espaço e uma câmara de 8MP, com várias funções avançadas de fotografia, flash Xenon e gravação de vídeo em alta-definição, a 720p. Para mais informações: http://www.htc.com/europe/product/7mozart/overview.html Pontos de venda: através da Optimus

O HTC Trophy beneficia de uma navegação táctil facilitada e personalizável ao gosto do utilizador, através de um interface que permite a rápida actualização de todas as informações a que se pretende aceder num telemóvel inteligente: mensagens, actualizações de informação em redes sociais. Inclui também o HTC Hub. Para mais informações: http://www.htc.com/europe/product/7trophy/overview.html Pontos de venda: através da Vodafone

O Samsung Omnia 7 beneficia da aliança perfeita entre as funcionalidades profissionais e de entretenimento, possibilitando ao utilizador permanecer simultaneamente em diferentes interfaces. Com um design bastante inovador, o Samsung Omnia 7 distingue-se pelas experiências integradas do Windows Live, Office, e redes sociais. Entre outras características, este dispositivo inclui um ecrã SUPER AMOLED de 4’’, memória interna de 8GB, câmara fotográfica de 5 Mpx com autofocus e flash LED, Processador de 1GHz e Wi-Fi. Para mais informações: http://www.omnia7.samsungmobile.com/ Pontos de venda: através da TMN e no retalho O novo agregador das comunicações

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A era dos telefones espertos A empresa que represento, a Acer, tem concentrado o seu portefólio de novos modelos no Android, sobretudo porque acreditamos que esta será a escolha mais racional da maioria dos consumidores. Nos Estados Unidos, o Android já é o sistema operativo mais vendido em smartphones e na Europa é o segundo Smartphones, tablets, Android, aplicações, redes sociais...se recuarmos apenas três ou quatro anos, estas palavras ou eram desconhecidas, ou faziam parte de um futuro que imaginávamos na altura ainda distante. Quando entrei neste mercado das telecomunicações móveis, nos anos 90, os primeiros telefones móveis não eram muito móveis. Alguns pesavam uns bons quilos, custavam umas centenas largas de contos (no saudoso escudo) e eram transportados em malas. Mas depois apareceram os telefones móveis digitais, da rede GSM, e esses já pesavam menos de um quilo, já eram verdadeiramente transportáveis e cabiam no bolso do casaco. A evolução a que assistimos nas redes móveis, até meados da década que agora termina, foi essencialmente do lado dos equipamentos que se tornaram mais pequenos e bonitos. Até essa altura, os consumidores, para além dos serviços móveis de voz apenas se interessaram pelos sms e, mais recentemente, pelas fotos no telemóvel. Coisas como o GPRS, 3G, mms eram amplamente anunciados pelos operadores móveis, mas recebidos com desconfiança pelos seus clientes. Não sei quem desencadeou a mudança, se os operadores, se os fabricantes, a Google ou a Apple, mas o que é verdade é que cada vez se vão vendo mais pessoas a usar o e-mail no seu telemóvel, a actualizar o seu Facebook, a desfrutar dos últimos jogos da moda, ou simplesmente a consultar as notícias ou os resultados da bola. Os telefones espertos (ou no mais elegante jargão do meio, os smartphones) são a mais recente moda e tornaram-se um produto aspiran30

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te para muitos portugueses porque permitem fazer tudo isto e muito mais. Calcula-se que por esta altura natalícia, cerca de um em cada cinco telemóveis vendidos em Portugal, seja um smartphone. Na restante Europa Ocidental vão ser um em cada três, pois na maioria dos mercados os operadores subsidiam os telemóveis e o poder de compra é maior. Na hora de escolher um smartphone, o consumidor vê-se perante uma decisão difícil: qual o sistema operativo a adoptar? iPhone, Android, BlackBerry, Symbian, Windows Mobile? Esta é uma decisão pessoal, que deve ser baseada nas expectativas de cada um e, claro, no orçamento disponível. A empresa que represento (a Acer) tem concentrado o seu portefólio de novos modelos no Android, sobretudo porque acreditamos que esta será a escolha mais racional da maioria dos consumidores. Nos Estados Unidos, o Android já é o sistema operativo mais vendido em smartphones e na Europa é o segundo. Na minha opinião, as razões de sucesso do Android são: i) Facilidade de utilização e de personalização do smartphone – cada consumidor consegue criar o seu próprio telefone, colocando widgets nos ecrãs (de notícias, do tempo, das redes sociais) e utilizá-lo sem o necessário recurso ao manual de instruções. ii) Disponibilidade de aplicações e de jogos no Android Market – a maioria dos quais gratuitos e de grande qualidade. iii) Capacidades de multimédia dos smartphones Android: no meu

smartphone eu tenho vários álbuns de música, vídeos caseiros que vou fazendo e uma série de fotos. A maior parte dos meus acessos ao Facebook é feita através do meu smartphone. Raramente deixo os e-mails acumular, pois vejo-os com frequência no móvel... iv) Preços: Actualmente podemos comprar smartphones Android a partir de 129,9 euros. Claro que a experiência de utilização vai melhorando à medida que vamos testando modelos mais caros mas, pelo menos, os consumidores têm uma grande amplitude de escolha em termos de preço. A Google conseguiu que fosse possível tudo isto e muito mais de uma forma simples e acessível a partir dos nossos telemóveis. Tem constantemente melhorado o Android (desde o inicio de ano que já assistimos ao lançamento de quatro versões, sendo a Froyo (ou 2.2 a mais recente) e prepara-se para lançar uma versão, especifica para os tablets – a versão HoneyComb (ou 3.0). O novo formato portátil da moda são agora os tablets e estão a surpreender positivamente em termos de vendas. E enquanto se discute se estes novos equipamentos serão pequenos PC ou smartphones grandes e qual o formato que irá vingar (10 ou 7 polegadas), alguns fabricantes de PC (como a Acer que represento) e fabricantes de telemóveis já anunciaram que vão entrar neste novo segmento. Mas será que existe espaço para tudo? Poderão coexistir telemóveis convencionais, smartphones, tablets, netbooks, e-book readers? Eu acredito que sim.

Luís Godinho Sales manager Portugal, Acer smartphones

Vão existir pessoas que vão querer ter vários formatos, consoante as ocasiões. Usar o seu smartphone quando estão em viagem, o seu tablet quando estão numa apresentação profissional (ou simplesmente refastelados no sofá a jogar ou a navegar) e o seu notebook quando necessitam de fazer operações mais complexas (trabalhar em folhas de cálculo ou em apresentações que ainda requerem as teclas e o ecrã do PC). E vão existir pessoas que irão continuar a usar apenas alguns formatos mais simples, como o telemóvel, e a quem essa coisa da internet, ainda continua a meter algum medo! São estas pessoas, que não tem perfil no Facebook e que preferem dar beijos reais em vez de bjs, que se riem com gosto, em vez de enviarem lols e que fazem questão em juntar a família e os amigos à volta de uma mesa, em vez de enviarem centenas de posts, que eu mais invejo... O novo agregador das comunicações


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Entrevista

Jorge Fiel jornalista jf@briefing.pt

Judite de Sousa, directora adjunta de Informação da RTP

Estado deve ter sempre canal de serviço público

Ramon de Melo

“Faz todo o sentido que exista uma televisão de serviço público, à semelhança do que acontece em muitos outros países da Europa. Se é uma televisão com um canal, se é uma televisão com dois canais ou se é uma televisão com seis canais, tal como o Grupo RTP está configurado neste momento, isso é uma outra conversa”, afirma Judite de Sousa, 50 anos de vida, 30 de RTP e a cara símbolo do serviço público de televisão

Fibra I A privatização da RTP e o serviço público de televisão vão ser uma das questões centrais em debate neste ano de 2011. Tens uma opinião formada sobre o assunto? Judite de Sousa I Para mim isso não é uma questão, pelo simples facto de que eu trabalho na RTP O novo agregador das comunicações

como se estivesse numa empresa privada. Sempre fixei objectivos a mim própria. Nunca entrei numa lógica de rotinas, nunca assimilei a mentalidade de funcionária de uma empresa pública. Sou muito competitiva, não só com os outros mas também comigo própria.

Fibra I Não te sentes como jornalista de uma empresa pública? JS I Não me sinto, de todo. Como nunca me senti como uma jornalista de uma empresa pública que tem o seu ordenado garantido ao final do mês, se a RTP vier a ser privatizada eu encararei isso com a máxima tranquilidade. Janeiro de 2011

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Entrevista

Fibra I Mas tens uma posição sobre o assunto? JS I Faz todo o sentido que exista uma televisão de serviço público, à semelhança do que acontece em muitos outros países da Europa. Se é uma televisão com um canal, se é uma televisão com dois canais ou se é uma televisão com seis canais, tal como o Grupo RTP está configurado neste momento, isso é uma outra conversa.

“Não podemos ter uma visão estática. A RTP surgiu com um canal. Depois veio o 2º canal. Hoje somos um grupo completamente diferente, que, entre rádio e televisão, tem 16 canais. Admito que este modelo tenha de ser repensado, mas acho que no âmbito do Estado deve existir sempre um canal de serviço público”

Fibra I Admites uma reestruturação do grupo RTP? JS I Em função das lógicas actuais do mercado, admito que o grupo atingiu uma dimensão tal que tenha de ser repensado enquanto modelo de negócio e inclusivamente do ponto de vista financeiro e da sua utilidade social. Não podemos ter uma visão estática. A RTP surgiu com um canal. Depois veio o 2º canal. Hoje somos um grupo completamente diferente, que, entre rádio e televisão, tem 16 canais. Admito que este modelo tenha de ser repensado, mas no âmbito do Estado deve existir sempre um canal de serviço público. Fibra I E qual deve ser a grande missão desse canal de serviço público? JS I Aquilo que nós já fazemos no Grupo RTP, onde produzimos programas que não encontramos nas estações comerciais. Dir-me-ás que há muitos outros que são comuns aos das grelhas das televisões comerciais. É óbvio que sim, até porque a RTP vive das receitas da publicidade, que estão alocadas ao pagamento do serviço da dívida. Mas há muitos outros programas que são característicos e exclusivos da grelha da RTP, quer ao nível da programação, quer ao nível da informação. Por exemplo, a “Grande Entrevista”. Se pensarmos nos programas de informação, só na RTP é que existe um programa de entrevista semanal em prime time. Nos últimos três anos, SIC e TVI tentaram ter em antena um programa de entrevista e acabaram por desistir. Na TVI esse programa durou meio ano e na SIC acho que nem seis meses durou. Só na RTP é que existe um programa semanal

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“Trabalho na RTP como se estivesse numa empresa privada. Sempre fixei objectivos a mim própria. Nunca entrei numa lógica de rotinas, nunca assimilei a mentalidade de funcionária de uma empresa pública. Sou muito competitiva, não só com os outros mas também comigo própria”

Nuno Artur Silva director executivo das Produções Fictícias

“Procuramos que os nossos programas tenham público, mas não estamos tão prisioneiros da lógica das audiências como estaríamos numa televisão privada e isso acaba por ser elemento distintivo”

de debate como o “Prós e Contras”. Procuramos que os nossos programas tenham público, mas não estamos tão prisioneiros da lógica das audiências como estaríamos numa televisão privada e isso acaba por ser elemento distintivo. Nuno Artur Silva (Produções Fictícias) I Como não tem a pressão das audiências que têm os privados, não sentes que a RTP devia fazer mais jornalismo de investigação sobre aquilo que são os principais problemas do país: a fraqueza e corrupção nos centros de decisão políticos e financeiros? JS I Não, não sinto. Nós temos muitas mais horas de informação do que a SIC e a TVI. Nem sequer é comparável. Todos os dias, de segunda a quinta-feira, a seguir ao Telejornal, entre as nove e as nove e meia da noite, temos um programa de informação. Isso não existe em nenhuma outra estação de televisão. Eu própria tenho um programa de reportagem em antena, à segunda-feira, o “Vidas Contadas”, com reportagens de proximidade, bastante humanizadas. E além do “Prós e Contras” e da “Grande Entrevista”, temos o “30 Minutos”, e, às quartas-feiras, um programa de reportagem, na linha temática que o Nuno Artur refere, que se chama “Linha da Frente”. Estes programas são uma marca distintiva. Fibra I Estás há 30 anos na RTP, é tanto tempo que te tornaste no símbolo do serviço público de televisão. Porque é que nunca saíste para uma privada? JS I Porque nunca fui confrontada com nenhum projecto profissional que me fizesse chegar à conclusão de que iria mudar para melhor. Sou muito pragmática. Nunca fui pessoa de entrar em aventuras e sempre procurei ter os pés bem assentes na terra. Além disso sempre fui feliz na RTP. Fibra I Nestes 30 anos mudou muita coisa da RTP… JS I Mudou muito, desde a organização da empresa, as administraO novo agregador das comunicações


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ções que, na RTP, mudam normalmente de três em três anos… Fibra I Houve uma coisa que não mudou: tu continuas feliz. JS I Sim, porque sempre tenho contado apenas comigo própria. Aquilo que sou e faço depende fundamentalmente de mim e não dos outros. Sempre estive na empresa numa perspectiva de que aquilo que eu farei de bom ou de mau está sobretudo nas minhas mãos. Nunca estive refém de nenhuma estrutura nem de nenhuma pessoa em concreto. Fibra I O que te dá mais prazer fazer: entrevista ou reportagem? JS I Gosto de tudo aquilo que é possível fazer em jornalismo. Onde obtive mais reconhecimento foi com as entrevistas, que já estão em antena há 13 anos. Julgo que a minha imagem está muito identificada com a “Grande Entrevista”. Fibra I Quando tu eras mais miúda quem é que admiravas a fazer entrevista em televisão? Havia alguém? JS I Sim. Gostava muito da Maria Elisa e da Margarida Marante. Tinham estilos diferentes mas complementares. Admirava ambas.

Fibra I Quem escolhe os entrevistados? JS I Sou eu que faço tudo, desde o telefonema até à preparação da entrevista. Sou ajudada por uma documentalista da RTP, mas não tenho ninguém a trabalhar comigo em exclusividade. Se vou entrevistar o ministro das Finanças peço à pesquisadora que me arranje os últimos dados da situação económica e financeira, as últimas entrevistas que ele deu, entrevistas que outras pessoas tenham dado sobre o assunto, enfim tudo o que me possa dar pistas para perguntas. Ela prepara-me os dossiês e depois é um trabalho muito individual. As coisas são mastigadas por mim. Fibra I É um trabalho que consome muitas horas? JS I Sim. E que exige silêncio. Normalmente faço-o aqui, no meu gabinete. Fecho a porta e nem sequer ligo as televisões. Leio a documentação, vou tirando notas, vou passando para o computador as coisas que me parecem mais importantes. Preparo as entrevistas como estudava. O método é o mesmo que usava quando era estudante. Leio, vou reciclando o

HÁBITOS

Portista, tem um iPhone e um BMW Portista – como o atesta a fotografia comemorativa da vitória dos dragões na Champions, de 2004, em Gelsenkierchen, que tem emoldurada no seu gabinete na RTP. Judite é casada em segundas núpcias com o notório benfiquista (e presidente da Câmara Municipal de Sintra) Fernando Seara. “Vibro com o Porto, mas o meu filho é muito mais fanático do que eu”, refere a jornalista. André, o filho, 25 anos, está a fazer um mestrado em Finanças Públicas na Nova (após ter concluído Direito) e dá-se lindamente com o padrasto apesar das divergências clubistas. “As minhas rotinas são muito previsíveis. Não saio de casa sem ver no meu iPhone as primeiras páginas dos jornais e conferir as audiências da véspera. Depois venho para a RTP ou vou dar aulas de jornalismo televisivo no Instituto Superior de Comunicação. Vejo televisão sobretudo à noite, em família, como a maior parte dos portugueses”, conclui Judite, que vive no Lumiar, conduz um BMW grande e branco e tem na sua página do Facebook uma citação de Confúcio: “Vivi a vida, mas a vida também me viveu a mim”.

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que leio, fazendo sínteses e memorizando a informação estatística. Eu tenho boa memória. O questionário começa a desenharse na minha própria cabeça e eu vou registando as perguntas. Depois há um trabalho de limpeza do texto, idêntico ao que os escritores fazem. Depuro o questionário em função dos 30 minutos que tenho para a entrevista. Fibra I Nunca fazes nada em cima do joelho? JS I Nunca trabalhei em cima do joelho. Sou uma mulher de esforço. Não consigo sequer pensar que se possa fazer alguma coisa bem sem muito trabalho e sem muito esforço. Fibra I Já entrevistaste centenas de pessoas… FS I Sim, devo ter feito cerca de 500 entrevistas, mas algumas pessoas mais do que uma vez… Fibra I Há pessoas que te dizem que não? JS I Nem toda a gente me diz que sim. O José Mourinho não aceitou vir ao programa. O Alexandre Soares Santos também já foi convidado mais que uma vez e nunca se disponibilizou. Armindo Monteiro (Compta) I É público que os políticos exercem pressão sobre os jornalistas. Os grandes empresários e gestores também pressionam, procurando condicionar o conteúdo das entrevistas? JS I Nunca um empresário ou gestor me pressionou. E já entrevistei alguns, como o Ricardo Salgado, o Zeinal Bava, o Horta Osório e o Belmiro de Azevedo, entre outros. De políticos já senti pressão. Mas mais no passado do que no presente.

“Se pensarmos nos programas de informação, só na RTP é que existe um programa de entrevista semanal em prime time. Nos últimos três anos, SIC e TVI tentaram ter em antena um programa de entrevista e acabaram por desistir. Na TVI esse programa durou meio ano e na SIC acho que nem seis meses durou”

Armindo Monteiro presidente da Compta

Fibra I Já tiveste convidados que fossem desagradáveis? JS I Já tive pessoas francamente desagradáveis que não percebem o papel do jornalista e acham que os estamos a atacar pessoalmente quando fazemos determinadas perguntas. Há pessoas que ficam agastadas porque ainda não entendem que o papel da imprensa livre é Janeiro de 2011

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Entrevista

PERFIL

Na RTP por causa do Propedêutico A culpa foi do Propedêutico. Tinha acabado o liceu no Carolina Michaelis (Porto) e, naquele compasso de espera antes de entrar para a faculdade, sentia-se desocupada e como queria ter dinheiro para comprar as suas coisas, começou a navegar pelas páginas de classificados das edições de fim-de-semana do Jornal de Notícias em busca de um emprego, até que tropeçou num, em que uma empresa pública pedia um jornalista estagiário – e respondeu. “Foi mais um anúncio”, comenta Judite, nascida a 2 de Dezembro de 1960, em S. Mamede de Infesta, filha única do matrimónio entre uma doméstica e um bancário do Borges & Irmão. Naquela altura, a ideia dela era ir para a Faculdade de Letras, provavelmente fazer o curso de Filologia Românica que a habilitasse a ser professora de português e francês. Quis o destino que não fosse professora nem se licenciasse em Românicas (haveria mais tarde, já como trabalhadora-estudante, de concluir o curso de História). Alguns meses volvidos sobre o envio da resposta àquele anúncio, já ela tinha posto as barbas de molho relativamente ao assunto, quando, por altura do Natal de 1978, recebeu um telefonema. Do outro lado do fio anunciou-se José Cruz, da RTP, um nome que não era lhe estranho pois ela via muita televisão e ele era uma das caras dos jornais emitidos a partir do Monte da Virgem, a par de Manuela de Melo, Fátima Torres e José de Melo. Tinha sido seleccionada (ela e mais umas 500 pessoas!) para fazer provas em Janeiro, num concurso em que havia duas vagas em leilão – que haveriam de ser preenchidas por ela e por Fernando Maia Cerqueira. Estava ultrapassado o primeiro obstáculo. Após um estágio inicial de três meses, num centro de formação em Benfica, foram ambos finalmente admitidos como jornalistas estagiários de 1º ano, com o vencimento mensal de 9.250 escudos – os primeiros dinheiros foram investidos em tirar a carta. Judite tinha 18 anos e o seu primeiro serviço foi a cobertura de um congresso médico, para o “País, País”, e o primeiro carro um Fiat Ritmo. Por um daqueles acasos em que a vida é fértil, não demorou muito a estar de malas aviadas para o outro lado do mundo. A história conta-se rapidamente. Rodrigues Alves, o chefe da RTP Porto, era muito amigo de Afonso Rato, que acabara de ser nomeado director da Rádio Macau. Chegada ao território, logo percebeu que tinha de importar jornalistas de Portugal. Livres e alodiais, os dois estagiários disseram logo que sim mal foram convidados. “Queria crescer”, explica. Foi todo um admirável mundo novo que se abriu diante dos olhos de Judite que nunca andara de avião. Deixou-se fascinar por Hong Kong (que ainda é a sua cidade preferida), Comemorou os 21 anos em Pequim e viajou durante duas semanas pelo Japão antes de regressar ao Porto, no final do contrato. Tinha 21 anos. Demorou-se apenas nove anos pelo Porto. A partir de meados da década 80, o seu trabalho começou a dar nas vistas e era amiúde as chamadas a Lisboa para participar em emissões eleitorais para fazer grandes reportagens. Até que José Eduardo Moniz a convidou a mudar-se de vez para Lisboa. Não disse logo que sim, como quando a desafiaram para ir para Macau. “Foi uma decisão mais pensada pois já tinha um filho, o André, que na altura tinha sete anos. Mas como tinha acabado de me divorciar, resolvi aceitar e começar uma vida nova em Lisboa”. 34

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questionar, contar, escarafunchar a realidade para tentar chegar o mais perto possível da verdade. Fibra I Recordas alguma entrevista em particular que o convidado tenha gerado uma situação desconfortável? JS I Senti-me desconfortável, por exemplo, com o Dr. Mário Soares na última entrevista que lhe fiz, quando ele se candidatou à Presidência da República. Desde então já o convidei várias vezes e ele nunca mais quis vir ao programa. A situação dele naquelas eleições era muito delicada porque havia a candidatura do Manuel Alegre. As perguntas não eram simpáticas, fáceis ou tranquilas. E quando chegou à RTP, já tinha dado entrevistas à SIC e à TVI, estava muito cansado e com pouca paciência e existiram momentos de tensão que foram desagradáveis. Eu não gosto que as entrevistas corram dessa forma. Fibra I Uma entrevista não é um combate mas uma oportunidade para esclarecer. JS I Exacto. Eu sou uma pessoa séria, tenho uma expressão facial por vezes até dura. Tem a ver com as minhas características. Sou muito directa e frontal, muito “pão, pão, queijo, queijo”. Desse ponto de vista sou muito mulher do Norte. Mas acho que não sou uma pessoa desagradável. Quer dizer, nem pessoalizo as questões. Fibra I Qual é a tua dieta de televisão? JS I Vejo tudo o que é informação. E tenho estes monitores todos à minha frente para fazer zapping entre os jornais das oito. Também vejo o cabo. A SIC Notícias, a RTPN, alguns programas da TVI 24 – mas mais a SIC Notícias e obviamente alguns programas da RTPN. Fibra I E de canais estrangeiros? JS I Gosto muito do HARDtalk, da BBC. Identifico-me muito com o estilo de entrevista do Steven Sackur. Os anglo-saxónicos são muitos batidos em termos de entrevista. Não deixam as pessoas alongarem-se muito, por causa do ritmo. Em te-

levisão, não é possível deixar-se a pessoa a falar, falar, falar, falar... Fibra I E de jornais televisivos? JS I Gosto muito do jornal da TF1 e, de uma maneira geral, daquilo que se faz nas grandes networks dos Estados Unidos. Admirava os jornais da ABC apresentados pelo Peter Jennings. Fibra I Não achas que há política a mais nos jornais televisivos portugueses? JS I Eu acho que nos telejornais em Portugal há tudo a mais. Não é só política. Há muita política mas há também um bocadinho de tudo a mais. Os nossos jornais realmente são muito longos. Mas da nossa parte eles são conscientemente longos. Porque os portugueses gostam muito de programas de informação. Os telejornais são dos programas de maior audiência, muitas vezes à frente dos reality shows e à frente das novelas. A duração dos jornais corresponde à vontade do público. . Fibra I Qual seria para ti a duração ideal? JS I 40 minutos. Fibra I 40 minutos, com menos política e mais o quê? JS I Com mais sociedade. Mas em Portugal isso não é possível, porque no nosso país toda a gente quer aparecer às oito da noite na televisão. E quando digo a toda a gente não estou a falar apenas dos líderes partidários, mas também dos dirigentes sindicais, desportivos, etc. Fibra I Em Espanha, a TVE deixou de ter publicidade. O que pensas dessa medida? JS I Isso não me diz directamente respeito, mas confesso que gostaria de saber o que aconteceria se essa medida fosse cá imitada. Em França e Espanha aconteceu uma coisa curiosíssima. Os canais públicos mantiveram ou aumentaram as audiências e as receitas publicitárias que deixaram de ter não se transferiram para as televisões privadas. Fibra I A tecnologia está a mudar radicalmente o consumo de televisão, agora o espectador é tamO novo agregador das comunicações


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bém programador… JS I Sim, cada um de nós define a nossa própria grelha. Fibra I As pessoas estão a deixar de ser fiéis a canais mas sim a programas e pessoas. Isso muda a maneira de fazer televisão em Portugal? JS I Muda, porque as novas soluções tecnológicas vão no sentido do espectador/programador, espectador/ director de informação, espectador/ director de programas. Vamos poder ajustar a grelha em função dos nossos gostos e vontade, sem estarmos dependentes das opções de terceiros. Isso obriga-nos a pensar muito bem naquilo que produzimos. Acho que a televisão vai acentuar mas a emoção e a proximidade, que correspondem àquela que é a grande marca do nosso tempo, que é o individualismo. Fala-se cada vez mais da sociedade individualista de massas. Nesse contexto temos de pensar os conteúdos numa lógica muito mais individual, apelando àquela que é a questão central de quem faz televisão: a busca de emoções. Fibra I No futebol, os ídolos começam a ser mais importantes do que os clubes. Nos últimos anos, por causa do Mourinho, já torcemos pelo Chelsea, pelo Inter de Milão e pelo Real Madrid. Esse fenómeno vai-se acentuar na televisão? JS I As lógicas da personalização estão muito mais acentuadas no trabalho televisivo. Na televisão, quer na informação, quer no entretenimento, a marca de autor é muito mais forte do que nos jornais. Fibra I Tens conta no Twitter e no Facebook? JS I Estou no Facebook há coisa de dois meses. Acho que é importante estar-se nas redes sociais mas com alguma prudência. E depende da perspectiva em que se está. A minha é exclusivamente profissional. Criei a página no Facebook com o objectivo de alargar públicos e de melhorar a minha relação com as pessoas. E utilizo a página apenas para falar do meu trabalho e para comunicar em primeira-mão aquilo que vou fazer. O novo agregador das comunicações

“Nunca fui confrontada com nenhum projecto profissional que me fizesse chegar à conclusão de que iria mudar para melhor. Sou muito pragmática. Nunca fui pessoa de entrar em aventuras e sempre procurei ter os pés bem assentes na terra. Sempre fui feliz na RTP”

“Ano futuro, a televisão vai acentuar mais a emoção e a proximidade, que correspondem à grande marca do nosso tempo que é o individualismo. Falase cada vez mais da sociedade individualista de massas. Nesse contexto temos de pensar os conteúdos numa lógica muito mais individual, apelando aquela que é a questão central de quem faz televisão: a busca de emoções”

Os meus amigos virtuais são os primeiros a saber quem é que eu vou entrevistar na semana seguinte. Não me interessa o Facebook para ser adulada ou para ser comentada sobre aquilo que eu possa pensar de A, B ou C, ou deste assunto ou do outro. Não quero entrar por esses caminhos perigosos. Fibra I Incomoda-te o reconhecimento público, o facto de toda a gente olhar para ti quando entras num restaurante? JS I Faz parte do negócio. É necessário. Mas eu não procuro os olhares das pessoas. Eu sou tímida. A verdadeira Judite de Sousa é tímida. A televisão é um mundo, de certa forma, cruel, não é? Porque as pessoas formam uma opinião a nosso respeito em função de uma imagem que vêem na televisão. E muitas vezes formam opiniões definitivas não sabendo o que somos, o que pensamos sobre as coisas, a vida, o mundo e os afectos. Eu não evito o contacto com as pessoas. Pelo contrário, até o cultivo, procuro ter disponibilidade para, quando alguém se me dirige, falar, ouvir, interagir. Mas não sou aquele tipo de pessoas que entra num restaurante e fica a olhar para toda a gente à espera de ser reconhecida. Sou discreta. Procuro levar a vida com descrição. Luísa Pestana (Vodafone) I Como achas que és vista pelo público e como gostarias de ser vista? JS I Acho que me vêem como uma mulher determinada, que sabe o que quer, firme, séria, talvez um pouco dura. E trabalhadora – uma pessoa de trabalho, um pouco obstinada, que leva as coisas para a frente. Penso que esta é a imagem que o público tem de mim. Na realidade eu sou um bocadinho isto mas também outras coisas. Todos nós temos muitos lados. Eu também tenho as minhas fraquezas e indecisões. Sou mais frágil e indecisa do que aparento no ecrã. Tenho momentos em que estou triste, me sinto em baixo, como penso que sucede de vez em quando com toda a gente, mas faço das tripas coração para evitar que o público perceba esses meus estados de alma.

“Eu sou uma pessoa séria, tenho uma expressão facial por vezes até dura. Tem a ver com as minhas características. Sou muito directa e frontal, muito “pão, pão, queijo, queijo”. Desse ponto de vista, sou muito mulher do Norte”

Luísa Pestana Directora de Comunicação Institucional da Vodafone

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televisão

Eduardo Cintra Torres redaccaobriefing@briefing.pt

João Ribeiro/Who

Dez perguntas sobre o serviço público de TV

Mantendo-se a RTP como concessionária, é preciso saber se faz sentido o actual formato do serviço público, tal como está na legislação, e como é por ela praticado. Qualquer que seja o debate, uma coisa deve estar sempre presente: o serviço público é pago por cada um de nós. O dinheiro é nosso, o Estado apenas decide como alocá-lo 36

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As tecnologias mudaram as possibilidades de acesso aos media. As nossas formas de relacionamento com os ecrãs revolucionam-se dia-a-dia. Há mais canais. Mais conteúdos. Mais plataformas. Mais interactividade. Mais entretenimento

dentro e fora de casa, com e sem ecrãs. A oferta é imensa. E, no entanto, ELE não se move: como podemos ainda manter o mesmo modelo de serviço público de TV? Não podemos. Alguma coisa terá de ser feita ou de novo a catástrofe se aproximará, O novo agregador das comunicações


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como em 2003. O ministro da tutela, Jorge Lacão, disse no parlamento que em 2011 se deveria discutir o financiamento da RTP. Tem razão, porque o aumento do preço da RTP se está a tornar, ou já se tornou, socialmente insustentável, crescem no espaço público difuso das caixas de comentários e dos blogues as vozes contra a empresa e o serviço que presta, avaliado muito negativamente ou como inútil pela maioria dos que se pronunciam. Todavia, o debate não se deve limitar à questão do financiamento, como se a política e a cultura de serviço público se reduzissem a números. Se apenas for discutido e alterado o financiamento, o serviço público cairá num novo abismo a breve trecho. O mundo não pára, Portugal, apesar da crise, actualizase. Há mais vida para além do financiamento. O debate deve ser alargado em 2011 ao próprio conceito de serviço público e à sua concretização. Existem defensores do encerramento puro e simples da RTP, mas não só a existência da empresa é identificada pelos portugueses, em estudos de opinião realizados ao longo dos anos, como se fosse serviço público, como seria extremamente difícil num país com as características do nosso ter um serviço público de TV sem uma instituição que o coordenasse e distribuísse em canais próprios. Mesmo assim, a hipótese da extinção também deve discutir-se no espaço público, para que os seus defensores tenham oportunidade de a explicar. Mantendo-se a RTP como concessionária, é preciso saber se faz sentido o actual formato do serviço público, tal como está na legislação, e como é por ela praticado. Qualquer que seja o debate, uma coisa deve estar sempre presente: o serviço público é pago por cada um de nós. O dinheiro é nosso, o Estado apenas decide como alocá-lo. O novo agregador das comunicações

“Não podemos manter o mesmo modelo de serviço público de TV. Alguma coisa terá de ser feita ou de novo a catástrofe se aproximará, como em 2003. O aumento do preço da RTP está a tornar-se, ou já se tornou, socialmente insustentável”

Aqui ficam dez perguntas para estimular um debate nacional sobre o serviço público e a RTP. 1. Deve a RTP manter todos os canais actuais? Deve manter a RTPN que foi criada para fazer concorrência a serviços privados que cumprem bem a missão, como a SIC Notícias? Tanto mais que os canais de cabo não cumprem todos os requisitos de serviço público, por não serem acessíveis a todos os portugueses? 2. Deve a RTP manter dois canais internacionais, quando um chega? 3. Deve a RTP manter canais regionais na Madeira e nos Açores, que hoje servem em primeiro lugar os governos regionais e dão emprego aos filhos das elites locais? E que nem sequer se sabe se são vistos pelos açorianos e madeirenses, pois não há quaisquer estudos de audiências conhecidos? 4. Deve a RTP manter a RTP Memória, quando pode passar os melhores programas na internet ou nos canais em aberto? Já que repete tantos programas na RTP1 e RTP2, porque não repetir os seus próprios melhores programas de anos passados em vez de ter mais um canal que não é de serviço público, dado que não é acessível a todos os portugueses? 5. Deve a RTP criar ainda mais canais, como está previsto em documentação oficial e da própria empresa? 6. Deve a RTP manter dois canais generalistas quando não tem conteúdos de qualidade para 48 diárias? Por que não só um, com melhor qualidade e melhor gestão dos dinheiros públicos? 7. Deve a RTP ter milhares de empregados quando umas centenas chegam? Deve ter cinco administradores, quando três chegam? Deve ter cerca de duas dezenas de direcções-gerais só para ter lugares privilegiados para certas pessoas? Deve ter “gabinetes” de estudo que não estudam? Deve pagar por carros de primeira a 80 cavalheiros e cavalheiras, só porque sim? E pagar-lhes o telefone de casa? E pagar-lhes cartões de crédito? E pagar vencimentos exageradíssimos a algumas das estrelas em antena?

“O debate não se deve limitar à questão do financiamento, como se a política e a cultura de serviço público se reduzissem a números. Se apenas for discutido e alterado o financiamento, o serviço público cairá num novo abismo a breve trecho”

8. Deve a RTP produzir conteúdos de “fluxo” só para encher os canais em excesso, ou seria preferível usar os nossos recursos em conteúdos de valor acrescentado, dirigidos a todos ou a minorias, mas conteúdos com valor? Deve a RTP manter a actual concepção de canaizinhos, ou deve apostar numa concepção adaptada à contemporaneidade, de concepção, produção e distribuição de conteúdos, independentemente das plataformas e canais? Como deve ser a relação do serviço público com a internet? 9. Deve a RTP manter publicidade nos seus canais? Deve ter product placement nos seus conteúdos? Deve criar novos serviços com publicidade, como na internet, e fazer concorrência onde outros chegaram primeiro, com recursos próprios e não do Estado? 10. Deve a RTP depender institucionalmente do Governo que acaba por determinar a orientação da informação nos telejornais, qualquer que seja? Não seria preferível passar a depender exclusivamente do parlamento e de algum organismo ligado à sociedade civil, competente e eficaz? Estas são algumas das questões para as quais um debate público deveria procurar respostas. Para algumas tenho respostas, para outras não. Longe dos lobbies partidários e outros, sem preconceitos, sem ressentimentos, sem outra ideologia que não seja a de servir bem o público com os nossos poucos recursos públicos, é preciso debater. Janeiro de 2011

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António Barradinhas jornalista ab@briefing.pt

PT faz acordo com Singtel A Portugal Telecom assinou em Novembro um acordo de parceria com a Singapore Telecommunications (Singtel), a maior operadora de telecomunicações de Singapura. Segundo noticiou o Diário Económico, a parceria servirá para troca de know-how operacional e comercial, além de promover a colaboração na pesquisa e desenvolvimento, incluindo a criação de novas plataformas e soluções tecnológicas e a compra conjunta de equipamentos. De acordo com o jornal, a iniciativa para a celebração da parceria partiu da Singtel que quer crescer através de uma oferta integrada nos segmentos de televisão por subscrição e da fibra óptica, áreas onde a PT tem o serviço triple play do Meo. A Singtel tem cerca de 368 milhões de clientes no serviço móvel, espalhados pela Índia, Paquistão, Bangladesh e Tailândia.

Compras online batem recorde

Foursquare com cinco milhões

No final de 2010, dois milhões de internautas nacionais terão adquirido 3,2 mil milhões de euros em bens e serviços através do seu computador pessoal, um aumento de 23% face a 2009, de acordo com os dados da Associação do Comércio Electrónico e Publicidade Interactiva (ACEPI). Em 2005, o número de portugueses que compravam regularmente na internet representava cerca de 7 por cento e, em 2009, era cerca de 16%. Em 2015, as vendas online representarão cerca de 5,9 mil milhões de euros, o que corresponde a 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar de não existir uma contabilização total e integral, a ACEPI já tem registado no seu directório mais de 800 sites de vendas online.

O serviço de geolocalização Foursquare decuplicou a sua base de clientes em apenas nove meses, passando de 500 mil em Março para mais de cinco milhões actualmente. Os dados foram revelados em Paris pelo ceo e co-fundador da empresa, Dennis Crowley, que também confirmou a existência de recentes ofertas de aquisição da empresa. Os rumores que circulavam na internet apontavam o Facebook e o Yahoo como os principais interessados no Foursquare. Segundo Crowley, o Facebook manifestou interesse em comprar o Foursquare, e “outra companhia” ofereceu 140 milhões de dólares.

Tablets da Microsoft em 2011

Chrome OS vai fundir-se com Android

A Microsoft lançou, há 10 anos, um tablet que não vingou. Agora, existem rumores que apontam que o chefe executivo da empresa, Steve Ballmer, vai apresentar vários tablets na Consumer Electronics Show, que se realizará entre 6 e 9 de Janeiro, em Las Vegas. Segundo informações disponibilizadas pelo jornal The New York Times, os modelos a apresentar por Ballmer são produzidos pela Samsung e pela Dell, alguns dos parceiros da Microsoft no projecto.

A próxima versão do sistema operativo Android vai “assassinar” ou fundir-se com o browser Chrome OS, prevê Paul Buchheit, um dos “pais” do Gmail e do AdSense e que trabalhou na Google até 2007. Numa mensagem colocado no twitter e no FriendFeed, rede social criada por Buchheit e que hoje pertence ao Facebook, o programador afirmou que a nova versão do Chrome vai desaparecer ou fundir-se com o Android, sistema operativo para smartphones e que está a ter grande sucesso em todo o mundo. Os dois “produtos” são feitos pelo Google, que defende que os dois sistemas destinam-se a públicos diferentes e por isso podem coexistir. O Chrome OS ainda está em fase de testes. A versão para os consumidores deve ser lançada em meados de 2011.

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pessoas António Coimbra, ceo da Vodafone Portugal, anunciou no mês passado que a parceria entre a Vodafone e a Sonaecom na fibra óptica deve chegar a 400 mil casas, centrada nos concelhos de Lisboa e Porto. Já o alargamento ao resto do País está, por agora, fora de questão, porque não há um modelo de negócio consistente. Recordese que a parceria entre as duas empresas foi anunciada no final do ano passado e o modelo inicial seria a criação de uma joint-venture, detida em partes iguais pela Vodafone e Sonaecom e que integraria os activos em fibra óptica. Depois, foi colocada a possibilidade de ser realizado um acordo de partilha de serviços. António Coimbra garantiu que a parceria arrancará ainda este ano. Koro Castellano foi apontada para a direcção-geral da Amazon em Portugal e Espanha. A nova responsável começará a exercer funções a partir de Janeiro e actuará como directora-geral da BuyVIP em Espanha, uma empresa comprada em Outubro pela Amazon por 70 milhões de euros. Castellano foi durante oitos directora-geral do site do El Mundo. Até há dois meses era directora-geral da Tuenti, a mais importante rede social espanhola. Mark Zuckerberg, 26 anos, fundador da rede social Facebook, foi eleito Personalidade do Ano pela revista norteamericana Time. Entre os finalistas desta escolha anual dos leitores da revista estavam também o fundador da WikiLeaks Julian Assange, que fica no terceiro lugar da lista. O novo agregador das comunicações


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Assine o Fibra e fique descansado PaSSEIO www.fibra.pt PÚBLICO

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Nokia vai actualizar Symbian em 2011 A Nokia tem planos para fazer quatro ou cinco actualizações do sistema operativo Symbian OS nos próximos 12 a 15 meses, numa tentativa de evitar a perda de quota de mercado para o Android, da Google. As novidades foram reveladas por Gunther Kottzieper, director da empresa, que avançou que está prevista uma actualização do software para o primeiro trimestre de 2011 e que introduzirá 50 melhorias no sistema. Durante os segundo e quarto trimestre a Nokia adicionará outras inovações. Também no hardware deverá haver novidades, embora não sejam mencionados novos aparelhos mas sim a introdução de processadores de 1GHz.

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Yahoo reduz postos de trabalho A Yahoo anunciou que vai reduzir a sua força de trabalho em quatro por cento, o que deverá afectar 600 trabalhadores. A redução de postos de trabalho segue-se a semanas de especulações sobre a possibilidade de um grupo financeiro apoiar a Yahoo. Esta é a quarta vez, desde Setembro de 2008, quando empregava 15.200 empregados, que a empresa reduz postos de trabalhos. Actualmente, a Yahoo tem 14.100 funcionários, incluindo os que serão afectados pela medida anunciada. O novo agregador das comunicações

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Número de SMS enviados atinge os 6,6 mil milhões No terceiro trimestre deste ano foram enviados mais 0,7% de SMS do que no período homólogo em 2009. Ao todo foram mais de 6,626 mil milhões de SMS que circularam nos telemóveis dos portugueses, segundo dados da Anacom. O número de MMS também aumentou 13,7%, chegando aos 34,5 milhões. A autoridade reguladora das comunicações diz em comunicado que “foram ainda realizadas mais de 1,3 milhões de vídeo chamadas, menos de 11,7% do que no trimestre anterior, tendo o número de utilizadores do serviço de mobile TV atingido pouco mais de 57,9 milhares (menos 18 por cento)”.

Motorola Mobility com início marcado para Janeiro A Motorola aprovou a criação da Motorola Mobility, uma empresa que, a partir de 4 de Janeiro, ficará responsável pelo mercado das telecomunicações móveis. A nova empresa ficará separada da empresa-mãe, originando, assim, duas organizações independentes. Todavia, ainda não se sabe se a Motorola entrará com algum capital na nova venture, ainda que em Junho tenha vindo a público a possibilidade da Motorola estar preparada para injectar entre três a quatro mil milhões de dólares na nova companhia.

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Sony propõe televisão com PS2 integrada A Sony propõe uma curiosa combinação: um televisor que tem integrado a “velha” consola de videojogos Playstation 2. Lançada em Novembro de 2000 na Europa, a consola mantém um grande sucesso de popularidade no Japão. Agora, o mesmo fabricante do equipamento integra-a num modelo de televisão Bravia, com ecrã LCD de 22 polegadas. O televisor dispõe de entrada para o computador, entradas USB e Ethernet, sendo de alta definição. Deverá ser lançado no mercado britânico a um preço que ronda os 235 euros. Todavia, a ideia de chegar mais tarde a outros mercados não é descartada.

Wikipedia em versão Cubana

A rede de livrarias norte-americanas Barnes & Noble está a fabricar 18 mil leitores de livros electrónicos por dia para satisfazer a procura até ao final do ano, disse o presidente executivo da empresa, Len Riggio, à Publisher Weekly. Segundo Riggio, a Barnes & Noble, em cada quatro ou cinco dias, carrega, na China, um avião 747 com 18 mil Nooks, o leitor de livros electrónicos da livraria. Segundo o mesmo responsável a produção deve subir em 2011. De acordo com estimativas da Forrester Research, as vendas do Nook estarão próximas do Reader, fabricado pela Sony. As duas empresas lutam pela conquista do segundo lugar no mercado de livros electrónicos.

Chama-se EcuRed e é apresentada como a versão cubana da Wikipedia, a enciclopédia online mais famosa do mundo. Na EcuRed os EUA, inimigo histórico de Cuba, são apresentados como o “império da nossa época”. Esta enciclopédia online cubana já conta com 19.597 artigos de referência, biografias e trabalhos académicos. A enciclopédia poderá ser consultada em Cuba por cerca de 1,6 milhão de pessoas com acesso à internet ou, na maioria dos casos, a uma intranet de sites aprovados pelo governo.

Sapo lança novo smartphone

Comércio electrónico cresce em Portugal

Chama-se Sapo a5 e é o novo smartphone da marca da PT que surge como uma tentativa de democratização deste tipo de telemóveis com o SO da Google. O a5 é um gadget virado para a interacção com as redes sociais (Facebook e Twitter) e oferece acesso imediato a aplicações do Sapo (meteorologia, notícias, banda larga, etc.) e da Google – como o Gmail, Gtalk ou Google Maps. O novo smartphone da Sapo contempla a versa 2.1 do Android, ecrã táctil, câmara fotográfica de 5 MP com zoom e suporte para cartões de memória microSD, que pode ir até aos 32 GB.

Cerca de 47% dos sites de venda electrónica portugueses afirma que o seu volume de vendas cresceu até 10%, no terceiro trimestre de 2010, sendo que 10% destas plataformas refere ter tido mais de 50 mil clientes durante este período. De acordo com o Barómetro ACEPI/Netsonda, o comércio electrónico revela resistência ao ambiente de recessão económica, apontando para o aumento das expectativas de crescimento das vendas online em Portugal e para o aumento de vendas online na área de B2C.

Barnes & Noble fabrica 18 mil leitores de livros electrónicos por dia

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SÉRIES

Isabel Borgas é fã do Mentalista

A minha série preferida conta a história de uma equipa de investigadores da CBI (California Bureau of Investigation) que, para além da sua dinâmica normal (de detectives quase convencionais), vai reagindo, como pode, aos ardilosos métodos do seu consultor mentalista – que entrou para a equipa para apanhar um assassino em série que tinha morto a sua família – cujos processos têm tanto de genial como de pouco ortodoxo mas que, invariavelmente, acabam por salvar o dia. Em cada episódio há uma história diferente. São contos policiais light que aliam narrativas consistentes a bons momentos de comédia. Os personagens e os diálogos estão muito bem construídos e os narrativos são consistentes, suportados por um cast bastante competente. Como a maior parte das boas séries americanas, a direcção de arte e a fotografia criam ambientes que nos deixam agarrados ao ecrã. Depois de um dia de trabalho, estas peripécias policiais são um bom momento de entretenimento que fazem bem ao cérebro e aos músculos da cara.

Segunda-feira 22h30 Terça-feira 17h25 Sábado 14h37 O novo agregador das comunicações

Terça-feira 22h45

Isabel Borgas Directora de Comunicação Institucional e Responsabilidade Corporativa da Sonaecom, tendo ainda assento no Grupo Consultivo de Comunicação da Sonae SGPS (GCC) e no Comité de Corporate Affairs and Media Relations da Orange/France Telecom. Colabora regularmente com a EGP-UPBS Oporto University como consultora e docente da cadeira de Comunicação no Curso Geral de Gestão. É membro fundador da Associação Europeia de Directores de Comunicação (EACD) com o cargo, até Julho deste ano, de Assessora do Board. É oradora convidada em vários congressos e seminários nacionais e internacionais nas áreas da Comunicação e Sustentabilidade Janeiro de 2011

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HÓBI

Paulo Barreto

No princípio era o ténis que o responsável pelo Google em Portugal jogava regularmente em Monsanto e nos courts do Estádio Nacional. Depois, talvez por influência de Pedro, o irmão mais velho, que chegou a participar num Mundial de windsurf, começou a sentir-se atraído por esta modalidade, apesar de não morar exactamente ao pé da praia (a casa paterna era na Estrela, em Lisboa). As condições para se iniciar na modalidade só foram reunidas quando fez 18 anos, tirou a carta e teve o seu primeiro carro, um Opel Corsa que o transportava a ele, um amigo e às pranchas, até à Lagoa de Albufeira, em Sesimbra, onde aprendeu a desembrulhar-se em cima de uma prancha com vela. Agora usa a aplicação Windguru Pro do seu telemóvel Android para saber quando há vento – e raro é o fim-de-semana em que não passa três ou quatro horas a velejar, seja no Guincho (onde tem cacifo), em Peniche ou na Caparica. “Ultimamente também muito entusiasmado com o kitesurf. Estou na fase de aprendizagem”, explica Paulo, que vive na zona de Santa Apolónia mas ainda não desistiu de convencer a mulher a mudarem-se para o Estoril, para ficar mais perto do mar.

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Paulo Barreto Country Manager da Google Portugal desde Março de 2008, Paulo Barreto tem 42 anos. Ao longo da sua carreira desempenhou diversos cargos de direcção. Foi director da divisão Internet e Novos Negócios da Media Capital Multimédia, assessor do presidente do Sporting Clube de Portugal e consultor na Boston Consulting Group e na Gemini Consulting. Possui formação pela Universidade Católica Portuguesa e um MBA pelo Massachusetts Institute of Technology – Sloan Scholl of Management. O novo agregador das comunicações


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Restaurante

Despesas de representação

Manuel Falcão director-geral da Nova Expressão

Animação e boa comida D’Oliva

ali fui, tudo correu sobre rodas. Empregados bem treinados, serviço rápido, simpático. Fiquei com a sensação, pode ser engano, de que boa parte dos empregados vinha de escolas de hotelaria – e na realidade isso faz toda a diferença.

Rua Barata Salgueiro 37 A Telefone 213 528 292 Encerrado ao Domingo

Custos operacionais Em meados desta década abriu em Matosinhos o D’Oliva Al Forno, que rapidamente ganhou reputação de ser um dos melhores restaurantes do Grande Porto. A inspiração é italiana, mas há sempre propostas nacionais e uma ampla gama de escolhas. No final de 2010, e em boa hora, o D’Oliva chegou a Lisboa e instalouse na Rua Barata Salgueiro, um pouco abaixo da Cinemateca Nacional, no local onde anteriormente era uma loja de roupa de senhora. É curioso verificar que esta zona da cidade está a animar-se em matéria gastronómica: ali perto, mais acima, fica o restaurante do novo Hotel CS Vintage, e, também na Barata Salgueiro, no espaço onde dantes era o Charlot, vai abrir um Sushi Café (dos mesmos donos do que, com sucesso, existe nas Amoreiras) e, ao lado, um outro restaurante. Em resumo, concorrência animada para os lados da Avenida da Liberdade.

da iluminação, sóbria e eficaz, muito confortável. E, sobretudo, vale a pena conhecer o balcão do bar, de sólida madeira, bom tamanho – onde à tarde se pode ir beber um copo, em confortáveis cadeiras de veludo, talvez acompanhado por um pratinho de presunto acabado de fatiar numa máquina colocada à entrada e que só por si é um espectáculo – corta lâminas finíssimas e muito saborosas. No mesmo balcão, à hora das refeições, pode almoçarse ou jantar-se. Atenção – esta é a zona de fumadores. E à noite há um DJ, sensato, que anima a casa mas não perturba as conversas.

Cozinha variada Ao almoço o D’Oliva propõe um buffet muito generoso por 12 euros – entradas e saladas várias, carpaccio de salmão e de bresaola, prato de peixe e de carne (provei um rosbife

acompanhado de legumes cozinhados e temperados que estava uma delícia), e para rematar uma boa mesa de queijos, doces (com umas belas peras bêbedas) e frutas fatiadas. É um preço imbatível para um buffet desta qualidade e variedade. Claro que existe a possibilidade de serviço à carta. À noite não há buffet, só o serviço à carta – com ampla escolha de massas frescas, pizzas, risottos, peixe do dia e carnes, entre as quais se destaca um bife tártaro bem temperado. Vale a pena dizer que a carta proporciona uma oferta alargada, com preços muito razoáveis e que começam nos 15 euros e são quase todos abaixo dos 20 euros. A lista de vinhos é boa e de preços equilibrados e existe uma escolha bem razoável de vinhos a copo de várias regiões do país. Finalmente o serviço – desde a recepção até à saída, das vezes que

E quem frequenta o local? À hora de almoço é um espelho dos escritórios que ficam ali próximo – bancos, consultoras, advogados – mas também uma clientela feminina bem colorida e alguma gente que quer um momento de tranquilidade, sozinho, ao balcão. A noite é bem mais cosmopolita, um restaurante muito equilibrado em termos das idades (desde os vinte e poucos anos até aos sessentas), com uma divisão equitativa de sexos e bastante animação – a isso não é indiferente a presença de Ricardo Trêpa à frente da sala. Ao almoço, se escolher o buffet e um copo de vinho ou cerveja mais café fará a festa por menos de 20 euros por pessoa. Se for para o serviço à carta, é razoável contar com uns 35 a 40 euros por pessoa, vinho incluído. Seja como for é o D’Oliva é um ponto de encontro perto da Avenida da Liberdade. Se continuar assim vai ter tanto sucesso como o seu homólogo do Porto.

A geografia do local O D’Oliva instalou-se numa antiga loja de roupa, com uma área considerável. Está dividido em dois níveis – um para não fumadores e outro, junto a um agradável balcão de bar (onde também se pode comer), para fumadores, com uma vistosa garrafeira ali à vista. Ambos os espaços, num total de cerca de 700 m², comunicam visualmente. Boas cadeiras em mesas amplas, de vários tamanhos, permitindo criar um espaço muito agradável quer para conversas de negócios, quer para boa confraternização. Uma das coisas que se destaca é a qualidade da decoração, bastante inspirada na sala de Matosinhos. Vale a pena salientar a qualidade O novo agregador das comunicações

BANDA SONORA

Mongrel (a partir de Chopin) por Mário Laginha Logo de início vale a pena dizer que esta é uma aposta arriscada, daquelas que suscita amores e ódios. Os puristas irão odiar o que entendem ser as malfeitorias feitas às peças de Chopin aqui incluídas (Nocturnos, Fantasia, Estudo, Valsa, Scherzo, Prelúdio e Balada) e os iconoclastas gostarão da forma como Mário Laginha abordou a situação. Peguemos nas palavras do próprio Laginha: “Tomei muitas liberdades, mudei compassos, tempos, modifiquei algumas harmonias – até mesmo melodias – criei espaço para a improvisação, enfim, nunca me abstive de alterar aquilo que me pareceu necessário para aproximar a música de Chopin ao meu universo musical”. E sublinha: “Ironicamente embirro com versões de temas

clássicos em que lhes acrescentam um ritmo jazz ou pop”. Assim sendo, o que Mário Laginha fez foi uma sucessão de arranjos ousados e criativos que transformaram as composições de Chopin. Eu gosto muito do resultado que está neste CD Mongrel – não só pelas liberdades que Laginha tomou, mas sobretudo pela qualidade da interpretação musical deste trio – Mário Laginha no piano, Bernardo Moreira no contrabaixo e Alexandre Frazão na bateria. É das mais sólidas e criativas formações de jazz em Portugal. É um grande e inesperado disco. (Venda exclusiva na FNAC) Janeiro de 2011

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Viajantes

Argentina e Uruguai

Janeiro 2010

Taxista. Como Buenos Aires é de uma extensão brutal, andamos sempre de táxi – que é barato

Vista de Buenos Aires a partir do 14.º andar de Palermo onde vivem os meus amigos Joana (está numa empresa de estudos de mercado online) e Afonso (trabalha na Fiat)

El Obrero, restaurante em Boca que serve comida maravilhosa

Cabana do Tom Sawyer – era assim que chamávamos à casa que alugámos por quatro noites em Punta del Este

Talhos em San Telmo, o bairro mais antigo de Buenos Aires, habitado por hippies e outros boémios, salpicado por bares de tango e “mercadinhos”

Joana e Ana Rita (sua amiga e sócia no Muuda) viajaram durante 15 dias, no início de 2010, pela Argentina e Uruguai. A primeira semana foi dedicada a Buenos Aires, onde estiveram instaladas em casa de uns amigos que vivem em Palermo (no lado Soho), fizeram um curso de tango “maravilhoso”, assistiram a um concerto “fabuloso” de Soledad Villamil (El segredo de tus ojos) num bar em San Telmo, e comeram gelados “deliciosos”. A outra semana foi repartida entre Punta del Este e Patagónia. Este mês, em que ela se casa pela segunda vez, ela e João hesitam entre passar a lua-de-mel na Índia ou no Japão. 44

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Placas em Punta del Este. Atravessamos o rio de La Plata de ferry para o Uruguai. Em Punta del Este há imensas casas de revista

Joana Carravilla Directora de Comunicação e sócia da Seara.com. Country manager da ELife. Sócia fundadora da concept store Muuda, que fica na zona da Miguel Bombarda, no Porto. Tem 35 anos e uma filha. Tirou o curso de Jornalismo (Universidade Fernando Pessoa, 1998) e é apaixonada por fotografia. Nesta viagem, fez-se acompanhar da sua nova Canon FX O novo agregador das comunicações


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montra

Furla leva criatividade aos seus pés A relembrar os anos 80, este ano as galochas continuam a ser parte obrigatória no guarda-roupa de uma mulher para os dias chuvosos de Inverno. Tal como nos vem habituando, a Furla vai mais longe e delicia-nos com este novo modelo que nos faz viajar ao mundo da fantasia. Criativo e inspirador, este modelo vai ser o seu elogio à chuva neste Inverno.

Nova gama Renault Modus e Grand Modus Pequenos por fora, mas espaçosos no interior, os Renault Modus e Grand Modus pertencem à família dos monovolumes compactos, o segmento de quem procura uma oferta de espaço não só racional, mas também flexível. Com diferentes espaços de arrumação e inúmeras soluções moduláveis transportam, com todo o conforto, cinco passageiros. Esta nova gama, daquele que foi o primeiro modelo do segmento a obter as cinco estrelas nos testes de segurança da EuroNCap, já chegou à rede de concessionários, caracterizando-se por ser ainda mais económica, mais ecológica e com preços ainda mais competitivos.

Biotherm apresenta Skin Solutions A pensar nas necessidades específicas de cada tipo de pele e nos estilos de vida cada vez mais activos de todas as mulheres, a Biotherm lança a Skin Solutions – uma edição especial de tratamentos de hidratação e anti-idade, num tamanho muito prático de 30 ml, a um preço irresistível. Com cinco soluções para cada tipo de pele, as Hydra Solutions, três soluções de hidratação para peles normais, mistas ou secas, e as Age Solutions, duas soluções para combater os sinais da idade.

Vodafone lança tablet exclusivo Comece 2011 em grande com o novo tablet ZTE V9 da Vodafone. Com sistema operativo Android 2.1 (e possibilidade de upgrade para 2.2), ecrã LCD touch panel de 7 polegadas com resolução WVGA 800x480, câmara de 3 Megapixel CMOS, A-GPS, rádio FM, conta de e-mail, memória externa até 32GB e bateria com capacidade até 7 horas de vídeo. Este tablet permite-lhe ainda aceder à internet, quer através de uma ligação wi-fi quer através da rede 3G da Vodafone. O novo agregador das comunicações

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O mundo à minha procura

Pedro Granger Relógios Um em cada pulso, sempre Swatch porque é embaixador da marca. São dois mas marcam a mesma hora: “Umas vezes olho para o da direita, outras para o da esquerda”. E sair de casa sem um deles, só muito raramente

iPhone e Blackberry Usa dois telemóveis, ambos muito práticos e que se completam: “Ainda não sei de qual gosto mais…”. Tem dois números, um mais pessoal, outro para contactos profissionais. Usa ambos e muito, para estar ligado ao mundo. Afinal tem uma agenda non stop…

Consolas A Playstation Portable é a grande companhia entre cenas e em viagem: “Sou viciado no Pacman”. Também joga PS3, online pouco, mais com os amigos. Buzz por exemplo

Televisão Não lhe sobra muito tempo, mas tenta visionar o seu trabalho e o dos amigos. Procura ver notícias e gosta de séries como “24” e “Weeds”. Num LCD Sony Bravia 46

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Estava no 2.º ano da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, “no curso do Prof. Freitas do Amaral”, quando uma amiga, Ana Brito e Cunha, o arrastou para um casting. Representar era o sonho da sua vida, pelo que não hesitou na opção. Há 11 anos que é actor de teatro, cinema e televisão. E apresentador. A gravar mais uma telenovela, “Sedução”, para a TVI, apresenta também nesta estação a Casa dos Segredos, os diários de segunda a sexta-feira e a gala de domingo, com Júlia Pinheiro. Lisboeta, de 31 anos, diz-se “lagarto ferrenho” e “viciado em chocolate”. E um dos últimos que “ainda” escreve (e desenha) postais de Natal

MacBook Pro Ficou fã da cultura Apple nos dois anos em que viveu e estudou nos EUA. Desde que comprou este, de 15 polegadas, já saiu uma versão mais recente. Mas não “dá para estar sempre a trocar, é preciso alguma moderação…”

Música O iPod ficou em casa desde que tem o iPhone. É fã confesso do iTunes. Estuda, escreve, compõe a ouvir música. E toca, guitarra e piano, ambos Yamaha. Conclusão: “A minha vida tem banda sonora”

Máquina fotográfica Fica “um bocado nervoso” quando é fotografado mas, desde que percebeu que tinha poucas fotografias suas, passou a andar equipado. Com uma Sony Cybershot. Para disparar em viagens, jantares… Esferográfica Tem uma Montblanc e uma Parker, mas no dia-a-dia escreve com as que “estão à mão”, Molin ou Sharpie. Com elas constrói histórias e crónicas e compõe temas musicais. E as ideias que lhe vão surgindo confia-as aos post-it: “O meu escritório é todo um mundo de post-it”… O novo agregador das comunicações




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